quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

oficina de filosofia: Sobre a Hipocrisia do Educador Fraco

oficina de filosofia: Sobre a Hipocrisia do Educador Fraco: Sobre a Hipocrisia do Educador Fraco                         Que escola sonhamos ter? A mais perfeita possível! Que educação queremos par...

Sobre a Hipocrisia do Educador Fraco

Sobre a Hipocrisia do Educador Fraco            
            Que escola sonhamos ter? A mais perfeita possível! Que educação queremos para nosso país, estado e cidade? A mais adequada possível! Como devem ser os professores? Os mais sábios possíveis!



            Sonhos, sonhos e mais sonhos... Mas o que estamos fazendo na realidade? Que podemos entender pela palavra Hipocrisia?

Hipocrisia é a qualidade (defeito) do sujeito que prega o que não vive. Ensina o que não sabe. Dá ordem de moralidade aos outros, mas é o mais imoral de todos.

Hipócritas são as pessoas que acreditam poder dizer: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço!”. Os hipócritas são sempre “sepulcros caiados”, como diria o grande mestre.

Boa parte dos educadores-fracos são hipócritas. São afiados para criticar a educação. Criticar o governo. Criticar a diretoria de ensino, o sindicato, a direção da escola, enfim, os educadores-hipócritas são campeões de discurso. Menosprezam até seus colegas do magistério.

Entretanto, apesar de todo esse “senso crítico”, os educadores-fracos (ou pseudo-educadores) são iguais e, infelizmente, às vezes, piores do que aqueles que eles criticam!

Podemos dar diversos exemplos para comprovar isso. Podemos falar das aulas que os pseudo-educadores não preparam nunca – e nem querem. Podemos falar das formas antiéticas como avaliam seus alunos, protegendo uns e “ferrando” os outros. Podemos falar da forma baixa e imoral como falam da educação, sem respeito algum, sem sonho de melhoria algum. Enfim, os educadores-fracos têm defeitos pedagógicos explícitos.

Mas falemos de apenas uma qualidade (defeito) típica do educador-hipócrita: sua (ausente) formação pessoal e profissional.

O educador-fraco também passou pela faculdade. Normalmente é assim. Mas que vivência você acha que ele teve na época de sua formação? Você acha que os hipócritas são capazes de auto-reconhecer suas falhas? Jamais! Para eles, sua época de faculdade foi a mais rica possível, a mais fecunda que se pode sonhar.

Mas é hábito da realidade desmentir a hipocrisia. Por isso, quer na sala de aula em nossas faculdades, quer na sala de aula em nossas escolas, os pseudo-educadores não conseguem se esconder por muito tempo. Logo revelam sua fragilidade pedagógica e sua hipocrisia moral.

Não ousemos dizer que esses falsos professores são maioria ou minoria em nossa educação brasileira. Apenas podemos constatar que eles existem. Existem em toda escola. E vivem para disseminar seus discursos cheios de significado e vazios de testemunho.

Mas, tudo isso começa na formação dos professores. É na faculdade que vemos as sementes de educadores-fracos. Há vestígios para identificá-los. Eles menosprezam sua formação. Não gostam das “matérias difíceis”. Não querem ler os livros. Eles estão sempre cansados para as aulas. Nunca conseguem ouvir bem seus professores. Aliás, em casos extremos, o educador-fraco, mesmo na época de sua faculdade, já acredita saber mais que alguns de seus professores!

Há ainda muitos outros vestígios para identificar a hipocrisia do mau educador: ele burla seus estágios obrigatórios (acredita não precisar deles). Ele compra trabalhos prontos. Ele gosta de faltar no limite possível das aulas – pois da faculdade ele quer apenas o diploma. Não acredita poder aprender conhecimentos novos. Acha tudo que ouve inútil demais para gastar seu tempo refletindo.

Novamente, afirmo: não falemos em números, na quantidade exata dos educadores-fracos. Lembremos apenas que eles estão por aí. Reclamando de tudo e todos, menos reclamando de si mesmos. Cobrando a tudo e todos, mas jamais cobrando a si próprios. Isto é, continuam vivendo esta qualidade (defeito) típica dos hipócritas.


(O autor, prof. Wellington Martins, é docente universitário; mestrando em Filosofia ética (medieval), pela PUC/SP; graduado em Filosofia (licenciatura), pela USC/Bauru / am.wellington@hotmail.com)

www.facebook.com.br/prof.wellington.martins

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Com quem fica a riqueza...

Riqueza dos mais abastados (1%) vai superar a da restante população em 2016

Conclusão é de um estudo da Oxfam, considerando a manutenção da tendência atual de aumento da desigualdade a nível global, publicado na mesma semana em que os líderes das principais nações se juntam em Davos para mais um Fórum Económico Mundial.
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Mais de mil milhões de pessoas ainda vivem com menos de 1,25 dólares (1,08 euros) por dia
Mais de mil milhões de pessoas ainda vivem com menos de 1,25 dólares (1,08 euros) por dia /  GABRIEL BOUYS/AFP/Getty Images
A riqueza combinada dos 1% mais ricos da população mundial vai superar a dos restantes 99% já em 2016, caso se mantenha a tendência atual de aumento da desigualdade a nível global, alerta um estudo da Oxfam, uma organização internacional antipobreza.
Na semana em que os líderes das principais nações se juntam em Davos para mais um Fórum Económico Mundial, a Oxfam publica um estudo que mostra que este número tem vindo a acentuar-se nos últimos anos. A parcela da riqueza mundial detida pelos 1% mais abastados subiu de 44% para 48% entre em 2009 e 2014. O que significa que os membros deste clube exclusivo tinham, em média, 2,7 milhões de dólares (2,33 milhões de euros) cada um. 
Mais ainda, a manter-se a taxa de evolução atual, essa parcela vai ultrapassar os 50% em 2016.
Além disso, dos remanescentes 52% da riqueza mundial em 2014,  a quase totalidade (46,5%) é detida pelas pessoas que formam a parcela restante dos 20% mais ricos no mundo, aponta o estudo. As outras 80% de pessoas no planeta partilham apenas 5,5% da riqueza global. Cada adulto tinha , em média, apenas 3851 dólares (3326 euros). Um valor que é de um para 700 em relação à riqueza média do clube dos 1% mais abastados.
Winnie Byanyima, diretora-executiva da Oxfam, que também vai estar em Davos, avisa que a explosão da desigualdade está a travar a luta contra a pobreza a nível global, quando mais de mil milhões de pessoas ainda vivem com menos de 1,25 dólares (1,08 euros) por dia.
"A escala da desigualdade global é simplesmente estarrecedora", afirmou Winnie Byanyima, alertando para o rápido aumento do diferencial entre os mais ricos e o resto do mundo.
A Oxfam já tinha chegado às manchetes dos jornais no ano passado, na altura do Fórum Económico Mundial, quando revelou que as 85 pessoas mais ricas do mundo tinham, em conjunto, a mesma riqueza do que os 50% mais pobres do globo, ou seja, 3,5 mil milhões de pessoas. Um número que é, agora, de apenas 80 pessoas. Em 2010 eram 388. 


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/riqueza-dos-mais-abastados-1-vai-superar-a-da-restante-populacao-em-2016=f907000#ixzz3PJeRZDgL

Nobel de medicina:

Nobel de medicina:

Nobel de medicina: "Curar enfermedades no es rentable para las farmacéuticas"

Publicado: 6 may 2013 01:57 GMT | Última actualización: 6 may 2013 01:57 GMT
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Jean-Christophe Verhaegen
El premio nobel de medicina británico, Richard J. Roberts, denunció a las grandes farmacéuticas de anteponer sus beneficios económicos a la salud de las personas, deteniendo el avance científico en la cura de enfermedades porque curar no es rentable.
“Los fármacos que curan no son rentables y por eso no son desarrollados por las farmacéuticas que, en cambio, sí desarrollan medicamentos cronificadores que sean consumidos de forma serializada”, dijo Roberts en una entrevista a la revista digital ‘PijamaSurf’.

“Algunos fármacos que podrían curar del todo una enfermedad no son investigados. Hasta qué punto es válido que la industria de la salud se rija por los mismos valores y principios que el mercado capitalista, los cuales llegan a parecerse mucho a la mafia”, se pregunta el nobel de medicina de 1993.

El científico e investigador acusa a las farmacéuticas de olvidarse de servir a las personas y preocuparse solo de la rentabilidad económica. “He comprobado cómo en algunos casos los investigadores dependientes de fondos privados podrían haber descubierto medicinas muy eficaces que hubieran acabado por completo con una enfermedad”, explicó.
 Las farmacéuticas no están tan interesadas en curarle a usted como en sacarle dinero” 

Añade que las empresas dejan de investigar porque “no están tan interesadas en curarle a usted como en sacarle dinero, así que esa investigación, de repente, es desviada hacia el descubrimiento de medicinas que no curan del todo, sino que cronifican la enfermedad y le hacen experimentar una mejoría que desaparece cuando deja de tomar el medicamento”.

Ante esto, señala que es habitual que la industria esté interesada en líneas de investigación, no para buscar curas a ciertas enfermedades, sino que “solo para cronificar dolencias con medicamentos cronificadores muchos más rentables que los que curan del todo y de una vez para siempre”.

Respecto a las razones del porqué los políticos no intervienen, Roberts argumenta que “en nuestro sistema, los políticos son meros empleados de los grandes capitales, que invierten lo necesario para que salgan elegidos sus chicos, y si no salen, compran a los que son elegidos”.

QUEM VALE & QUEM NADA VALE




A morte de 17 franceses vale mais que a de 2.000 nigerianos? A liberdade de imprensa é absoluta?
Publicado por Leonardo Sarmento - 1 dia atrás

Trataremos de assuntos extremamente delicados e controversos onde a esfera racional por variados instantes cede espaço para que a esfera da emoção se faça prevalecer. Até para nós, estudiosos do direito, há inelutável dificuldade para se emprestar uma análise cognitiva que se mostre satisfativa. O artigo divide-se em duas temáticas distintas, mas complementares.
Neste momento é que os métodos de Alexy e Dworkin parecem falhos, quando inferimos a necessidade de sopesarmos, ponderarmos bens tuteláveis de tão expressivo valor e realidades, mas o direito não pode se acabrunhar e deve viabilizar uma decisão interpretativa que na maior medida possível mostre-se aproximada da justiça e da equidade.
Pelo menos 400 pessoas morreram na Nigéria em um novo ataque supostamente cometido pela seita radical islâmica Boko Haram no estado de Borno, no norte da Nigéria nos primeiros meses de 2014. Você que leu esta notícia hoje, lembra de tê-la visto nos noticiários? Lembra-se, por quantos dias? Com que perplexidade?
Pois no final da 2ª quinzena de janeiro de 2015 (dia 12), a Organização Humanitária Anistia Internacional calcula que cerca de 2.000 pessoas foram chacinadas pela mesma seita de extremistas islâmicos que teriam assumido o controle de Baga e arredores há 15 dias. Pergunto: Você leitor, teve conhecimento deste fato? Quantas vezes já ouviram ou leram nos noticiários? O mundo está reunindo-se em alguma marcha histórica que reunirá 3,7 milhões de pessoas pelas vidas dos Nigerianos massacrados?
Em outro hemisfério, com outra visibilidade, com outra perspectiva de “comoção mundial”, desta vez na França, 17 mortos, entre eles as 12 pessoas que morreram em um atentado contra a sede do jornal "Charlie Hebdo", este a mais de uma semana tomou conta dos noticiários do mundo, que participou de uma marcha histórica que reuniu grande parte dos principais representantes de Estados e de Governos de todo o ocidente em um verdadeiro “tsunami humano” que tomou conta das ruas de Paris.
Neste momento, sem qualquer grão de hipocrisia, mas de certa forma impactado pelas perspectivas humanas de valor, perguntemos: Franceses valem mais que nigerianos? A morte de dezessete franceses causa maior revolta, repulsa e comoção que a morte de 2000 nigerianos? A morte de brancos europeus é mais dolorosa que a morte de negros africanos?
Estas perguntas deixamos com o fim de provocar uma autorreflexão de nossas representações neste mundo, de nossas diferenças, importâncias e prioridades. Mensuremos nosso potencial para produzirmos hipocrisias em nossas relações humanas e o valor que atribuímos aos humanos, negros, brancos, amarelos ou da cor de pelé que representemos aos olhos do mundo. Será que somos capazes de conscientemente tarifarmos a vida humana pela cor, Estado, fé religiosa ou cultura que representamos?
Já articulamos a respeito deste trágico e lamentável acontecimento ocorrido em território francês, artigo publicado em diversos meios: “A hostil relação entre o terrorismo e as liberdades de expressão democráticas: algumas inferências pontuais”. No artigo tivemos a oportunidade de assentar por outras palavras, que liberdade só é possível de ser atribuída se acompanhada de responsabilidade. Liberdade irresponsável é anarquia e não Estado Democrático de Direito. Assim, devemos assentar que liberdade é um valor relativo e não absoluto, e por isso deve ser sopesado com outros valores que estejam em conflito, para extrairmos o máximo de cada um evitando-se o aniquilamento do outro, aí incluindo-se a liberdade de expressão. Esta, uma visão neoconstitucionalista que ilumina a ciência do Direito Constitucional contemporâneo.
Ao analisarmos boa parcela das charges do jornal "Charlie Hebdo", que teve 12 de seus chargistas brutalmente assassinados, percebemos que muitas destas charges não cumprem o seu papel de promover uma ironia política de bom gosto, ao contrário, muitas delas são grosseiras, de menor potencial criativo e apenas promovem de forma tosca uma violência emocional absolutamente desnecessária.
Aqui não se quer defender a reação absolutamente desproporcional dos extremistas islâmicos, ao contrário, desta reação há que se ter o maior repúdio. Aqui se assenta que, a liberdade de expressão “à priori” é de fato livre, (com o perdão da redundância), mas quando tomada pelo excesso capaz de promover dano sem fundamento razoável em qualquer de suas formas, deve sim, ser responsabilizada na medida de seu excesso. Censura jamais, responsabilidade sempre, que entendamos seus limites.

Talvez, se no passado o Estado Francês houvesse responsabilizado o jornal "Charlie Hebdo" por seus excessos costumeiros absolutamente despropositados e de gosto duvidoso, este absurdo promovido pelos extremistas não houvesse sido praticado, apenas a título de mera suposição, conjeturando. Não estamos aqui culpando como responsável direto o Estado francês por uma reação tão desproporcional de uma fé extremista, mas pode de certa forma haver contribuído para o resultado absolutamente lamentável que prosperou.
Lembremos para finalizar que, para cultura Muçulmana, precipuamente aos extremistas muçulmanos, a vida e a morte possuem outros significados que os atribuídos no seio das culturas ocidentais, em boa parte catequizada pela fé Cristã. Aos muçulmanos (significado: aqueles que se submetem a Alá), o Islã prevalecerá sobre a terra, os extremistas acreditam que a realização da profecia do Islã e seu domínio sobre todo o mundo, como descrito no Corão, é para os nossos dias. Cada vitória de um extremista Muçulmano convence milhões de muçulmanos moderados a se tornarem extremistas. Matar e morrer por Alá, para os extremistas do Islã, é sinal de um poder absoluto que passam a ostentar para um posterior descanso no paraíso do além-vida.
Cultura absolutamente estranha e doentia aos olhos do ocidente, mas que está incrustada na cultura religiosa dos mais ortodoxos do Islã, que recebem já durante nos primeiros anos da infância uma verdadeira lavagem cerebral de uma doutrina desviada do que pregam os bons praticantes do Islã.
Nesta absoluta discrepância do entendimento de vida e morte que carregamos e que os extremistas muçulmanos carregam, que deveríamos, se não por respeito ao que nos parece absolutamente doentio e desviado da boa fé, por questão de segurança dos não praticantes do Islã, abdicarmos de satirizar o que para eles é intocável. Senão por repeito, por inteligência.

Professor constitucionalista
Professor constitucionalista, consultor jurídico, palestrante, parecerista, colunista do jornal Brasil 247 e de diversas revistas e portais jurídicos. Pós graduado em Direito Público, Direito Processual Civil, Direito Empresarial e com MBA em Direito e Processo de Trabalho pela FGV.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Martinho Lutero era Charlie



Martinho Lutero era Charlie. Fazia cartoons que zombavam dos pequenos "deuses" e "deusas" da ICAR do século XVI



Se você só é favor da liberdade de expressão quando concorda com a opinião, então você não o é.

E com esta frase, coloco a minha colher na sopa -já morna- do Je suis Charlie, prometendo que esta será a única obviedade do artigo.

Quero é colocar mais lenha na fogueira.

Eu até entendo que muitos crentes tenham cedido a certos artigos aqui e acolá colocando MAS e mais MAS depois da solidariedade aos cartunistas assassinados franceses e da defesa das bases da nossa civilização ocidental, onde não há espaço para atos do calibre dos executados por estes extremistas do islã. Entendo por que foram levantados alguns bons argumentos. Tanto mais quando se divulgou o cartoon abaixo, um dos muitos esculachando a fé cristã.

O "deus" que precisa de defensores é o "deus" morto. Esta imagem nos choca, mas deixamos ao Deus vivo a Sua justiça.

Entendo, mas reluto, eu mesmo,  articular qualquer MAS na direção da ponderação da barbárie que é matar alguém simplesmente porque não se concorda com o que este diz ou pensa. Não quero considerar outros fatos.  Nem estou aqui propondo discutir os limites da liberdade de expressão e, sim, creio que existem limites. Não creio que sejam os de natureza religiosa, mas os limites das máximas civilizatórias (a pedofilia, por exemplo) e qualquer limite visando proteger quem não pode se defender. E, creio mesmo, no respeito aos limites da convenção social, aquilo que a sociedade decidiu estabelecer por meio de leis. E tudo o mais se discuta diante do tribunal ou na mesa de café.

As razões dos sem razão


A questões religiosas são pessoais e mesmo que a liberdade religiosa seja um direito fundamental do homem (e é - devemos lutar por esta garantia), o direito do hindu de achar que a vaca é sagrada, não pode me impedir de comer churrasco, fazer propaganda de churrasco e até dizer que churrasco é coisa de "deus".

E, mesmo que eu compreenda a dinâmica do imigrante que veio à grande cidade ocidental em busca de um meio de vida que a sua própria sociedade não pôde lhe oferecer e, ali, tenha vivido uma vida de trabalho duro, carências sociais, para além do conflito com a sua cosmovisão, e, por isto mesmo, tenha se voltado mais e mais para a religião abrindo  o fosso da alienação... Bem assim, ainda prefiro ignorar outros pontos-de-vista e me concentrar na barbarie.

Não quero nem ouvir "o outro lado".  Não quero conhecer a lente com que vê o mundo, aquele filho de imigrante crescido em um lar religioso, por pais escandalizados com a visão de um país aonde os hábitos do povo parecem ofensa a "deus". Meninos ensinados a viver num gueto que os separa, não somente da cidade onde vivem, mas do resto do mundo ocidental, mundo de infiéis que odeiam a lei de Alá.

Não quero correr o risco de me apiedar do garoto recluso que via as crianças ocidentais brincado na rua vestidos de super-heróis, ou sem camisa, enquanto ele tinha de ir para mesquita estudar uma cultura distante da sua realidade vestido como um sacerdote. Não quero olhar para as crianças buscando o orgulho dos pais na vida do mártir pela justiça de  "deus" e dos opressores do seu povo.

Não quero saber da história do menino muçulmano que não podia namorar, ouvir música, ter um videogame, ver TV, mas se viu obrigado por seus pais a viver inserido numa sociedade onde tudo isto é possível, farto e acessível.

Não quero entender este menino cujo sonho era poder viver em uma sociedade onde os valores e do seu "deus" são os válidos. Não quero conhecer os  pais deste menino, gente que decidiu que a melhor forma de tentar a vida no estrangeiro não era se integrar, mas se separar em ilhas de religiosidade opressiva cercada de liberdade por todos os lados.

Não quero saber da dura realidade de uma gente que nunca encontrou apoio nas elites em seus próprios países para ter uma vida digna, mas que, estranhamente, recebem um tipo de apoio "direcionado" quando se colocaram em terras estrangeiras. No exílio, não receberam estímulo dos governantes de sua terra para retornar à pátria. Contudo, sempre puderam contar com a "solidariedade" destas  mesmas elites quando o assunto era financiar a ida de missionários religiosos para irem ao encontro dos compatriotas no estrangeiro a fim de lhes dar conforto espiritual, fazer de seus filhos prosélitos de grupos extremistas e promover o islã em terras ocidentais.

Não. Não quero conhecer ou ponderar estas coisas. Quero me ater às máximas.

Meus olhos estão turvados. Eu só vejo o sangue derramado, policiais heróis caídos, mártires, famílias destroçadas e mais nada. Nem mesmo os corpos trucidados dos terroristas aniquilados eu quero ver. Não quero me identificar com a dor de suas famílias exiladas. Não quero nada com a parentela destes assassinos.  Prefiro esconder-me  da tragédia humana e só ver o mal personificado. Sem história, sem razões. Só o mal e os seus ardis que construíram a mente destes terroristas... 

A liberdade de expressão que ofende


É óbvio que eu me ofendo com um cartoon como este acima. Uma representação da Santíssima Trindade de forma obscena! Me causa asco profundo. Mas não perderia meu tempo escrevendo um artigo de desagravo. A menos, é claro, que a tal imagem fosse divulgada em um veiculo de concessão pública, ou não sujeito a censura por idade. Não quero ver isto na TV aberta. Até porque, o tal cartoon é obsceno por si só, fosse ali Jesus ou Genézio.

Mas se o cartoon está numa revista de ateus... Compra quem quer! Não me importo mesmo! Meu Deus não precisa de defensores. O "deus" que precisa de defensores é o "deus" morto.

Fato é que o tal cartoon só está correndo o mundo à custa do sangue derramado dos seus autores e da arguta ação de um jornalista muçulmano incendiário que decidiu promove-lo no bojo desta comoção toda, a fim de dar o MAS que faltava a muita gente que tinha escrúpulos de assumir o seu "Não sou Charlie".

E que tenham todos o seu direito de ser (ou não ser) Charlie, pois é exercício dialético completamente dependente de liberdade! Não importando a temperatura dos cadáveres!


O Humor como arma é como a funda de David


Eu não faço e nem consumo este tipo de humor ofensivo, mas devo muito a ele. Aliás, devemos todos nós protestantes. O humor é um instrumento extraordinário de promoção de ideais. Com humor, se diz tudo, ofendendo a metade; ou se diz o possível, ofendendo o dobro. Durante os tempo de chumbo da ditadura brasileira, presenciamos as duas possibilidades abundantemente.

O humor é a espuma sobre as cristas das ondas de mudança e é muito mais eficaz do que a própria vaga. Assim como a espuma gera a névoa que esconde o tamanho da onda, o humor inebria e ofusca a resistência. Altera e força um novo ponto-de-vista. O iconoclasta, o mordaz, o irônico, o metafórico, o satírico, o impróprio, o inesperado, o provocador e até o inocente. Todos quebram as defesas da mente com risos e entregam a mensagem diretamente no  âmago da alma.

O jornal Charlie Hedbo tinha um propósito. Para alguns, era promover o ateísmo. Outros imaginavam que era combater o conservadorismo de origem religiosa. Segundo os próprios autores a proposta principal era defender a liberdade de expressão em uma França – berço da liberdade do ocidente – assolada por ondas de conservadorismo de ordem religiosa. Eles odiavam a hipocrisia dos religiosos e nem tanto a religião per se.

E... Logo a França!

E, logo a França, a dama revolucionária, que conquistou para o mundo, a custa da muita cabeça rolada nas guilhotinas a nossa tão fundamental construção civilizatória: liberdade, igualdade e a fraternidade.

E, logo a França, que outro dia mesmo produziu um ano -68- que ainda não terminou. A França que escreveu em seus muros que as ideias tinham de ser perigosas. A França que produziu o corolário de tudo o que veio depois em termos de cultura, contra-cultura, direitos civis, democracia, etc. Esta França gigante das artes! 

Uma França que se estranha e vive na carne as consequências da sua própria pregação de liberdade. Uma liberdade que um dia acolheu imigrantes em necessidade. No espírito da estátua da Liberdade que construiu e deu a sua nação irmã americana. Uma França  que hoje se vê às voltas com o atrito cultural entre a sua população nativa e os jovens franceses filhos de imigrantes estrangeiros vindos de culturas que são o contraponto de tudo o que a mãe França representa desde o século XVII. Uma França que vive às voltas com movimentos de extrema direita exigindo restrições à imigração e, de outro lado, imigrantes que não se integram culturalmente ao país; com mulheres exigindo usar burcas nas escolas públicas e homens, que na terra do melhor vinho do mundo,  só tomam chá. Uma França onde o burburinho dos cafés de Paris, berço das bases e da vanguarda das ciências sociais e patrona das artes, agora se perturba com as entoações à Alá vinda dos alto-falantes da mesquita da esquina. Uma França que já se incomoda muito com a proximidade de uma cultura, que a maioria já imagina ser uma fábrica de bárbaros sanguinários.


O humor é arma de revolução


O humor ajudou a derrubar ditaduras, mudar cabeças, propor ideias novas e fazer revoluções, inclusive religiosas e, a maior delas, foi a justamente a que nos é mais cara, a base da construção da cosmovisão protestante: A Reforma.

Abusando do direito de resumir a ópera. Lutero e os seus aliados usaram todos os principais meios de comunicação de sua época a fim de espalhar os ideais da reforma protestante e, apesar de contar com a força da recém criada prensa de Gutemberg, que permitiu a produção de livros em massa, não foram as bíblias impressas -ao custo do preço de uma vaca- o principal promotor dos ideais reformados, mas os folhetos impressos, a preços populares –custo de uma galinha- que, contendo a doutrina reformada em linguagem popular e na língua pátria, foram o rastilho de pólvora da revolução que mudou a Igreja para sempre. Baladas –musicas cheia de humor e apologética reformada – eram cantadas nas tavernas. Cartoons circulavam por entre a plebe, a nobreza e o clero. Dos risos contidos dos padres e das gargalhadas infames do povo surgiram discussões teológicas acaloradas que ajudaram a formar a mente protestante. Todo este material correu a Europa por meio das redes sociais da época promovendo a teologia reformada e atacando a Igreja de Roma e o seu papa mercador de simonias e indulgencias.
Neste cartoon COMPORTADO Lutero informa que os padres e monges católicos se originam dos excrementos de demônios.
Nesta guerra de humor, saíram da própria pena de Lutero cartoons e letras de canções que corariam os menos carolas dos crentes de hoje que, de supetão,  diriam ser Lutero nada além de um bêbado escarnecedor.

E não foi Jesus, outro que muito escandalizou os religiosos de seu tempo?
Malgrado o fato de que a base protestante foi toda formada por bons de copo, digamos assim, desde os puritanos, aos huguenotes, e, claro, os luteranos, este humor ácido não tinha na sua origem as bebedeiras descompromissadas. Não se tratava de escárnio sem propósito, mas de uma tática de guerrilha, muito bem pensada, e, quero crer, inspirada no Espirito Santo, que soprou os acontecimentos da Reforma, como e para onde Quis, não sendo, obviamente, responsável pelos excessos... (?)

No melhor estilo, do nosso Genizah de outrora, estes cartoons pegavam pesado as vezes, mas o seu objetivo não era a zombaria, mas provocar, por meio do escândalo, a maravilha de fazer cair as escamas dos olhos de muita gente que não enxergava a heresia, a luxuria e o ardil tomando conta da igreja do século XVI.

POR Danilo Fernandes 
Herege por maioria de votos.


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