sábado, 19 de setembro de 2015

O empresario mais rico do Brasil e’ quem mais clama pelo impeachment de Dilma

post em andradetalis

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O espírito golpista dos ricos contra os pobres

by Talis Andrade
Vladimir Kazanevsky
Vladimir Kazanevsky
Olha o Velhinho
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por Luís Fernando Veríssimo
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Um fenômeno novo na realidade brasileira é o ódio político, o espírito golpista dos ricos contra os pobres. O pacto nacional popular articulado pelo PT desmoronou no governo Dilma e a burguesia voltou a se unificar. Economistas liberais recomeçaram a pregar abertura comercial absoluta e a dizer que os empresários brasileiros são incompetentes e superprotegidos, quando a verdade é que têm uma desvantagem competitiva enorme. O país precisa de um novo pacto, reunindo empresários, trabalhadores e setores da baixa classe média, contra os rentistas, o setor financeiro e interesses estrangeiros. Surgiu um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, a um partido e a um presidente. Não é preocupação ou medo. É ódio. Decorre do fato de se ter, pela primeira vez, um governo de centro-esquerda que se conservou de esquerda, que fez compromissos, mas não se entregou. Continuou defendendo os pobres contra os ricos. O governo revelou uma preferência forte e clara pelos trabalhadores e pelos pobres. Não deu à classe rica, aos rentistas. Nos dois últimos anos da Dilma, a luta de classes voltou com força. Não por parte dos trabalhadores, mas por parte da burguesia insatisfeita. Dilma chamou o Joaquim Levy por uma questão de sobrevivência. Ela tinha perdido o apoio na sociedade, formada por quem tem o poder. A divisão que ocorreu nos dois últimos anos foi violenta. Quando os liberais e os ricos perderam a eleição não aceitaram isso e, antidemocraticamente, continuaram de armas em punho. E de repente, voltávamos ao udenismo e ao golpismo.
Nada do que está escrito no parágrafo anterior foi dito por um petista renitente ou por um radical de esquerda. São trechos de uma entrevista dada à “Folha de São Paulo” pelo economista Luiz Carlos Bresser Pereira, que, a não ser que tenha levado uma vida secreta todos estes anos, não é exatamente um carbonário. Para quem não se lembra, Bresser Pereira foi ministro do Sarney e do Fernando Henrique. A entrevista à “Folha” foi dada por ocasião do lançamento do seu novo livro “A construção politica do Brasil” e suas opiniões, mesmo partindo de um tucano, não chegam a surpreender: ele foi sempre um desenvolvimentista nacionalista neokeynesiano. Mas confesso que até eu, que, como o Antônio Prata, sou meio intelectual, meio de esquerda, me senti, lendo o que ele disse sobre a luta de classes mal abafada que se trava no Brasil e o ódio ao PT que impele o golpismo, um pouco como se visse meu avô dançando seminu no meio do salão — um misto de choque (“Olha o velhinho!”) e de terna admiração. Às vezes, as melhores definições de onde nós estamos e do que está nos acontecendo vem de onde menos se espera.
Outro trecho da entrevista: “Os brasileiros se revelam incapazes de formular uma visão de desenvolvimento crítica do imperialismo, crítica do processo de entrega de boa parte do nosso excedente a estrangeiros. Tudo vai para o consumo. É o paraíso da não nação.”
o patrocinador água protesto golpe dilma
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agropecuária capitalista

CartaCapital
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Economia

Opinião

Como a agropecuária vai lidar com as transformações do capitalismo?

É preciso saber como conciliar a emergência de classes subalternas, a financeirização, o trabalho e a proteção ao meio ambiente
por Rui Daher publicado 18/09/2015 06h25
AFP
Agricultura na China
Área de agricultura em Chongqing, na China: o setor emprega 300 milhões de chineses
Quando em maio de 2013 aceitei o convite para manter coluna semanal sobre o agronegócio neste site de CartaCapital, prometi conversar ora vendo o setor “assim do alto” ora “com uma lupa”. É o que tenho feito, embora perceba comentários trocando as bolas.
Podem incomodar. Muito. Mas a maioria traz informações, reflexões e ajuda a reformular posições. Os demais permitem lembrar palavrões geriátricos, hoje em desuso.
Sempre alguém contestará seu estilo de escrita, como se cromossomo de Eça de Queiroz fosse. Não percebe que temas áridos são mais agradáveis se levados na forma de crônicas. Na coluna anterior, soberba moça categorizou: “texto fraquíssimo”. Corri à farmácia em busca de vitaminas.
Expor a fragmentação do agronegócio como excepcional vantagem de um país com diversidade parece ser pouco entendido. Os vários segmentos têm carências e formas de apoio específicas. O primordial, creiam, os portugueses já nos deram: extensão e posição territoriais.
Para mim, o tema mais importante a ser discutido hoje em dia, e visto de altos estratosféricos, é como a cadeia originada na agropecuária irá seguir as transformações do atual estágio do capitalismo e seus novos vetores.
Pouco a ver com as mudanças ocorridas a partir do final da Segunda Guerra Mundial. Estas, consolidadas e envelhecidas, viveram ambiente de hegemonia gestado ainda nos séculos 19 e 20.
A atual mostra necessidade de conhecer e projetar novas interações e modificações nas esferas de produção e distribuição das atividades rural e agroindustrial.
A emergência de classes sociais subalternas em países pobres nas duas últimas décadas, que excitaram a demanda, e o desarranjo nas economias hegemônicas causado pela desregulamentada financeirização, são processos irreversíveis quando o assunto é produção de alimentos, fibras e energia renovável.
Difícil será coaduná-los com preservação do trabalho de homens e mulheres, recursos naturais e meio ambiente. Ponto.
Que não se espere milagres espontâneos, como responsabilidade sobre consumo de luxo e lixo. O ser capitalista é assim. Quer cada vez mais. Quem leu o livro de Thomas Piketty e acompanha as preocupações do papa Francisco sabe da crescente concentração de riqueza no planeta.
Tanto que contingentes enormes de pessoas com deficiências nutricionais pouco podem com inovações tecnológicas de baixo custo, na contramão de interesses dos maiores fabricantes de agroquímicos.
Ao Brasil falta inteligência e boa vontade prospectivas. Saber o que tem e o que não deve ceder para o futuro. Por assim pensar, Mangabeira Unger acaba de pedir demissão como ministro da secretaria de Assuntos Estratégicos.
O século 21 exibe reordenação de hegemonias, predominância do setor de serviços, financeirização da economia. Resulta precarização do setor produtivo e do trabalho.
Nada disso pode ser visto apenas em curto prazo ou na simplificação do que fazer, em 2050. Teremos até lá os tais 9 bilhões de bocas a alimentar? Talvez, sim. Se a devastação do planeta, por guerras, epidemias, consumo desenfreado, concentração de renda, não contrariarem as preces dos papas Francisco e José Graziano da Silva.
Blasfemei? Por que Francisco e Zé Graziano?
Bem, o que se pode esperar do papa Francisco se não lamentar e pedir que parem os massacres na Síria? Ou que EUA e Cuba se aproximem e termine o embargo? Ou, ainda, que casais gays tenham direito às leis e permissões gerais da sociedade?
O consumismo individualista é praga de um sistema de meritocracia que pouco tem a ver com a Bíblia.
O mesmo acontece com o papa Zé. Como agrônomo, conhece a fundo as questões agrárias e de segurança alimentar. Bem, Andanças Capitais mostram-me nem todos agrônomos assim.
Nomeado ministro, em 2003, no governo Lula, instituiu o programa Fome Zero, que levou ao Bolsa Família, com consequências conhecidas por todos, inclusive dos que acham que transformou o Brasil num país de vagabundos e acomodados.
Logo de cara, levou um baita pau das folhas e telas cotidianas, e dos ruralistas que não perceberam o quanto isso poderia encher-lhes os bolsos, mesmo que ajudando a quem poucos ligam.
Graziano picou a mula e até hoje (acaba de ser reeleito) é diretor-geral da FAO, o organismo da ONU responsável por alimentação e agricultura. Como Francisco, Zé precisa acreditar que a humanidade deu certo e é possível tornar o planeta mais justo. Tem uma fé imensa.
Acreditou nos Objetivos do Milênio, quando 191 países se reuniram, em setembro de 2000, para acabar com a fome até 2015. Na época, 1,2 milhão de pessoas viviam na pobreza extrema, com um dólar per capita por dia. Também acreditou nas diversas Rodadas Doha, piqueniques em cidades aprazíveis que continuarão a acontecer.
Agora, incansável, diz que ainda existem 800 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza. Propõe nova etapa, com erradicação da fome até 2030. Pela redução que houve nos últimos 15 anos, se nada mais impactante for feito, chegaremos a 2030 ainda com 650 milhões de pessoas nessa situação.
E olha que a economia dos países emergentes foi responsável por grande parte dessa redução, e que seus mares hoje não estão para peixes tão grandes.
Se a economia mundial melhorar, pode ser que alguma franja de bondade sobre para os famintos. Caso contrário, os 800 milhões de hoje aumentarão, assim como voltarão à miséria os 40 milhões de zumbis que o Brasil colocou no estreito limiar da classe média.
Se não mudar de ideia, volto ao assunto.

enfrentar o capitalismo global

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sábado, 19 de setembro de 2015

Žižek: não podemos abordar a crise dos refugiados sem enfrentar o capitalismo global

zizekPor Slavoj Žižek.*

Blog da Boitempo

“Nós não podemos abordar a crise dos refugiados sem enfrentar o capitalismo global. Os refugiados não chegarão à Noruega. Mas a Noruega que eles procuram sequer existe.”
Em seu estudo clássico On Death and Dying, Elisabeth Kübler-Ross propôs o famoso esquema de cinco estágios de como reagimos ao saber que temos uma doença terminal: negação (a pessoa simplesmente se recusa a aceitar o fato: “Isso não pode estar acontecendo, não comigo.”); raiva (que explode quando já não podemos negar o fato: “Como isso pode acontecer comigo.”); negociação (a esperança de que podemos de alguma forma adiar ou diminuir o fato: “Apenas deixe-me viver para ver meu filho graduado.”); depressão (desinvestimento libidinal: “Eu vou morrer, então por que se preocupar com alguma coisa?”); aceitação (“Eu não posso lutar contra isso, mas eu bem posso me preparar para isso.”). Mais tarde, Kübler-Ross aplicou esses estágios a qualquer forma de perda catastrófica pessoal (desemprego, morte de um ente querido, divórcio, vício em drogas) e enfatizou que eles não acontecem necessariamente na mesma ordem, nem que os cinco estágios são vivenciados por todos os pacientes.

A reação da opinião pública e das autoridades na Europa Ocidental ao fluxo de refugiados da África e do Oriente Médio não teve uma combinação semelhante de reações disparatadas? Houve a negação, agora diminuindo: “Não é tão sério, vamos simplesmente ignorar.” Existe uma raiva: “Os refugiados são uma ameaça ao nosso modo de vida, entre eles escondem-se fundamentalistas muçulmanos, eles precisam ser barrados a qualquer preço”. Há negociação: “Ok, vamos estabelecer quotas e apoiar os campos de refugiados nos seus próprios países!” Há depressão: “Estamos perdidos, a Europa está se transformando em uma Europa-stan.” O que está faltando é a aceitação, o que, neste caso, significaria um consistente plano pan-europeu para lidar com os refugiados.
Então, o que fazer com centenas de milhares de pessoas desesperadas, que esperam no Norte da África, fugindo da guerra e da fome, tentando atravessar o mar e encontrar refúgio na Europa?
Existem duas principais respostas. Liberais de esquerda expressam sua indignação com a forma como a Europa está permitindo que milhares de pessoas se afoguem no Mediterrâneo. O argumento deles é que a Europa deve mostrar solidariedade abrindo as portas amplamente. Os populistas anti-imigrantes reivindicam que devemos proteger nosso modo de vida e deixar que os africanos resolvam seus próprios problemas.
Qual é a melhor solução? Parafraseando Stalin, as duas são piores. Aqueles que defendem a abertura das fronteiras são grandes hipócritas: Secretamente, eles sabem muito bem que isso nunca vai acontecer, uma vez que provocaria uma imediata revolta populista na Europa. Eles jogam com a bela alma que os fazem se sentir superiores diante de um mundo corrompido enquanto secretamente participam dele.
O populista anti-imigrante também sabe muito bem que, deixados por si mesmos, os africanos não terão sucesso na mudança de suas sociedades. Por que não? Porque nós, norte-americanos e europeus ocidentais, estamos impedindo-os. Foi a intervenção europeia na Líbia que jogou o país no caos. Foi o ataque dos Estados Unidos ao Iraque que criou as condições para o surgimento do ISIS [Estado Islâmico do Iraque e do Levante]. A guerra civil em curso na República Centro-Africana não é apenas uma explosão do ódio étnico; França e China estão lutando pelo controle dos recursos petrolíferos através de seus procuradores.
Mas o caso mais claro de nossa responsabilidade é o Congo de hoje, que está novamente emergindo como o “coração das trevas” africano. Em 2001, uma investigação da ONU, sobre a exploração ilegal de recursos naturais no Congo, descobriu que os conflitos internos acontecem para se ter o acesso, o controle e o comércio de cinco minerais fundamentais: coltan, diamante, cobre, cobalto e ouro. Sob a fachada de guerra étnica, nós podemos identificar o funcionamento do capitalismo global. O Congo não existe mais como um estado unificado; é uma multiplicidade de territórios governados por senhores da guerra locais, que controlam o seu pedaço de terra com um exército, que como regra, inclui crianças drogadas. Cada um desses senhores da guerra estão ligados pelos negócios com empresas ou corporações estrangeiras que exploram as riquezas minerais da região. A ironia é que muitos destes minerais são usados em produtos de alta tecnologia, tais como laptops e telefones celulares.
Retire as empresas estrangeiras de alta tecnologia da equação e toda a narrativa de guerra étnica alimentada por velhas paixões desmorona. Este é o lugar onde devemos começar se realmente queremos ajudar os africanos e parar com o fluxo de refugiados. A primeira coisa é lembrar que a maioria dos refugiados vem de Estados falidos – onde a autoridade pública é inoperante, pelo menos em grandes regiões – Síria, Líbano, Iraque, Líbia, Somália, Congo, etc. Essa desintegração do poder do Estado não é um fenômeno local, mas o resultado da economia e da política internacional, em alguns casos, como a Líbia e o Iraque, um resultado direto da intervenção ocidental. É claro que o aumento destes “Estados falidos” não é um inesperado infortúnio, mas sim uma das formas que as grandes potências exercem seu colonialismo econômico. Deve-se notar também que as sementes dos “Estados falidos” do Oriente Médio devem ser procuradas nas fronteiras arbitrárias desenhadas após a Primeira Guerra Mundial pelo Reino Unido e a França, que criaram uma série de Estados “artificiais”. Com o propósito de unir os sunitas na Síria e no Iraque, o ISIS está, em última análise, juntando o que foi dilacerado pelos mestres coloniais.  
Não se pode deixar de notar o fato de que alguns países não muito ricos do Oriente Médio (Turquia, Egito, Iraque) são muito mais abertos aos refugiados do que os realmente ricos (Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes, Qatar). Arábia e Emirados não receberam refugiados, embora façam fronteira com países em crise e são culturalmente muito mais próximos aos refugiados (que são na maioria muçulmanos) do que a Europa. Arábia Saudita tem até mesmo devolvido alguns refugiados muçulmanos da Somália. Isto porque a Arábia é uma teocracia fundamentalista que não pode tolerar estrangeiros intrusos? Sim, mas deve-se também ter em mente que esta mesma Arábia Saudita é totalmente integrada à economia do Ocidente. Do ponto de vista econômico, Arábia Saudita e Emirados, que afirmam depender totalmente das suas receitas petrolíferas, não são puros postos avançados do capital ocidental? A comunidade internacional deveria colocar toda pressão em países como Arábia Saudita, Kuwait e Qatar para fazer seus deveres de aceitarem um grande contingente de refugiados. Além disso, por estar apoiando os rebeldes anti-Assad, a Arábia Saudita é o grande responsável pela situação na Síria. E, em diferentes graus, o mesmo se aplica para muitos outros países – nós estamos todos nisso.
Uma nova escravidão
Outra característica partilhada por esses países é o surgimento de uma nova escravidão. Enquanto o capitalismo se legitima como o sistema econômico que sugere e promove a liberdade individual (como uma condição do mercado cambial), ele gerou por conta própria a escravidão, como parte de sua dinâmica: embora a escravidão estivesse quase extinta no final da Idade Média, explodiu cedo na modernidade e durou até a Guerra Civil Americana. E hoje, numa nova época do capitalismo global, pode-se arriscar a hipótese de que uma nova era da escravidão também está surgindo. Embora não exista um estatuto jurídico legal para escravizar as pessoas de forma direta, a escravidão adquire uma multiplicidade de novas formas: na península da Arábia (Emirados, Qatar, etc.), milhões de trabalhadores imigrantes são de fato privados de direitos civis elementares e liberdades; o controle total sobre milhões de trabalhadores em fábricas asiáticas, muitas vezes organizados diretamente como campos de concentração; o uso massivo de trabalho forçado na exploração de recursos naturais em muitos estados africanos centrais (Congo etc.). Mas nós não temos que olhar tão longe. Em 01 de dezembro de 2013, pelo menos sete pessoas morreram quando uma fábrica de roupas de propriedade chinesa em uma zona industrial na cidade italiana de Prato, a 19 km do centro de Florença, incendiou, matando trabalhadores presos em um dormitório de papelão improvisado, construído no local.  O acidente ocorreu em Macrolotto, distrito industrial da cidade conhecido por suas fábricas de vestuário. Milhares de imigrantes chineses estariam vivendo ilegalmente na cidade, trabalhando até 16 horas por dia para uma rede de oficinas atacadista que confeccionava roupa barata.
Nós, portanto, não temos que olhar para a vida miserável dos novos escravos nos longínquos subúrbios de Xangai (ou em Dubai e Qatar) e hipocritamente criticar a China – a escravidão pode estar aqui mesmo, dentro de nossa casa, nós apenas não vemos (ou melhor, fingimos não ver). Este novo apartheid de facto, esta explosão sistemática do número de diferentes formas de escravidão de facto, não é um acidente lamentável, mas uma necessidade estrutural do capitalismo global de hoje.
Mas estão os refugiados entrando na Europa apenas oferecendo-se para se tornar força de trabalho precário, em muitos casos, à custa dos trabalhadores locais, que reagem a essa ameaça unindo-se a partidos político anti-imigrantes? Para a maioria dos refugiados, esta será a realidade de seu sonho realizado.
Os refugiados não estão somente fugindo de suas terras devastadas pela guerra; eles também estão possuídos por um sonho. Podemos ver repedidas vezes em nossas telas. Refugiados no Sul da Itália deixam claro que eles não querem ficar lá, eles querem majoritariamente viver nos países escandinavos. E o que dizer dos milhares de acampados em Calais que não estão contentes com a França, mas estão dispostos a arriscar suas vidas para entrar no Reino Unido? E o que dizer de dezenas de milhares de refugiados dos países Bálcãs que querem ao menos chegar à Alemanha? Eles declaram esse sonho como um direito incondicional, e exigem das autoridades europeias não só alimentação adequada e cuidados médicos, mas também o transporte para o local de sua escolha.
Há algo enigmaticamente utópico nesta demanda impossível: como poderia a Europa realizar o sonho deles, um sonho que, aliás, está fora do alcance para a maioria dos europeus. Quantos europeus do Sul e do Leste não prefeririam viver na Noruega? Pode-se observar aqui o paradoxo da utopia: precisamente quando as pessoas se encontram em situação de pobreza, aflição e perigo, e seria de se esperar que eles estivessem satisfeitos com o mínimo de segurança e bem-estar, a utopia absoluta explode. A dura lição para os refugiados é que “não há Noruega”, mesmo na Noruega. Eles terão que aprender a censurar seus sonhos: Em vez de persegui-los, em realidade, eles devem se concentrar em mudar a realidade.
Um tabu da esquerda
Um dos grandes tabus da esquerda terá que ser quebrado aqui: a noção de que uma maneira de proteger um modo de vida [way of life] é em si mesma protofascista ou racista. Se não abandonarmos essa noção, abrimos o caminho para a onda anti-imigrante que prospera em toda a Europa. (Mesmo na Dinamarca, o Partido Democrático, anti-imigrante, pela primeira vez ultrapassou os sociais-democratas e tornou-se o partido mais forte do país.) Responder às preocupações das pessoas comuns sobre as ameaças ao seu especifico estilo de vida também pode ser feito a partir da esquerda. Bernie Sanders é uma prova viva disso! A verdadeira ameaça para nossos estilos de vida comunitários não são os estrangeiros, mas a dinâmica do capitalismo global: Só nos Estados Unidos, as mudanças econômicas das ultimas décadas fez mais para destruir a convivência comunitária das cidades pequenas do que todos os imigrantes juntos.
A reação padrão da esquerda liberal é, naturalmente, uma explosão de arrogante moralismo: No momento em que damos alguma credibilidade a “proteção do nosso modo de vida”, nós já comprometemos a nossa posição, uma vez que propomos uma versão mais modesta do que os populistas anti-imigrantes defendem abertamente. Esta não é a história das últimas décadas? Partidos centristas rejeitam o racismo aberto dos populistas anti-imigrantes, mas afirmam simultaneamente “compreender as preocupações das pessoas comuns” e promulgam uma versão mais “racional” da mesma política.
Mas, embora exista um núcleo de verdade, as queixas moralistas – “A Europa perdeu a empatia, é indiferente para o sofrimento dos outros,” etc. – são apenas o reverso da brutalidade anti-imigrante. Ambas as posições compartilham o pressuposto, o que não é de forma alguma evidente, que a defesa do próprio modo de vida exclui o universalismo ético.  Assim, deve-se evitar ser pego pelo jogo liberal de “quanto de tolerância podemos oferecer.” Devemos tolerar eles impedirem suas crianças de irem para as escolas estaduais, eles arrumarem casamentos para seus filhos, eles brutalizarem gays nos seus espaços? A este nível, é claro, nós nunca somos suficientemente tolerantes, ou somos sempre tolerantes demais, negligenciando os direitos das mulheres, etc. A única maneira de sair deste impasse é movendo-se para além da mera tolerância ou respeito em direção a uma luta comum.
Nesse sentido, é preciso ampliar a perspectiva: Os refugiados são o preço da economia global. Em nosso mundo global, mercadorias circulam livremente, mas as pessoas não: novas formas de apartheid estão surgindo. O tema de parede oca, da ameaça de sermos inundado por estrangeiros, é estritamente imamente ao capitalismo global, é o índex do que é falso sobre a globalização capitalista. Enquanto as grandes migrações são uma característica constante da historia da humana, a sua principal causa na historia moderna são as expansões coloniais: Antes da colonização, o Sul Global consistia, principalmente, de comunidades locais autossuficientes e relativamente isoladas. Foi a ocupação colonial e o comércio de escravos que lançou este modo de vida para fora dos trilhos e renovou as migrações em larga escala.
A Europa não é o único lugar que está experimentando uma onda de imigração. Na África do Sul, existem mais de um milhão de refugiados do Zimbabwe, que estão expostos a ataques de pobres locais por roubarem empregos. E haverá mais, não apenas por causa de conflitos armados, mas por conta dos novos “Estados párias”, crise econômica, desastres naturais (agravados pela mudança climática), desastres criados pelo homem, etc. Sabe-se que, após o desastre nuclear de Fukushima, por um momento, as autoridades japonesas imaginaram que toda área de Tóquio – 20 milhões de pessoas – deveria ser evacuada. Para onde essas pessoas iriam? Em que condições? Eles deveriam receber um pedaço de terras ou dispersar ao redor do mundo? E se o Norte da Sibéria tornar-se mais habitável e arável, enquanto várias áreas subsaarianas tornam-se demasiadamente secos para que uma grande população suporte viver lá? Como será organizado o intercambio de populações? No passado, quando coisas similares aconteceram, as mudanças sociais ocorreram de uma forma espontaneamente selvagem, com violência e destruição (recorde as grandes migrações no final do Império Romano) – Nos dias de hoje, tal perspectiva é catastrófica, com armas de destruição em massa disponíveis para muitas nações.
Portanto, a principal lição a ser aprendida é que a humanidade deve estar preparada para viver de forma mais “plástica” e nômade: Rápidas mudanças climáticas, locais e globais, podem exigir, de forma inédita, transformações sociais em larga escala. Uma coisa é clara: a soberania nacional terá que ser radicalmente redefinida e novos níveis de cooperação global inventados. E o que dizer das enormes mudanças na economia e padrões de conservação do clima devido a escassez de água e energia? Através de quais mecanismos de decisão tais mudanças serão decididas e executadas? Aqui uma série de tabus deverá ser quebrado e um conjunto de medidas complexas realizadas.
Em primeiro lugar, a Europa terá de reafirmar seu total empenho em proporcionar condições dignas para a sobrevivência dos refugiados. Não deve existir compromisso aqui: grandes migrações são o nosso futuro, e a única alternativa a esse empenho é a barbárie renovada (que alguns chamam de “choque de civilização”).
Em segundo lugar, como consequência necessária deste empenho, a Europa deve organizar-se e impor regras e regulamentos claros. O controle do Estado ao fluxo de refugiados deve ser implantado através de uma vasta rede administrativa abrangendo toda a União Europeia (para evitar as barbáries locais como as da Hungria ou Eslováquia). Os refugiados devem ser tranquilizados de sua segurança, mas também devem acatar as áreas de convivência atribuídas pelas autoridades europeias, além disso, precisam respeitar as leis e as normas sociais dos Estados europeus: nenhuma tolerância a violência religiosa, sexista ou étnica de qualquer dos lados, nenhum direito de impor sobre os outros o próprio modo de vida ou religião, o respeito da liberdade de cada individuo de abandonar seus costumes comunais, etc. Se uma mulher decide cobrir seu rosto, sua decisão deve ser respeitada, mas se ele escolhe não cobri-lo, sua liberdade deve ser garantida. Sim, um conjunto privilegiado de regras do modo de vida europeu. Estas regras devem ser claramente estabelecidas e aplicadas, por medidas repressivas (contra os estrangeiros fundamentalistas, bem como contra os nossos próprios racistas anti-imigrantes), se necessário.
Em terceiro lugar, um novo tipo de intervenção internacional terá de ser inventada: intervenções militares e econômicas que evitem as armadilhas neocoloniais. E sobre as forças da ONU que garantem a paz na Líbia e no Congo? Uma vez que tais intervenções estão intimamente associadas com o neocolonialismo, serão necessárias extremas salvaguardas. Os casos de Iraque, Síria e Líbia demonstram como o tipo de intervenção errada (no Iraque e Líbia), bem como a não intervenção (na Síria, onde, sob a aparência de não intervenção, os poderes externos da Rússia, Arábia Saudita e os EUA estão totalmente engajados) acabam no mesmo impasse.
Em quarto lugar, a tarefa mais difícil e importante é uma mudança econômica radical que deve abolir as condições sociais que criam refugiados. A última causa dos refugiados é o próprio capitalismo global de hoje e seus jogos geopolíticos, e se nós não transformarmos isso radicalmente, os imigrantes da Grécia e de outros países europeus em breve se juntarão aos refugiados africanos. Quando eu era jovem, uma tentativa organizada de regulamentar o bem comum [commons] foi chamada de comunismo. Talvez devêssemos reinventar isso. Talvez, no longo prazo, isso seja a única solução.
Tudo isso é uma utopia? Talvez, mas se não fizermos isso, então, estamos realmente perdidos, e nós merecemos estar.
* Publicado originalmente em inglês no In these times em 9 de setembro de 2015. A tradução é de Danilo Chaves Nakamura para o Blog da Boitempo.
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Slavoj Žižek, colunista
Slavoj Žižek nasceu na cidade de Liubliana, Eslovênia, em 1949. É filósofo, psicanalista e um dos principais teóricos contemporâneos. Transita por diversas áreas do conhecimento e, sob influência principalmente de Karl Marx e Jacques Lacan, efetua uma inovadora crítica cultural e política da pós-modernidade. Professor da European Graduate School e do Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana, Žižek preside a Society for Theoretical Psychoanalysis, de Liubliana, e é um dos diretores do centro de humanidades da University of London. Dele, a Boitempo publicou Bem-vindo ao deserto do Real!(2003), Às portas da revolução (escritos de Lenin de 1917) (2005), A visão em paralaxe (2008), Lacrimae rerum (2009), Em defesa das causas perdidasPrimeiro como tragédia, depois como farsa (ambos de 2011), Vivendo no fim dos tempos (2012), O ano em que sonhamos perigosamente (2012),Menos que nada (2013) e o mais recente Violência (2014). Colabora com o Blog da Boitempo esporadicamente.

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sábado, 19 de setembro de 2015

Rússia expõe a estratégia clandestina dos EUA na Síria




MK Bhadrakumar 
Traduzido por  Coletivo de tradutores Vila Vudu
O problema dos refugiados sírios vinha amadurecendo lenta e continuadamente e teria sido o pretexto perfeito para uma 'intervenção humanitária' comandada pelos EUA ["Bombardear para Proteger"] na Síria.  Mas a Rússia chegou antes, e o róseo plano norte-americano pode ter gorado.
http://tlaxcala-int.org/upload/gal_11551.jpg
Refugiados, por Gary Varvel, EUA
As políticas dos EUA para o Oriente Médio vêm-se mantendo obcecadamente fixas em 'mudança de regime' na Síria há pelo menos uma década, desde a invasão do Iraque em 2003. (A agenda neoconservadora original planejava 'mudar' regimes no Iraque, Irã e Síria, mas deu em nada, quando os campos de matança no Iraque começaram a ditar a geopolítica.)


Não é difícil entender e acreditar que a inteligência russa, sim, pôs fim à trama diabólica dos EUA para criar um fato consumado em solo, na Síria. O pacto faustiano entre Washington e a Turquia e a autorização do presidente Barack Obama para ataques aéreos na Síria (inclusive contra o Exército Árabe Sírio), o frenesi com que Grã-Bretanha e Austrália uniram-se às missões de bombardeios norte-americanos contra a Síria, declarações da OTAN, os incansáveis esforços dos EUA, por baixo dos panos, para minar o trabalho de Moscou para iniciar e pôr em andamento um processo de paz entre os próprios sírios – de todos os lados abundavam os indícios daquele sinistro plano político-militar.

Mas o suspense subiu à estratosfera, quando a inteligência russa entrou claramente em cena. Numa rara cena de 'revelação', domingo à noite, durante entrevista ao canal estatal de televisão – provavelmente pré-arranjada deliberadamente – o ministro de Relações Exteriores da Rússia semeou 'pistas' crucialmente importantes sobre a agenda norte-americana clandestina para a Síria escondida por trás da chamada luta para 'degradar e derrotar' o Estado Islâmico. Disse Lavrov:

  • "Espero não estar cometendo alguma indiscrição, se disser que alguns de nossos contrapartes, membros da coalizão, dizem que às vezes recebem informação sobre as posições de alguns grupos do Estado Islâmico, mas o comandante da coalizão – nos EUA, naturalmente – nunca entende que seja boa hora para atacar.
  • Ou nossos contrapartes norte-americanos, nunca, desde o início, contaram com coalizão muito coesa, ou, na verdade sempre quiseram atingir outros alvos, diferentes dos declarados. A coalizão formou-se de modo muito espontâneo: em apenas uns poucos dias, declararam que estava tudo pronto, alguns países já se haviam unido, e começaram alguns ataques.
  • Quem analise a aviação da coalizão verá coisas bem estranhas. O que suspeitamos é que, à parte os objetivos declarados de dar combate ao Estado Islâmico, há algo mais nos planos da coalizão. Não quero oferecer conclusões precipitadas – ainda não se entende claramente que impressões, informações ou superiores ideias o comandante acalenta – mas há sinais desse tipo e não param de chegar.

Lavrov é diplomata experiente e brilhantíssimo. De modo algum teria feito esses comentários movido por impulso instantâneo. Verdade é que a guerra à distância dos EUA contra a Síria ganhou um toque de terrível beleza.

Lavrov disse aos EUA, polidamente, que desistam de tentar impedir a Rússia de saltar na jugular do Estado Islâmico. E que, se não desistirem, choverá lama na cabeça de Obama.

Em palavras simples, Lavrov sinalizou a Washington que Moscou já sabe sobre o plano dos EUA de meter os terroristas do Estado Islâmico como sua pata de gato, mais dia menos dia, no baixo ventre macio da Rússia na Ásia Central e no norte do Cáucaso.

É claro que a inteligência russa sabe que centenas de combatentes viajaram da Rússia para se unirem ao EI. (De fato, Abu Omar Shishani, checheno étnico, é alto comandante do EI.) Dada essa sombria realidade, Moscou decidiu traçar sua linha vermelha. Concluiu que o EI é ameaça significativa às regiões russas de maioria muçulmana no norte do Cáucaso.

A seriedade com que Moscou está tratando a ameaça incipiente à sua segurança nacional está evidente na decisão do presidente Vladimir Putin de ir à Assembleia Geral da ONU no final desse mês, para fazer conclamação planetária a favor de os países cooperarem para derrotar o EI.

As duas vias paralelas – aprofundar o envolvimento militar na Síria também em solo e abrir uma via diplomática até o pódio da ONU – visam a derrotar a ação dos EUA que tenta repetir a estratégia da guerra fria, de blindar Washington e jogar o Islã militante contra a Rússia.

A diplomacia russa no passado recente trabalhou para desenvolver extensiva rede pelo Oriente Médio muçulmano. O esforço parece ter valido a pena. Interessante: Lavrov praticamente revelou, durante a entrevista pela televisão, ontem, em Moscou, que os aliados regionais dos EUA no Oriente Médio, eles mesmos, também já suspeitam das reais intenções de Washington quanto ao EI. É revelação deveras espantosa.

Lavrov também ergueu outra pontinha do véu, ao fazer saber aos norte-americanos que a inteligência militar russa está não apenas monitorando as operações da força aérea militar norte-americana no Iraque, mas, além disso, já analisou cientificamente os planos de voo dos aviões dos EUA e coisa-e-tal. Em resumo, os russos parecem já ter cacife de inteligência para comprovar algo que os iranianos dizem há muito tempo, a saber – que a aviação norte-americana está regularmente fornecendo suprimentos para o Estado Islâmico.

Fato é que o firme movimento militar russo na Síria colheu Washington de surpresa. A menos que ponha coturnos norte-americanos em solo sírio, as opções de Washington para forçar os russos a recuar são mínimas. Grécia e Irã já fizeram saber aos russos que garantirão direito de trânsito aéreo aos aviões russos em voo para a Síria. (Washington fez de tudo para que Atenas não autorizasse o trânsito dos aviões russos.)

Mas o mais duro golpe que está sofrendo a estratégia norte-americana de contenção contra a Rússia na Síria está vindo da dramática mudança na opinião pública de países europeus, obrigados a lidar com a questão dos refugiados sírios. O sistema de vistos Schengen, que era orgulho e símbolo da União Europeia, foi engavetado do dia para a noite, e reapareceram os postos de controle de fronteira  (Ver aqui e aqui).

conclamação feita pela chanceler alemã Angela Merkel de que Europa e Rússia devem cooperar no caso da Síria é sinal claro do que está por vir. Obviamente, Moscou deve estar sentindo que o humor europeu vai-se tornando cada dia mais desfavorável a que os EUA mantenham a estratégia para conter a Rússia – e não só na Síria, como também na Ucrânia (Vide no meu blog Ukraine tensions easing, but EUA won’t let go easily [Diminuem as tensões na Ucrânia, mas EUA não admitirão facilmente nenhuma solução].)

O ponto é que os europeus não podem aceitar que estejam sendo convocados pelos EUA para dar conta dos cacos que voam para todos os lados do que restou da estratégia dos EUA de fomentar e insuflar uma guerra civil para derrubar o governo estável e democrático do presidente Bashar Al-Assad na Síria. O presidente Obama tem planos para preparar os EUA para aceitarem quota de 10 mil refugiados sírios no próximo ano – mas é menos que uma gota no oceano, considerando que 4 milhões de pessoas, 1/5 da população síria, foi obrigada a deixar o país desde o início da guerra em 2011.
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"Sua jogada"
Tudo isso parece estar-se convertendo no maior desastre de política exterior de toda a presidência de Obama. Os EUA estão presos entre a espada e o paredão. A Rússia dificilmente mudará um passo, apesar dos EUA, porque há interesses centrais da segurança nacional russa envolvidos na luta contra o EI, luta para a qual a Rússia precisa da participação da força militar do governo sírio.

Por outro lado, os aliados regionais dos EUA e os neoconservadores em casa pressionam Obama a ‘fazer alguma coisa’, ao mesmo tempo em que os aliados europeus já deixaram claro que querem o imediato fim do conflito na Síria.

A única via aberta para os EUA seria detonar, de vez, o EI; e enterrar o projeto de manipular grupos militantes islamistas como se fossem ferramentas naturais das políticas dos EUA na região e recursos para inflar estratégias de contenção contra a Rússia. Mas... cortar na carne da própria carne não há de ser assim tão fácil.




Muito obrigado a Tlaxcala
Fonte: http://blogs.rediff.com/mkbhadrakumar/2015/09/14/russia-exposes-us-hidden-agenda-in-syria/
Data de publicação do artigo original: 14/09/2015
URL deste artigo: http://www.tlaxcala-int.org/article.asp?reference=15964

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