Globo volta ao “podemos tirar se achar melhor”
“Até quando, Catilina14 de junho de 2015 | 13:30  Autor: Miguel do Rosário 
 

Cícero, o célebre orador romano, não conheceu a Globo, mas suas 
invenctivas contra Catilina, um golpista da época, parecem ter sido 
escritas especialmente para denunciar as diatribes da Vênus, sua 
campanha diária contra um debate político baseado em fatos, e não em 
mentiras, factoides e omissões.
A obsessão goebelliana da Globo é criar a seguinte narrativa: FHC foi
 um grande estadista, e Lula, um crápula que merece ser degolado em 
praça pública.
Dizia Cícero: “Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?
Quam diu etiam furor iste tuus eludet?
Quem ad finem sese effrenata iactabit audacia?”
Tradução:
“Até quando, Catilina, abusarás
da nossa paciência?
Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós?
A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?”
O blog DCM descobriu que a Época, que agora disputa com a Veja o 
título de rainha do esgoto, tentou apagar da internet uma matéria em que
 denunciava mais uma daquelas coisas incríveis que somente os tucanos 
podem fazer: em seus últimos dias de governo, FHC usou o Planalto, um 
espaço público, para reunir grandes empresários, e pedir dinheiro para 
seu Instituto. Conseguiu R$ 7 milhões. Hoje isso deve corresponder ao 
dobro disso.
Mais tarde, o ex-presidente 
conseguiria mais R$ 6 milhões de verba pública para organizar um “acervo” no site do Instituto FHC, louvando a si mesmo.
Tucano pode tudo.
Lula não.
Lula deveria ter ido esmolar embaixo de um viaduto.
***
Do 
Diário do Centro do Mundo.
Revista Época tira do ar matéria que contava como FHC ‘passou o chapéu’ para criar seu instituto
Postado em 14 de junho de 2015 às 12:28 pm
A revista Época tirou do seu site um artigo em que contava como, no 
final de sua presidência, FHC ‘passou o chapéu’ para recolher recursos 
para montar seu instituto.
O serviço de queima de arquivo, no entanto, não foi bem feito.
O Google guardou uma foto do texto. Quem procura a matéria no Google encontra essa cópia fotográfica.
O Google explica que o dono do conteúdo pode pedir para remover o texto caso queira, mas até aqui a Época não se mexeu.
Abaixo segue a reportagem, copiada e colada:
FHC passa o chapéu
Presidente reúne empresários e levanta R$ 7 milhões para ONG que bancará palestras e viagens ao Exterior em sua aposentadoria
Gerson Camarotti
Foi uma noite de gala. Na segunda-feira, o presidente Fernando 
Henrique Cardoso reuniu 12 dos maiores empresários do país para um 
jantar no Palácio da Alvorada, regado a vinho francês Château Pavie, de 
Saint Émilion (US$ 150 a garrafa, nos restaurantes de Brasília). Durante
 as quase três horas em que saborearam o cardápio preparado pela chef 
Roberta Sudbrack – ravióli de aspargos, seguido de foie gras, perdiz 
acompanhada de penne e alcachofra e rabanada de frutas vermelhas -, FHC 
aproveitou para passar o chapéu. Após uma rápida discussão sobre 
valores, os 12 comensais do presidente se comprometeram a fazer uma 
doação conjunta de R$ 7 milhões à ONG que Fernando Henrique Cardoso 
passará a presidir assim que deixar o Planalto em janeiro e levará seu 
nome: Instituto Fernando Henrique Cardoso (IFHC).
O dinheiro fará parte de um fundo que financiará palestras, cursos, 
viagens ao Exterior do futuro ex-presidente e servirá também para trazer
 ao Brasil convidados estrangeiros ilustres. O instituto seguirá o 
modelo da ONG criada pelo ex-presidente americano Bill Clinton. Os 
empresários foram selecionados pelo velho e leal amigo, Jovelino 
Mineiro, sócio dos filhos do presidente na fazenda de Buritis, em Minas 
Gerais, e boa parte deles termina a era FHC melhor do que começou. Entre
 outros, estavam lá Jorge Gerdau (Grupo Gerdau), David Feffer (Suzano), 
Emílio Odebrecht (Odebrecht), Luiz Nascimento (Camargo Corrêa), Pedro 
Piva (Klabin), Lázaro Brandão e Márcio Cypriano (Bradesco), Benjamin 
Steinbruch (CSN), Kati de Almeida Braga (Icatu), Ricardo do Espírito 
Santo (grupo Espírito Santo). Em troca da doação, cada um dos convidados
 terá o título de co-fundador do IFHC.
Antes do jantar, as doações foram tratadas de forma tão sigilosa que 
vários dos empresários presentes só ficaram conhecendo todos os 
integrantes do seleto grupo de co-fundadores do IFHC naquela noite. 
Juntos, eles já haviam colaborado antes com R$ 1,2 milhão para a 
aquisição do imóvel onde será instalada a sede da ONG, um andar inteiro 
do Edifício Esplanada, no Centro de São Paulo. Com área de 1.600 metros 
quadrados, o local abriga há cinco décadas a sede do Automóvel Clube de 
São Paulo.
O jantar, iniciado às 20 horas, foi dividido em dois momentos. Um 
mais descontraído, em que Fernando Henrique relatou aos convidados 
detalhes da transição com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da 
Silva. Na segunda parte, o assunto foi mais privado. Fernando Henrique 
fez questão de explicar como funcionará seu instituto. Segundo o 
presidente, o IFHC terá um conselho deliberativo e o fundo servirá para a
 administração das finanças. Além das atividades como palestras e 
eventos, o presidente explicou que o instituto vai abrigar todo o 
arquivo e a memória dos oito anos de sua passagem pela Presidência.
A iniciativa de propor a doação partiu do fazendeiro Jovelino 
Mineiro. Ele sugeriu a criação de um fundo de R$ 5 milhões. Só para a 
reforma do local, explicou Jovelino, será necessário pelo menos R$ 1,5 
milhão. A concordância com o valor foi quase unânime. A exceção foi Kati
 de Almeida Braga, conhecida como a mais tucana dos banqueiros quando 
era dona do Icatu. Ela queria aumentar o valor da ajuda a FHC. Amiga do 
marqueiteiro Nizan Guanaes, Kati participou da coleta de fundos para a 
campanha da reeleição de FHC em 1998 – ela própria contribuiu com R$ 518
 mil. “Esse valor é baixo. O fundo poderia ser de R$ 10 milhões”, propôs
 Kati, para espanto de alguns dos presentes. Depois de uma discreta 
reação, os convidados bateram o martelo na criação de fundo de R$ 7 
milhões, o que levará cada empresário a desembolsar R$ 500 mil. Para 
aliviar as despesas, Jovelino ainda sugeriu que cada um dos 12 presentes
 convidasse mais dois parceiros para a divisão dos custos, o que pode 
elevar para 36 empresários o número total de empreendedores no IFHC.
Diante de uma platéia tão requintada, FHC tratou de exercitar seus 
melhores dotes de encantador de serpentes. “O presidente estava numa 
noite inspirada. Extremamente sedutor”, observou um dos presentes. Outro
 empresário percebeu a euforia com que Fernando Henrique se referia ao 
presidente eleito, Lula da Silva. “Só citou Serra uma única vez. Mas 
falou tanto em Lula que deu a impressão de que votou no petista”, 
comentou o convidado. O presidente exagerou nos elogios a Lula da Silva.
 Revelou que deixaria a Granja do Torto à disposição do presidente 
eleito. “Ele merece”, justificou. “A transição no Brasil é um exemplo 
para o mundo.” Em seguida, contou um episódio ocorrido há quatro anos, 
quando recebeu Lula no Alvorada, depois de derrotá-lo na eleição de 
1998. O presidente disse que na ocasião levou Lula para uma visita aos 
aposentos presidenciais, inclusive ao banheiro, e comentou com o 
petista: “Um dia você ainda vai morar aqui”.
Na conversa, Fernando Henrique ainda relatou que vai tentar influir 
na nomeação de alguns embaixadores, em especial na do ministro do 
Desenvolvimento, Sérgio Amaral, para a ONU. Antes de terminar o jantar, o
 presidente disse que passaria três meses no Exterior e só voltaria para
 o Brasil em abril. Também revelou que pretende ter uma base em Paris. 
“Nada mal!”, exclamou. Ao acabar a sobremesa, um dos convidados 
perguntou se ele seria candidato em 2006. FHC não respondeu. Mas deu 
boas risadas. Para todos os presentes, ficou a certeza de que o tucano 
deseja voltar a morar no Alvorada, projeto que FHC desmente em conversas
 mais formais.
Embora a convocação de empresários para doar dinheiro a uma ONG 
pessoal possa levantar dúvidas do ponto de vista ético, a iniciativa do 
presidente não caracteriza uma infração legal. “Fernando Henrique está 
tratando de seu futuro, e não de seu presente”, diz o procurador da 
República Rodrigo Janot. “O problema seria se o presidente tivesse 
chamado empresários ao Palácio da Alvorada para pedir doações em troca 
de favores e benefícios concedidos pelo atual governo.”
O IFHC não será o primeiro no país a se dedicar à memória de um 
ex-presidente. O senador José Sarney (PMDB-AP) criou a Fundação Memória 
Republicana para abrigar os arquivos dos cinco anos de seu governo. 
Conhecida hoje como Memorial José Sarney, a entidade está sediada no 
Convento das Mercês, um edifício do século XVII, em São Luís, no 
Maranhão. Pelo estatuto, é uma fundação cultural, sem fins lucrativos. 
Mas também já foi alvo de muita polêmica. Em 1992, Sarney aprovou no 
Congresso uma emenda ao Orçamento que destinou o equivalente a US$ 153 
mil para seu memorial. Do total, o ex-presidente conseguiu liberar cerca
 de US$ 55 mil.
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