terça-feira, 31 de março de 2015

“Assistimos ao começo do fim. PT tende a virar arremedo do PMDB”

Frei Betto: “Assistimos ao começo do fim. PT tende a virar arremedo do PMDB”

Em entrevista ao Estadão, formulador histórico do PT, amigo e ex-assessor de Lula diz que o partido trocou “projeto de Brasil” por “projeto de poder”, escanteou movimentos sociais e abandonou compromissos sociais. Para ele, Dilma montou “ministério esdrúxulo”
 
José Cruz/ABr
Frei Betto sobre 12 anos de governo petista: "O governo facilitou o acesso dos brasileiros aos bens pessoais, mas não aos bens sociais”
Referência histórica do PT, amigo pessoal do ex-presidente Lula há três décadas e ex-vizinho da presidenta Dilma em Belo Horizonte, Frei Betto divulgou um manifesto, durante a campanha eleitoral, com 13 motivos para votar na reeleição da petista. Três meses após a posse da presidenta reeleita, o religioso demonstra decepção com Dilma e o PT e diz que as 13 razões não foram abraçadas pela presidenta, a quem acusa de ter montado um “ministério esdrúxulo”.
Para ele, o país assiste ao começo do fim do Partido dos Trabalhadores, que tende a virar um “arremedo” do PMDB. Em entrevista à coluna de Sônia Racy, no jornal O Estado de S. Paulo, Frei Betto diz que o PT só tem uma saída: ser fiel às suas origens e buscar a governabilidade pelo estreitamento de seus vínculos com os movimentos sociais. “Fora disso, tenho a impressão de que estamos começando a assistir ao começo do fim. Pode até perdurar, mas o PT tende a virar um arremedo do PMDB”, criticou.
Ex-coordenador do Fome Zero no início do primeiro governo Lula, o religioso diz que, em 12 anos de governo, o PT não conseguiu tirar do papel nenhuma reforma de estrutura prometida em seus documentos originais, trocou um “projeto de Brasil” por um “projeto de poder”, jogou os movimentos sociais para escanteio e ficou refém e dependente de “alianças espúrias” com o Congresso.
Na avaliação dele, o atual governo subverte a história do PT e se aproxima do receituário tucano: “Quem assistiu ao filme Adeus, Lenin! pode fazer o seguinte paralelo: se um cidadão brasileiro, disposto a votar na reeleição da Dilma, tivesse entrado em agonia no início de agosto de 2014 e despertasse agora, neste mês de março, no hospital e visse o noticiário, certamente estaria convencido de que o Aécio havia vencido a eleição”.
Para Frei Betto, o atual governo opera em função de um “detalhe”, o ajuste fiscal, e não de um “projeto histórico”. O religioso diz que, “apesar de todos os pesares – põe pesares nisso”, o Brasil viveu nos 12 anos de governo do PT os melhores anos de sua história republicana na área social, com a retirada da miséria de 36 milhões de pessoas. O problema, afirma, é que a população, mesmo tendo hoje maior acesso aos bens de consumo, continua sem ter acesso aos serviços básicos. “Essa família continua no barraco, sem saneamento, em um emprego precário, sem acesso a saúde, educação, transporte público e segurança de qualidade. O governo facilitou o acesso dos brasileiros aos bens pessoais, mas não aos bens sociais”, declarou.
Ainda na entrevista, o religioso questiona onde estão os líderes do PT que visitavam as favelas e periferias, que participavam de assembleia de sem-teto e se reuniam com lideranças indígenas e quilombolas. Frei Betto dá como certo que Lula será o candidato do PT à Presidência em 2018, mas diz que nem mesmo a volta do ex-presidente é capaz de mudar o cenário. “O problema é o rumo que o partido tomou e imprimiu ao governo do Brasil.”

PT lança manifesto e diz que “está sob forte ataque”

O documento foi divulgado durante reunião da Executiva do partido, em um hotel da zona sul de São Paulo. A legenda destaca que não é a primeira vez que passa por essa situação e lembra o caso do sequestro do empresário Abílio Diniz

O PT divulgou nesta segunda-feira (30) manifesto, aprovado pelos 27 diretórios estaduais, em que diz “está sob forte ataque”. O documento foi divulgado durante reunião da Executiva do partido, em um hotel da zona sul de São Paulo. A legenda destaca que não é a primeira vez que passa por essa situação e lembra o caso do sequestro do empresário Abílio Diniz, em dezembro de 1989, quando foi acusada pelo ato. O texto diz ainda que “nunca como antes, porém, a ofensiva de agora é uma campanha de cerco e aniquilamento” e que o atual movimento contra o partido busca criminalizá-lo.
A sigla não cita quem seriam os culpados pelo ataque, mas dirige as críticas aos “maus perdedores no jogo democrático” que “tentam agora reverter, sem eleições, o resultado eleitoral”. Segundo a legenda, tentam “fazer do PT um bode expiatório da corrupção nacional e de dificuldades passageiras da economia”.
“Condenam-nos não por nossos erros, que certamente ocorrem numa organização que reúne milhares de filiados. Perseguem-nos pelas nossas virtudes. Não suportam que o PT, em tão pouco tempo, tenha retirado da miséria extrema 36 milhões de brasileiros e brasileiras. Que nossos governos tenham possibilitado o ingresso de milhares de negros e pobres nas universidades.”
No documento, o partido diz ainda que é favorável às investigações, como a que envolve a Petrobras, e afirma que, caso algum filiado seja condenado em “virtude de eventuais falcatruas”, será excluído do partido. O PT ressalta que, durante o seu próximo congresso da agremiação “Caberá à legenda se reencontrar com o PT dos anos 1980, quando nos constituímos num partido com vocação democrática e transformação da sociedade”. A ideia, segundo os membros do PT, é que o congresso faça o partido retomar sua “radicalidade política, seu caráter plural e não dogmático”.
O manifesto defende que o partido pratique a política cotidiana, mais presente na vida do povo, “no dia a dia dos trabalhadores”, e que reate sua ligação com os movimentos sociais, a juventude, os intelectuais e as organizações sociais. “Todos inicialmente representados em nossas instâncias e hoje alheios, indiferentes ou até hostis, em virtude de alguns erros políticos cometidos nessa trajetória de quase 35 anos”.
Ao fim do documento, os membros da Executiva listam uma série de dez propostas, entre elas, a promoção de debates e mobilizações em torno do PT e de suas bandeiras históricas; a defesa do legado político-administrativo do partido e do governo da presidenta Dilma Rousseff; e a articulação de uma frente de partidos, centrais sindicais e movimentos sociais “unificados em torno de uma plataforma de mudanças”, e que defendam a reforma política e tributária, além da democratização da mídia.
Além disso, propõem a orientação da bancada do PT no Congresso Nacional para votar o imposto sobre grandes fortunas; a busca por novas formas de financiamento para o Sistema Único da Saúde (SUS); o apoio a uma ampla reforma educacional; o combate à corrupção; e a luta pela integração política, econômica e cultural dos povos da América. “O momento não é de pessimismo; é de reavivar as esperanças”, finaliza o manifesto.
Leia a íntegra do manifesto:
“Manifesto dos DRs
Nunca como antes, porém, a ofensiva de agora é uma campanha de cerco e aniquilamento. Como já propuseram no passado, é preciso acabar com a nossa raça. Para isso, vale tudo. Inclusive, criminalizar o PT — quem sabe até toda a esquerda e os movimentos sociais.
Condenam-nos não por nossos erros, que certamente ocorrem numa organização que reúne milhares de filiados. Perseguemnos pelas nossas virtudes. Não suportam que o PT, em tão pouco tempo, tenha retirado da miséria extrema 36 milhões de brasileiros e brasileiras. Que nossos governos tenham possibilitado o ingresso de milhares de negros e pobres nas universidades.
Não toleram que, pela quarta vez consecutiva, nosso projeto de País tenha sido vitorioso nas urnas. Primeiro com um operário, rompendo um preconceito ideológico secular; em seguida, com uma mulher, que jogou sua vida contra a ditadura para devolver a democracia ao Brasil.
Maus perdedores no jogo democrático, tentam agora reverter, sem eleições, o resultado eleitoral. Em função dos escândalos da Petrobrás, denunciados e investigados sob nosso governo -– algo que não ocorria em governos anteriores –, querem fazer do PT bode expiatório da corrupção nacional e de dificuldades passageiras da economia, em um contexto adverso de crise mundial prolongada.
Como já reiteramos em outras ocasiões, somos a favor de investigar os fatos com o maior rigor e de punir corruptos e corruptores, nos marcos do Estado Democrático de Direito. E, caso qualquer filiado do PT seja condenado em virtude de eventuais falcatruas, será excluído de nossas fileiras.
O PT precisa identificar melhor e enfrentar a maré conservadora em marcha. Combater, com argumentos e mobilização, a direita e a extrema-direita minoritárias que buscam converter-se em maioria todas as vezes que as 2 mudanças aparecem no horizonte. Para isso, para sair da defensiva e retomar a iniciativa política, devemos assumir responsabilidades e corrigir rumos. Com transparência e coragem. Com a retomada de valores de nossas origens, entre as quais a ideia fundadora da construção de uma nova sociedade.
Ao nosso 5º Congresso, já em andamento, caberá promover um reencontro com o PT dos anos 80, quando nos constituímos num partido com vocação democrática e transformação da sociedade – e não num partido do “melhorismo”. Quando lutávamos por formas de democracia participativa no Brasil, cuja ausência, entre nós também, é causa direta de alguns desvios que abalaram a confiança no PT.
Nosso 5º Congresso, cuja primeira etapa será aberta, a fim de recolher contribuições, críticas e novas energias de fora, deverá sacudir o PT. A fim de que retome sua radicalidade política, seu caráter plural e não- dogmático. Para que desmanche a teia burocrática que imobiliza direções em todos os níveis e nos acomoda ao status quo.
O PT não pode encerrar-se em si mesmo, numa rigidez conservadora que dificulta o acolhimento de novos filiados, ou de novos apoiadores que não necessariamente aderem às atuais formas de organização partidária.
Queremos um partido que pratique a política no quotidiano, presente na vida do povo, de suas agruras e vicissitudes, e não somente que sai a campo a cada dois anos, quando se realizam as eleições.
Um PT sintonizado com nosso histórico Manifesto de Fundação, para quem a política deve ser “ atividade própria das massas, que desejam participar, legal e legitimamente, de todas as decisões da sociedade”.
Por isso, “o PT deve atuar não apenas no momento das eleições, mas, principalmente, no dia-a-dia de todos os trabalhadores, pois só assim será possível construir uma 3 nova forma de democracia, cujas raízes estejam nas organizações de base da sociedade e cujas decisões sejam tomadas pelas maiorias”.
Tal retomada partidária há de ser conduzida pela política e não pela via administrativa. Ela impõe mudanças organizativas, formativas, de atitudes e culturais, necessárias para reatar com movimentos sociais, juventude, intelectuais, organizações da sociedade – todos inicialmente representados em nossas instâncias e hoje alheios, indiferentes ou, até, hostis em virtude de alguns erros políticos cometidos nesta trajetória de quase 35 anos.
Dar mais organicidade ao PT, maior consistência política e ideológica às direções e militantes de base, afastar um pragmatismo pernicioso, reforçar os valores da ética na política, não dar trégua ao “cretinismo” parlamentar – tudo isso é condição para atingir nossos objetivos intermediários e estratégicos.
Em concordância com este manifesto, nós, presidentes de Diretórios Regionais de 27 Estados, propomos:
1. Desencadear um amplo processo de debates, agitação e mobilização em defesa do PT e de nossas bandeiras históricas;
2. Defesa do nosso legado político-administrativo e do governo Dilma;
3. Participar e ajudar a articular uma ampla frente de partidos e setores partidários progressistas, centrais sindicais, movimentos sociais da cidade e do campo, unificados em torno de uma plataforma de mudanças, que tenha no cerne a ampliação dos direitos dos trabalhadores, da reforma política, da democratização da mídia e da reforma tributária;
4. Apoiar o aprofundamento da reforma agrária e do apoio à agricultura familiar;
5. Orientar nossa Bancada a votar o imposto sobre grandes fortunas e o projeto de direito de resposta do senador Roberto Requião, ambos em tramitação na Câmara dos Deputados;
6. Apoiar iniciativas para intensificar investimentos nas grandes e médias cidades, a fim de melhorar as condições de saneamento, habitação e mobilidade urbana;
7. Buscar novas fontes de financiamento para dar continuidade e fortalecimento ao Sistema Único de Saúde;
8. Apoiar uma reforma educacional que corresponda aos objetivos de transformar o Brasil numa verdadeira Pátria Educadora;
9. Levar o combate à corrupção a todos os partidos, a todos os Estados e Municípios da Federação, bem como aos setores privados da economia;
10. Lutar pela integração política, econômica e cultural dos povos da América, por um mundo multipolar e pela paz mundial. O momento não é de pessimismo; é de reavivar as esperanças. A hora não é de recuo; é de avançar com coragem e determinação. O ódio de classe não nos impedirá de continuar amando o Brasil e de continuar mudando junto com nosso povo. Esta é a nossa tarefa, a nossa missão. É só querer e, amanhã, assim será!
São Paulo, 30 de março de 2015″

OS TRÊS PRESIDENTES QUE DE FATO ESTAO GOVERNANDO

Temer, Cunha e Renan: a nova junta governativa

Eles são o terror e o grande trunfo de Dilma. Veja por quê

Numa das fases mais obscuras da ditadura militar que infernizou o Brasil entre 1964 e 1985, o país foi governado por uma junta militar, integrada pelos comandantes de cada uma das três Forças Armadas.
No Brasil mais ou menos democrático de hoje (porque eta democracia de baixa qualidade, sô!), estamos sob a batuta de outro trio: Temer, Cunha e Renan. Eles são um grande problema para Dilma. Mas também são seu maior trunfo. No vídeo, a gente explica.


Páscoa para o Capitalismo

O significado da Páscoa para o Capitalismo



Carlos Antonio Fragoso Guimarães

Tanto quanto o Papai Noel, estranho personagem popularizado pela Coca-Cola e encampado pelo "mercado" que tanto fez para encobrir o significado do Natal, também a Páscoa há muito deixou de ter qualquer sentido de reflexão espiritual.

Deixou de ser um momento de reflexão/meditação sobre o significado de uma vida exemplar e do sacrifício por uma idéia, por uma visão de humanidade, para uma esperança de vida, para se tornar puramente festa (para supermercados, agências de viagens e lojas) comercial... Então, dentro do espírito do capitalismo (tão associado com a ética calvinista que tanta influencia exerce nas seitas midiáticas pentecostais e mercantis de hoje), nada melhor que retirar o sentido espiritual em prol de um comercial... Mais uma tática mercadológica dentre tantas outras...

E um Coelho aparece "pondo ovos", que na verdade é uma imbecilização mercadológica, já que são comprados a preços absurdos (pelos que podem) para ajudar no aumento do colesterol, assim como os vinhos importados vendidos no período podem igualmente ajudar nosso trânsito tão harmonioso... E onde fica Cristo? Bem, não se deve pensar nele nem nesta época, e melhor ainda se não se pensar sempre... vai que pensar e refletir em seu exemplo humano e espiritual faça questionar a febre de consumo vazio, não é verdade?

desmonte o ódio social

Como desmontar ódio social?

30/03/2015

Estamos constatando que vigora atualmente muito ódio e raiva na sociedade, seja pela situação particular de corrupção  no Brasil, seja  pela situação geral de insatisfação que perpassa a humanidade, mergulhada numa profunda crise civilizacional, sem que ninguém nos passa dizer como seria a sua superação e para onde este voo cego nos poderia conduzir. O inconsciente coletivo detecta este mal-estar como já antes Freud o descrevera em seu famoso texto O mal estar na cultura (1929-1930) e que, de alguma forma, previa os sinais de uma nova guerra mundial.

O nosso mal-estar é singular e se deriva das várias vitórias do PT com suas políticas de inclusão social que beneficiaram 36 milhões de pessoas e elevaram 44 milhões à classe média. Os privilegiados históricos, a classe alta e também a classe média se assustaram com um pouco de igualdade conseguida por aqueles que estavam fora. O fato é que, por um lado vigora uma concentração espantosa de renda e, por outro, uma desigualdade social que se conta entre as maiores do mundo. Essa desigualdade, segundo Marcio Pochmann no segundo volume de seu Atlas da Exclusão social no Brasil (Cortez 2014) diminuiu significativamente nos últimos dez anos mas é ainda muito profunda, fator permanente de desestabilização social.

Como notou bem o economista e bom analista social, do partido do PSDB, Luiz Carlos Bresser Pereira, o que foi assumido em sua coluna dominical ((8/3) por Verissimo, tal fato “fez surgir um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos ricos a um partido e a um presidente; não é preocupação ou medo; é ódio…; a luta de classes voltou com força; não por parte dos trabalhadores, mas por parte da burguesia insatisfeita”.

Estimo correta esta interpretação que corrobora o que escrevi neste espaço com dois artigos”O que se esconde atrás do ódio ao PT”. É a emergência de milhões que eram os zeros econômicos e que começaram ganhar dignidade e espaços de participação social, ocupando os lugares antes exclusivos das classes beneficiadas. Isso provocou raiva e ódio aos pobres, aos nordestinos, aos negros e aos membros da nova “classe média”.

O problema agora é como desmontar este ódio? Uma sociedade que deixa esse espírito se alastrar, destrói os laços mínimos de convivência sem os quais ela não se sustenta. Corre o risco de romper o ritmo democrático e instaurar a violência social. Depois das amargas experiências que tivemos de autoritarismo e da penosa conquista da democracia, devemos, por todos os modos, evitar as condições que tornem o caminho da violência incontrolável ou até irreversível.

Em primeiro lugar, na linha sábia de Bresser Pereira, faz-se urgente um novo pacto social que vá além daquele criado pela constituição de 1988, pacto que reuna empresários, trabalhadores, movimentos sociais, meios de comunicação, partidos e intelectuais que distribua melhor os onus da superação da atual crise nacional (que é global) e que, claramente convoque os rentistas e os grandes ricos, geralmente articulados com os capitais transnacionais a darem a sua contribuição. Eles também devem ser um Simão Cireneu que ajudou o Mestre a carregar a cruz.

Deve-se mudar não apenas a música mas também a letra. Em outras palavras, importa pensar mais no Brasil como nação e menos nos partidos. Estes devem dar centralidade ao bem geral e unir forças ao redor de alguns valores e princípios fundamentais, buscando convergências na diversidade, em função de um projeto-Brasil viável e que torne menos perversa a desigualdade, outro nome, para a injustiça social.

Estimo que amadurecemos para esta estratégia do ganha-ganha coletivo e que seremos capazes de evitar o pior e assim não gastar tempo histórico que nos faria ainda mais retardatários face ao processo global de desenvolvimento social e humano na fase planetária da humanidade.

Em segundo lugar, creio na força transformadora do amor como vem expresso na Oração de São Francisco:”onde houver ódio que eu leve o amor”. O amor aqui é mais que um afeto subjetivo; ele ganha uma feição coletiva e social: o amor a uma causa comum, amor ao povo como um todo, especialmente, àqueles mais penalizados pela vida, amor à nação (precisamos de um sadio nacionalismo), amor como capacidade de escutar as razões do outro, como abertura ao diálogo e à troca.

Se não encontrarmos nem escutarmos o outro, como vamos saber o que pensa e pretende fazer? Então começamos a imaginar e a projetar visões distorciadas, alimentar preconceitos e destruimos as pontes possíveis que ligam as margens.

Precisamos dar mais espaço à nossa “cordialidade” poisitiva (pois há também a negativa) que nos permite sermos mais generosos, capazes de olhar para frente e para cima e deixar para trás o que ficou para trás e não deixar que o ressentimento alimente a raiva, a raiva o ódio e o ódio, a violência que destrói a convivência e sacrifica vidas.

As igrejas, os caminhos espirituais, os grupos de reflexão e ação, oz partidos especialmente a midia e todas as pessoas de boa-vontade podem colaborar no desmonte desta carga negativa. E contamos para isso com a força integradora dos contrários que é o Espírito Criador que perpassa a história e a vida pessoal de cada um.

Leonardo Boff escreveu: A oração de São Francisco: uma mensagem de paz para o mundo atual, Vozes 2013.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Por que a Folha criticou a maneira amiga como a Justiça trata o PSDB?

Paulo Nogueira: Por que a Folha criticou a maneira amiga como a Justiça trata o PSDB?

O marketing em primeiro lugar
O marketing em primeiro lugar
Ora, e então vemos um alvoroço na internet com um editorial em que a Folha admite que a Justiça favorece o PSDB.
A razão do editorial foi o completo abandono do chamado Mensalão Tucano.
Bonito isso.
Agora, para ficar completo, só falta a Folha fazer um segundo editorial em que denuncie a proteção, pela mídia, do PSDB.

Ambas as proteções, a jurídica e a jornalística, caminham alegremente de mãos dadas, e servem para que milhões de analfabetos políticos sejam manipulados e acreditem que a corrupção é monopólio do PT.
Servem, também, para desviar o foco da sociedade. Nosso maior problema, uma real tragédia, é a desigualdade social, e a mídia e a Justiça se combinam para que ingênuos sejam levados a crer que o mal maior é a corrupção.
A mídia favorece o PSDB de diferentes formas.
A Veja é descarada, escandalosa, despudorada. É aquela marafona que anda pelas ruas com um cartaz no qual anuncia seu preço e condições.
Não pretende enganar ninguém.
A Globo é a marafona que faz algum esforço para disfarçar a sua atividade, e às vezes chega mesmo a vestir roupa de colegial, mas que mesmo assim deixa claro seu ofício e suas intenções.
Quer enganar, mas não engana ninguém.
A Folha é a marafona que se faz de virtuosa. Chega a dar lições de moral.
É, talvez, o pior tipo. Pois acrescenta hipocrisia ao vício.
Leva na bolsinha nomes como Josias de Sousa, Reinaldo Azevedo, Pondé, Ferreira Gullar, Demétrio Magnolli e editores capazes de dar uma manchete errada com Dirceu e repará-la, aspas, com uma nota de rodapé num espaço que ninguém lê.
De vez em quando, a Folha faz um editorial como este em que critica um antigo descalabro brasileiro – o caráter partidário da Justiça, algo que mina a crença da sociedade nos bons propósitos dos senhores magistrados.
Virou uma coisa tão indecente que já nem causa surpresa descobrir nas redes sociais juízes fazendo, ostensivamente, agressivas campanhas políticas antipetistas.
A Folha, eu dizia, de tempos em tempos, faz um editorial daqueles.
Mas apenas para que possa continuar a usar o marketing que diz que o jornal “não tem rabo preso com ninguém”, e por nenhuma outra razão que mereça algum tipo de elogio.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.