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 Esqueleto humano que pode ser o mais antigo do continente americano foi encontrado no México
  
 
Um esqueleto humano, com 12 a 13 mil anos de antiguidade, o mais antigo
 do continente americano, foi encontrado em uma caverna inundada no 
Estado mexicano de Quintana Roo, na Península de Yucatán (leste do 
México), informou nesta quinta-feira (15) o Instituto Nacional de 
Antropologia e História (INAH).
  "É o resto humano mais antigo 
que se conhece na América", pois foi datado entre 12 e 13 mil anos, 
disse em coletiva de imprensa a diretora-geral do INAH, Maria Teresa 
Franco, destacando que se trata do elo que faltava para confirmar o 
vínculo existente entre os primeiros povoadores da América e grupos de 
indígenas contemporâneos nesse continente.
  O esqueleto, que 
pertenceu a uma adolescente que caiu em um buraco, oferece novas pistas 
sobre as origens dos primeiros nativos americanos, anunciaram cientistas
 nesta quinta-feira em estudo publicado na revista científica americana 
"Science". 
 
 
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Veja imagens de Ciência do mês (Maio/2014)32 fotos                    
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ESQUELETO
 MAIS ANTIGO DA AMÉRICA - Uma pesquisadora trabalha em uma caverna 
inundada no estado mexicano de Quintana Roo, na Península de Yucatán 
(leste do México), em foto tirada em 15 de junho de 2013, divulgada em 
15 de maio pela National Geographic. No local, foi encontrado um 
esqueleto humano, com 12.000 a 13.000 anos de antiguidade, o mais antigo
 do continente americano Paul Nicklen/National Geographic/Reuters
 
 
 
 
 
 
 
Chamada de "Naia" pelos cientistas, o esqueleto da jovem é o mais bem preservado das Américas. 
 Seus restos foram encontrados em 2007, submersos em uma caverna 
subaquática, junto com ossos de tigres-dentes-de-sabre, preguiças 
gigantes e ursos das cavernas, cerca de 41 metros abaixo do nível do 
mar. 
 Na época em que ela caiu, a região, conhecida como Hoyo Negro (Buraco Negro, em espanhol) era seca e sobre a superfície. 
 O degelo de glaciares provocou um aumento no nível do mar que cobriu o buraco com água nos últimos 8.000 anos. 
 A menina tinha entre 15 e 16 anos e pode ter escorregado e caído 
naquilo que pareceu para ela, e para os animais que tiveram o mesmo fim,
 um buraco cheio d'água. 
 Sua pélvis parece ter se quebrado com o
 impacto, sugerindo que ela teria morrido logo após a queda, explicou 
Jim Chatters, arqueólogo e antropólogo forense em Bothell, Washington. 
 Seu crânio demonstra que ela tinha um rosto pequeno e estreito, olhos 
separados, uma testa proeminente e dentes que se projetavam para fora. 
 Sua aparência era "quase o oposto daquela dos nativos americanos", disse Chatters a jornalistas. 
 Mas um marcador genético encontrado no osso da costela da menina e nos 
dentes mostrou que sua linhagem materna era a mesma encontrada em alguns
 nativos americanos modernos.
 
 
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Crânios sugerem que primeiros hominídeos pertenciam à mesma espécie12 fotos                    
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Análise
 completa de crânios de aproximadamente 1,8 milhão de anos sugere que os
 primeiros hominídeos, classificados em diferentes espécies - "Homo 
habilis", "Homo rudolfensis", "Homo erectus", por exemplo -, na verdade 
pertencem à mesma espécie. O estudo será publicado na revista Science 
desta sexta-feira (18). Segundo pesquisadores que encontraram cinco 
crânios que datam da mesma época, em  Dmanisi, na Geórgia, país situado 
no Cáucaso, as diferenças entre eles não são maiores do que as 
diferenças entre cinco crânios de humanos de hoje em dia. Assim, os 
hominídeos só teriam aparências diferentes. Eles chegaram a esta 
conclusão por causa do crânio 5 que combina uma pequena caixa craniana 
com uma face alongada e grandes dentes - características que nunca foram
 observadas no mesmo crânio de hominídeo antes 
Leia mais M. Ponce de León/Ch. Zollikofer, University of Zurich, Switzerland 
 
 
 
 
 
 
 
 Origens na Ásia
O estudo sugere que ela teria descendido de pessoas que migraram da 
Ásia pelo Estreito de Bering sobre uma massa de terra que era conhecida 
como Beríngia. 
 "O que este estudo apresenta, pela primeira vez,
 é a evidência de que os paleoamericanos com aquelas características 
distintas também podem ser diretamente vinculados à mesma população 
originária da Beríngia que a dos americanos contemporâneos", disse 
Deborah Bolnick, professora assistente da Universidade do Texas, em 
Austin. 
 Isto contraria as teorias de alguns especialistas, 
segundo os quais os nativos americanos descenderam de pessoas que 
migraram depois, talvez da Europa, do sudeste da Ásia, ou da Austrália. 
 "Eu costumava ser um daqueles defensores dos eventos das imigrações 
múltiplas", afirmou Chatters, um arqueólogo mais conhecido por seu 
trabalho sobre o Homem de Kennewick, restos de crânio e esqueleto de 
9.800 anos encontrados no estado americano de Washington. 
 
Chatters acreditou inicialmente que o Homem de Kennewick descendia de 
colonos europeus, porque seu crânio não parecia com o de um rosto de um 
nativo americano típico. 
 Uma pesquisa subsequente e exames de 
DNA feitos em Naia mudaram, porém, sua forma de pensar sobre a origem 
dos primeiros nativos americanos. 
 A equipe internacional de 
cientistas que trabalha em Naia identificou apenas um marcador genético 
de seu DNA mitocondrial, chamado haplogrupo mtDNA D1. 
 "O haplogrupo D1 se derivou de uma linhagem asiática, mas é encontrado apenas nos americanos de hoje", explicou Bolnick. 
 "Aproximadamente 11% dos nativos americanos possuem esta linhagem genética", acrescentou. 
 "É encontrado em toda a América do Norte, Central e do Sul, e esta 
linhagem, a D1, é especialmente comum em algumas populações 
sul-americanas", prosseguiu. 
 Bolnick disse que sua análise 
nesse ponto não pode excluir a possibilidade de que outros povos 
primitivos, conhecidos como paleoamericanos, venham de lugares 
diferentes da Beríngia, mas até agora essa evidência não sustenta esta 
possibilidade. 
 Naia é o sexto ser humano mais antigo encontrado nas Américas, acrescentou Chatters. 
 Futuras pesquisas visam a decodificar seu DNA nuclear, o que deverá revelar mais detalhes sobre sua ancestralidade.