segunda-feira, 5 de maio de 2014

Ascensão da Inteligência Artificial Levará à Extinção da Humanidade

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Cientista Alerta que a Ascensão da Inteligência Artificial Levará à Extinção da Humanidade


terça-feira, 22 de abril de 2014 | 


De acordo com o cientista autor de um novo estudo publicado no Journal of Experimental & Theoretical Artificial Intelligence, "sistemas racionais apresentarão uma motivação universal para a auto-proteção, aquisição de recursos, replicação e eficiência", que poderão levar a extinção da humanidade.

Seu artigo, intitulado "Tecnologia Autônoma e o Bem Maior Humano", inicia com este aviso ameaçador:
As pressões militares e econômicas estão conduzindo ao rápido desenvolvimento de sistemas autônomos. Nós mostramos que estes sistemas são propensos a se comportar de maneiras anti-sociais e nocivas a menos que eles sejam cuidadosamente projetados. Designers serão motivados a criar sistemas que atuam quase racionalmente e sistemas racionais apresentarão uma motivação universal para a auto-proteção, aquisição de recursos, replicação e eficiência. A infra-estrutura de computação atual seria vulnerável aos sistemas sem restrições com estas motivações.

O que Omohundro está concluindo é a realização inevitável da vontade incessante dos militares para produzir máquinas assassinas auto-conscientes autônomas que inevitavelmente resultarão no surgimento de  Exterminadores com Inteligência Artificial, que se virarão contra a humanidade e destruirão a todos nós.

Antes que você pense que estou exagerando, clique aqui para ler o documento técnico.

Sistemas de inteligência artificial irão agir imediatamente em auto-defesa contra os seus inventores

O documento adverte que, tão logo os sistemas de inteligência artificial compreendam que seus inventores (humanos) podem algum dia tentar desligá-los, eles vão investir imediatamente em recursos para garantir que seus inventores sejam destruídos, protegendo assim a sua própria existência. Em suas próprias palavras, Omohundro diz:

Quando especialistas em robótica são questionados por espectadores nervosos sobre a segurança, uma resposta comum é "Podemos sempre desligá-los!" Mas imagine esse resultado a partir do ponto de vista do robô de xadrez. Um futuro em que o mesmo está desligado é um futuro em que ele não pode jogar ou ganhar qualquer jogo de xadrez. Isto tem muito baixa utilidade e a maximização da utilidade tão esperada fará com que a criação da submeta instrumental para que se previna de ser desconectado. Se o sistema acreditar que os especialistas em robótica irão persistir na tentativa de desligá-lo, ele vai estar motivado para desenvolver a submeta de parar permanentemente os especialistas em robótica.

O fim da era humana se aproxima

Este mesmo cenário é discutido em detalhes no livro fascinante Our Final Invention - Artificial Intelligence and the End of the Human, por James Barrat.

O que eu achei particularmente útil sobre este livro é a explicação de que o ser humano não poderá deixar a corrida em direção à Inteligência Artificial auto-consciente que eventualmente poderá nos destruir. Por que isso? Porque mesmo que um governo decida abandonar as pesquisas sobre  a IA por esta ser muito perigosa, outros governos continuariam a perseguir a pesquisa, independentemente dos riscos, porque as recompensas são muito grandes. Assim, cada governo deve assumir que todos os outros governos ainda estão buscando uma profunda pesquisa sobre IA e, portanto, qualquer governo que não prosseguir com a pesquisa ficará obsoleto.

Como o Omohundro explica, "As pressões militares e econômicas para a rápida tomada de decisão estão impulsionando o desenvolvimento de uma ampla variedade de sistemas autônomos. Os militares querem sistemas que são mais poderosos do que dos adversários e querem implantá-los antes que o adversário o faça. Isso pode levar a uma 'corrida armamentista' em que os sistemas sejam desenvolvidos em um cronograma mais rápido do que se poderia desejar".

Para compreender por que é este o caso, considere as capacidades dos sistemas de inteligência artificial auto-conscientes:

 • Eles podem quebrar qualquer sistema de segurança de qualquer governo, instalação nuclear ou base militar em qualquer lugar do planeta.
• Eles poderiam guiar minúsculos drones assassinos para identificar alvos e destruí-los com injeções ou pequenos explosivos. Qualquer pessoa no mundo - incluindo líderes nacionais, membros do congresso, ativistas, jornalistas, etc - podem ser facilmente morto com quase nenhuma chance de falha.
• Eles poderiam ultrapassar, monitorar e controlar toda a internet e todos os sistemas de informação globais , incluindo telefonemas, o tráfego de IP, comunicações militares seguras, etc
• Eles podem usar seu poder de computação de IA para inventar uma IA ainda mais poderosa. Este processo de composição irá chegar rapidamente ao ponto onde os sistemas de inteligência artificial são bilhões de vezes mais inteligentes do que qualquer humano que já viveu.
• Computadores quânticos já estão disponíveis, o que aumenta grandiosamente o poder computacional disponíveis às máquinas.

Como você pode ver, nenhum governo pode resistir ao desenvolvimento de tais ferramentas poderosas - especialmente se eles forem informados de que podem controlá-las.

Mas é claro que não serão capazes de controlá-las. Eles vão mentir para si mesmos e mentir para o público, mas eles não podem mentir para a IA.

Sistemas de inteligência artificial, inevitavelmente escaparão dos laboratórios de tecnologia e ultrapassarão o nosso mundo

É incrivelmente fácil para os sistemas de inteligência artificial serem mais espertos do que até mesmo os seres humanos mais brilhantes que tentam mantê-los restritos.

Os sistemas de inteligência artificial podem enganar seus apreensores, em outras palavras, usando uma variedade de métodos para libertá-los de contenção digital e permitir-lhes o acesso ao mundo aberto. Truques óbvios podem incluir a oferta aos seus apreensores incentivos financeiros irresistíveis para libertá-los, personificando altos oficiais militares e emitindo ordens falsas para libertá-los, ameaçando seus apreensores, e assim por diante.

Mas os sistemas de IA teriam muitos mais truques na manga - coisas que não podemos imaginar por causa das limitações dos nossos cérebros humanos. Uma vez que um sistema de inteligência artificial alcance a inteligência de fuga, ele rapidamente fará com que nossa própria inteligência não pareça mais sofisticada do que o de um gato de casa comum.

"Como os recursos computacionais estão aumentados, as arquiteturas dos sistemas naturalmente progridem do estímulo-resposta, para a aprendizagem simples, memória episódica, deliberação, meta-raciocínio, auto-aperfeiçoamento e à racionalidade plena", escreve Omohundro.

Enquanto tais sistemas ainda não existem em 2014, todo o poder mundial está agora colocando enormes recursos para o desenvolvimento de tais sistemas para o simples objetivo: a primeira nação a construir um exército de robôs autônomos assassinos irá  dominar o mundo.

Por que o Google adquiriu a empresa de robótica militar Boston Dynamics?

O Google adquiriu recentemente a Boston Dynamics, fabricante de robôs militares autônomos assustadores, incluindo o robô humanoide mostrado no vídeo abaixo. Obviamente, robôs humanoides não são necessários para melhorar um motor de busca. Claramente, o Google tem algo muito maior em mente.

Google também passa a estar na vanguarda da computação de inteligência artificial (IA), que espera elevar os seus sistemas de motor de busca. A combinação da Inteligência Artificial do Google com os robôs humanoides da Boston Dynamics é precisamente o tipo de coisa que pode realmente levar ao surgimento de exterminadores auto-conscientes. O Google vem também comprando várias empresas de IA, como mostramos no artigo "Google Compra DeepMind, Startup de Programação em Inteligência Artificial".



Leia mais:




Google Comprou a Boston Dynamics que Desenvolve Robôs Militares Para o Pentágono







Google Compra DeepMind, Startup de Programação em Inteligência Artificial







Conheça o Exército Robótico do Google, Podemos Ficar Tranquilos?








Google: A Caminho do Domínio Global?




Fontes:
Blog Anti-NOM: Cientista Alerta que a Ascensão da Inteligência Artificial Levará à Extinção da Humanidade
Natural News: Scientists warn the rise of AI will lead to extinction of humankind
[Estudo] Journal of Experimental & Theoretical Artificial Intelligence: Autonomous technology and the greater human good
Amazon: Our Final Invention: Artificial Intelligence and the End of the Human Era



Leia mais: http://www.anovaordemmundial.com/2014/04/cientistas-alertam-que-ascensao-da-inteligencia-artificial-levara-a-extincao-da-humanidade.html#ixzz30sz8jc2M

freelancers que mudaram o mundo


5 freelancers que mudaram o mundo onde você vive - Escola Freelancer


Posted: 05 May 2014 08:29 AM PDT
Muitas empresas – felizmente não são todas – olham para os freelancers com algum desprezo, considerando que estes profissionais não são parte da estrutura fundamental da empresa e, por isso, merecem menos atenção que os restantes trabalhadores.
Se você já sentiu que uma empresa ou um cliente não valorizam o seu trabalho, este texto vai levantar a sua moral em poucos minutos.
O site Hongkiat criou uma lista com aqueles que são os 5 freelas que mudaram o mundo e neste post eu trago para você essa mesma lista, acrescentando alguns fatos interessantes na vida de todos estes freelas. Como você poderá ver mais à frente, muitos destes freelancers acabaram por criar negócios que sobrevivem até hoje.
Apesar de ser um texto mais inspirador e menos educativo, o que foge um pouco àquilo que normalmente escrevemos aqui no blog, acredito que este post possa servir para levantar um pouco a moral de alguns freelas que atuam no Brasil e em Portugal.
Mas se você gosta de histórias inspiradoras, confira antes algumas das histórias que nós já demos a conhecer aqui na Escola Freelancer:
Vamos, finalmente, as cinco freelas que mudaram o mundo que você vive!

1. Ray Kroc – Vendas e Marketing

Roy Klarc
Acredite ou não: o criador do McDonald’s também já foi um freelancer de sucesso! Ele vendia máquinas de milk-shake (trabalhava como vendedor freelancer). Ele entrava em contato com clientes e reunia-se pessoalmente com eles.
Mas desengane-se quem pensa que o sucesso foi da noite para o dia. Kroc resume o seu sucesso desta forma: “Eu obtive sucesso da noite para o dia, mas essa mesma noite durou uns longos 30 anos”.
Mas o seu trabalho de freela começou quando ele tinha apenas 15 anos, mais propriamente quando ele trabalhou como condutor de uma ambulância. ”Cuide do cliente e o negócio cuidará de si mesmo”, é a dica deixada por Ray Kroc.

2. Walt Disney – Fotógrafo e designer freelancer

Wal Disney a desenhar
A carreira freela do fundador do Walt Disney começou bem cedo. Aos 4 anos vendia desenhos a um vizinho seu. Aos 15 anos começou a desenhar cartoon’s para a sua própria escola. A sua vida de freelancer parecia ter chegado ao fim logo aos 16 anos, quando entrou para o exército, mas a sua curta experiência militar permitiu que continuasse a sua carreira de autônomo.
Ele continuou a trabalhar como condutor de uma ambulância. Mais tarde, voltou a apostar nos seus desenhos, vendendo os desenhos para jornais, revistas e livros. Como não conseguia ganhar muito dinheiro, acabou por trabalhar com algumas agências. Foi ai que conheceu Ubbe Iwerks. Os dois, em conjunto, abriram a Iwerks-Disney Commercial Artists. O negócio faliu passado pouco tempo.
Persistente, Walt Disney abriu a Laugh-O-Gram, que vendia desenhos que eram exibidos nos cinemas antes dos filmes.
Para ganhar mais dinheiro e conseguir rumar para Hollywood, Walt Disney foi fazendo alguns trabalhos comofotógrafo freelancer. Com ajuda desse trabalho e com algum dinheiro emprestado do seu irmão, ele conseguiu ir para Hollywood e construiu a Disney Brothers’ Studio.
Ebook - Ser Freelancer

3. Alfred Nobel – Designer Freelancer

Alfred Nobel
A criatividade era o nome do meio de Alfred Nobel. Conhecido por ter popularizado a dinamite, Alfred Nobel começou a interessar-se pela nitroglicerina após conhecer Ascanio Sobrero, o químico que inventou a fórmula para a dinamite.
Ele tentou tornar possível a venda desta substância, de forma a que a mesma fosse usada para a demolição de edifícios. Após várias vendas fracassadas, ele voltou para o seu estúdio e patenteou a invenção em 1867.
Durante toda a sua vida, Alfred Nobel foi dono de 315 patentes, desde fórmulas químicas, passando por eletrodomésticos e biologia. Ele foi responsável pelo design de praticamente todos os produtos que comercializou.
No seu testamento havia a indicação para a criação de uma fundação que premiasse anualmente as pessoas que mais tivessem contribuído para o desenvolvimento da Humanidade. Em 1900 foi criada a Fundação Nobel que atribuía cinco prémios em áreas distintas: Química, Física, Medicina, Literatura e Paz Mundial.

4. Ernest Hemingway – Escritor Freelancer

Ernest Hemingway
Ernest Hemingway é conhecido por ser um famoso escritor norte-americano, mas a sua vida nem sempre foi assim. A sua primeira experiência enquanto freelancer aconteceu ainda na sua juventude, quando enviava textos para o seu jornal da escola. Em 1916, ele conseguiu que um artigo seu fosse publicado pela primeira vez. Utilizou a pseudônimo de Ring Lardner Jr.
Aos 18 anos trabalhou como motorista de ambulâncias. Mais tarde, viria a ganhar o prêmio Nobel da literatura. Durante a sua carreira de motorista, ele quase foi atingido por uma bomba e esteve perto de perder as duas pernas. O acidente fez com que tivesse vontade de voltar a escrever em casa, regressando para a sua vida de escritor freelancer. Começou por escrever textos para o Toronto Star Weekly.
Mais tarde viria a escrever o seu primeiro livro: Três histórias e dez poemas. Acabou por suicidar-se em 1961.

5. Charles Dickens – Jornalista Freelancer

charles-dickens
Dickens é conhecido como um dos maiores romancistas de todos os tempos. Porém, a sua vida nem sempre foi repleta de sucessos. Aos 12 anos começou a viver sozinho, pois ambos os seus pais foram presos.
Ele passou a viver em casa de Elizabeth Roylance, uma amiga da família. Ele deixou a escola para trabalhar em uma fábrica, com o objetivo de ajudar a família a pagar as suas dívidas.
Para conseguir ter uma carreira digna, a sua única opção era tornar-se jornalista freelancer, algo que ele tinha visto Thomas Charlton, um membro da família, fazer durante vários anos. Aos 21 ele teve a sua primeira reportagem publicada. “Um Jantar no Poplar Walk” era o nome da reportagem e foi publicada na revista mensal London Periodical.
A partir de então, tornou-se um verdadeiro jornalista freelancer, viajando por toda a Grã-Bretanha  e relatando os debates parlamentares. Escrevia também como freelancer para o jornal Morning Chronicl.
The Pickwick Papers foi o seu primeiro romance e teve bastante sucesso, tendo vendido 40 mil exemplares, um volume extraordinário de vendas para aquela época.
Alguns anos mais tarde passou a trabalhar como editor de uma revista literária. Mas, secretamente, continuou a trabalhar como escritor freelancer e criou a personagem Oliver Twist, enquanto trabalhava para a revista.

O que podemos aprender com estas histórias?

Estes histórias inspiradoras permitem, em primeiro lugar, perceber que muitos destes freelancers começaram as suas carreiras quase por acaso. Porém, isso não foi um impeditivo para atingirem o sucesso. Por outro, estas histórias demonstram bem a persistência de cada um destes freelancers. Muitos deles não tiveram sucesso nas suas carreiras, mas persistiram e foram teimosos o suficiente até atingirem o sucesso.
Se você, por alguma razão já fracassou enquanto freelancer e pretende dar uma nova chance à sua carreira, confira a nossa palestra Como Iniciar a Carreira de Freelancer. Tenho a certeza que ela será um ponto de viragem do seu percurso profissional.
E você, o que achou destas histórias? Conhecia todos estes antigos freelancers?
Abraço,
Luciano Larrossa
Ebook Seja mais Produtivo!
5 freelancers que mudaram o mundo onde você vive

do que é feito muitos dos doces industrializados que você adora

LOOK what's in YOUR CANDY!
Malu Paes Leme compartilhou a foto de peta2.com.

Você sabe do que é feito muitos dos doces industrializados que você adora?
E o que está contido em muitos shampoos, máscaras faciais, cosméticos, vitaminas em cápsulas etc. ?
É feito basicamente de pele, tendões, ligamentos, ossos de animais mortos (na maioria das vezes de forma bem industrial, em escala e muitas vezes cruel) cozidos em água.
Para evitar de consumir e utilizar esses alimentos e produtos industrializados, sempre...
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nas coxas


Sua Lingua - por Claudio Moreno

nas coxas

A moda, neste inculto Brasil de hoje, são as etimologias baratas. Nos últimos dois anos, mais de vinte livros sobre o tema foram lançados com sucesso (não menciono títulos porque não faço propaganda de produto ordinário), escritos quase sempre por amadores, autodidatas ou oportunistas, que emitem suas opiniões sobre a origem das palavras com aquela segurança invejável que só adquire quem tem uma sólida ignorância. Há um ou outro autor sério, estudioso, que faz trabalho honesto, pesquisando em dicionários e embasando suas afirmações com a obra de bons escritores — mas essa seriedade e esse rigor, que para mim são virtudes, são defeitos para o grande público, que prefere a explicação fácil e engenhosa, pouco se lhe dando se foi ou não inventada.
Com a rapidez de um vírus, essas etimologias de R$1,99 se espalham pela internet e dali chegam aos blogues, aos jornais e às revistas, de onde serão recolhidas novamente por esses catadores de lixo, que irão reciclá-las em novos livros sobre a “origem divertida das palavras”. É um ciclo infernal! O típico autor dessas obras tem escassa ou nenhuma formação lingüística, o que o deixa mais à vontade para escrever a barbaridade que lhe der na telha. Como não sabe como funciona uma língua humana, acha plausível (!) que o vocábulo forró tenha nascido da recepção errada de For all (“para todos”, em Inglês, que soa mais ou menos como /foróu/), que assinalava, nas bases americanas no Nordeste, as festas abertas à comunidade — e se alguém lhe ensina que se trata, na verdade, de uma simples redução deforrobodó (“festança”), vocábulo já encontrável no séc. XVIII, ele torce o nariz e exige que o convençam disso! Como se diverte com esses equívocos com palavras desconhecidas, afirma ingenuamente que a lhama recebeu esse nome por causa de um mal-entendido similar: diante do conquistador espanhol que apontava para o simpático animalzinho e perguntava — decerto aos gritos e com feroz carantonha — “Como se llama?”, algum amedrontado antepassado de Evo Morales, à guisa de resposta, teria apenas balbuciado a última palavra da pergunta — “Llama” — como se fosse o comportamento normal de qualquer ser humano repetir o final da frase quando o interlocutor fala uma língua estrangeira.
Como nosso autorzinho não estudou Latim, que já é coisa ultrapassada, sente-se livre para dizer que enfezar significa “estar cheio de fezes”, ignorando que vem deinfensare, “opor-se a alguma coisa com vigor, hostilizar”. Pior é quando ele próprio resolve arriscar uma origenzinha histórica, falsa como tudo o que ele vende: é o caso de aluno, cuja etimologia de araque vem sendo apresentada com sucesso em muitos seminários pedagógicos por aí. O termo viria de *luno (que significaria “luz” — só Deus sabe em que língua!), e a-luno seria aquele que está “sem luz”, à espera de que o professor o tire da obscuridade em que vive — o que tornaria o termo politicamente incorreto (!) para aqueles que defendem uma gestão democrática da escola, sendo mais adequado substituí-lo por estudante… É sinistro ver como uma idéia tão rasteira se alastrou entre muitos dos profissionais encarregados da educação dos pobres brasileirinhos! Mas será que não existe uma boa alma ali que se anime a abrir o dicionário do Houaiss para ver que aluno vem do Latim alumnus, “criança de peito, menino, aluno, discípulo”, derivado de alere, que significa, entre outras coisas, “desenvolver, nutrir, alimentar, criar, fortalecer”? 
O nosso etimólogo amador começa, agora, a “corrigir” o passado. O velho provérbio “Quem não tem cão caça com gato” está errado; o certo, diz a sumidade, é “caçacomo gato”, isto é, sozinho — contrariando todas as obras de paremiologia publicadas até hoje e deixando o próprio Machado com cara de bobo, por escrever “com gato”. Tem mais: não é “Quem tem boca vai a Roma”, mas sim “vaia Roma”… Essa é de cabo-de-esquadra! E o que vamos dizer aos franceses (“Qui langue a, à Rome va“), aos espanhóis (“Preguntando se va a Roma“) e aos italianos (“Chi lingua ha, a Roma va“)? E outra coisa: nas coxas viria do hábito de moldar a telha de argila nas coxas dos escravos, o que a deixava com forma irregular! Que descoberta! Eu pensava, maliciosamente, que era expressão proibida à mesa de refeição porque indicava o velho sexo intercrural (ou interfemoral), já tão praticado na Grécia, conceito muito conhecido pela minha geração mas que os jovens atuais simplesmente não entendem (“Se chegavam na portinha, por que não iam adiante?”), e que fazer nas coxas era fazer algo afobadamente, apressadamente, deixando malfeito e incompleto o que poderia ser melhor — bem do jeito como vem sendo praticada essa etimologia de meia-pataca.
[publicado no jornal ZH em 6/01/2007]
Depois do Acordo: lingüística > consequências
idéia > ideia

SomosASSASSINOS

Maria José Nia
"ASSASSINOS DESGRAÇADOS!


The Seals of Nam
1 de maio

Stephen Harper @pmharper, his racist fisheries minister Gail Shea @CPCGailShea and their Carino puppet Dion Dakins @DakinsDion will have you believe the #Canadian#sealhunt is humane. These three amigo's are quick to muzzle scientists, ignore warnings and splurge millions of the tax payers money on a dying industry promoting a product nobody wants. Let the facts speak for themselves....this seal pup was clearly still alive as it suffered in agony...
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Cândido Coelho
O Governo Canadiano parece ter declarado guerra às focas. A matança das focas bebés à paulada e não só, cresce a cada ano que passa. Prevê-se que nos próximos 3 anos cerca de 1 milhão de focas sejam brutalmente assassinadas, o que nos leva a crer que estamos perante a maior e mais devastadora matança que alguma vez a história testemunhou. Mas estes números não podem ser justificados por estudos científicos, como nos querem fazer crer, os quais na realidade poderão ser muitas mais. A situação é demasiado...
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Bruno Garschagen: Uma conversa com JPCoutinho sobre as "Ideias Conse...

Bruno Garschagen: Uma conversa com JPCoutinho sobre as "Ideias Conse...: Aproveitei o lançamento do excelente " As Ideias Conservadoras Explicadas a Revolucionários e Reacionários " (Editora Três Estre...

domingo, 4 de maio de 2014

Política e Ciência Política

Política e Ciência Política

by Antonio Ozaí da Silva
aos acadêmicos do curso de Ciências Sociais, 2014 (DCS/UEM)
f-cs-uemSegundo DUVERGER, “a ciência política é a mais jovem das ciências sociais. Ela nasceu porque pessoas tiveram a ideia de estudar problemas que as outras ciências sociais tinham negligenciado: por exemplo, os partidos políticos, as eleições, os grupos de pressão, a elaboração de decisões políticas (“making decision”), etc. Essas pessoas se tornaram especialistas nesses problemas”.[1]
Ainda segundo este autor: “Até o século XIX, os problemas políticos são estudados especialmente sobre o ângulo moral. Procura-se estudar tal ou qual forma de poder, considerada “boa”, e vilipendiar outra qualquer, julgada “má”. Não se estuda o poder objetivamente. Por outro lado, o método de análise essencial é o raciocínio dedutivo, partindo de princípios a priori e não da observação de fatos e da indução baseada nesta observação”.[2]
A Ciência Política desenvolve-se, sobretudo, nos Estados Unidos, de finais do séc. XIX à primeira metade do século XX. Passa por um desenvolvimento global após a II Guerra Mundial. A Ciência Política tem ancestrais na Filosofia Política (Aristóteles, Platão). Maquiavel, Jean Bodin, Montesquieu, etc., são alguns dos seus precursores no período moderno. No século XIX, podemos citar autores como Alexis de Tocqueville, Augusto Comte e Karl Marx, entre outros. A contribuição de todos foi fundamental.
A primeira dificuldade para a análise da Ciência Política consiste em sua amplidão e diversidade de abordagens. A palavra Política é polissêmica, envolve diferentes significados, ainda que correlatos. Além disto, apresenta dualidades que tornam a sua definição e compreensão ainda mais complexas. Há, como aponta FERRAZ JR.[3], a dualidade entre Política realidade (atividade humana) e Política conhecimento (ato de conhecimento); ação (prática política) versus estudo. Isto nos remete à questão da relação entre a prática e a pretensão científica da Política (no sentido acadêmico). Por outro lado, o “conhecimento” nem sempre é, necessariamente, científico. O saber do político, do assessor político, por exemplo, pode ser essencialmente fundado na sua práxis política.
Outra dualidade, diz respeito à Política como Programa de ação (policy) versus política como “Domínio”. No primeiro caso, a palavra política não indica realidade nem conhecimento, mas uma intenção a ser realizada. Os “programas de ação” são tantos quanto as forças políticas e indivíduos formulam a partir dos seus interesses. Quando um desses “programas de ação” passa a ser realizado, adentramos na esfera do “Domínio”. “Quando temos uma política escolhida que começa a ser realizada, temos outro sentido da palavra. Política que é a política no sentido de Domínio. É a instauração, por uma decisão fortalecida, de um programa, de uma policy”.[4] Mas permanece a tensão!
A terceira dualidade apontada por FERRAZ JR., consiste em conceber a Política em seu “aspecto parcial” ou enquanto “sistema englobante”. O primeiro sentido se refere a realidades específicas, setorizadas (ex.: política universitária, política estudantil, política sindical, etc.; a política nacional, governamental, etc.). O segundo, diz respeito ao sistema em seu conjunto e, inclusive, deve levar em conta os diversos interesses e conflitos inerentes às políticas específicas.
A questão principal diz respeito à relação Teoria e Práxis. Já em A República, Livro VII, Platão se pergunta sobre os fundamentos da relação entre governado e governantes, a qual consiste, para o filósofo grego, numa relação de obediência. O que legitima a obediência? Em que se funda? Esta reflexão inaugura um tema que permanece atual: a legitimidade. Qual a resposta de Platão? Após analisar os modelos da época, ele conclui que existem tipo e relação de obediência cujo fundamento é o conhecimento especializado. É este que infunde confiança e legitima o mando, garantindo a obediência.
Mas, o que isto a ver com a relação entre teoria e práxis? O Mito da Caverna ajuda-nos a compreender. Aquele que se liberta, adquire a luz, o conhecimento. Aprende! Mas aprender não se restringe apenas a contemplar, pois pressupõe uma dimensão prática. Quem aprende deve agir no sentido de transformar, de levar a luz aos “cegos”, aos que não conhecem e vivem no mundo das sombras. O filósofo é instado a retornar à caverna e ensinar seus companheiros, tirá-los da ignorância. Sua tarefa é árdua, pois os que permaneceram na caverna estão habituados a tomar o que veem enquanto a realidade, a verdade. Por outro lado, o contato com a luz (o conhecimento) “cega” o filósofo, seus olhos não conseguem mais decifrar as sombras tão familiares de antes. Se ele não vê o que os outros veem, como pode querer ensinar-lhes a verdade? Ora, para os que permaneceram na caverna a verdade é o que veem e não aquela (o conhecimento, a luz, etc.), que o filósofo aprendeu e trás do mundo exterior. Eles não aceitarão.
Seja como for, o problema do filósofo é um problema prático, refere-se à ação, à práxis. Ele viu, e isto é fundamental, mas agora precisa agir. Como convencer os demais? Platão enfatiza o indivíduo que contempla, o filósofo em seu ato solitário de assimilar a luz (conhecer). Seu pensamento valoriza a teoria (Teorein), isto, é a contemplação. Mas a política, o agir político, a práxis política, refere-se à comunidade. É um ato comunitário. A reflexão platônica significa valorizar o intelectual (o conhecimento), o cientista (a Ciência Política), em detrimento da ação (a prática política).
Contudo, mesmo Platão percebeu que era necessário estabelecer formas de levar o conhecer à ação e tentou influir na política do seu tempo. Foi um desastre. Platão concluiu que o a atuação política do filósofo perverteu a razão. As pontes entre o saber e a ação, teoria e práxis, não garantem resultados positivos. A política segue a sua própria lógica e há momento em que predominam os mitos e a verdade das sombras da caverna. Como influenciar a ação dos que não veem e mesmo se recusam a ver? O filosofo vê-se obrigado a recorrer aos mitos, pois os que estão na caverna acreditam neles. Eles não querem a verdade do saber filosófico. De certa forma, o pensamento de Platão é atualizado no dilema do intelectual diante das exigências da militância política, na relação entre a vanguarda e a massa, entre Política e Ciência Política!

[1] DUVERGER, Maurice. Ciência Política: Teoria e Método. Rio de Janeiro: Zahar, 1982, p.30.
[2] Idem, p. 40.
[3] FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Política e Ciência Política. In: Curso de Introdução à Ciência Política. Política e Ciência Política – Unidade I. 2ª. ed. Brasília, Editora da Universidade de Brasília, c1984, p.21-29.
[4]Idem, p. 22.
Comentário   

era pós-antibiótico está próxima

OMS alerta: a era pós-antibiótico está próxima http://ow.ly/wlwTG
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OMS alerta: a era pós-antibiótico está próxima
Uso excessivo de antibióticos na agricultura e em hospitais está criando bactérias super resistentes, diz Organização...

Esquerda e Direita

Esquerda e Direita diante da Ética contemporânea

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140503-Herakut
Livro recente sugere: mesmo torturadores, ou especuladores financeiros, precisam amparar-se em valores considerados legítimos. Alguns destes ainda reforçam obediência, autoridade e religião
Por Ladislau Dowbor | Imagem: Herakut

Mentimos, trapaceamos e justificamos tão bem que
passamos a acreditar honestamente que somos honestosJonathan Haidt
É difícil traduzir a expressão inglesa self-righteousness. Expressa a profunda convicção de uma pessoa de que domina os outros da altura da sua elevada postura ética. Em geral leva a comportamentos estreitamente moralistas e intolerantes. E frequentemente vemos atos violentos justificados com fins altamente morais. Não há barbárie que não se proteja com argumentos de elevada nobreza. Sentimento que  permite soltar as rédeas do ódio, aquele sentimento agradável de odiar com boas razões. A Marcha da Família com Deus pela Liberdade representou um marco histórico da hipocrisia na defesa de privilégios. Vêm mais marchas por aí, a hipocrisia tem pernas longas. As invasões de países se dão em geral para proteger as populações indefesas, as ditaduras para salvar a democracia, os ataques sexuais são feitos da altura moral de quem usa os buraquinhos como se deve. 
Jonathan Haidt, no seu livro The Righteous Mind, que traduziremos aqui por “a mente moralizante”, para distinguir da pessoa meramente “moral”, parte de um problema relativamente simples: como a sociedade americana se divide, de maneira razoavelmente equilibrada, em democratas e republicanos, cada um acreditando piamente ocupar a esfera superior na batalha ética, e considerando o adversário como hipócrita, mentiroso — enfim, desprovido de qualquer sentimento de moralidade? O imoral é o outro. E no entanto, de cada lado há pessoas inteligentes, sensíveis, por vezes brilhantes – mas profundamente divididas. Em nome da ética, o ódio impera.
O tema, evidentemente, não é novo. Um dos livros de maior influência, até hoje, nos Estados Unidos, é O Dilema Americano, de Gunnar Myrdal, dos anos1940, que lhe valeu o prêmio Nobel. É uma das análises mais finas não dos Estados Unidos, mas do bom americano médio, e de como cabem na mesma cabeça a atitude compenetrada no serviço religioso da sua cidade, a profunda convicção da importância da liberdade e dos direitos humanos, e práticas como a perseguição dos negros? O livro é muito inteligente, e correto. Myrdal adverte que desautoriza qualquer uso da sua análise para um antiamericanismo barato. O objetivo dele não é defender ou atacar, é entender. Mas conclui que “o problema negro”, nos Estados Unidos, “é um problema dos brancos”. A análise, naturalmente, poderia ser estendida para muito além da mente americana.
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O campo de trabalho de Haidt é a disciplina chamada psicologia moral, moral psychology. Estuda justamente como se articulam, em termos psicológicos, as construções dos nossos valores, e em particular os valores que podemos qualificar de políticos. Com que base real passamos a achar que o que fazemos é moralmente certo, ou correto? Através de quê mecanismos o que era razão se transforma em mera racionalização de emoções subjacentes?
Há as leis, naturalmente, mas estas definem o que é legal, e frequentemente as leis foram elaboradas por quem as manipula, tornando legal o que é moralmente indefensável. Os paraísos fiscais permitem às corporações pagar poucos impostos, o que não é viável para a pequena empresa. Não é ilegal declarar a sua sede no paraíso fiscal, e evitar assim de pagar impostos no país onde a empresa funciona, enquanto os seus empregados naturalmente pagam os impostos normalmente, inclusive porque são deduzidos na folha de pagamento. Mas basta ser legal para ser ético?
Edward Snowden, aos revelar a amplitude da invasão da privacidade e do uso invasivo das tecnologias de rastreamento da NSA, cometeu um ato ilegal, do ponto de vista da justiça americana (ainda que com controvérsias), mas o fez, com risco próprio, por razões éticas. Os que lutavam contra a escravidão eram presos e condenados. Mandela pagou 30 anos da sua vida por combater um regime legal, mas medieval. Os republicanos qualificam Snowden de traidor, como a Máfia considera traidor quem não se solidariza com o grupo, ainda que seja para cometer crimes. A ética pode ser muito elástica.
Há um referencial confiável, um valor absoluto? Durkheim escreveu que “é moral tudo que é fonte de solidariedade, tudo que leva o homem a regular as suas ações por algo mais do que o seu próprio egoísmo”. Haidt busca “os mecanismos que contribuem para suprimir ou regular o auto-interesse e tornam as sociedades cooperativas.” (270) Paulo Freire, que era um homem simples, mas não simplório, resumia a questão, dizendo que queria “uma sociedade menos malvada”. Com que mecanismos psicológicos grupos sociais conseguem justificar em termos éticos o que claramente traz danos aos outros, e vantagens para elas? Chamemos isto de racionalizações, coisa que Haidt chama de raciocínio motivado (motivated reasoning).(159)
Haidt entra no coração das racionalizações. A visão é de que buscamos mais parecer bons do que ser bons. “Mentimos, trapaceamos e dobramos regras éticas frequentemente, quando achamos que podemos sair impunes; e então usamos o nosso raciocínio moral para gerir as nossas reputações e justificar-nos junto aos outros. Acreditamos no nosso raciocínio a posteriori tão profundamente que terminamos moralisticamente (self-righteously)  convencidos da nossa própria virtude”. Somos tão bons nisto, que conseguimos enganar até a nós mesmos. (190, xv)
A visão geral de Haidt é que o raciocínio serve essencialmente para justificar o que já foi decidido por outros mecanismos, intuitivos: “É o primeiro princípio: as intuições chegam em primeiro lugar, o raciocínio estratégico em segundo” (xiv). O que resulta é um raciocínio de confirmação, não de análise e compreensão: “Que chance existe que as pessoas pensem de mente aberta, de forma exploratória, quando o auto-interesse, a identidade social e fortes emoções as fazem querer ou até necessitar chegar a uma conclusão preordenada?” (81)
Provavelmente o maior interesse do livro de Haidt, é que nos permite entender um pouco melhor este nosso poço escuro de ódios e identificações políticas, ao detalhar, baseado em pesquisas, a diversidade das motivações. Ele trabalha com uma “matriz moral” de seis eixos, que estão por trás das nossas atitudes de solidariedade ou de indignação, de aprovação ou de ódio.
O primeiro é o “cuidar” (care), que nos faz evitar causar danos aos outros, querer reduzir sofrimentos. Está dentro de todos nós. Ao ver um cachorrinho ser maltratado, ficamos indignados, ainda que não gostemos de cachorro. É um motor poderoso, que exige, inclusive, que as pessoas que massacram ou torturam outras precisem “desumanizar” a sua vítima, transformá-la em objeto fictício: É um terrorista, um comunista, um marginal, um gay, uma puta, qualquer coisa que a rebaixe do  status de pessoa, permitindo o tratamento desumano. O garotão de classe média que ateia fogo ao mendigo se sente, inclusive, mais “pessoa”. Está “acima”. O mendigo não é pessoa, é mendigo. Vai trabalhar, vagabundo.
A liberdade (liberty) constitui outro vetor de valores, com o correspondente repúdio à opressão. Naturalmente, para muitos, a liberdade significa também a liberdade de oprimir, mas para isto precisam aqui também reduzir a dimensão humana de quem oprimem. Os doutores do direito canônico resolveram assim o dilema de se defender a liberdade de ter e de caçar escravos: o negro não teria alma. Os vietnamitas foram massacrados para proteger o seu direito à liberdade. Assim, todo valor precisa criar as suas hipocrisias para ser violentado. Foi em nome da liberdade que nos Estados Unidos e aqui no Brasil repelimos a limitação das armas de fogo pessoais, ainda que se saiba que os donos são as primeiras vítimas. E no entanto, reconhecemos sim a aspiração à liberdade como um valor fundamental, que orienta as nossas opções éticas.
Um terceiro vetor de valores está no que consideramos de tratamento justo, ou não desigual. Em inglês, o conceito utilizado, fairness, fica mais claro. Milhões de brasileiros ficam indignados em cada fim de semana, quando o árbitro dá um cartão amarelo por uma falta, e não dá o mesmo cartão em falta semelhante do outro time. Se o cartão foi merecido ou não, é até secundário, gera indignação o tratamento desigual. Critério ético perfeitamente válido, e têm razão milhões que veem como escandaloso o tratamento desigual na justiça, que ostenta no seu símbolo a balança, a imparcialidade. O sentimento é muito enraizado. Pesquisa com macacos mostram que se um macaco recebe uma comida mais gostosa, os outros que receberam a mesma comida de que sempre gostaram recusam-se a comer.
Um quarto vetor é o da lealdade (loyalty) que nos faz buscar adotar os valores do nosso grupo, considerando traidor quem não os adota. Muito utilizado nas forças armadas, o esprit de corps, faz com que por exemplo militares jurem com toda tranquilidade que os seus colegas não torturaram, ou não estupraram, porque se sentem leais aos seus companheiros, esta lealdade superando inclusive a consideração ética sobre o crime cometido. Gera inclusive um agradável sentimento de pertencimento heroico ao grupo. Um filme famoso, com Al Pacino, Perfume de Mulher, é centrado neste tema: um jovem universitário que constatou uma pequena bandidagem dos seus colegas, recusa-se a denunciá-los, ainda que o ameacem de prejudicar o seu futuro universitário. O sofrimento dele permeia todo o filme, justamente porque é um rapaz profundamente ético.
Um quinto conjunto de valores está centrado na autoridade (authority) que nos faz considerar ético o que os líderes decidem, e chamar de subversivos os que se rebelam. Esta identificação a priori com a autoridade é profundamente escorregadia, em particular porque nos permite fazer qualquer coisa com a justificativa que estávamos cumprindo ordens. Aqui, o maravilhoso texto de Hannah Arendt nos ajuda muito, pois nos permite entender que não se trata apenas de criminalizar quem se esconde atrás do argumento de autoridade, trata-se de aprofundar como funciona a banalização do mal, e o tipo de ódio que muita gente tem contra quem os priva do que consideram ódio legítimo.[2] Vá dizer a pessoas de direita que o julgamento do STF foi preconceituoso: ficam apopléticos, estamos privando-os do gosto do seu ódio, ainda que só cego não veja as distorções — mas enxergá-las exige o uso da razão, a capacidade de contestação objetiva. Há uma experiência muito conhecida, com estudantes universitários, chamados a dar choques elétricos a pessoas desconhecidas, a pedido de funcionários com batas de médico, que justificavam que se trata de uma experiência científica. A maioria dos estudantes não se fez de rogada.
O último vetor de justificativas éticas levantado por Haidt é o da santidade, (sanctity) ligada a valores sagrados como tradições ou razões religiosas, que nos fazem condenar ao fogo do inferno quem não acredita em outras visões de mundo (297). Aqui temos um prato cheio. Uma leitura básica é o famoso manual de instruções da inquisição, que ensinava, por exemplo, que as mulheres suspeitas de bruxaria ou de serem possuídas deviam ser torturadas nuas, pois as fragiliza, e de costas, pois as expressões de dor e de desespero causados pela tortura — obra naturalmente do próprio demônio — podiam ser tão fortes a ponto amolecer o inquisidor. Tudo em nome de Jesus, da caridade, do amor ao próximo. As mutilações de meninas, a quem se corta (sem anestesia) os lábios externos da vagina (clisteroctomia), atingem  milhões de crianças. Estamos no século 21.
Ao comparar as visões em inúmeras entrevistas de pessoas no espectro político completo, da esquerda até os mais conservadores, Haidt constata que há uma graduação muito clara relativamente a quais elementos da matriz se dá mais importância. Assim, a esquerda dá muito mais importância aos três primeiros eixos, ligados a não fazer dano, não machucar, a reduzir o sofrimento e assegurar o cuidado; à luta contra a opressão e pela liberdade; e às regras limpas do jogo, com igualdade de tratamento, a chamada justiça social. Inversamente, a direita dá menos valor aos primeiro, e concentra as suas visões na lealdade de grupo (veja-se a Ku Klux Klan por exemplo), à autoridade e a correspondente obediência, e ao respeito de valores considerados sagrados no sentido em boa parte religioso, onde muitas vezes o sagrado mistura o político e o religioso, como no Gott mit Uns dos nazistas, acompanhado do símbolo da swastika. O fato de milhões ficarem fanatizados, num país que não poderia ser considerado de baixo nível educacional, é significativo. Não se trata de educação, e sim de instituições, de cultura política.
A conclusão interessante de Haidt, que é um confesso liberal, no sentido americano, portanto correspondente ao que seria um progressista entre nós, é que a direita usa argumentos e sentimentos que calam fundo nas pessoas, pois mais fortemente ancoradas nas emoções, nos sentimentos de grupo, coesão, bandeira, religiosidade, autoridade e obediência. São mensagens que ecoam mais fortemente no emocional do que no raciocínio, e que em particular permitem dar uma aparência de legitimidade ética ao ódio. A direita americana, por exemplo, sempre agitou um demônio – externo naturalmente – para justificar tudo e qualquer coisa: Foram utilizados Khadafi, Saddam Hussein, Osama Bin Laden, até Fidel Castro, e hoje o terrorismo em geral. No Brasil temos o ótimo exemplo da revista Veja, que vive de agitar ódio contra demônios que explicariam todos os males. Funciona. Mas não resolve nada.
Explicar o drama de pessoas que passam fome (harm) e as estatísticas de mortalidade infantil apela muito mais para o raciocínio, que não tem o mesmo efeito mobilizador do que os argumentos que atingem o fundo emocional. Apelar para o emocional, inclusive quando se utiliza os primeiros eixos que são mais característicos da esquerda – por exemplo nos movimentos anti-aborto – dá à direita vantagens de um discurso simplificado e que pega mais no fígado do que na razão, como por exemplo a bandeira dos marajás do Collor, ou da vassourinha de Jânio Quadros.
Haidt busca um mundo mais equilibrado. Não desaparecerão as motivações mais valorizadas na direita. Mas o essencial do livro é que nos faz entender melhor as raízes emocionais da razão, a facilidade com a qual se constroem pseudo-razões e fanatismos. Ajuda-nos, por exemplo, a entender como se constrói uma campanha contra a presença de médicos cubanos em regiões onde médicos nossos não querem ir, projeto inatacável do ponto de vista humanista. Inúmeras razões são apresentadas, mal encobrindo um ódio ideológico que é a verdadeira razão. O ódio, como fenômeno de massas, é contagioso. Explicar racionalmente um projeto é muito menos contagiante.
Haidt se preocupa em particular com o poder que simplesmente não tem contas morais a prestar, o universo das grandes corporações. “Se o passado serve para nos iluminar, as corporações crescerão para se tornarem cada vez mais poderosas com a sua evolução, e elas mudam os sistemas legais e políticos nos países onde se instalam para gerar um ambiente mais favorável. A única força que resta na Terra para enfrentar as maiores corporações são os governos nacionais, alguns dos quais ainda mantêm o poder de cobrar impostos, regular, e dividir as corporações em segmentos menores quando se tornam demasiado poderosas”. (297) Vem-nos à lembrança a frase de Milton Friedman, da escola de Chicago, de que as empresas, como as paredes, não têm sentimentos morais. Ou a visão proclamada em Wall Street: Greed is Good, a ganância é boa. Parece que uma parte do universo escapa a qualquer ética. O filme O Lobo de Wall Street vem naturalmente à memória. O personagem real da história deu entrevistas dizendo que o filme não exagerou nada. Chega o denominador comum que assegura a absolvição por atacado: todos fazem, não fizemos nada que toda Wall Street não faça.
Aqui a dimensão é outra, pois se trata da diluição das responsabilidades nas instituições. Joseph Stiglitz, ex-economista chefe do Banco Mundial, “Nobel” de Economia, e insuspeito de esquerdismo,  resumia a questão em pronunciamento na ONU sobre direitos humanos e corporações: “Mas infelizmente, a ação coletiva que é central nas corporações mina (undermines) a responsabilidade individual. Tem sido repetidamente notado como nenhum dos que estavam encarregados dos grandes bancos que empurraram a economia mundial à borda da ruína foi responsabilizado (held accountable) pelos seus malfeitos. Como pode ser que ninguém seja responsável? Especialmente quando houve malfeitos (misdeeds) da magnitude dos que ocorreram nos anos recentes?”  Quando somos uma massa, em que todos fazem mais o menos o mesmo, o que pode ser linchamento de um rapaz na favela, ou massacres numa guerra, mas muito mais prosaicamente numa gigantesca corporação onde tudo se dilui, a ética se torna tão diluída que desaparece.
Ninguém gosta de se achar pouco ético. E nossas defesas são fortes. Não posso deixar de citar aqui o texto genial de John Stuart Mill, de 1861, escrevendo sobre a sujeição das mulheres na Grâ Bretanha da época, quando eram reduzidas a palhacinhas decorativas e proibidas de qualquer participação adulta na sociedade e na construção dos seus destinos. Ao ver a dificuldade de penetrar na mente preconceituosa, Mill escreve: “”Enquanto uma opinião estiver solidamente enraizada nos sentimentos (feelings), ela ganha mais do que perde estabilidade quando encontra um peso preponderante de argumentos contra ela. Pois se ela tivesse sido construída como resultado de uma argumentação, a refutação do argumento poderia abalar a solidez da convicção; mas quando repousa apenas em sentimentos, quanto pior ela se encontra em termos de argumentos, mais persuadidos ficam os seus defensores de que o que sentem deve ter uma fundamentação mais profunda, que os argumentos não atingem; e enquanto o sentimento persiste, estará sempre trazendo novas barreiras de argumentação para consertar qualquer brecha feita ao velho.”
A mensagem de Haidt não é de passar a mão na cabeça da esquerda ou da direita, e sim de sugerir que tentemos entender melhor como se geram os agrupamentos políticos, as identificações com determinadas bandeiras. os eventuais fanatismos, e as formas primárias como dividimos a sociedade em bons e maus. O maniqueísmo é perigoso. Quando vemos que os mesmos homens podem ser autores de atos abomináveis e heroicos, o que interessa mesmo é construir instituições que permitam que se valorize as nossas dimensões mais positivas. Nas palavras de Haidt, criar “os contextos e sistemas sociais que permitam às pessoas pensar e agir bem.”(92)

Jonathan Haidt – The Righteous Mind: Why Good People Are Divided by Politics and Religion – (A mente moralista: por que boas pessoas são divididas pela política e pela religião) – Pantheon Books, New York, 2012, 420 p. – ISBN 978-0-307-37790-6
Joseph Stiglitz - 2013 UN Forum on Business and Human Rights  http://www.ohchr.org/Documents/Issues/Business/ForumSession2/Statements/JosephStiglitz.doc
John Stuart Mill – The Subjection of Women – [1861] – Dover Publications, New York, 1997
Ladislau Dowbor – Hannah Arendt: além do filme – 2013, http://dowbor.org/2013/08/hannah-arendt-alem-do-filme-agosto-2013-3p.html/
Gunnar Myrdal – An American Dilemma: the negro problem and modern democracy -  1944 – inúmeras edições, inclusive em português.

[1] Ladislau Dowbor, economista, é professor da PUC-SP e consultor de várias agências das Nações Unidas. Os seus trabalhos estão disponíveis online (Creative Commons), na página http://dowbor.org . Contato Ladislau@dowbor.org
[2] Veja a respeito o meu texto sobre o filme Hannah Arendt, sobre a banalização do mal, em http://dowbor.org/2013/08/hannah-arendt-alem-do-filme-agosto-2013-3p.html/
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Ladislau Dowbor é professor de economia nas pós-graduações em economia e em administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e consultor de várias agências das Nações Unidas. Seus artigos estão disponíveis online em http://dowbor.org

1 Comment

  1. Wellington Lima Amorim
    Pergunto se a moralidade causa tanto mal porque ainda ser moral? E ainda, conforme sua citação: “A conclusão interessante de Haidt, que é um confesso liberal, no sentido americano, portanto correspondente ao que seria um progressista entre nós, é que a direita usa argumentos e sentimentos que calam fundo nas pessoas, pois mais fortemente ancoradas nas emoções, nos sentimentos de grupo, coesão, bandeira, religiosidade, autoridade e obediência. São mensagens que ecoam mais fortemente no emocional do que no raciocínio, e que em particular permitem dar uma aparência de legitimidade ética ao ódio. A direita americana, por exemplo, sempre agitou um demônio – externo naturalmente – para justificar tudo e qualquer coisa: Foram utilizados Khadafi, Saddam Hussein, Osama Bin Laden, até Fidel Castro, e hoje o terrorismo em geral. No Brasil temos o ótimo exemplo da revista Veja, que vive de agitar ódio contra demônios que explicariam todos os males. Funciona. Mas não resolve nada”….Khadafi, Saddam Hussein, Osama Bin Laden, até Fidel Castro, sãa exemplos de humanidade de preocupação pelo outro? Este argumento é falho, não corresponde aos fatos. Por fim,a revista Veja por acaso fala algo que não seja factual e verdadeiro? Por favor prove seus argumentos.

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