sábado, 3 de agosto de 2019

FATO

Ao longo da história mundial, a linguagem que tira a dignidade das pessoas, na boca de autoridades ou de agentes com potencial de comunicação em massa, fomentou genocídios de toda ordem.

Uso de linguagem desumanizante gerou genocídios ao longo da história, alerta especialista americano
GGN2 de agosto de 2019 20:47


William A. Donohue, um professor de Comunicação da Universidade do Estado de Michigan (EUA), publicou no site The Conversation um artigo sobre a naturalização do uso de linguagem violenta por Donald Trump que se aplica bem ao que o Brasil está assistindo sob a presidência de Jair Bolsonaro.
O texto lembra como, ao longo da história mundial, a linguagem que tira a dignidade das pessoas, na boca de autoridades ou de agentes com potencial de comunicação em massa, fomentou genocídios de toda ordem.
Um “exemplo trágico” de como a linguagem desumana extrema contribuiu para um genocídio ocorreu em 1994, em Ruanda. À época, a maioria hutu da sociedade usava uma estação de rádio popular para se referir aos membros da tribo tutsi, uma minoria, como “baratas”. “Como o apoio a essa caracterização cresceu entre os hutus, ela essencialmente eliminou qualquer obrigação moral de ver os tutsis como seres humanos. Eles eram apenas vermes que precisavam ser erradicados.”
A história do século XX também revela o mesmo padrão de linguagem desumanizante na preparação do genocídio cometido pelos turcos contra os armênios, onde os armênios eram os “micróbios perigosos”.
Durante o Holocausto, a história não permite que ninguém esqueça, os alemães descreveram os judeus como “untermenschen”: sub-humanos, inferiores.
No final de julho, o presidente dos EUA Donald Trump tuitou que a região de Baltimore era uma “bagunça repugnante, infestada de ratos e roedores” e “nenhum ser humano gostaria de viver lá”. Um jornal local, O Baltimore Sun, respondeu com um editorial à altura: “É melhor ter alguns ratos do que ser um”, era o título.
Para o professor, “quando os desafios são mais severos, a defesa da identidade se torna mais feroz. As vozes aumentam, as emoções aumentam e as pessoas ficam presas em um conflito em espiral, que é caracterizado por um ciclo sustentado de ataque e defesa.”
“Infelizmente, se não houver controles sobre o aumento da linguagem, e as partes começarem a fazer referências que possam ser interpretadas em termos extremos e desumanos, elas podem acreditar que a única maneira de restaurar suas identidades é pela dominação física”, avaliou o especialista em comunicação para resolução de conflitos.
Ele ainda apontou, no caso de Trump, que não é esperado um conflito específico entre o presidente e Baltimore, a ponto de transformar a violência em realidade.
Mas é esse tipo de relação agressiva que pode “tornar mais aceitável que os seguidores [de Trump] usem esse tipo de linguagem” e naturalizem o ódio às vítimas ou minorias que estão sempre na mira do republicano.
A lição de Donohue para os EUA serve para o Brasil sob Bolsonaro: é “simplesmente perigoso” e não é mais possível, conhecendo-se a história, que a sociedade aceite que um presidente encoraje multidões a atacar grupos que não são de sua simpatia.
Falar em expulsar adversários do País, ou trancá-los na cadeia sem processo justo; demonstrar desprezo por determinadas culturas ou regiões do País, tudo isso “estabelece um clima no qual usar linguagem letal e desumanizante parece normal.” Mas não deve ser.
Leia o artigo completo aqui.
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sexta-feira, 2 de agosto de 2019

A DÍVIDA DO MUNDO!!


Notas de dólares norte-americanos

Situação crítica? Bomba de US$ 246 trilhões plantada sob economia global está prestes a explodir

ECONOMIA
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A dívida mundial, estimada em US$ 246 trilhões (R$ 944 trilhões), atingiu seu recorde absoluto. Esse valor representa mais de três vezes o PIB global, ou seja, o preço de todos os produtos e serviços do planeta.
Os economistas alertam que, quando a bomba de vários trilhões de dólares plantada sob a economia mundial explodir, a crise será pior do que em 2008, opina a colunista da Sputnik Natalia Dembinskaya.

Origem da dívida

Segundo um relatório publicado pelo Instituto de Finanças Internacionais (IIF), a maior associação de bancos do mundo, no primeiro trimestre do ano passado, a dívida global aumentou em três trilhões de dólares e bateu outro recorde: US$ 246 trilhões, o que representa quase 320% do PIB mundial.
Nos países desenvolvidos, o volume de empréstimos aumentou em US$ 1,6 trilhão (R$ 6,1 trilhões), para US$ 177 trilhões (R$ 679 trilhões), sendo a principal contribuição a dos EUA, onde a dívida atingiu US$ 69 trilhões (R$ 264 trilhões). Destes, US$ 22 trilhões (R$ 84 trilhões) são empréstimos governamentais, que continuam a acumular-se devido ao apetite irreprimível do governo federal.
Em julho, o Centro de Política Bipartidária (BPC) do EUA lembrou que Washington estava em perigo de inadimplência, previsto para setembro. Devido a isso, os parlamentares aumentaram novamente o teto da dívida, permitindo dessa forma que o governo se endividasse ainda mais.
De acordo com o Departamento do Tesouro dos EUA, os créditos contraídos excederão um trilhão de dólares pelo segundo ano consecutivo.
Na opinião dos analistas do IIF, a enorme e incontrolável dívida é resultado das políticas irresponsáveis dos bancos centrais, que estão viciados em imprimir dinheiro e distribuir empréstimos.

De quem é a culpa?

O instituto financeiro ressalta que os mercados emergentes foram os que mais contribuíram para o aumento da dívida global, cujo valor ultrapassou US$ 69 trilhões, o que corresponde a 216,4% do PIB.
O maior crescimento relativo do endividamento foi registado em países como o Chile, Coreia do Sul, Brasil, África do Sul e Paquistão. Tendo obtido acesso livre aos mercados de capitais, os países em desenvolvimento aumentaram os seus créditos empresariais em 50% ao longo de duas décadas.
"O problema é que este grupo de mutuários não tem experiência suficiente de gestão da dívida ao longo de vários ciclos econômicos. Assim que a recessão começa, as empresas ficam a braços com créditos, que são difíceis de pagar", explica o instituto financeiro.

Dívida chinesa avassaladora

A economia da China tem vindo a desenvolver-se há décadas à custa de novos empréstimos, resultando no aumento da dívida, que quadruplicou para quase 300% do PIB.
O setor corporativo, dominado por empresas estatais, tomou emprestado US$ 21 trilhões (R$ 80 trilhões), 155% do PIB, o que representa quase dois terços da dívida total. Como comparação, a dívida corporativa do Japão é de 100% do PIB, enquanto a dos EUA é de 74%.
Somente em 2018, 18.000 empresas inadimplentes se declararam falidas na China. O nível de inadimplência foi cinco vezes maior do que em 2015, e um novo recorde está previsto para 2019.
Dólar com bandeira dos EUA de fundo
Dólar com bandeira dos EUA de fundo
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) já destacou que os altos e voláteis níveis de dívida da China ameaçam causar enormes inadimplências corporativas.
"A desaceleração do crescimento e o aumento dos custos de financiamento estão complicando o serviço da dívida e podem conduzir a incumprimentos. Isto terá um impacto negativo na rentabilidade dos bancos e conduzirá a problemas de liquidez", observou a OCDE.

Crise financeira global

Um quadro semelhante, por exemplo, foi observado na véspera da crise financeira global de 2008. Em algum momento, a economia global simplesmente não será capaz de lidar com a enorme e incontrolável dívida.
A próxima crise, como preveem os financistas, será muito mais grave e levará a empobrecimento em massa, enorme instabilidade geopolítica, agitação social e guerras.

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