domingo, 30 de junho de 2019

Sinais de fracasso da política dos EUA para a América Latina


Mapa da América Latina

Estratégia dos EUA na América Latina está fracassando, afirma ministro boliviano

AMÉRICAS
URL curta
A estratégia dos EUA na América Latina já está fracassando, e os países precisam de um continente soberano e pacífico para que a região tenha voz, afirmo o ministro da Presidência da Bolívia, Juan Ramón Quintana.
"Em muitos fóruns realizados na América Latina, foi dito que novos tempos estão chegando, um novo século está chegando. E este novo século XXI será o século dos povos. Apesar disso, há um aumento na agressividade do governo dos EUA", ressaltou.
"Diariamente, na América Latina são experimentadas práticas de chantagem através das políticas financeiras internacionais, para impor modelos de economia de livre mercado, que acabam roubando recursos naturais das nações."

Brasil e Argentina 'condenados à pobreza'

Como exemplo, Quintana mencionou os casos da Argentina e do Brasil, "com suas sociedades condenadas ao aumento da pobreza, à perda de soberania sobre seus recursos naturais e à maior interferência no projeto de modelos econômicos".
"Não queremos isso para a Bolívia ou para a América Latina", afirmou, adicionando que "queremos um continente unido, um continente pacífico, um continente soberano".
Segundo o ministro, soberania, pacificidade e união darão voz ao continente no mundo. "Na medida em que os Estados Unidos dominam a América Latina, a América Latina deixa de ser um locutor válido no mundo; portanto, deixa de existir, deixa de ter uma voz própria e soberana na comunidade internacional."
"Não queremos ser tutelados por nenhuma potência estrangeira, muito menos pela potência norte-americana que se acostumou a governar pela força, pela imposição, pela chantagem, por golpes de Estado e por golpes brandos", de acordo com Juan Ramón Quintana.

EUA fraquejam na América Latina

Quintana esclareceu que a estratégia dos EUA na América Latina já tem sérias dificuldades para se sustentar, portanto, "o que corresponde aos nossos países é uma maior consciência política de seu próprio desenvolvimento e do desenvolvimento da região", concluiu.
O ministro acrescentou que a Bolívia condena "o unilateralismo que os Estados Unidos pretendem construir, que é uma política de subjugação das soberanias estatais e, portanto, de construção de um regime antidemocrático".

Mais:

China é uma ameaça para os EUA na América Latina, denuncia almirante norte-americano
Analista prediz 'iminente intervenção militar' dos EUA na América Latina
Rússia nega interferência na Venezuela: 'EUA acham que América Latina é seu quintal'
Tags:
ministrofracassoEUAestratégiaAmérica Latina

COMENTAR NO FACEBOOKCOMENTAR NA SPUTNIK

sábado, 29 de junho de 2019

As consequências negativas da lava jato

"A Lava Jato dissolveu um projeto de desenvolvimento do país" avalia pesquisador
brasildefato27 de junho de 2019 17:22


Para William Nozaki, a operação Lava Jato criminalizou empresas estatais, principalmente, a Petrobras / Divulgação
Desde início do mês de junho, quando o portal The Intercept Brasil publicou reportagens que indicam a interferência do ex-juiz Sérgio Moro na condução da Operação Lava Jato, a discussão sobre o caráter parcial das investigações voltou ao noticiário. Em entrevista ao Brasil de Fato, o cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), William Nozaki, afirma que a denúncia explicita o direcionamento da Lava Jato: criminalizar uma força política. Junto com esse objetivo, dissolveu-se um projeto de desenvolvimento que tinha a Petrobras no seu centro. "Os impactos disso tudo a gente pode ver com o aumento do desemprego e uma perda de arrecadação dos estados e municípios”, explica.
Confira a entrevista completa:
Brasil de Fato: Na sua avaliação, qual o grau de influência do petróleo e do pré-sal nas crises econômica e política estabelecidas no Brasil atualmente?
William Nozaki: A descoberta do pré-sal está diretamente relacionada com a maneira como o Brasil, a partir de então, começou a entrar no cenário geopolítico, geoeconômico e energético internacional. Isso nos colocou na lista dos 10 maiores países com reserva de petróleo. Portanto, na rota de interesses internacionais em torno dos nossos recursos naturais estratégicos. Isso mobilizou um conjunto de interesses internacionais, empresarias e políticos, que em certa medida jogaram água no moinho da instabilidade política que a gente vive na conjuntura hoje. Então a minha impressão é de que não é possível apontar toda a instabilidade política que o país vive nos últimos anos sem levar em consideração o tabuleiro geopolítico do petróleo como algo fundamental pra isso.
A operação Lava Jato prejudicou a Petrobras?
A Lava Jato instaurou um conjunto de procedimentos de investigação que foi no sentido de criminalização da política e das empresas estatais, que foi muito além da busca de corrupção no interior da Petrobras. Ao organizar seu modus operandi por meio das delações premiadas, dos vazamentos seletivos, e diversas formas de acordo não convencionais, a Lava Jato acabou criminalizando ou ajudando a criminalizar o investimento público e o papel das empresas estatais. E, com isso, prejudicou o arranjo institucional que havia viabilizado o desenvolvimento econômico brasileiro.
As denúncias divulgadas pelo The Interceptevidenciam alguma coisa nesse sentido?
Os vazamentos que já foram publicizados até aqui vão cada vez deixando mais explícita a parcialidade e um certo direcionamento na condução desse processo. Ao criminalizar uma força política e específica durante a investigação, junto se criminalizou um projeto de desenvolvimento que tinha a Petrobras no centro. Isso surtiu seus efeitos na perspectiva de que a Petrobras deveria ser uma empresa privatizada, enxugada e desmontada.
Como você avalia a última decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de permitir a venda de subsidiárias de estatais sem a necessidade de licitação ou autorização do poder legislativo?
Essa medida deu o aval para que as privatizações aconteçam sem o controle público e político que deveria ser exercido pelo legislativo e sem os procedimentos transparentes da condução da gestão pública. Isso tudo cria uma possibilidade de aceleração da venda de ativos importantes da Petrobras, como aqueles relacionados não só ao pré-sal, mas também ao refino e à distribuição. E essa possibilidade é um ataque frontal contra a Petrobras porque, sobretudo no que diz respeito ao parque de refino, [não privatizar] é fundamental não apenas do ponto da segurança energética nacional, mas também para manter a própria lucratividade da empresa.
Quais os impactos que já podem ser sentidos com a mudança na política de gestão da Petrobras nos últimos anos e quais serão os impactos futuros para a população?
Já existe um desmonte que afeta as áreas de exploração e produção, gás, biocombustíveis e fertilizantes, e agora isso caminha para a privatização do refino da empresa. Os impactos podem ser divididos em diretos e indiretos. Vender a Petrobras significa diminuir o investimento feito no país, porque a lógica histórica mostra que os níveis de investimentos privados não acompanham os níveis de investimentos de uma empresa gerida com um espírito público. Essa diminuição do investimento vem acompanhada com o aumento do desemprego e uma perda de arrecadação por parte da União, estados e municípios. Além disso, você tem uma espécie de efeito dominó que faz com que o desmonte da Petrobras também produza o próprio desaquecimento na economia.
Na sua opinião, existiu uma influência de atores estrangeiros nos acontecimentos políticos dos últimos anos?
Desde a descoberta do pré-sal nós temos notícias de intensas pressões das petrolíferas, sobretudo norte-americanas, e das grandes empresas fornecedoras de máquinas e equipamentos, para que houvesse mudanças regulatórias do setor. Tem aí um conjunto de interconexões entre os interesses das petrolíferas estrangeiras e o desmonte da Petrobras e do marco regulatório do pré-sal que acontecem desde 2006. Também é importante chamar a atenção para três contradições do discurso atual da Petrobras. Primeiro porque defende a concorrência de mercado, mas abre o Brasil para a criação de oligopólio internacional. Segundo que é contra empresa estatal brasileira, mas abre o mercado para a entrada de empresa estatal estrangeira. Terceiro porque é contra a concepção de empresa integrada e abre o mercado brasileiro para que as petrolíferas estrangeiras se integrem na cadeia produtiva.

Psicopatas, políticos e poder


Por que os psicopatas chegaram ao poder
outraspalavras27 de junho de 2019 19:53




Há uma dimensão pouco examinada, no avanço das lógicas neoliberais. Um sistema que estimula competição, disputa e rivalismo produzirá “líderes” brutais e sem empatia. Para eleger gente generosa e sensível, será preciso uma nova democracia
Por George Monbiot | Tradução: Inês Castilho
Quem, em seu juízo perfeito, poderia desejar esse trabalho? É quase certo que acabará, como descobriu Theresa May, em fracasso e execração pública. Procurar ser primeiro-ministro britânico, hoje, sugere ou confiança imprudente ou fome insaciável de poder. Talvez necessitemos de uma ironia como a de Groucho Marx: alguém louco o suficiente para candidatar-se a essa função deveria ser desqualificado para concorrer.
Alguns anos atrás, a psicóloga Michelle Roya Rad listou as características de uma boa liderança. Entre elas figuravam justiça e objetividade, desejo de servir à sociedade e não a si mesmo, falta de interesse em ser famoso e ocupar o centro das atenções, resistência à tentação de esconder a verdade ou fazer promessas impossíveis. Por outro lado, um artigo publicado no Journal of Public Management & Social Policy (Jornal de Gestão Pública e Política Social) listou as características de líderes com personalidade psicopata, narcisista ou maquiavélica. Elas incluem: tendência à manipulação dos outros, disposição em mentir e enganar para alcançar seus objetivos, falta de remorso e sensibilidade, desejo de admiração, atenção, prestígio e status. Quais dessas características descrevem melhor as pessoas que estão competindo para ser “governantes” no mundo contemporâneo?
Na política, vê-se em todo lado o que parece ser a externalização de déficits ou feridas psíquicas. Sigmund Freud afirmou que “os grupos assumem a personalidade do líder”. Penso que seria mais preciso dizer que as tragédias privadas dos poderosos tornam-se as tragédias públicas daqueles que eles dominam.
Para algumas pessoas, é mais fácil comandar uma nação, mandar milhares para a morte em guerras desnecessárias, separar crianças de suas famílias e infligir sofrimentos terríveis do que processar sua própria dor e trauma. Aparentemente, o que vemos na política, em todos os cantos, é uma manifestação pública de profunda angústia privada.
Essa talvez seja uma força particularmente forte na política britânica. O psicoterapeuta Nich Duffell escreveu sobre “líderes feridos”, que foram separados da família na primeira infância para ser enviados ao colégio interno. Eles desenvolveram uma “personalidade de sobrevivente”, aprendendo a reprimir seus sentimentos e projetar um falso eu, caracterizado pela demonstração pública de competência e autoconfiança. Sob essa persona está uma profunda insegurança, que pode gerar necessidade insaciável de poder, prestígio e atenção. O resultado disso é um sistema que “sempre revela pessoas que parecem muito mais competentes do que realmente são”.
O problema não está confinado a estas paragens. Donald Trump ocupa a cadeira mais poderosa do planeta, e ainda assim parece roer-se de inveja e ressentimento. “Se o presidente Obama tivesse feito os acordos que fiz”, afirmou há pouco, “a mídia corrupta os consideraria incríveis… Para mim, apesar do nosso recorde em economia e tudo o que fiz, não há crédito!”. Nenhuma riqueza ou poder parece capaz de satisfazer sua necessidade de afirmação e segurança.
Penso que deveria ser necessário a qualquer um que quisesse participar de uma eleição nacional passar por uma formação em psicoterapia. A conclusão do curso seria a qualificação para o cargo. Isso não mudaria o comportamento de psicopatas, mas poderia evitar que, ao exercer o poder, certas pessoas impusessem sobre os outros suas próprias feridas profundas. Fiz dois cursos: um influenciado por Freud e Donald Winnicott, outro cuja abordagem tinha foco na compaixão de Paul Gilbert. Considero os dois extremamente úteis. Penso que quase todo mundo se beneficiaria desses tratamentos.
A psicoterapia não iria garantir uma política mais gentil. A abertura admirável de Alastair Campbell ao falar sobre sua terapia e saúde mental não o impediu de comportar-se – quando desempenhou as funções de assessor político e porta-voz de Tony Blair – como um valentão desbocado, que intimidava as pessoas a apoiar uma guerra ilegal, em que centenas de milhares de pessoas morreram. Tanto quanto sei, não demonstrou remorso por seu papel nessa guerra agressiva, que cabe na definição de “crime internacional supremo” do tribunal de Nuremberg.
O problema, na verdade, é o sistema no qual essas pessoas competem. Personalidades tóxicas prosperam em ambientes tóxicos. Aqueles que deveriam ser menos confiáveis para assumir o poder são justamente os que mais provavelmente vencerão. Um estudo publicado no Journal of Personality and Social Psychology sugere que o grupo de traços psicóticos conhecido como “domínio sem medo” está associado a comportamentos amplamente valorizados nos líderes, tais como tomar decisões ousadas e sobressair-se no cenário mundial. Se assim for, nós, por certo, valorizamos as características erradas. Se para alcançar o sucesso no sistema é necessário ter traços psicopatas, há algo errado com o sistema.
Para pensar uma política eficiente, talvez fosse útil trabalhar de trás para frente: primeiro decidir que tipo de gente gostaríamos que nos representassem e depois criar um sistema que as levasse ao primeiro plano. Quero ser representado por pessoas ponderadas, conscientes de si e colaborativas. Como seria um sistema que promovesse essas pessoas?
Não seria uma democracia puramente representativa. Esse tipo de democracia funciona com o princípio do consenso presumido: você me elegeu há três anos, então presumo que consentiu com a política que estou para implementar, não importa se na época eu a mencionei ou não. Ela recompensa os líderes “fortes e determinados” que tão frequentemente levam suas nações à catástrofe. Um sistema que fortaleça a democracia representativa com democracia participativa – assembleias de cidadãos, orçamento participativo, co-criação de políticas públicas – tem mais possibilidades de recompensar os políticos sensíveis e atenciosos. A representação proporcional, que impede governos com apoio minoritário de dominar a nação, é outra salvaguarda potencial (embora não seja garantia).
Ao repensar a política, é preciso desenvolver sistemas que incentivem gentileza, empatia e inteligência emocional. É preciso nos desvencilhar de sistemas que encorajem as pessoas a esconder sua dor e dominar os outros.
Gostou do texto? Contribua para manter e ampliar nosso jornalismo de profundidade:OutrosQuinhentos

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Moro, o justiceiro às escondidas, paladino às claras

Editorial | "O que mais ele pode fazer?"
brasildefato26 de junho de 2019 11:00


"Moro aliou-se a uma das partes, a acusação, contra a defesa" / Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
"O que mais ele pode fazer?”
A pergunta acima é de Glenn Greenwald. “Ele”, na frase é o ex-juiz Sérgio Moro. A resposta, parece, é “nada”. A não ser que o hoje ministro resolva usar a força bruta contra quem, toda semana, põe a nu mais um pedaço da sua indecorosa nudez. O que não evitará que a lama do submundo da Lava-Jato continue escorrendo dia após dia. “Moro mentiu e sabe que temos as provas”, diz o jornalista de The Intercept Brasil. Está explicado.
Moro está condenado a ser supliciado como supliciou centenas de pessoas, aí incluídos inocentes, culpados, suspeitos, acusados, condenados e suas famílias. É o peixe fisgado que se debate no anzol. Que o pescador puxa, sujeita e concede linha. Para novamente puxá-lo. Incansavelmente.
Sendo verdadeiras, como aparentam ser, as trocas de mensagens com procuradores da República no Telegram, Moro construiu uma farsa. Sob as luzes, posava de paladino da justiça. Nas sombras, trabalhava para sabotá-la. A Lava-Jato custou a devastação da indústria nacional, a explosão do desemprego, a criminalização da política, o colapso da soberania e a ascensão do neofascismo. Tudo com a complacência das cortes superiores e a cumplicidade da mídia corporativa.
Moro aliou-se a uma das partes, a acusação, contra a defesa. Como um árbitro que, numa partida de futebol, discutisse táticas, jogadas e a escalação de jogadores com o técnico de uma das equipes visando prejudicar o adversário. E sempre posando de imparcial. Nos estádios, isto se chama “roubo”. E todas as torcidas sabem muito bem – e gritam – o nome de quem age assim. E ele – como Moro – nada pode fazer.
Edição: Marcelo Ferreira
Este conteúdo foi originalmente publicado na versão impressa (Edição 16) do Brasil de Fato Rio Grande do Sul.

Diplomacia brasileira nota dez, em seis meses passa a ser nota zero

The Guardian: Diplomatas brasileiros estão "enojados" com Bolsonaro, que "pulveriza a política externa Brasil"
revistaforum25 de junho de 2019 08:41


Uma reportagem publicada nesta terça-feira (25) pelo jornal britânico The Guardian mostra que existe uma clara inconformidade dos diplomatas brasileiros com a política exterior impulsada pelo governo de Jair Bolsonaro e seu chanceler, Ernesto Araújo. Segundo o título da matéria, a postura do governo está “pulverizando a política externa do Brasil”.
O texto começa dizendo que a atuação do Itamaraty era “considerada há muito tempo uma das jóias da política latino-americana; um serviço estrangeiro perspicaz, confiável e altamente treinado que ajudou a tornar o Brasil um líder climático global e peso pesado de soft power”.
Porém, logo afirma que com “seis meses de presidência de Jair Bolsonaro, até diplomatas veteranos lutam para mascarar seu horror com a demolição do escritório estrangeiro do país”.
A reportagem cita um grupo de ex-embaixadores brasileiros que têm tentado atuar para evitar as consequências do que consideram erros da política externa brasileira na atual gestão, como a aliança como os ultranacionalistas de direita – como Donald Trump, Steve Bannon e o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán –, a postura de contrariar alguns parceiros de longa data do Oriente Médio, ao abraçar o Israel de Benjamin Netanyahu e ameaçar transferir a embaixada do Brasil para Jerusalém; ou de contrariar também a China, tomando lado na guerra comercial desse país com os Estados Unidos.
Além disso, os ex-embaixadores reclamam que o Brasil deveria ter uma posição de liderança mundial com respeito ao tema da crise climática, o que é impossível com a posição negacionista adotada tanto por Bolsonaro quanto por Araújo.
Entre os diplomatas ouvidos pela matéria, está Rubens Ricupero, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, que afirmou estar “enojado”, com a forma com que o atual governo vem conduzindo sua política externa. “O que eu ouço dos meus colegas que ainda estão ativos é que entre os funcionários diplomáticos há uma rejeição quase completa do ministro e da linha atual. Ele não é levado a sério dentro ou fora do ministério, porque representa uma espécie de seita”, disse Ricupero na matéria.
Outro que reclamou da atual política foi Roberto Abdenur, ex-embaixador na China, Alemanha e Estados Unidos, quem considera que “nossa atual política externa leva o Brasil de volta a um período da história em que o Brasil nem existia: a Idade Média”.
Por sua vez, Marcos Azambuja, ex-secretário geral do Itamaraty, também ouvido pelo The Guardian, disse que “houve uma mudança, e temo uma mudança para pior”. Ele lembra também que o Brasil sempre manteve ótimas relações com os Estados Unidos, mesmo durante o governo de Lula, mas que “tem cometido o erro de se aproximar demais do radicalismo de Trump e Steve Bannon”, reclama o ex-embaixador, que vê com preocupação, sobretudo, a influência de um dos filhos de Bolsonaro (Eduardo) sobre a política exterior brasileira.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Rainha do Rei Momo

Bolsonaro já não governa mais


Carlos D´incão afirma que o que fazer em um país onde o chefe de Estado é um cadáver? Aliás, em uma rara sobriedade, Bolsonaro disse que querem torná-lo a Rainha da Inglaterra. Errou por pouco... Bolsonaro está mais para Inês de Castro"
Entramos na última semana do mês de junho de 2019 e, como prevíamos, o governo Bolsonaro já não existe mais. A rigor não temos um presidente, mas uma pitoresca e disforme criatura parida nos subterrâneos de Curitiba em conluio com o Departamento de Estado dos EUA.
Eivado pelo ódio e pela ignorância de uma parcela torpe da população brasileira, que saiu dos alçapões de um museu - onde reside todas as atrocidades já imaginadas pela deformação do gênero humano - Bolsonaro nunca foi pessoa, mas substância. Tão pouco já foi substantivo, mas um infame adjetivo cruento que colocou a nação em vergonha contínua e retumbante.
Bolsonaro iniciou o seu mandato não com um governo, mas com uma equipe retirada de um filme surrealista e de baixo calão. Dali derivou vexames e mais vexames. O desgoverno se tornou rotina e há pouco tempo atrás, as bolsas se animavam com o seu silêncio e sobretudo com sua ausência.
Parecia que tudo havia sido equalizado para uma certa estabilidade: Bolsonaro se calaria e desapareceria, enquanto o Congresso e o mercado governaria. Pura ilusão de óptica... A estabilidade era tal qual um corpo em queda, que atingia velocidade contínua, mas que acabaria se estraçalhando no último círculo do inferno: a Vaza-Jato.
As revelações vazadas pelo The Intercept Brasil derrubaram o governo brasileiro perante o Mundo. A percepção local é irrelevante. A realidade é imperativa. Bolsonaro já está morto, só não sabem disso ainda - além dele mesmo - os setores parlapatões da imprensa e as almas penadas que ainda o apoiam pelas ruas, combatendo moinhos de vento da Venezuela e as infindáveis conspirações comunistas...
O que fazer em um país onde o chefe de Estado é um cadáver? Aliás, em uma rara sobriedade, Bolsonaro disse que querem torná-lo a Rainha da Inglaterra. Errou por pouco... Bolsonaro está mais para Inês de Castro, coroada morta ou, como bem nos definiu Camões, “...está morta, a pálida donzela...” E nossa Inês de Castro nem mesmo pode autorizar eleições para a formação de um novo parlamento...
O Brasil está, por fim, parado. Há aqueles que vêm no caos uma grande oportunidade... Na Bovespa, encontramos oportunistas e especuladores que estão convictos de que o país entrará em liquidação e que fazem o seu índice ultrapassar os 100 mil pontos...
Caso o Brasil insista em manter um cadáver no poder, os bancos nacionais não terão capacidade de arcar com a recuperação de todas as construtoras e outras milhares de empresas. A Odebrecht foi a primeira, mas está longe de ser a última... Os bancos são a bola da vez... A Lava-Jato veio para liquidar o Brasil, mas o Brasil é muito grande para quebrar sem destruir a economia global em um efeito cascata que começa na América Latina, vai para a Europa, desembarca nos EUA e chega como uma marolinha na China.
O ranço de alguns generais aposentados, que esqueceram de colocar seus pijamas, ainda assusta o STF. O problema é que a História é uma locomotiva impiedosa e sem freios. E ela exige que Lula seja posto em liberdade e daí para frente, demanda que o mesmo use o tempo que lhe resta em sua vida para salvar o país e a economia global.
Caso o Brasil perca essa locomotiva, não será Lula quem sofrerá, mas todas as instituições brasileiras que se tornarão tão verdadeiras como o Império Romano do Ocidente aos olhos de Carlos Magno... Não é mais Lula ou a barbárie, mas Lula ou as invasões bárbaras. Quem viver essa semana, verá.
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

Conheça a TV 247

Carlos D´incão afirma que o que fazer em um país onde o chefe de Estado é um cadáver? Aliás, em uma rara sobriedade, Bolsonaro disse que querem torná-lo a Rainha da Inglaterra. Errou por pouco......

Projeto Bolsonaro vs. macri

Bolsonaro e Macri visam gigante projeto antipovo de hidrelétrica no Sul
anovademocracia24 de junho de 2019 16:59


Foto: Ueslei Marcelino / Reuters
A devastação ambiental e social promovida pelo governo de Bolsonaro e generais não se limita ao território brasileiro: atualmente, o governo brasileiro e o de Macri, na Argentina, tentam implementar um projeto violento de hidrelétrica, que até então tinha seu licenciamento ambiental barrado pela Justiça Federal.
As duas usinas (Garabi e Panambi), quando o projeto surgiu em 2012, se localizariam no rio Uruguai, visado pelo “investimento” imperialista por sua grande capacidade hídrica, e inundariam 100 mil hectares, desalojariam 12,6 mil pessoas e submergiria, somente no Rio Grande do Sul, 19 municípios.
De acordo com a organização Amigos da Terra Brasil, em 2014, a falta de informações sobre o projeto angustiava os moradores, que “não sabiam onde seriam reassentados e como ficariam as cidades que terão mais da metade da área urbana engolida pelas águas das duas barragens”.
Quem se beneficia com as hidrelétricas?
Os problemas sociais das hidrelétricas no Brasil já são conhecidos há longa data: o país, com grande possibilidades de produção de energia renovável, concentra seu “investimento” nas hidrelétricas, que raramente são construídas com o consentimento da população das áreas inundadas, e cujos prejuízos materiais não são recompensados ou o são de modo insuficiente.
O vínculo entre o setor elétrico, as empresas de mineração - que são tanto autoprodutoras quanto consumidoras, como a assassina Vale - e as empreiteiras - como a Odebrecht - se dá à medida que a construção das hidrelétricas, de acordo com Philip M. Fearnside (membro da Academia Brasileira de Ciências), “envolvem muito dinheiro, dão oportunidade para a corrupção e sustentam o lobby das empreiteiras para conseguirem contratos de grandes barragens que têm uma produção pífia de energia”.
Entretanto, não só grandes empresas brasileiras utilizam as barragens para atingir superlucros: as hidrelétricas também são visadas por países imperialistas como a China, que está investindo em grandes projetos de mineração aos arredores da possível-futura-hidrelétrica. Ao serem aprovados os projetos de mineração e hidrelétrica no Rio Grande do Sul, o estado estaria diante de um saqueio gigantesco de suas riquezas naturais, em que nem a energia (que pode futuramente ser utilizada para satisfazer as necessidades das mineradoras), nem os minérios estariam à serviço da população e da nação.