Carlos David Fuentes
 
Com
 25 anos de atraso, e o silêncio cúmplice do PT, em votação simbólica, a
 Câmara dos Deputados aprovou no começo da tarde desta quinta-feira as 
contas de quatro ex-presidentes. 
Foram
 aprovadas as contas referentes ao exercício de 199O a 1992 da gestão 
Fernando Collor, de 1992 a 1995, governo de Itamar Franco, e os oitos 
anos, 1995 a 2003, da gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB). 
O PT, talvez na onda do "pacto suprapartidário" proposto por
Aloizio Mercadante, aprovou sem discussão, as contas das privatizações e
 leilões de FHC, inclusive a entrega da Vale do Rio Doce, e o fatiamento
 da Petrobras.
Também foram aprovadas as contas dos oito anos do governo Lula da Silva, de 2003 a 2011. 
Essa
 correria toda, para aprovar em um dia que antecipa a primavera, duas 
décadas e meia, de governos e desgovernos, faz parte de uma trama que 
visa colocar em votação as contas do primeiro governo de Dilma Rousseff,
 os anos de 2011, 2012, 2013 e, especial e justiceiramente, 2014.
Que
 seja lembrado para todo sempre: Nem o PT votou contra as contas de 
Fernando Henrique Cardoso e nem o PSDB encaminhou voto contra as contas 
de Lula.
Dizem
 que, a confirmar, também foram aprovadas, na surdina, as contas do 
presidente José Sarney, 1985 a 1990. Mas o curioso é que depois de 
cassar por desonestidade, a Câmara dos Deputados assina o atestado de 
honradez, de dignidade de Fernando Collor. É o nada consta contra 
Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula da Silva, que todos 
governaram com integridade, probidade, seriedade, imparcialidade, 
equidade, consciência, lealdade, correção, lisura, sinceridade e 
retidão, para o bem do Brasil e do povo em geral.
ARMAÇÃO DO IMPEACHMENT 
Com
 esse primeiro pacote de contas passadas votado, o presidente da Câmara,
 Eduardo Cunha (PMDB-RJ), abre caminho para a apreciação das contas do 
primeiro governo de Dilma Rousseff, preferencialmente do ano de 2014, o 
grande alvo da oposição numa das frentes que tentarão o impeachment da 
presidente Dilma Rousseff (PT).
Fica
 assim explicado. Em um dia, em um único dia histórico e salvador, a 
Câmara faz o trabalho de 25 a 30 anos. É um record que prova quase três 
décadas de contas engavetadas, e bem escondidas deste Brasil do segredo.
 
Eduardo
 Cunha e outras raposas preparam a guilhotina para Dilma. “A ideia foi 
limpar e chegar em 20014”, admite o veice-líder do PSDB, Nilson Leitão 
(MT).
Não
 existe corrupção no Brasil. Sarney está limpo. Collor está limpo. 
Itamar está limpo. FHC está limpo. Lula está limpo. Dilma, para os 
golpistas, está suja. Que se passe o governo para Michel Temer, que está
 limpo. E que seja vice-presidente do Brasil Eduardo Cunha, que está 
limpo.