domingo, 17 de novembro de 2019

A MÍDIA CORPORATIVA NO BRASIL É NORTE AMERICANA

Mídia ignora participação dos EUA no caso Lula e continua "Campanha de difamação"
GGN17 de novembro de 2019 14:22


Brian Mier, jornalista da Fair.org, um dos observatórios da imprensa mais respeitados dos EUA, escreveu um artigo (veja aqui) em que narra a reação da mídia internacional à libertação de Lula. Para ele, o fato é que os veículos de comunicação continuam abafando a participação do governo americano na Lava Jato e seguem com a campanha de “difamação” em relação ao ex-presidente, mesmo diante das fortes evidências de ilegalidades e politização do processo.
No texto, Brian relembra a fragilidade do caso envolvendo o triplex no Guarujá, passando pelas provas de inocência feitas pelos advogados de Lula e ignoradas por Sergio Moro, o uso da delação questionável de Leo Pinheiro (OAS), até chegar à sentença controversa.
Segundo Brian, um aspecto do julgamento deixado à margem do debate na mídia nacional e internacional diz respeito ao papel do governo norte-americano na construção da Lava Jato.
Os procuradores brasileiros trocaram informações com autoridades norte-americanos – Departamento de Justiça, Comissão de Valores Mobiliários e FBI, NSA e outros órgãos de inteligência – que investigaram a Petrobras em processo próprio nos Estados Unidos.
Há evidências fortes demais para serem ignoradas – como um vídeo do procurador Kenneth Blanco, que o GGN mostrou aqui – de que a cooperação entre Lava Jato e EUA ocorreu muitas vezes de maneira ilegal, o que seria suficiente para anular a operação. A cooperação informal e irregular, aliás, se repetiu com autoridades da Suíça, como confirmaram as mensagens de Telegram vazadas pelo Intercept Brasil.
Para Brian, esses dois fatos contrastam com a cobertura da imprensa, que minimaliza a questão mesmo após a libertação de Lula. Segue tratando sua condenação como se tivesse sido fruto de um processo judicial padrão, e não algo totalmente politizado.
“Alguém poderia pensar que agora a mídia corporativa dos EUA iria finalmente duvidar da narrativa de que Lula pudesse realmente ser culpado de corrupção. Os leitores americanos não estariam interessados em saber qual o papel desempenhado pelo Departamento de Justiça nesse processo?”, questiona.
“Infelizmente, desde a libertação de Lula nenhum dos principais meios de comunicação corporativos mencionou o papel do Departamento de Justiça dos EUA na Lava Jato. Embora alguns artigos tenham mencionado as revelações do Intercept, eles foram reformulados para terem uma narrativa menos ameaçadora, apresentada em um contexto que pudesse ‘levantar algumas dúvidas’ sobre a investigação”, afirmou.
Segundo Brian, “apesar das provas da inocência e perseguição ilegal a Lula, com a cooperação do Departamento de Justiça dos EUA, que o afastou das eleições presidenciais de 2018, a grande mídia se apega a uma falsa narrativa que, embora enfraquecida pelas ações subsequentes do atual ‘Super Ministro da Justiça’ Moro , ainda busca prejudicar a imagem pública do presidente mais popular da história brasileira.”
Ao final, ele escreveu: “Enquanto a campanha de difamação continua, é importante lembrar que Lula representou um projeto de desenvolvimento nacional social-democrata, na tradição do que os brasileiros chamam de desenvolvimentismo, baseado no controle estratégico sobre os recursos naturais e seu uso para financiar serviços públicos, como saúde e educação, políticas de fortalecimento do salário mínimo e direitos trabalhistas, ampliação do acesso a universidades públicas gratuitas e forte investimento em pesquisa científica. Este é o projeto que foi desmontado após o golpe de 2016, em benefício de empresas como Monsanto, Chevron, ExxonMobil e Boeing. A história mostra que todo presidente brasileiro que já tentaram implementar políticas desenvolvimentistas – de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Jango Goulart a Dilma e Lula – foi submetido a um golpe, prisão ou assassinato político, com suspeita permanente do envolvimento dos EUA. E como vemos a mídia corporativa trabalhando para normalizar o golpe militar na Bolívia (FAIR.org, 11/11/19), fica claro que esse problema não se limita ao Brasil.”
e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Estão esperando os 4 anos de Bolsonaro

Renato Janine na Folha hoje: “Vários amigos, embora tenham horror ao atual governo, não se preocupam muito: pensam que em quatro anos as eleições o substituirão. Alguns acrescentam que o Brasil assim aprenderá melhor o valor
da democracia.

De minha parte, entendo que eles subestimam a destruição do tecido social e político, a liquidação da
vida inteligente e da vida mesma, que está sendo efetuada prioritariamente nas áreas da educação e do meio ambiente.

Debate-se muito o que é fascismo. Porém alguns pontos são fundamentais nesse regime, talvez o mais antidemocrático de todos, que não é apenas um exemplo de autoritarismo.

Primeiro, o fascismo conta com ativo apoio popular. Tivemos uma longa ditadura militar, mas com sustentação popular provavelmente minoritária e seguramente passiva. Mesmo no auge de sua popularidade —o período do “milagre”, somando general Médici, tortura e censura, tricampeonato de futebol e crescimento econômico— não houve movimentos paramilitares ou massas populares saindo às ruas para atacar fisicamente os adversários do regime.

Hoje, há.

Daí, segundo, a banalização da violência. Elas deixam de ser, na frase de Max Weber, monopólio do Estado, por meio da polícia e das Forças Armadas: os próprios cidadãos, desde que favoráveis ao governo, sentem-se autorizados a partir para a porrada.

O ataque à barca em que estava Glenn Greenwald em Paraty é exemplo vivo disso.

O que distingue o fascismo das outras formas de direita é ter uma militância radicalizada, ou seja, massas que banalizam o recurso à violência. O fascismo já estava no ar uns anos atrás quando um pai, andando abraçado com o filho adolescente, foi agredido na rua por canalhas que pensavam tratar-se de um casal homossexual.

Terceiro: essa violência é usada não só contra adversários do regime —a oposição política— mas também contra quem o regime odeia. Não foca apenas quem não gosta do governo. Mira aqueles de quem o governo não gosta. No nazismo, eram judeus, homossexuais, ciganos, eslavos, autistas. No Brasil, hoje, são sobretudo os LGBTs e a esquerda, porém é fácil juntar, a eles, outros grupos que despertem o ódio dos que se gabam de sua ignorância (“fritar hambúrguer” é um bom exemplo, até porque hambúrguer não se frita, se faz na chapa).

Quarto: o ódio a tudo o que seja inteligência, ciência, cultura, arte. Em suma, o ódio à criação. Não é fortuito que Hitler, que quis ser pintor, tivesse um gosto estético tosco, e que o nazismo perseguisse, como “degenerada”, a melhor arte da época. É verdade que os semifascistas Ezra Pound e Céline brilham no firmamento da cultura do século 20 —mas são agulha no palheiro.

Antonio Candido uma vez escreveu um manifesto dos docentes da USP criticando a “mediocridade irrequieta” que comandava a universidade. Um colega discordou: a mediocridade nunca é irrequieta! Mas Candido tinha razão. A mediocridade procede hoje, sem pudor, ao desmonte de nossas conquistas não só políticas e sociais, mas culturais e ambientais.

A irracionalidade vai a ponto de algumas dezenas de paratienses tentarem sabotar a Flip, que dá projeção e dinheiro para a cidade. Essa é uma metáfora de um país que namora o suicídio.

Salvemos a vida, salvemos a vida inteligente! Construamos alternativas e alianças para enfrentar essas ameaças. Não temos tempo de sobra.”

Renato Janine Ribeiro
Na Folha de São Paulo.

Coisas que você precisa saber sobre a Bolívia

*TRÊS OU QUATRO COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O GOLPE NA BOLÍVIA*

1) A polícia rebelada foi, desde o período pesado dos ditadores bolivianos (1964-1982), treinada por peritos em operações repressivas dos Estados Unidos. As ligações com serviços de inteligência daquele país não foram rompidas.

2) O bandido que invadiu o palácio presidencial neste domingo com uma Bíblia é Luis Fernando Camacho, um líder da extrema-direita boliviana.

Ele lidera o Comitê Pró-Santa-Cruz, um grupo mantido por empresários e latifundiários ultra-conservadores.

Não tem cargo público, mas pode ser comparado a Juan Guaidó, o auto-declarado "presidente" da Venezuela.

Começou sua ação política no Comitê Cívico Juvenil de Santa Cruz, um grupo raivoso de direita. Também faz parte de uma loja maçônica que reúne a elite de Santa Cruz de La Sierra.

Esteve aqui no Brasil pedindo ajuda para o golpe de estado contra Evo Morales. Foi recebido com gentilezas pelo chanceler Ernesto Araujo, conversou com a deputada Carla Zambelli e manteve contatos com lideranças evangélicas brasileiras.

É um camba.

3) Não é fácil explicar, mas a Bolívia é um país de várias culturas e etnias, vivendo um processo eterno de tensão. Sim, há racismo dentro do próprio país.

Grosso modo, o pessoal das terras altas (La Paz, Oruro, Potosí, Cochabamba e Chuquisaca) são "collas".

Pando, Beni e Santa Cruz, na parte oeste do país, de terras baixas, são basicamente "cambas".

Ainda há uma região ao sul, de Tarija, considerada a terra de chapacos e chaqueños.

O termo *"colla",* utilizado para designar os habitantes do altiplano, muitas vezes carrega um significado depreciativo, embora muitos assim se designem com orgulho.

Entre os *"cambas"* é maior o número de descendentes de europeus ou mestiços de relações remotas com as populações indígenas da área de florestas do centro-sul do continente.

Em 2004, a Miss Bolívia era Gabriela Oviedo, de Santa Cruz.
Nas prévias do Miss Universo daquele ano, lhe perguntaram:

*- Qual é o maior conceito errôneo acerca de seu país?*

Ela respondeu:

*_- Infelizmente, as pessoas que não conhecem muito a Bolívia pensam que somos todos indígenas, como aqueles do lado oeste do país; é La Paz a imagem que reflete isso: essa gente pobre, de baixa estatura, essa gente indígena. Eu sou do outro lado do país, do lado leste, que não é frio, que é muito quente, nós somos altos e somos gente branca e sabemos inglês._*

4) Depois que assumiu a presidência, em 2006, o aymará Evo Morales, do lado ocidental do país, encontrou forte oposição do Movimento Nação Camba de Libertação (MNC-L), grupo racista e separatista com sede em Santa Cruz.

Suas lideranças se identificam como "brancas" e têm origem, sobretudo, nas classes média e alta da região. Com uma doutrina de extrema-direita e anti-indígena, organizaram sistematicamente ações de ataque a pessoas e instituições que apoiavam o governo institucional.

*O MNC-L formou milicianos durante anos e manteve relações com terroristas de extrema-direita da Europa e dos Estados Unidos. Também contrataram mercenários estrangeiros, alguns da antiga Iugoslávia, para promover atos de sabotagem contra o governo central.*

Foram eles que realizaram o atentado terrorista ao gasoduto Brasil-Bolívia, em 2008.

O ódio que sentem de Evo Morales guarda relação de equivalência com o ódio que as elites brancas do centro-sul do Brasil nutrem pelo nordestino Lula.

EEUU ALIMENTA O FASCISMO GLOBAL

EUA BOMBEIA GUERRAS, FORTALECE DIREITA FASCISTA GLOBAL E AMEAÇA DEMOCRACIA BRASILEIRA   CÉSAR FONSECA - Foto Reuters     O pacote de 95 bilh...