terça-feira, 6 de agosto de 2019

DÍVIDA MUNDIAL


Notas de dólares norte-americanos

Situação crítica? Bomba de US$ 246 trilhões plantada sob economia global está prestes a explodir

ECONOMIA
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A dívida mundial, estimada em US$ 246 trilhões (R$ 944 trilhões), atingiu seu recorde absoluto. Esse valor representa mais de três vezes o PIB global, ou seja, o preço de todos os produtos e serviços do planeta.
Os economistas alertam que, quando a bomba de vários trilhões de dólares plantada sob a economia mundial explodir, a crise será pior do que em 2008, opina a colunista da Sputnik Natalia Dembinskaya.

Origem da dívida

Segundo um relatório publicado pelo Instituto de Finanças Internacionais (IIF), a maior associação de bancos do mundo, no primeiro trimestre do ano passado, a dívida global aumentou em três trilhões de dólares e bateu outro recorde: US$ 246 trilhões, o que representa quase 320% do PIB mundial.
Nos países desenvolvidos, o volume de empréstimos aumentou em US$ 1,6 trilhão (R$ 6,1 trilhões), para US$ 177 trilhões (R$ 679 trilhões), sendo a principal contribuição a dos EUA, onde a dívida atingiu US$ 69 trilhões (R$ 264 trilhões). Destes, US$ 22 trilhões (R$ 84 trilhões) são empréstimos governamentais, que continuam a acumular-se devido ao apetite irreprimível do governo federal.
Em julho, o Centro de Política Bipartidária (BPC) do EUA lembrou que Washington estava em perigo de inadimplência, previsto para setembro. Devido a isso, os parlamentares aumentaram novamente o teto da dívida, permitindo dessa forma que o governo se endividasse ainda mais.
De acordo com o Departamento do Tesouro dos EUA, os créditos contraídos excederão um trilhão de dólares pelo segundo ano consecutivo.
Na opinião dos analistas do IIF, a enorme e incontrolável dívida é resultado das políticas irresponsáveis dos bancos centrais, que estão viciados em imprimir dinheiro e distribuir empréstimos.

De quem é a culpa?

O instituto financeiro ressalta que os mercados emergentes foram os que mais contribuíram para o aumento da dívida global, cujo valor ultrapassou US$ 69 trilhões, o que corresponde a 216,4% do PIB.
O maior crescimento relativo do endividamento foi registado em países como o Chile, Coreia do Sul, Brasil, África do Sul e Paquistão. Tendo obtido acesso livre aos mercados de capitais, os países em desenvolvimento aumentaram os seus créditos empresariais em 50% ao longo de duas décadas.
"O problema é que este grupo de mutuários não tem experiência suficiente de gestão da dívida ao longo de vários ciclos econômicos. Assim que a recessão começa, as empresas ficam a braços com créditos, que são difíceis de pagar", explica o instituto financeiro.

Dívida chinesa avassaladora

A economia da China tem vindo a desenvolver-se há décadas à custa de novos empréstimos, resultando no aumento da dívida, que quadruplicou para quase 300% do PIB.
O setor corporativo, dominado por empresas estatais, tomou emprestado US$ 21 trilhões (R$ 80 trilhões), 155% do PIB, o que representa quase dois terços da dívida total. Como comparação, a dívida corporativa do Japão é de 100% do PIB, enquanto a dos EUA é de 74%.
Somente em 2018, 18.000 empresas inadimplentes se declararam falidas na China. O nível de inadimplência foi cinco vezes maior do que em 2015, e um novo recorde está previsto para 2019.
Dólar com bandeira dos EUA de fundo
Dólar com bandeira dos EUA de fundo
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) já destacou que os altos e voláteis níveis de dívida da China ameaçam causar enormes inadimplências corporativas.
"A desaceleração do crescimento e o aumento dos custos de financiamento estão complicando o serviço da dívida e podem conduzir a incumprimentos. Isto terá um impacto negativo na rentabilidade dos bancos e conduzirá a problemas de liquidez", observou a OCDE.

Crise financeira global

Um quadro semelhante, por exemplo, foi observado na véspera da crise financeira global de 2008. Em algum momento, a economia global simplesmente não será capaz de lidar com a enorme e incontrolável dívida.
A próxima crise, como preveem os financistas, será muito mais grave e levará a empobrecimento em massa, enorme instabilidade geopolítica, agitação social e guerras.

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segunda-feira, 5 de agosto de 2019

O assassino genocida Bolsonaro

Dezenas de jovens dispostos a dar a vida pelo país estavam convencidos de que precisavam aprender a usar armas e bombas para mostrar que poderiam derrubar aquele governo como ele mesmo havia feito com o governo anterior. Certa ou errada essa decisão, e ainda que tenham cometido crimes com essa intenção, esse tipo de atividade não é considerada terrorismo e 
A crueldade de um presidente da República
elpais5 de agosto de 2019 11:09


Infelizmente, Bolsonaro continua se comportando como um militar de baixa patente, mau e alinhado com a defesa dos crimes praticados por agentes dos porões

O presidente Jair Bolsonaro. ADRIANO MACHADO (REUTERS)
O presidente Jair Bolsonaro sempre proferiu palavras extremamente ofensivas à memória de mortos e desaparecidos políticos e a seus familiares. Porém, uma vez eleito presidente da República, ele precisaria se conscientizar de que o cargo impõe deveres e não lhe dá o direito de ofender cidadãos e cidadãs, mesmo aqueles que não fazem parte do público que o elegeu.
O seu comportamento nos últimos dias demonstra cabalmente que ele não compreende o caráter republicano do seu cargo, que significa que ele deve governar um país e não para seus eleitores. Ele não assimilou sequer que esse país tem uma Constituição sobre a qual jurou, tem leis e condenações nacionais e internacionais que ele deve cumprir.

MAIS INFORMAÇÕES

Infelizmente, o presidente continua se comportando como um militar de baixa patente, mau e alinhado com a defesa dos crimes praticados por agentes dos porões.
A crueldade da ofensa que Bolsonaro lançou à família Santa Cruz para satisfazer seu desejo de humilhar o presidente de uma das mais importantes instituições brasileiras é típica do comportamento desses agentes e não de um presidente da República. O que ele disse foi uma “contrainformação”, ou seja, uma versão que serve para confundir e manter as famílias das vítimas sob tensão e com receio de reagir para evitar que a reputação de seus entes queridos seja assassinada também. Com isso, a contrainformação desvia o foco das verdadeiras responsabilidades, dificulta as investigações e garante a impunidade.
A dificuldade de Bolsonaro em agir conforme o seu cargo exige é tanta que ele sequer teve o cuidado de dar um verniz de razoabilidade para a versão que ele disse ter “intuído” de sua experiência naquele período. O que ele disse sobre a AP (movimento chamado inicialmente de Ação Popular) ser “sanguinária” não tem o menor fundamento, principalmente no contexto de fatos ocorridos a partir dos anos 70.
O golpe de 1964 foi materializado com a colocação nas ruas de tanques do Exército, com canhões prontos para disparo. Esses tanques passavam entre as pessoas civis que transitavam pelas ruas, inclusive idosos e crianças. As manifestações estudantis de protesto contra o governo que depôs ilegalmente o então presidente eleito, que fervilharam em todo o país nesses anos de 64 e 65, foram combatidas por soldados armados que não hesitaram em atirar nos rostos, peitos e mãos de jovens desarmados.
Data deste período a instituição de movimentos de resistência armada contra a ditadura militar. Dezenas de jovens dispostos a dar a vida pelo país estavam convencidos de que precisavam aprender a usar armas e bombas para mostrar que poderiam derrubar aquele governo como ele mesmo havia feito com o governo anterior. Certa ou errada essa decisão, e ainda que tenham cometido crimes com essa intenção, esse tipo de atividade não é considerada terrorismo e sim resistência.
O terrorismo se caracteriza pela prática de atos criminosos que visam prejudicar, impedir a atuação de um governo legítimo. Não era este o cenário de 1964, portanto, as atividades de protesto contra aquele governo, mesmo ilícitas, não podem ser classificadas como terroristas.
O que é classificado como terrorismo, foi o terrorismo de Estado praticado pelas forças oficiais de segurança, pois, em resposta aos movimentos armados que chegaram a obter a libertação de presos políticos, a violência da ditadura recrudesceu a partir de 1969. A ordem era desmantelar e exterminar os movimentos de resistência mediante a intensificação dos crimes de perseguição, tortura, assassinatos e desaparecimentos forçados.
Em 1970, portanto, grande parte daqueles jovens idealistas já havia sido morta, estava presa ou banida do país. Outros jovens, que ainda eram crianças e adolescentes em 1964, vieram se somar aos que restaram, mas estavam todos acuados. Debatiam entre si sobre como dar continuidade à resistência e foram se dividindo. Alguns insistiram na luta armada e clandestina, mas a maioria optou por manter uma atividade de resistência civil, com a divulgação de panfletos, jornais e conscientização da população sobre a gravidade do que se passava. Este foi o caso da AP que, pelo menos a partir de 1972, tornou-se a APML (Ação Popular Marxista-Leninista). Por isso, seus integrantes são historicamente tidos como intelectuais e não afeitos ao embate corporal.
Logo, é absolutamente inverossímil que, em 1974, quando morreu Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, a AP ou APML seja tratada como violenta. Nesse caso, a crueldade das palavras que o presidente Bolsonaro proferiu sobre os integrantes da AP tem nome e é calúnia. O fato, a critério dos ofendidos, pode dar ensejo a mais um pedido de explicações perante o STF e, eventualmente, a uma queixa-crime.
A exoneração sumária de pessoas que ocupavam funções de uma maneira que o incomodou, como ocorreu com a minha exoneração e a do diretor do INPE, por outro lado, não pode ser classificada como cruel. Somos pessoas com muitos anos de experiência profissional e, para nós, é possível aceitar o fato sem nos deixar atingir emocionalmente. Mas o mesmo não ocorre com as pessoas que tinham nesses espaços suas poucas esperanças de que estado brasileiro continuaria cumprindo suas funções.
As exonerações sumárias efetivadas por Bolsonaro foram cruéis com as pessoas e comunidades que dependiam desses órgãos, que hoje se sentem expostas e apreensivas. No caso da Comissão sobre Mortos, temos recebido todos os dias manifestações sofridas de familiares preocupados com a preservação de restos mortais, de amostras genéticas e com o uso indevido de seus dados íntimos e privados. Para dizer o mínimo, é cristalino que estes atos vingativos do presidente da República são incompatíveis com o princípio da moralidade administrativa, cuja defesa pode ser feita em ações civis e até em ações populares.
A bondade não é um requisito escrito para que alguém possa governar um país, mas é exigido de qualquer servidor público que aja com lealdade, urbanidade, ética, respeito às leis e instituições e até que se apresente dignamente vestido em público. A crueldade demonstrada por Jair Bolsonaro no episódio relativo a Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira revela o descumprimento de todos esses deveres.
Eugênia Augusta Gonzagaé Procuradora Geral da República e ex-presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.
Mais informações

domingo, 4 de agosto de 2019

vejo Bolsonaro como um extremista perigoso, aspirante a autoritário e propenso a piorar o problema da corrupção no Brasil.

Bolsonaro e seus aliados estão no poder, e minha visão é que é altamente provável que eles também estarão, ou já estiveram, envolvidos em grave corrupção.

É fato que políticos no futuro ataquem investigações anticorrupção dessa forma. E pelo menos no futuro próximo, estes políticos serão mais provavelmente da direita do que da esquerda.

Para lutar contra um demagogo como Bolsonaro, a oposição precisa manter sua atenção nos vários erros e abusos da sua administração e oferecer uma visão alternativa convincente que ressoe entre os eleitores. 

Que fique claro: jornalistas investigativos têm o direito e a obrigação de publicar material que julguem que o público tem o direito de saber, sem levar em consideração quem a reportagem vai ajudar ou prejudicar politicamente.

sábado, 3 de agosto de 2019

FATO

Ao longo da história mundial, a linguagem que tira a dignidade das pessoas, na boca de autoridades ou de agentes com potencial de comunicação em massa, fomentou genocídios de toda ordem.

Uso de linguagem desumanizante gerou genocídios ao longo da história, alerta especialista americano
GGN2 de agosto de 2019 20:47


William A. Donohue, um professor de Comunicação da Universidade do Estado de Michigan (EUA), publicou no site The Conversation um artigo sobre a naturalização do uso de linguagem violenta por Donald Trump que se aplica bem ao que o Brasil está assistindo sob a presidência de Jair Bolsonaro.
O texto lembra como, ao longo da história mundial, a linguagem que tira a dignidade das pessoas, na boca de autoridades ou de agentes com potencial de comunicação em massa, fomentou genocídios de toda ordem.
Um “exemplo trágico” de como a linguagem desumana extrema contribuiu para um genocídio ocorreu em 1994, em Ruanda. À época, a maioria hutu da sociedade usava uma estação de rádio popular para se referir aos membros da tribo tutsi, uma minoria, como “baratas”. “Como o apoio a essa caracterização cresceu entre os hutus, ela essencialmente eliminou qualquer obrigação moral de ver os tutsis como seres humanos. Eles eram apenas vermes que precisavam ser erradicados.”
A história do século XX também revela o mesmo padrão de linguagem desumanizante na preparação do genocídio cometido pelos turcos contra os armênios, onde os armênios eram os “micróbios perigosos”.
Durante o Holocausto, a história não permite que ninguém esqueça, os alemães descreveram os judeus como “untermenschen”: sub-humanos, inferiores.
No final de julho, o presidente dos EUA Donald Trump tuitou que a região de Baltimore era uma “bagunça repugnante, infestada de ratos e roedores” e “nenhum ser humano gostaria de viver lá”. Um jornal local, O Baltimore Sun, respondeu com um editorial à altura: “É melhor ter alguns ratos do que ser um”, era o título.
Para o professor, “quando os desafios são mais severos, a defesa da identidade se torna mais feroz. As vozes aumentam, as emoções aumentam e as pessoas ficam presas em um conflito em espiral, que é caracterizado por um ciclo sustentado de ataque e defesa.”
“Infelizmente, se não houver controles sobre o aumento da linguagem, e as partes começarem a fazer referências que possam ser interpretadas em termos extremos e desumanos, elas podem acreditar que a única maneira de restaurar suas identidades é pela dominação física”, avaliou o especialista em comunicação para resolução de conflitos.
Ele ainda apontou, no caso de Trump, que não é esperado um conflito específico entre o presidente e Baltimore, a ponto de transformar a violência em realidade.
Mas é esse tipo de relação agressiva que pode “tornar mais aceitável que os seguidores [de Trump] usem esse tipo de linguagem” e naturalizem o ódio às vítimas ou minorias que estão sempre na mira do republicano.
A lição de Donohue para os EUA serve para o Brasil sob Bolsonaro: é “simplesmente perigoso” e não é mais possível, conhecendo-se a história, que a sociedade aceite que um presidente encoraje multidões a atacar grupos que não são de sua simpatia.
Falar em expulsar adversários do País, ou trancá-los na cadeia sem processo justo; demonstrar desprezo por determinadas culturas ou regiões do País, tudo isso “estabelece um clima no qual usar linguagem letal e desumanizante parece normal.” Mas não deve ser.
Leia o artigo completo aqui.
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