terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Luis Nassif - O jornalismo brasileiro

O jornalismo dos anos 90 - Luis Nassif

Editora: Futura
ISBN: 8574131687
Opinião: **
Páginas: 307
     “Criou-se um círculo vicioso. Ocorre o episódio. De cara, forma-se o juízo e apresenta – se a conclusão. Ainda sem ter acesso aos argumentos do acusado, o leitor passivamente aceita o que lhe foi apresentado. Depois, pesquisas de opinião, dando conta do que o leitor pensa – tendo tido acesso apenas à primeira versão – estratificam a cobertura em torno dela”.


      “O que se viu dali em diante foi uma catarse diária, um vomitório sem fim. Matérias afirmando que Collor injetava cocaína por supositório, que fazia sessões de umbanda nos salões do Palácio do Alvorada, que a primeira dama era sapatão, que Collor ficava catatônico e, para sair da crise, tinha que ser penetrado por seu chefe de gabinete. Não se sabia mais de que lado havia mais falta de escrúpulos: se do lado de Collor ou da mídia, e de suas fontes, todos aspirando aos seus quinze segundos de glória.
     A campanha terminou com a renúncia de Collor e se criou um vazio na cobertura diária.
     Todos, jornais, revistas, televisão e seus respectivos públicos tinham se viciado no escabroso, no repugnante, no obsceno, no escatológico. E a imprensa tinha se dado conta de que podia derrubar presidentes. O tigre provara de carne fresca.
     Os controles de qualidade foram relaxados, paradoxalmente no mesmo momento em que as redações adotavam mecanismos de controles formais de conteúdo foram para o espaço. Os repórteres eram estimulados a voltar diariamente com escândalos, de que natureza fosse. A única exigência é que fosse escândalo, se real ou não era de menos.”


      “Em pleno início de milênio, que papel a mídia tem desempenhado para o desenvolvimento brasileiro? Há um sem-número de críticas ao nosso desempenho. Praticamente inexiste o conceito de relevância na matéria jornalística. Em qualquer cobertura de fato relevante, a tendência é de se realçar o imprevisto, a frase que pode gerar conflito, deflagrar a catarse em lugar de relatar a essência do assunto.
     Existe dificuldade enorme de se conferir tratamento analítico aos temas, de analisar ponto por ponto os diversos ângulos da questão, apresentar as versões conflitantes, inseri-lo em um contexto mais amplo, em suma, pensar de maneira moderna. Em geral as análises são substituídas por opiniões quase sempre taxativas, quase nunca analíticas, que espelham muito mais as preferências do autor do que análises acuradas.”


      “Buarque de Hollanda observava que o brasileiro é mais receptivo à declaração peremptória, definitiva, ainda que vazia de conteúdo, mas que não obrigue a pensar. O brasileiro prefere mais a conclusão que a demonstração, “o que fazer” ao “como fazer”, valoriza mais quem critica do que quem faz.
     Anotava o mestre que outro aspecto amplamente valorizado é o negativismo, calcado em afirmações peremptórias que jamais apontam rumos, mas sempre sugerem a salvação. Até nossos positivistas – dizia Buarque de Hollanda – eram “negativistas”, misturando o discurso moral ao da negação de tudo, como se, negando tudo, se chegasse por milagre à solução. As declarações não costumam guardar lógica entre si, constatava ele. O crítico é capaz de usar conceitos de uma escola de pensamento, no momento seguinte utilizar outro conceito diametralmente oposto, com a mesma ênfase.” (...)
     Hoje em dia, no Brasil, a indignação virou valor ideológico em si, seja contra o governo, a oposição, seja contra o estacionamento de supermercado. Pouco importa se há razão ou não nela, se venha acompanhada ou não de sugestões de solução (invariavelmente não vem). A indignação virou um valor em si.”


      “Alguns dos novos valores já se tornaram hegemônicos na vida nacional. Por exemplo: O primado dos direitos individuais sobre os corporativos e os econômicos; dos direitos do consumidor sobre os do fabricante; dos direitos dos cidadãos sobre os do Estado. E assim por diante.”


      “Uma nação é constituída por um conjunto de procedimentos e padrões de conduta que se passam através das gerações. Na base da reação que o país empreende contra a impunidade, estão lições morais transmitidas de pai para filho. Cada cidadão que foi à rua, do mais novo ao mais idoso, no fundo está homenageando a figura paterna, recebendo simbolicamente o bastão dos princípios éticos, que mais à frente será passado para seus filhos e netos, ajudando a moldar e a perpetuar esta entidade abstrata e tão concreta denominada Brasil.”
(26/08/92)


      “Há anos esse modelo concentra renda, condena a produção e impede a modernização e a renovação empresarial. Abortou sucessivos movimentos desenvolvimentistas, quebrou várias vezes o Estado, inspirou sucessivos calotes nos poupadores comuns, desviou recursos sem fim dos gastos sociais e da infraestrutura, sacrificou milhares de empreendedores, em nome de uma falsa ciência.
     Os arautos da nova ideologia venderam a idéia de que, se os juros baixassem, a inflação estouraria. Os juros mantiveram-se estupidamente elevados, e a inflação nunca cedeu.”
(13/05/95)


“1) Do dia 5 de maio até ontem – 10 dias, portanto – as taxas de juros pagas pelo Banco Central comeram todos os recursos que o governo vai apurar com a venda de suas participações minoritárias no setor petroquímico.
2) No mês de maio, o custo da dívida equivalerá a tudo o que foi repassado para a saúde nos primeiros quatro meses do ano.
3) Na semana passada, a coluna estimou que a participação do governo na Vale equivaleria a 5 meses de juros. Enganou-se. Como o volume de dívida interna em poder do público é de US$ 65 bilhões, e com juros de 4% ao mês (em dólar, já que a idéia do BC é manter a paridade atual), o valor da Vale corresponde a 2,7 meses de juros.
4) De hoje a 6 de agosto os juros terão devorado tudo o que vai se arrecadar com a Vale. Se sua privatização demorar um ano, o mero aumento da dívida interna, com esses juros malucos, corresponderá a 6 Vales do Rio Doce.
5) A participação do governo em todo setor de telefonia corresponde a 4 meses de juros atuais.”
(15/05/95)


      “Quando se preparou a troca de moedas do real, todas as avaliações indicavam que tinha-se o melhor conjunto de circunstâncias favoráveis na economia para um plano de estabilização. Confira:
1) Maior nível de reservas cambiais da história – possível apenas depois que o economista Ibrahim Éris reformulou a política cambial brasileira.
2) Uma economia aberta e superavitária – a partir da reestruturação do comércio exterior, e de um programa de abertura planejada da economia.
3) Uma economia desregulamentada – depois do fim da reserva de mercados e de um sem número de restrições à livre competição.
4) Empresas brasileiras reestruturadas e ingressando firmemente em projetos de modernização – processo iniciado com o Plano Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP) e com as Câmaras Setoriais.
5) Programas de investimento em quase todos os setores – assegurados pela manutenção das regras do jogo por quatro anos.
6) Relativo consenso sobre reformas fundamentais.
7) Equacionamento da dívida interna, ainda que às custas da violência do bloqueio dos cruzados.
(...) Com apenas 18 meses com a economia de volta às mãos dos pacoteiros, e apenas com sua capacidade de brincar de fliperama com as políticas monetária e cambial, tem-se: 1) O país em nova crise cambial; 2) a volta de alíquotas super-protetoras em muitos setores; 3) crescimento exponencial da dívida interna, comprometendo o futuro ajuste fiscal; 4) e uma multidão de empreendedores arrependidos até a medula dos ossos por terem apostado no país e programado investimentos.
     Mesmo assim, recebem olhares embevecidos de analistas rasos, que conclamam, com um frêmito nelsonrodriguiano: o plano é bom, porque faz doer.”
(25/05/1995)


      “O que ocorre hoje com a questão dos juros é típico desse processo. Com esses níveis de juros, tem-se as seguintes consequências óbvias:
1) Empresas pequenas e médias, menos capitalizadas, rodarão, jogando no mercado um exército de desempregados – donos de pequenos negócios e funcionários.
2) Grandes empresas reduzirão sua produção, aumentando o número de desempregados. Mas preservarão lucros porque, sendo líquidas, compensarão seu prejuízo operacional com aplicações financeiras.
3) Pelo simples exercício de trazer dinheiro lá de fora e aplicar nesses inexplicáveis 4,5% ao mês, os bancos de negócios repetirão os extraordinários lucros do ano passado.
4) Todo o lucro do setor capitalizado da economia será bancado pelo Estado, às custas do aumento exponencial da dívida interna. Tudo o que se arrecadar com a venda de estatais não será suficiente para bancar o mero crescimento da dívida interna, em função desses juros.
5) Com a queda da atividade econômica, em pouco tempo as receitas tributárias vão despencar. Vai faltar dinheiro para a área social.”
(28/05/95)


      “No início de julho, nem um mês atrás, por exemplo, o diretor do IPEA, Cláudio Considera – numa afirmação ofensiva a centenas de milhares de empresas e pessoas físicas inadimplentes – declarou que “as empresas que estão quebrando com os juros foram as que se endividaram, apostando no fracasso do Plano Real”.
     Ou seja, empresas e pessoas físicas estão quebrando apenas para boicotar o Real.”
(31/07/95)


      “Nos últimos anos vigorou um modelo de jornalismo torto e superficial, no qual o sucesso profissional dependia da capacidade do jornalista de fuzilar pessoas, de praticar a intriga, de se comportar como Deus.
     Apuro técnico, esforço em entender temas complexos, aprofundamento da reportagem, paciência de esperar pelo tema relevante e não sair fazendo carnaval em cima de qualquer bobagem, tudo foi deixado de lado.
     É momento de rever esses valores e de a nova geração, que está entrando nas redações, ser pautada por critérios de ética e de qualidade – à altura do novo país, moderno, que a própria imprensa não se cansa de incensar.
     A imprensa vai encontrar o caminho da qualidade quando amadorismos, falsas denúncias, falsas ênfases e informações incorretas passarem a ser elementos centrais na avaliação da carreira do jornalista. E quando se romper esse pacto de mediocridade pelo qual todos os jornais têm de se comportar da mesma maneira em relação aos fatos – para não serem furados ou para não remarem contra a maré.
     Principalmente quando, jornais e jornalistas, nos dermos conta de que, mais do que a cobertura de um fato, estamos ajudando a moldar o próprio caráter nacional.”
(17/03/97)


      “Quando o déficit comercial ampliou, disseram que bastariam dois anos para que o aumento de produtividade permitisse o crescimento das exportações. Quando as exportações não cresceram, disseram que bastaria a recuperação dos preços internacionais para os superávits voltarem. Quando os asiáticos desvalorizaram suas moedas, disseram que levaria muitos anos até que sua economia se reorganizasse e lhes devolvessem o ímpeto exportador. Quando o Brasil quebrou externamente, disseram que bastaria um plano fiscal para reequilibrar as contas externas. Quando a comunidade financeira internacional dizia que a política cambial não deveria ser alterada, disseram que não poderiam tomar uma atitude que fosse contra as expectativas do mercado. Quando as expectativas do mercado apontavam que a combinação de câmbio apreciado e taxas de juros elevadas era um beco sem saída, e passou a recomendar mudança cambial, disseram que não se curvariam às pressões dos especuladores internacionais.
     De desculpa em desculpa, chegou-se ao desfecho da última etapa da crise cambial – que tem início com a ida ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Ontem começou oficialmente o terceiro ataque apache. Só que, agora, com reservas em queda livre e taxas de juros que esfrangalham com a economia e produzem apenas pânico entre os investidores.”
(13/01/1999)


      “O problema número um do Brasil hoje em dia chama-se FHC. Câmbio, votações perdidas no Congresso, taxas de juros suicidas, tudo é pinto perto da percepção cada vez mais forte, interna e externamente, de que o país padece de uma crise de governabilidade.
     O resto, tudo se conserta. O problema é consertar FHC 1. Se, dessa crise, não emergir um FHC 2, renovado, estruturalmente modificado, o presidente – que iniciou seu mandato como a maior esperança de modernização do país – , terminará como responsável pelo mais grave desastre econômico da história.
     É histórico o isolamento a que são submetidos governantes. Mas a incapacidade de enfrentar a adversidade, encarar os conflitos e tomar decisões está chegando às raias do autismo. Para não conviver com notícias desagradáveis, FHC perdeu contato completo com a realidade. Deixou de ouvir empresários, sindicalistas, analistas isentos, banqueiros, industriais. Seu círculo estreitou-se perigosamente, todos procurando poupar o chefe de dissabores.
     Com o país na iminência de um ataque cambial definitivo, anunciava que viria para Brasília para, depois, retomar as férias. Conseguiu ser mais alienado do que o comandante do Titanic.
(14/01/1999)


      “O que fez o Congresso quando o Executivo resolveu bancar uma aposta cambial com um custo fiscal na casa da centena de bilhão de dólares? O que fez o Senado – que tem por obrigação constitucional zelar pelos limites de endividamento do estado – quando uma política monetária irresponsavelmente continuada quebrou a União, estados e municípios? O que fizeram os partidos aliados do governo, a não ser disputar cargos? O que fez o STF ante a enxurrada de medidas provisórias que liquidaram com qualquer arremedo de equilíbrio entre os poderes? O que fez o procurador geral ante o poder absurdo de que se revestia o BC, para impor perdas e ganhos ao mercado? O que fizemos nós – da mídia como um todo – a não ser incensar essa maluquice, chegando ao cúmulo de transformar o Ministro da Fazenda Pedro Malan em herói nacional – justo no dia em que foi negociar a rendição com o FMI e impor a continuidade de uma política cambial que, em pouco mais de dois meses, infligiu perdas bilionárias adicionais ao país.
     Felizmente, tem-se Francisco Lopes para permitir a esse belo espécimen de democracia tropical, purgar todos seus pecados. Todos os poderes, que falharam na fiscalização dos interesses nacionais, têm interesse direto na sua condenação. O Congresso – que nada fiscalizou, os partidos aliados – mais interessados em cargos, o judiciário – sob a mira da CPI, o procurador geral – visto como complacente com o poder, e o Executivo que vê as culpas de decisões políticas desastrosas serem convertidas em uma falha de uma só pessoa. O que menos importa é se saber se é inocente ou, no caso de ser culpado, qual o limite da sua culpa.”
(27/04/1999)


      “A maneira como Francisco Lopes conduziu a política monetária nos últimos anos é um monumento à ortodoxia e à alienação acadêmica. Praticamente não deu ouvidos a ninguém. Sua bússola eram apenas os indicadores de PIB perseguidos pelo modelito matemático que tinha na cabeça. Não se exigia de Lopes posturas populistas, mas não se obtinha dele sequer questionamentos racionais, tipo: não seria possível se alcançar os objetivos propostos com menos sacrifícios para o país como um todo? Não seria possível reduzir os juros em um ritmo mais rápido? Não seria possível buscar linhas de ação menos traumáticas para o tecido social?
     Nesse sentido, Lopes é o intelectual clássico, da mesma estirpe daqueles que desenvolveram a bomba atômica. Seria capaz de fulminar civilizações e até morrer em nome da ciência... mas jamais surrupiar um parafuso sequer do laboratório.”
(12/05/1999)


      “O país tem características que perduram, ainda hoje, em que pese a influência da globalização. Somos individualistas, refratários a qualquer forma de autoridade, disciplina ou controle impessoal, cultivadores do negativismo e facilmente impressionáveis com formulações teóricas vagas. Somos um povo que gosta de intimidades, sendo íntimos tanto de aliados como de adversários, e abominamos as regras impessoais. Essa aversão à impessoalidade é o maior obstáculo para a consolidação de leis e instituições e da subordinação a regras de condutas, seja nas leis ou nos negócios. Sempre existe o “jeitinho” para driblar a restrição impessoal.”
(14/05/2001)

Um comentário:

Doney Stinguel disse...
Este seria considerado um bom livro senão fossem dois erros graves cometidos em seu texto. O primeiro, com relação ao ex-deputado Sérgio Naya – escuso-me de comentar.
Outro, com relação ao massacre de Eldorado dos Carajás. Baseado nas precárias imagens que conseguiram ser gravadas, Nassif tece uma teia de erros crassos, dizendo que os sem-terra é que atacaram os PMs. O que a imagem não consegue mostrar, mas a perícia comprovou através do áudio, é que a PM atirou primeiro, várias vezes. Como estavam tomando bala, os sem-terra reagiram.
Baseado num princípio completamente equivocado e, ouvindo só uma das partes, Nassif cai numa das maiores esparrelas de toda sua carreira. 
Uma lástima.
Erros como este, mais tarde deram azo a criminalização dos movimentos sociais. 
É lógico que o Nassif - jornalista que admiro - não é responsável por isto. Mas deu sua pequena contribuição neste episódio.

...inexiste o conceito de relevância na matéria jornalística

 
“Em pleno início de milênio, que papel a mídia tem desempenhado para o desenvolvimento brasileiro? Há um sem-número de críticas ao nosso desempenho. Praticamente inexiste o conceito de relevância na matéria jornalística. Em qualquer cobertura de fato relevante, a tendência é de se realçar o imprevisto, a frase que pode gerar conflito, deflagrar a catarse em lugar de relatar a essência do assunto.
Existe dificuldade enorme de se conferir tratamento analítico aos temas, de analisar ponto por ponto os diversos ângulos da questão, apresentar as versões conflitantes, inseri-lo em um contexto mais amplo, em suma, pensar de maneira moderna. Em geral as análises são substituídas por opiniões quase sempre taxativas, quase nunca analíticas, que espelham muito mais as preferências do autor do que análises acuradas.”
*
Mais em:
http://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2009/12/o-jornalismo-dos-anos-90-luis-nassif.html
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Foto do perfil de Professor Negreiros

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

6 técnicas de lavagem cerebral

 
Você sabia que sofremos manipulação todos os dias? Veja 6 técnicas de lavagem cerebral que são usadas em você o tempo todo: http://bit.ly/1vt4lig
Foto do perfil de Professor Negreiros
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6 técnicas de lavagem cerebral assustadoras que são usadas até hoje

Conheça algumas técnicas de lavagem cerebral que são utilizadas até hoje por pessoas e organizações. Essas técnicas são simples mas eficazes. Conheça-as e aprenda a combate-las.

por: Rafael Miranda
5 dias atrás
Mentiras repetidas à exaustão viram verdades, ensinou Joseph Goebbels enquanto comandou a máquina de propaganda nazista. Para fazer lavagem cerebral não são necessários equipamentos de ficção científica ou hipnotismo. Há todo tipo de técnicas testadas e aprovadas que qualquer um pode usar para passar por cima da parte pensante do seu cérebro e ativar um interruptor dentro dele que diz “OBEDEÇA”.
O termo “lavagem cerebral” foi usado pela primeira vez em 1950 pelo jornalista americano Edward Hunter, durante uma reportagem sobre o tratamento dos soldados americanos nos campos de prisão chineses, durante a guerra coreana. Estas técnicas não envolvem armas fantásticas, ou poderes exóticos, mas envolvem o entendimento da psiqué humana e um desejo de explorá-la. Ao entender melhor estas técnicas, você pode aprender a se proteger e a proteger outras pessoas também.

Entoar Slogans

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Cada líder religioso, sargento instrutor, guru de autoajuda e políticos sabem que, para calar todos os incômodos pensamentos de dúvida em uma multidão, você deve fazê-los entoar uma frase ou um slogan. Estas são chamadas de técnicas para bloquear o pensamento, porque, para o bem ou para o mal, elas fazem exatamente isso.
Exemplo: O “amém” que você diz na igreja inconscientemente está ajudando a bloquear os pensamentos negativos que a pessoa busca esquecer ou amenizar.

Enfiar mentiras no seu subconsciente

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A ascensão da internet deu a luz a uma técnica completamente nova e astuta de inserção de besteiras na sua cabeça. Muitas pessoas notaram que a maioria das pessoas não lê as histórias que circulam na internet. A maioria apenas acaba ”passando” pelas manchetes. E existe um meio de tirar proveito disso, baseado na maneira como o cérebro registra as memórias.
Eles chamam isso de “Amnésia de Fonte”. Por exemplo, você sabe o que é um coiote, mas você provavelmente não se lembra exatamente como você aprendeu esta informação. A capacidade de armazenamento do cérebro é limitada, então ele armazena a parte importante (que um coiote é um animal pequeno e feroz) mas descarta o contexto trivial, como quando e onde você aprendeu isso (nos desenhos da Warner, talvez).
Na era da internet e do excesso de informações, este é um mecanismo que é explorado muito facilmente. Um pedaço de informação – digamos, rumor horrível sobre um político – pode ser apresentado com todo tipo de detalhes (um ponto de interrogação, uma referência a uma péssima fonte, o termo “não confirmado”) mas frequentemente o cérebro só vai lembrar do rumor horrível e vai esquecer completamente dos detalhes.

Controlar o que você assiste e lê

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A restrição do material que pode ser lido e/ou assistido é comum em alguns segmentos religiosos e costumes. Estudos mostram que o cérebro é “programado” para sentir um rápido prazer ao ler coisas que concordam com nosso ponto de vista.
Os mesmos estudos provaram que, estranhamente, nos também sentimos prazer ao rejeitar intencionalmente informações com as quais discordamos, não importa o quão bem fundamentadas elas estejam. Sim, nosso cérebro nos “recompensa” por sermos pessoas de mente fechada. Bizarro, não?

Manter você na linha fazendo com que sinta vergonha

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Não é nenhum segredo que você pode colocar o cérebro de uma pessoa em curto-circuito com a vergonha. Quantos de nós não fomos induzidos a fazer algo idiota na escola por que estavam tirando sarro da gente? Ora! Mas por que isso funciona? Bem, existem essas partes primitivas na parte inferior do nosso cérebro que se chamam amídalas que controlam reações básicas, emocionais. É de lá que vêm coisas como o desprezo e a vergonha, e estimular essas partes pode desligar completamente a parte analítica do seu cérebro. A turma te chama de covarde e, quando você vê, você está com um rojão aceso entre as nádegas.
Você pode agradecer à evolução por isso. Lá no passado, quando os humanos começaram a formar grupos e tribos, a posição social era tudo. Era o que garantia comida e proteção. A zombaria começou como um meio de obrigar todos a “andar nos conformes” para mantê-los na linha.
Fazer com que uma pessoa, uma ideia ou um comportamento fosse alvo de zombaria o colocava em uma posição social mais baixa e deixava claro que qualquer um associado com aquilo compatilharia daquela posição, deixando-os fora das caçadas/refeições/sexo que faziam a vida na tribo valer a pena. Milhares de anos depois, uma boa dose de zomabaria pode desligar o raciocínio crítico e nos colocar na linha, sem fazer perguntas.

“Fazer com que tudo seja ou preto ou branco”

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Ouça uma discussão entre seus amigos. Qualquer uma. Ouça um cara dizendo que John McCain é um Fascista enquanto o oponente dele diz que Barack Obama é um Comunista. Observe como mesmo fãs do mesmo time de futebol se dividem amargamente sobre se o novo zagueiro vai ser “ótimo” ou “um lixo”.
Todo mundo é amigo ou inimigo, toda banda é fantástica ou péssima, preto e branco, nada no meio. Quem gosta de utilizar técnicas de lavagem cerebral amam isso, porque eles podem te convencer a escolher o lado deles.
Exemplo: Funk é um estilo de música bom ou ruim?
1Se você perguntar isso, poucas pessoas vão ter uma opinião própria a esse respeito, algumas foram influenciadas a gostar do estilo por ouvir em excesso e essas vão defender até a morte e outras foram influenciadas justamente a dizer o contrário, pouca gente tem uma opinião intermediária, sendo assim perderam o direito de avaliar a situação em sua totalidade, apenas reproduzem uma resposta ou dizendo que É a pior coisa do mundo ou a melhor.

Nós contra eles

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Claro, todos nós conhecemos os exemplos óbvios, eles estão escritos em toda parte nos livros de história, com sangue e buracos de bala. Racismo, genocídio, caricaturas assustadoras em pôsteres militares.Mas os manipuladores descobriram que a mesma técnica que funciona tão bem para induzir as pessoas a entrar num frenesi apocalíptico assassino, pode ser usada para te vender carros, ou hambúrgueres, ou computadores.
Basicamente, nós somos projetados pela evolução para formar tribos. Quanto mais estresse sentimos, mais nós amamos e nos sentimos ligados àqueles que parecem e soam como nós, e mais nós odiamos aqueles que não são parecidos conosco. É só um velho mecanismo de sobrevivência utilizado no início da civilização humana.


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sábado, 7 de fevereiro de 2015

a inveja e a depressão

HypeScience

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Posted: 06 Feb 2015 05:54 AM PST
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Liberte Sua Mente: CONHECE TEU INIMIGO!

Liberte Sua Mente: CONHECE TEU INIMIGO!: CONHECE TEU INIMIGO! Nascido na Hungria com o nome de Schwartz György, tornado-se Soros György, filho de Tivadar Soros, famoso esperant...


CONHECE TEU INIMIGO!


CONHECE TEU INIMIGO!

Nascido na Hungria com o nome de Schwartz György, tornado-se Soros György, filho de Tivadar Soros, famoso esperantista húngaro, escritor e ex-soldado, e de Erzebet Czacs, ambos de família judia, George Soros teve uma infância relativamente boa, tendo passado parte da adolescência fugindo de perseguições, na Hungria, pelo fato de ser judeu.

Durante a Segunda Guerra, lucrou delatando compatriotas, entregando-os aos nazistas, em troca de ficar com os pertences dos delatados. Nada mal, para um garoto de 14 anos.

Depois, migrou aos dezessete anos para Londres, onde começou a enriquecer com a administração de empresas. Foi quando estabeleceu sua ligação com os Rothschild, e definitivamente entrou no cenário da Nova Ordem Mundial. A relação de Soros com o círculo financeiro dos Rothschild representa muito mais que uma ligação bancária comum ou casual. Somente o amparo do poder dos Rothschild pode explicar o extraordinário sucesso de um mero especulador privado e sua incrível capacidade para "acertar em cheio" tantas vezes nesses mercados de alto risco. Soros tem acesso à "dicas internas" em alguns dos mais importantes canais governamentais e privados em todo o mundo.

George Soros não é apenas um dos principais mega-especuladores do mundo; durante toda a sua vida até o presente momento, ele serviu como um "garoto de recados" para o estabelecimento monetarista anglo-americano, comandando operações de pilhagem contra as nações da Europa Oriental, bem como os ataques contra a soberania das nações como em setembro 1992, quando em um confronto com o Banco da Inglaterra, Soros destruiu a libra esterlina e a lira italiana e fez US $ 12 bilhões em lucro na sua especulação.

Mas quem é George Soros? Soros é um ateu multi-bilionário, com valores morais distorcidos e a falta de consciência de um sociopata. Ele se considera um elitista filósofo de classe mundial e simplesmente adora fazer engenharia social.

Ele ajudou a projetar golpes na Eslováquia, Croácia, Geórgia e Iugoslávia. Quando Soros tem um país como alvo de "mudança de regime", ele começa com a criação de um governo "sombra", um governo totalmente formado no exílio, pronto para assumir o poder quando a oportunidade surgir.

Soros nega categoricamente receber dinheiro de cartéis de drogas ou qualquer tipo de atividade criminosa. A verdade, porém, que pelo menos algumas das suas operações financeiras têm bases "offshore", nas bancas e centros financeiros que são amplamente considerados propícios para a lavagem de dinheiro. Inclusive com o HSBC, o qual pretendo apresentar em uma publicação futura. O fundo de investimentos de Soros é baseado nas Antilhas Holandesas, uma federação autônoma de cinco ilhas do Caribe. A CIA Factbook descreve a região como "um ponto de transbordo de drogas da América do Sul com destino a Europa e os EUA; centro-lavagem de dinheiro. "

O Sr. Soros é todo poder e fama. Sua filosofia é destruir as sociedades que ele não gosta e, em seguida, recriá-las usando seu modelo de "sociedade aberta". Ele destrói criando o caos. E que melhor maneira de criar o caos na sociedade do que ter uma população viciada em drogas? Ter sociedades com leis e políticas favoráveis à droga certamente contribuirá para a criação deste caos.

Olha, eu teria muito, mas muito, mais a dizer sobre George Soros; porém, penso que para aqueles que não o conhecem, esta breve apresentação é suficiente para que entendam quem é, de fato, esse homem. Se alguém quiser pesquisar por si, aconselho que busque as informações em sites internacionais. Se inserir no Google, "the truth about george soros", um leque imenso de tópicos de pesquisa se abre.

# Ivan Figueiredo - REPOST

Lavagem cerebral


CiÊNCIA

Lavagem cerebral

Ela é usada por militares, políticos, religiosos e gente querendo sua grana. Saiba como ela funciona e aprenda a blindar sua mente

por Barbara Axt
Em 1974, Patty Hearst, herdeira de um império de comunicação, morava na Califórnia, cursava faculdade e preparava seu casamento. Até que, numa bela noite, a patricinha foi sequestrada por um grupo paramilitar esquerdista chamado Exército Simbionês de Libertação e dois meses depois reapareceu, armada com um rifle e uniformizada, assaltando um banco ao lado do bando. Durante um ano e meio participou de várias ações, atacando mais dois bancos, roubando lojas e fugindo da polícia. Ninguém entendeu nada: o que transformou aquela garota rica de 19 anos em uma guerrilheira urbana? Quando finalmente foi capturada pela polícia, Patty explicou: tinha sido submetida a uma lavagem cerebral. Foram 57 dias trancada em um armário, sofrendo maus-tratos físicos e psicológicos. Teve gente que duvidou da explicação, achando que se tratava de desculpa esfarrapada. Mas, por outro lado, o que explicaria uma mudança tão radical?

Apesar de não existir consenso sobre até que ponto é possível substituir convicções e comportamentos, não faltam estudos sobre o processo de lavagem cerebral. O termo passou a ser usado no Ocidente durante a Guerra da Coreia (1950-53), para descrever o comportamento de soldados americanos que, após um período capturados, voltavam defendendo os ideais comunistas dos inimigos China e Coreia do Norte. Aparentemente, não era teatro. Os soldados tinham "virado a casaca", exibindo atitudes incompatíveis com as de antes.

Muitos daqueles prisioneiros haviam sofrido torturas físicas que tornaram sua mente vulnerável; com outros, o processo foi menos óbvio e mais sutil, envolvendo a vítima sem que ela se desse conta. Seja qual for a estratégia, é essencial o elemento-surpresa.

Isso porque somos programados para reagir imediatamente a estímulos intensos: quando um ladrão pula na sua frente ou um carro vai em sua direção, o cérebro não perde tempo com análises. O caso nem passa pelo córtex pré-frontal, responsável pelo raciocínio complexo; vai direto para áreas cerebrais menos evoluídas, que decidem rapidamente o que fazer. Ou seja, quem quiser provocar novas crenças e comportamentos em alguém precisa criar situações que exijam reações automáticas, pois nelas o processo consciente é desativado.


Não é força, é jeito
Existem duas maneiras de deixar o sujeito estressado, frágil, cansado e, consequentemente, mais aberto a novas ideias. A primeira é a lavagem cerebral forçada, em que isso é alcançado com tortura, privação de sono e jejum. O segundo método, mais comum, é o induzido, em que a vítima é envolvida em um "intensivão". Pessoas que se dizem manipuladas por igrejas e cultos religiosos descrevem um programa intenso de atividades, palestras, celebrações e tarefas como distribuir panfletos, limpar o chão, fazer comida. Imersa nessa rotina, que geralmente prevê poucas horas de sono, a vítima fica tão cansada que literalmente não tem tempo para pensar sobre o que está acontecendo.

É a mesma técnica, por exemplo, daquele vendedor tagarela que o deixa confuso e faz com que você compre uma coisa de que não precisa, só para se livrar do chato. Em alguns casos, antes de iniciar o processo a pessoa já está fragilizada por alguma outra situação. "O fim de um relacionamento, um divórcio, a morte de alguém querido, até se formar na escola ou mudar de emprego pode tornar uma pessoa vulnerável, uma vez que tira o indivíduo de seu equilíbrio", explica o psicólogo americano Steve Hassan, que passou 5 anos como membro do culto conhecido como Igreja da Unificação, dos seguidores do reverendo Moon - também conhecidos como moonies. Ainda ativa, inclusive no Brasil, a seita ficou famosa justamente por seus métodos de recrutamento e acusações de lavagem cerebral.

"Eu tinha me separado de uma garota e, pouco tempo depois, fui abordado por 3 mulheres. Elas não falaram que eram de uma religião, que acreditavam que o reverendo Moon era o Messias, nada disso. Só falaram que faziam parte de um grupo de amigos espalhado pelo mundo e me convidaram para ir a um jantar grátis", explica Hassan. "A partir daí, foi um processo gradual. Ir lá e conhecer os amigos delas foi um passo. Voltar e jantar, outro passo. Ir a uma palestra, voltar no dia seguinte, mais um passo. Durante esse tempo, eles perguntavam várias coisas bem detalhadas sobre mim, e eu dava, voluntariamente, informações muito pessoais, sem perceber que estava entregando as ferramentas para que me manipulassem." Hoje, Hassan faz palestras de conscientização e presta consultoria a pessoas em situação similar à por que ele passou.

Ele chama a atenção para o fato de que, quando esse processo começa, a vítima não fica sabendo para onde está sendo levada nem quais crenças e comportamentos vai adotar no final. Mas, para que essas novas convicções sejam estabelecidas, entra em ação a segunda arma usada para tirar o córtex pré-frontal do caminho: emoções fortes.


Emoção embutida

"Quando algo provoca uma reação emocional, o cérebro se mobiliza para lidar com ela, destinando poucos recursos a reflexões", explica Kathleen Taylor, neurologista da Universidade Oxford, em seu livro Brainswashing - The Science of Thought Control ("Lavagem Cerebral - A Ciência do Controle Mental", sem tradução para o português). É exatamente nessa hora que a emoção pode ser ligada a uma ideia.

Durante a Guerra Fria, por exemplo, tanto capitalistas quanto comunistas se valiam de uma paranoia intensa e generalizada para vender conceitos vagos, difíceis tanto de definir quanto de contestar - "liberdade," "Estado," "inimigo". São ideias fortes, amplas o suficiente para você associar às emoções que quiser e que forem mais convenientes à manipulação.

Por isso se diz que a ideia é "engatada" à sensação: sempre que aquele assunto vier à tona, a sensação vem a reboque, num processo conhecido como reflexo condicionado. É o que acontece em um culto daqueles bem intensos, em que a pessoa dança, canta, grita, inunda o corpo de endorfina. Inconscientemente, a sensação de bem-estar passa a ser associada àquela religião.

Outro exemplo: um prisioneiro de guerra, depois de enfrentar tortura e jejum, é levado para tomar banho quente e fazer uma refeição enquanto escuta alguém descrevendo as maravilhas da doutrina comunista. Com a repetição do método, ele inconscientemente passará a associar comunismo a bem-estar. Se você se lembrou do filme Laranja Mecânica (1971), clássico do diretor Stanley Kubrick, acertou na mosca.

Na história, o personagem principal é um adolescente ultraviolento que se diverte torturando e estuprando por aí. Após ser preso, ele se oferece para um tratamento experimental que promete torná-lo um ser totalmente desprovido de violência.

O tratamento consiste em submetê-lo a sensações físicas desagradáveis (náuseas muito intensas) e a imagens violentas ao mesmo tempo, forçando seu inconsciente a associar as duas coisas. No final, o personagem passa a sofrer sensações físicas insuportáveis toda vez que tem contato com ideias ou situações violentas. (O irônico efeito colateral é que o jovem também fica condicionado a vomitar quando ouve a 9ª Sinfonia de Beethoven, trilha sonora usada nos filmes da prisão.)

Esse processo não pode ser considerado lavagem cerebral, pois não muda as convicções do indivíduo. Mas é um exemplo extremo de como podemos ser condicionados a fazer relações inconscientes de sensações com ideias.


Sob controle
Conquistado, o "cerebralmente lavado" se torna cada vez mais envolvido e dependente. O psiquiatra americano Robert P. Lifton, professor de universidades como Harvard e Yale, analisou esse processo, que ele chama de Reforma do Pensamento, e descreveu suas principais características (ver quadro Lavagem em 8 Passos). Todas - contatos controlados, jargão específico, dogmas incontestáveis etc. - que buscam criar um antagonismo claro: um mundo dividido entre "nós" e "eles".

Segundo Hassan, a pessoa envolvida com esse tipo de grupo se vê aos poucos dominada por medos paralisantes que chegam ao ponto de impedir que ela questione a situação. "Os cultos de controle da mente passam a seus membros a sensação de que, se eles saírem do grupo, coisas terríveis vão acontecer. Para quem está observando de fora, parece que essas pessoas estão felizes. Acontece que, na verdade, elas são orientadas a sorrir o tempo todo. Não é uma experiência positiva perder seu livre-arbítrio, apagar sua identidade, viver com medo e com culpa."

Vítimas de controle da mente aprendem a reprimir pensamentos "errados", como dúvidas ou críticas ao grupo, e por isso é difícil que elas questionem sua situação. Quando lida com pessoas nesse estado, Steve Hassan costuma agir de forma indireta, perguntando, por exemplo, opiniões a respeito de outro grupo. Ele mesmo só saiu da Igreja da Unificação porque sofreu um acidente e teve que ser internado em um hospital. Seus pais aproveitaram a chance para fazer com que ele (contra sua vontade) conversasse com ex-membros do culto. "Aos poucos fui entendendo que tinha sido enganado", lembra.

Se a história de Hassan parece muito fora da sua realidade, há um exemplo mais próximo de como é possível modificar uma pessoa a ponto de fazê-la agir contra seus instintos e convicções. Kathleen Taylor cita um sistema capaz de "transformar cidadãos - ensinados desde a infância que matar é errado - em agentes capazes de matar": as Forças Armadas. O processo de formação militar segue quase à risca as etapas descritas no modelo de Lifton, empregando rotina exaustiva, pressão psicológica, regras e punições rígidas e, claro, definição de um inimigo. Isso chega ao extremo no treinamento de terroristas islâmicos, à la Al Qaeda, em que os ensinamentos militar e religioso se combinam para formar indivíduos dispostos a dar a vida em nome de uma causa.

Mas não são apenas grupos militares e religiosos que usam essas técnicas. "Alguns cultos de negócios são casos típicos de controle da mente", diz Hassan, se referindo àqueles esquemas com hierarquia em formato de pirâmide em que para crescer é preciso comprar uma série de produtos e convencer outras pessoas a participar. "As pessoas se envolvem achando que vão ficar ricas e muitas vezes acabam perdendo todo seu dinheiro e arruinando a própria família, sem conseguir se desvencilhar."

Para o psicólogo, embora o controle da mente seja geralmente realizado por grupos, ele também pode acontecer de forma individual. Ele compara relacionamentos amorosos abusivos, em que a pessoa, influenciada pelo parceiro, passa a ter atitudes incompatíveis com as anteriores. "Esses relacionamentos podem incluir drogas, agressões físicas e isolamento da família e dos amigos. Às vezes o apaixonado simplesmente desaparece sem dar notícias", diz Hassan.


Mente blindada
Para a escritora Kathleen Taylor, a principal arma para evitar manipulações é, basicamente, "parar e pensar nas coisas". Sem se deixar levar pela afobação, fica fácil resistir tanto ao discurso nacionalista de um político quanto ao papo emocional de um pregador religioso.

Segundo Denise Winn, autora do livro The Manipulated Mind ("A Mente Manipulada", sem versão brasileira), um olhar bem-humorado sobre as coisas é útil para escapar da associação emocional exagerada, peça-chave da lavagem cerebral. "O humor ajuda você a ter perspectiva e sacar quem não tem. Desconfie de líderes, vendedores e experts que não conseguem rir de si próprios", diz a jornalista.

Outro ponto importante é não subestimar a influência que o meio e a autoridade podem ter sobre nós, já medidos em experimentos clássicos de psicologia social. A necessidade de ser aceito em um grupo leva muitas vezes ao "efeito rebanho", identificado na década de 1950 pelo psicólogo americano Solomon Asch e muito antes por quem inventou a expressão "maria-vai-com-as-outras".

Asch fazia uma experiência bem simples: reunia um grupo de pessoas e mostrava a elas um cartão com uma série de linhas de comprimentos bem diferentes. Depois, fazia perguntas óbvias, como pedir que identificassem qual a linha mais longa. Todas as pessoas na sala, menos uma, tinham sido orientadas para escolher a mesma resposta - claramente errada. Surpreendentemente, 1 em cada 3 vítimas da "pegadinha" concordava com o grupo, mesmo sabendo que estava escolhendo a opção incorreta.

Em 1963, o psicólogo Stanley Milgram conduziu um experimento para medir autoridade. Universitários eram instruídos a aplicar choques elétricos cada vez mais fortes em um "voluntário" (na verdade um ator) toda vez que ele errasse a resposta a uma pergunta. O estudante era orientado por um pesquisador (outro ator), que dizia para que ele continuasse, independentemente do "sofrimento" da suposta cobaia - que, claro, estava apenas fingindo levar choques.

Quantas pessoas chegariam ao ponto de aplicar os choques poderosos, correndo o risco de matar o "voluntário"? Cerca de 1 ou 2%, imaginou Milgram. Resultado: dois terços dos estudantes levaram a experiência até o fim, obedecendo às ordens do "pesquisador" - a figura de autoridade prevista no esquema de lavagem cerebral de Lifton. O compromisso (a concordância em participar do experimento) aumentava gradualmente (choques cada vez mais fortes), envolvendo a vítima cada vez mais na situação, e tornando a saída (desistir e mandar o pesquisador para o inferno) cada vez mais difícil.

Outro fator que Kathleen Taylor cita em seu livro é que, quanto mais redes cognitivas o cérebro de uma pessoa tiver - mais associações, ideias, opiniões, informações, experiências -, menos manipulável ela se torna. Desenvolver a criatividade, pensar sobre a vida, questionar o que é escutado e lido, aprender coisas novas, estudar as relações entre assuntos aparentemente não relacionados, tudo isso deixa o cérebro mais resistente a manipulações. Isso não significa apenas resistir a casos extremos de controle da mente mas também enxergar com senso crítico o horário eleitoral, as conversas de bar, as mensagens publicitárias e, por que não, tudo o que sai na mídia.

Claro, isso não significa que você precisa ter um pé atrás com toda opinião que for diferente da sua. Ser persuadido e mudar de ideia não tem problema nenhum. "Nossa vida social está construída sobre o controle psicológico que as pessoas têm sobre as outras. A todo momento influências externas fazem com que mudemos nossa atitude, dos aspectos mais banais aos mais sérios", exemplifica o professor Cesar Ades, pesquisador do assunto na Universidade Católica de Goiânia. "Uma conversa com alguém que admiramos ou que tem autoridade sobre nós pode mudar de verdade nossas crenças."

O importante é saber que nossa mente não está pronta e acabada, mas permanentemente em obras. Entender que somos influenciáveis e que nossa identidade é mutante nos torna mais espertos para avaliar uma tentativa de persuasão - com o córtex pré-frontal, por favor.
Tribos e tribunais
Cada grupo tem sua técnica para recrutar e controlar os membros

Militares
A ideia de que existe um inimigo a ser derrotado (muitas vezes imaginário) e o respeito absoluto às ordens (muitas vezes absurdas) são incutidos em todo recruta desde o primeiro dia de treinamento.

Políticos
Populistas pegam um sentimento disseminado e intenso - "judeus são um vírus na Alemanha", "comunistas comem criancinhas" - para insuflar as massas e conquistar o poder.

Religiosos

O processo começa leve, quase recreativo, e vai aumentando de intensidade. No fim, você está convertido e dependente. Até pensamentos "errados" são passíveis de punição.

Picaretas
Nos "cultos de negócios" você é muito especial e fará parte do plano perfeito: quanto mais você compra, mais você vende e, em pouco tempo, todos estarão ricos. Quando a euforia passa, sobram só as dívidas.

Lavagem em 8 passos
As principais características do controle da mente

Controle de pensamento

Não é permitido ler material ou falar com pessoas que tenham ideias contrárias às do grupo. Em alguns casos, a vítima é geograficamente isolada da família e dos amigos.

Hierarquia rígida

São criados modos uniformizados de agir e pensar, desenvolvidos para parecer espontâneos. A vítima é convencida da autoridade absoluta e do caráter especial - às vezes, sobrenatural - do líder.

Mundo dividido
O mundo é divido entre "bons" (o grupo) e "maus" (todo o resto). Não existe meio-termo. É preciso se policiar para agir de acordo com o padrão de comportamento "ideal".

Delação premiada
Qualquer atitude errada, ainda que cometida em pensamento, deve ser reportada ao líder. Também se deve delatar os erros alheios. Isso acaba com o senso de privacidade e fortalece o líder.

Verdade verdadeira
O grupo explica o mundo com regras próprias, vistas como cientificamente verdadeiras e inquestionáveis. A vítima acredita que sua doutrina é a única que oferece respostas válidas.

Código secreto
O grupo cria termos próprios para se referir à realidade, muitas vezes incompreensíveis para as pessoas de fora. Uma linguagem muito específica ajuda a controlar os pensamentos e as ideias.

Meu mundo e nada mais
O grupo passa a ser a coisa mais importante - se bobear, a única. Nenhum compromisso, plano ou sonho fora daquele ambiente é justificável.

Ninguém Sai
A vítima se sente presa, pois não pode imaginar uma vida completa e feliz fora do grupo. Isso pode ser usado por políticos e militares para justificar execuções.

Para saber mais

Brainswashing - The Science of Thought Control
Kathleen Taylor, Oxford University Press, 2006.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A CULPA NÃO É DO BANHO

A CULPA NÃO É DO BANHO l

O Brasil é um dos países mais ricos em água do mundo. Com cerca de 13% de toda água doce do planeta. Mas o maior consumidor de água no país é o agronegócio (72%), que tem a produção voltada para exportação de soja, carne bovina e suína. Para se ter uma ideia, só em 2013, o agronegócio gastou 200 trilhões de litros de água, o equivalente a 200 Sistemas Canteira cheios. O governo e a imprensa tentam colocar a culpa apenas na natureza pela falta de chuva para encher os reservatórios e tenta colocar sobre a população a responsabilidade de solucionar o problema da economia de água. Mas a verdade é que o uso doméstico equivale apenas a 6% do consumo de água no país.

Não faltaram avisos sobre a possibilidade de uma crise hídrica. Em São Paulo, por exemplo, faltou investimentos que não foram realizados para não diminuir os lucros dos empresários acionistas da SABESP. Um serviço essencial à população foi entregue à privatização e aos lucros dos seus acionistas e, hoje, a distribuição de água no país atende (bem) mais aos interesses do agronegócio do que as necessidades da população.

Fonte: Agência Nacional de Águas (ANA)

(assessoria)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Nova publicação em Leonardo Boff

Povo: em busca de um conceito

by Leonardo Boff
Há poucas palavras mais usadas por distintas retóricas do que esta de “povo”. Seu sentido é tão flutuante que as ciências sociais dão-lhe pouco apreço preferindo falar em sociedade ou em classes sociais. Mas como nos ensinava L. Wittgenstein “o significado de uma palavra depende de seu uso”. Entre nós, quem mais usa positivamente a […]

CINISMO | A Filosofia do Cachorro Louco