terça-feira, 15 de julho de 2014

o mito do livre mercado

capitalReescrever a história. Este sempre foi o impulso daqueles que alcançaram o poder. Hoje, as nações mais desenvolvidas do planeta impõem aos que buscam um lugar ao sol o receituário neoliberal, seja através dos economistas do mainstream, seja através da “Trindade Profana” — FMI, Banco Mundial e OMC. Dizem eles que foi seguindo as regras do livre-mercado que se tornaram ricos. Mas nós vamos desmascarar a história secreta por trás do sucesso destes países, mostrando que eles fizeram tudo ao contrário do que defendem hoje para os países menos desenvolvidos.

O neoliberalismo

A economia neoliberal surgiu nos anos 60 e se tornou a visão econômica dominante a partir dos anos 80. É uma versão atualizada do liberalismo do século XVIII e XIX defendido pelos economistas clássicos, como Adam Smith e David Ricardo. Basicamente, defende a não-intervenção do Estado, a privatização de empresas estatais, a desregulamentação da economia e a abertura do comércio para o lucro e o investimento estrangeiro.

Coreia do Sul e Japão, sucesso com outra receita

Hoje a Coreia do Sul e o Japão são inegavelmente países com economias altamente desenvolvidas, e os teóricos do sistema capitalista afirmam que esse sucesso se deve à adesão ao modelo neoliberal. Mas a história mostra que a verdade é totalmente diferente.
samsungA Samsung, por exemplo, hoje uma das maiores empresas de produtos de alta tecnologia do planeta, começou como exportadora de peixe, vegetais e frutas, numa época em que a Coreia era colônia do Japão e um dos países mais miseráveis do planeta. Até os anos 70, a empresa ainda estava no ramo de refinamento de açúcar e tecelagem. Quando, em 1983, ela declarou sua intenção de concorrer com as grandes indústrias de semicondutores dos Estados Unidos, poucos a levaram a sério. Segundo os defensores do livre-comércio, eles ganhariam mais se continuassem naquilo em que eram bons, ou seja, trabalhar com produtos primários, e deixar a indústria complexa com quem tinha “vocação” para isso — naturalmente, os países mais ricos, conforme a clássica tese de Smith.
Se o governo da Coreia do Sul tivesse seguido o conselho dos “entendidos” de economia estrangeiros, hoje o país provavelmente ainda estaria vivendo de exportar peixes e peruca de cabelo humano, suas principais fontes de receita de décadas atrás. No entanto, ele seguiu o caminho inverso: ajudou as indústrias do país a crescer com proteção tarifária e subsídios, até que elas estivessem fortes o suficiente para competir no mercado internacional.
Hoje a Samsung é o retrato mais bem acabado da intervenção do Estado na economia e de que para ter sucesso e competir no mercado internacional, os governos devem jogar a receita da Trindade Profana no lixo.

Governo japonês ajuda a Toyota

toyoda automatic loomAssim como a Samsung, a Toyota começou em outro ramo de negócios bem mais modesto: fabricante de máquinas têxteis (Toyoda Automatic Loom). Em 1933 ela passou a produzir carros, mesmo com a descrença do país e dos concorrentes, e para poder conseguir se estabelecer no meio de gigantes internacionais, o governo japonês simplesmente retirou do país a General Motors e a Ford em 1939, e viabilizou a Toyota com dinheiro do Banco Japonês em 1949, mesmo com toda a crise econômica do país no pós-II Guerra.
Toyota LexusSe o governo japonês tivesse seguido as regras do livre-comércio, hoje os carros da Toyota não seriam tão naturais para nós quanto o vinho francês ou o azeite português. A empresa japonesa provavelmente teria sido comprada por uma das grandes montadoras internacionais e simplesmente estaria extinta. E o Japão jamais seria a potência econômica que é hoje.
Você pode não estar ainda convencido, pensando que estes são exemplos isolados que não são a regra, porque outros países ricos de hoje seguiram o modelo de livre-mercado para o sucesso. Então na próxima postagem eu vou te mostrar que isso é apenas parte da verdade, porque esses países adotaram o livre-comércio apenas quando suas empresas já estavam plenamente desenvolvidas, contando com a ajuda de proteção econômica para isso. E nada melhor do que pegar como exemplo aqueles que são autoproclamados os líderes do mundo “liberal”: a Inglaterra e os Estados Unidos. 


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