Informar de modo a permitir que compreendam por si os princípios metafísicos que estão por trás de todos os eventos bons e ruins que se manifestam em nossa realidade; princípios ocultos que estão enterrados debaixo de muito entulho político-religioso; econômico-social; histórico-cultural.
BOLSOBÁRBARO QUER TRANSFORMAR O BRASIL EM UMA VENEZUELA por caminhos opostos.
Há algo ainda mais podre no reino do BolsoAsno do que suas ofensas e desprezo pelos brasileiros e pelo Brasil. O raciocínio a seguir pode parecer simplista, mas, às vezes, é preciso usar a Navalha de Occam para simplificar o raciocínio e não alongar o texto.
Ao desmatar a um ritmo alucinado, liberar todos os venenos possíveis para serem usados à vontade nas lavouras, atacar qualquer resquício de...
Ocupado com ofensas, mentiras e absurdos, o presidente ignora a mudança climática. Uma das desvantagens do sistema presidencialista é uma só pessoa poder definir a agenda de todo um país. E se ela é um psicopata?
"É uma tragédia as duas maiores nações das Américas serem governadas por homens condicionados pelo velho raciocínio"
Ultimamente tenho um certo receio de olhar as notícias. Quase diariamente se ouve mais uma crueldade, um comentário infantil, uma mentira ou uma ameaça do presidente Jair Bolsonaro ou de um de seus ministros. É desesperador, é frustrante, é de sentir vergonha alheia. É também de dar medo.
O trágico é que estamos vivendo um momento-chave da história. Se a humanidade não agir depressa e coletivamente, dentro de não muito tempo viveremos uma reviravolta inimaginável. O mundo como existe hoje se transformará dramaticamente.
Quem diz isso não são teóricos da conspiração, mas sim instituições científicas de todo o mundo. É consenso entre os especialistas: a mudança climática global está chegando! A questão é só com que força vai se abater. Ela é a maior ameaça a nossa segurança. A situação é de emergência.
É claro que a mudança climática também atingirá o Brasil. No entanto, a maioria dos brasileiros age como se vivesse em outro planeta. Os especialistas dizem que as condições meteorológicas extremas vão se agravar no Brasil. Ficará mais quente e mais seco, vai haver mais secas e carência d'água. Também as tempestades fortes e chuvas apocalípticas aumentarão; graves inundações serão cada vez mais frequentes. Tudo isso já se faz sentir, de forma incipiente.
Nas democracias ocidentais, o consenso é que se atingiu um ponto crítico, e seria necessário agir de forma rápida e decidida. Consenso, com duas grandes exceções: os Estados Unidos e o Brasil. Lá, quem governa é a vulgar nova direita, que declarou a mudança climática uma invenção da esquerda.
O colunista Philipp Lichterbeck vive no Rio desde 2012
De que o presidente do Brasil se ocupou nas últimas duas semanas? Uma seleção aleatória:
– Ele elogia o trabalho infantil.
– Ele nega a fome no Brasil.
– Ele ofende o Nordeste.
– Ele não conhece os dados das repartições governamentais sobre o desmatamento da Amazônia. Quando é informado sobre eles, diz que são falsos.
– Ele quer tornar seu filho embaixador nos Estados Unidos, "porque pretendo beneficiar filho meu, sim".
– Ele distribui "abraços héteros".
– Ele divulga o Instagram da esposa para ter "alguma recompensa hoje em casa".
– Ele ameaça o jornalista de renome mundial Glenn Greenwald de "pegar cana no Brasil".
– Ele tacha de "idiotas" as perguntas sobre o uso de verbas públicas no casamento de seu filho.
– Ele anuncia que quer explorar as terras indígenas protegidas pela Constituição.
– Ele ataca da pior maneira possível o presidente da OAB e sua família.
– Ele corta os cabelos ao vivo.
Com seu sadismo, sua infantilidade, sua fanfarronice, sua preguiça intelectual e suas mentiras, Bolsonaro domina o discurso no dia a dia do Brasil. Uma das muitas desvantagens dos sistemas presidencialistas do continente americano é uma só pessoa poder definir a agenda de todo um país. Pois: e se essa pessoa não bater muito bem da bola?
O ser humano é um animal altruísta, que deve seu sucesso no planeta, acima de tudo, à cooperação. Provavelmente, todos os leitores concordam com essa frase. Portanto, a grande questão é: por que somos cada vez mais governados por psicopatas?
Uma sociedade é sempre bem-sucedida quando reconhece desafios, procura soluções e as implementa – essa sempre é uma enorme chance de progresso e crescimento. A mudança climática é um desses desafios, ela exige que raciocinemos diferente. Faz parte da tragédia de nossa época as duas maiores e mais populosas nações das Américas serem governadas por homens condicionados pelo velho raciocínio, respectivamente, raciocínio nenhum. Eles vivem em mundos paralelos, onde a mudança climática não acontece.
Em sua obra Colapso, o biólogo e evolucionista americano Jared Diamond enumera alguns fatores importantes que contribuíram para o ocaso de sociedades, na história. Entre eles: ignorância diante de problemas existenciais como carência d'água ou desflorestamento; fanatismo religioso ou político; conflitos internos graves; líderes com mais interesse na manutenção de poder no curto prazo do que em mudanças de longo prazo. Soa familiar?
O Brasil é o quinto maior emissor de gases do efeito estufa do mundo, atrás apenas de China, EUA, Rússia e Índia. Cerca de 75% das emissões do Brasil estão associadas a usos da terra, como agropecuária e sobretudo desmatamento. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o desmatamento avança rapidamente em 2019. A devastação das florestas cresceu 54% entre janeiro e julho, em relação ao mesmo período em 2018.
O governo do Brasil não quer reconhecer isso. Jair Bolsonaro prefere chamar os dados de "mentiras". A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, diz: "Não podemos cair nessa histeria." O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirma que a Amazônia tem "desmatamento relativo zero" e faz propaganda no Twitter para a montadora americana Chevrolet.
Na mudança climática, a questão não são as asneiras e vaidades de Jair Bolsonaro ou Donald Trump. Os interesses especiais dos seus ministros. Ou esquerda ou direita. A questão somos todos nós.
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Philipp Lichterbeck queria abrir um novo capítulo em sua vida quando se mudou de Berlim para o Rio, em 2012. Desde então, ele colabora com reportagens sobre o Brasil e demais países da América Latina para os jornais Tagesspiegel (Berlim), Wochenzeitung (Zurique) e Wiener Zeitung. Siga-o no Twitter em @Lichterbeck_Rio.
O presidente americano dá um ultimato ao nosso país: se não cessar o "desmatamento destrutivo" em uma semana, os EUA iniciarão um bloqueio naval ao Brasil e lançarão ataques aéreos para destruir infraestrutura estratégica brasileira.
A data hipotética é 5 de agosto de 2025. O Brasil continua a ter um governo que defende ampliar as atividades econômicas na Amazônia e que questiona a utilidade da proteção ambiental. E, por isso, está prestes a ser atacado pelos Estados Unidos, que já não são mais governados por Donald Trump.
O presidente americano dá um ultimato ao nosso país: se não cessar o "desmatamento destrutivo" em uma semana, os EUA iniciarão um bloqueio naval ao Brasil e lançarão ataques aéreos para destruir infraestrutura estratégica brasileira.
Curiosamente, a China, que se tornou alvo de críticas e desconfiança por parte de integrantes do governo Bolsonaro, é a maior potência a intervir a favor do Brasil. O gigante asiático e maior parceiro comercial do Brasil diz que vetará qualquer proposta de intervenção armada aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Mas isso não detém os EUA, que dizem já contar com uma ampla "coalizão de nações preocupadas", preparada para dar suporte às ações lideradas pelo governo americano.
Claro que esse é um cenário inventado - e polêmico. Mas seria verossímil?
Ele foi criado pelo professor de Relações Internacionais da Universidade de Harvard Stephen M. Walt, num artigo publicado n segunda-feira (5) na revista online Foreign Policy.
Walt, autor de livros sobre a política externa americana, a força do lobby israelense nos EUA e as ligações entre revoluções e guerras, e formulador da "teoria do equilíbrio da ameaça", reconhece que se trata de um cenário exagerado. Mas o objetivo central do artigo é questionar se é ou não possível justificar com regras do Direito Internacional ataques e sanções ao Brasil com base no argumento de que a destruição da Amazônia é um problema de todos.
A pergunta que Walt faz é a seguinte: "Os países tem o direito - ou até a obrigação - de intervir numa nação estrangeira para preveni-la de causar dano irreversível e potencialmente catastrófico ao meio ambiente?".
Governo Bolsonaro
O professor americano diz, no artigo, que resolveu levantar esse questionamento diante do fato de Jair Bolsonaro estar "acelerando o desenvolvimento na Amazônia" e colocando em risco "um recurso global" crucial.
A capa desta semana da revista britânica The Economist traz a imagem de um toco de árvore com o formato do mapa do Brasil. O título é: "Vigília da morte para a Amazônia".
Já o americano Washington Post publicou nesta segunda (5) um editorial dizendo que "a vontade de Bolsonaro de destruir a Amazônia é um problema de todos". E o The New York Times publicou, no dia 28 de julho, artigo com o seguinte título: "Sob líder de extrema direita brasileiro, proteções à Amazônia são cortadas e florestas caem".
"Como vocês com mais apreço pela ciência que Bolsonaro sabem, a floresta tropical é importante tanto na absorção de carbono quanto na regulação da temperatura, além de ser fonte-chave de água fresca", explica Stephen M. Walt, na Foreign Policy.
O professor de Harvard lembra que cientistas apontam que o desmatamento da Amazônia pode levar à criação de um deserto na região e reformula a frase sobre as possibilidades de intervenção estrangeira no Brasil:
"O que a comunidade internacional pode (ou deve) fazer para prevenir um presidente brasileiro mal orientado (ou líderes políticos de outros países) de adotar medidas que podem prejudicar a todos nós?"
Exceções à soberania
Walt afirma que a soberania dos países é um elemento crítico do sistema internacional. "Com algumas exceções, os governos são livres para fazer o que quiserem dentro das suas fronteiras."
Entre as exceções, estão casos em que o Conselho de Segurança da ONU autoriza intervenção militar e em que um ataque é necessário para a "autodefesa" de uma nação.
A possibilidade mais controversa, porém, se baseia na chamada doutrina da "responsabilidade de proteger", que legitima uma intervenção humanitária quando um governo é incapaz ou se nega a proteger a própria população.
Mas Walt lembra que, por mais que existam essas possibilidades, a grande maioria dos países resiste à tentação de intervir ou de admitir qualquer interferência estrangeira em seus territórios.
"Embora a destruição da Amazônia represente uma clara e evidente ameaça a vários outros países, dizer ao Brasil para parar com isso e ameaçar intervir para deter, punir ou prevenir isso, seria um jogo completamente novo", afirma o professor de Harvard.
"E eu não pretendo só destacar o Brasil. Também seria um passo radical ameaçar os EUA e a China se eles se recusassem e emitir tantos gases poluentes."
Por enquanto, intervenção soa dramático, mas e num futuro próximo?
Walt diz que, se no momento a hipótese de um ataque ao Brasil soa exagerado ou dramático, no futuro pode se tornar mais provável que nações se disponham a intervir num país caso as previsões sobre as consequências do aquecimento global se confirmem.
Mas ele afirma que existe um "paradoxo cruel". "Os países que são os maiores responsáveis pelas mudanças climáticas são, também, os menos suscetíveis à coerção, enquanto os Estados que potencialmente podem ser mais pressionados não são as principais fontes do problema", diz.
Walt destaca que os cinco maiores emissores de gases poluentes são China, Estados Unidos, Índia, Rússia e Japão - quatro deles (os primeiros) são detentores de armas nucleares.
"Ameaçar qualquer deles com sanções possivelmente não vai funcionar e ameaçar com uma intervenção armada é completamente irrealista", destaca o professor de Harvard.
"Além disso, não é provável que o Conselho de Segurança autorize o uso da força contra Estados mais fracos, porque os membros permanentes do órgão não vão querer estabelecer esse precedente."
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU são China, EUA, Rússia, França e Reino Unido.
Brasil não é 'grande potência', mas...
Walt destaca que as ações do governo brasileiro contra a Amazônia podem ser uma ameaça a todo o planeta. "Mas o Brasil não é nenhuma grande potência. Ameaçá-lo com sanções econômicas ou o uso da força caso se recuse a proteger a floresta poderia funcionar", diz.
Mas uma eventual intervenção poderia ser encarada como precedente para ataques a outros países. Por isso, dificilmente o Conselho das Nações Unidas autorizaria algo assim.
O professor de Harvard ressalta que, ao criar essas hipóteses, não está "recomendando esse tipo de ação nem agora nem no futuro". "Estou só destacamento que o Brasil pode ser mais vulnerável a pressões que alguns outros países."
Outras medidas possíveis
Walt lembra que há outros remédios para esse problema, como sanções unilaterais de comércio a países que sejam irresponsáveis no cuidado com o meio ambiente. Além disso, as pessoas sempre podem organizar "boicotes voluntários" contra empresas que não adotem boas práticas.
"Alguns países já caminham para essa direção e é fácil imaginar essas medidas se tornando mais difundidas conforme os problemas ambientais se multiplicam", diz.
"Alternativamente, os países com territórios sensíveis às mudanças climáticas podem ser remunerados para preservá-los em prol de toda a humanidade."
Essa última hipótese é defendida pela maior parte dos países emergentes, inclusive o Brasil, que criticam o fato de países ricos cobrarem ações de nações mais pobres, sem compensá-las pelos esforços de proteção ambiental.
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