segunda-feira, 23 de março de 2015

novo papel do professor como tendência

Grandes professores: talento natural ou treinamento?

Debate no SXSWEdu, nos EUA, questiona se ensinar é algo que se aprende ou deve ser feito por quem tem habilidade natural
Um bom professor é aquele que nasceu com dom para lecionar ou para exercer a profissão com louvor é preciso aprender a ensinar? Essas duas visões dividiram o palco principal do evento sobre inovações educacionaisSXSWEdu, em Austin, nos Estados Unidos, nesta terça-feira (10) na sessão “Great Instructors: Are They Born or Built?” (“Grandes Professores: eles já nascem sabendo ou são construídos?”, em livre tradução). Para apimentar o debate que mobiliza educadores e tomadores de decisão naquele país, uma dupla com casamento marcado – mas visões bem distintas – expôs suas convicções, como se tivessem tendo uma conversa na cozinha de casa, cada um tentando convencer não apenas o outro, mas toda a audiência do seu ponto de vista.
Elizabeth Green, cofundadora da Chalkbeat, uma ONG americana de jornalismo que trata de mudanças educacionais e autora do best-seller “Building a Better Teacher” (“Construindo um professor melhor”, em livre tradução), acredita que ninguém nasce sabendo ser um grande professor. Para ela, bons educadores dominam a ciência da empatia, uma vez que além da resposta correta, devem saber o que faz o aluno errar. “Professores são como médicos, que diagnosticam erros, mas eles não têm apenas um aluno por vez. Achar que eles nascem sabendo isso não é apenas um erro, mas uma temeridade, porque os deixa solitários nessa tarefa”, afirmou.
SXSWEdu Professorescrédito kbuntu / Fotolia.com

De outro lado, o seu namorado, David Epstein, repórter da ProPublica e também autor de um best-seller, o “The Sports Gene” (“O gene do esporte”), defende que pessoas com facilidade nata para tarefas difíceis, como ensinar, naturalmente melhoram suas habilidades mais rapidamente. Sua teoria ficou famosa aplicada ao esporte a partir de seu livro, em que ele questiona a “regra das 10.000 horas”, segundo a qual qualquer pessoa que praticar uma habilidade por todo esse tempo vai se tornar uma especialista. Para o jornalista, algumas pessoas aprendem mais em menos horas. “O seu hardware não faz nada sem o software certo, mas se você tem esse software, o seu hardware faz uma diferença enorme”, afirmou.
O debate bem humorado teve alguns momentos propositalmente combativos, passou por questões filosóficas, econômicas, educacionais e relacionadas a políticas públicas dos Estados Unidos, sugerindo bons pontos de reflexão para o desafio de qualificar professores brasileiros. Enquanto Epstein diz que “professores mais inteligentes formam alunos mais inteligentes”, Green, que é mais ligada à área da educação, tentou conquistar a simpatia da plateia composta em maioria por educadores explicando que nem sempre um matemático ensina melhor que um professor que conhece menos da ciência dos números, mas mais da ciência de ensinar. Também defendeu que do ponto de vista de políticas públicas essa tese não se sustenta.
Segundo ela, existem 3,8 milhões de professores nos EUA, número superior ao de advogados, jornalistas, médicos e engenheiros, por exemplo.  “Abrir mão dos piores professores não resolve o problema dos que estão na média e dos que vão entrar no mercado”, afirmou. Ela ainda acrescentou que uma experiência do programa Teach for America, que buscou recrutar há 20 anos os melhores alunos do ensino médio para se tornarem professores, não surtiu resultados significativos. “Eles não se tornaram melhores professores”, afirmou.
“O que importa não é quem é o professor, mas o que acontece quando ele chega na sala de aula”
No Brasil, a baixa atratividade da carreira faz com que muitos jovens que procuram a profissão sejam oriundos de classes baixas com defasagem em sua formação, o que preocupa gestores da área, que assim como David Epstein acreditam que para melhorar a qualidade da educação é preciso contratar os profissionais com melhor formação cognitiva e melhores condições de ensinar, como ocorre em países como a Finlândia e a Coreia do Sul, cujos alunos se saem bem em testes de aprendizado. Ele também apoiou o uso da tecnologia para que bons professores impactem mais alunos.
Contra esse argumento, Green lamenta que a educação utilize inspirações equivocadas de outras áreas, como esporte. Para ela, os educadores não precisam se tornar heróis como são os grandes esportistas, mas é preciso dar a mesmo suporte para a inovação que é fornecido aos atletas. Para ilustrar, usou o exemplo do Japão, onde “o que importa não é quem é o professor, mas o que acontece quando ele chega na sala de aula”. “Ao contrário daqui [EUA], em que ensinar é um ato privado, lá é público. Professores são observados por mentores e colegas, e boas práticas são compartilhadas e melhoradas constantemente”, contou, após uma hora de troca de opiniões, que se não serviram para convencer ou mudar a ideia dos presentes, pelo menos ajudaram a reforçar convicções com bons dados. Uma última pergunta da plateia ao casal ainda mostrou que talvez nem eles não estejam em lados tão opostos: “Não seria o caso de contratar os melhores e dar o melhor treinamento a eles?”.
A editora do Porvir, Tatiana Klix, acompanha o SXSWedu de Austin.

Mapa secreto de los 63 pueblos donde se experimentan nuevos cultivos transgénicos

Amigos de la Tierra ha hecho pública la localización exacta de los campos donde se ha solicitado experimentar con cultivos transgénicos en España en 2010, unos datos hasta ahora secretos.
Son en total más de cien parcelas repartidas en 63 municipios donde multinacionales como Monsanto, Syngenta, Bayer o Pioneer tienen planeado realizar experimentos con maíz, remolacha y algodón transgénico para ver qué tal funcionan. Amigos de la Tierra considera que los agricultores, vecinos y ayuntamientos tienen derecho a conocer su localización exacta, aunque resulte imposible poder protegerse de una contaminación genética e invisible cada vez más generalizada.
Decían que iban a respetar los espacios protegidos, pero era mentira. Varios experimentos de Monsanto con maíces transgénicos se encuentran en la Reserva de la Biosfera de la Mancha Húmeda, en Daimiel, mientras que Syngenta pretende probar fortuna con remolacha transgénica en una ZEPA (Zona Especial de Protección de Aves) de Castilla y León.
Según la asociación ecologista, España acoge el 42% de todos los experimentos con transgénicos al aire libre realizados en la Unión Europea en los últimos años. Dicho de otra manera, nuestro país se ha convertido en el campo de pruebas favorito de las multinacionales.
Hasta ahora la localización de los campos experimentales con transgénicos era confidencial. Pero una reciente sentencia del Tribunal Europeo de Justicia ha amparado el derecho a que esta información esté a disposición pública.
A continuación puedes ver un listado y un mapa de los municipios en los que se ha solicitado experimentar, el transgénico que se quiere cultivar y los datos para localizarlo (provincia, municipio, polígono y parcela). Si quieres situar la parcela exacta en un mapa, sólo tienes que introducir estos datos en el programa de identificación de parcelas agrícolas del Ministerio (SIGPAC)
Importante: El Ministerio facilita las parcelas propuestas inicialmente por las empresas, pero advierte de que luego suelen elegirse sólo algunas de ellas. Por lo tanto, lo que se recoge en este mapa son las previstas, no las finalmente utilizadas.
¿Aparece tu pueblo en la lista?
Además de estos ensayos experimentales, España sigue cultivando 76.000 hectáreas del maíz transgénico MON 810 de forma comercial, sin que tengamos posibilidad de saber dónde se cultivan ni dónde acaban. Otra razón más para que no me gusten los transgénicos.¿Cuántas más hacen falta para poner fin a esta irresponsabilidad?

O QUE SE FAZ PARA ATINGIR UM FIM


A maldade humana não ter limites: Prostituição Animal.

PROSTITUIÇÃO ANIMAL. A maldade humana parece não ter limites: fêmeas de orangotango estão sendo usadas como escravas sexuais na Ásia. Segundo os relatos da Borneo Orangutan Survival (BOS), uma organização não governamental que resgata animais vítimas de maus tratos, os traficantes matam as mães para pegar os filhotes, selecionam as fêmeas, que são levadas e cuidadas até que atinjam a idade para “trabalhar”.

Um dos casos mais famosos aconteceu em 2012, quando uma fêmea de orangotango chamada Pony foi resgatada de um bordel. O resgate foi bastante tumultuado e cerca de 30 policias precisaram fazer parte da operação, haja vista a resistência e violência dos donos do estabelecimento, para evitar que a “prostituta” fosse levada.
(Pony no bordel e na ilha Bangamat)
Pony foi encontrada amarrada na cama, com os pêlos raspados, de banho tomado, com batom nos lábios e com bastante perfume. A fêmea sofria abusos diários e ficava à disposição dos clientes em uma casa de prostituição no centro de Bornéu, território da Indonésia. É a zoofilia em seu estágio de "evolução".

Após o resgate, Pony foi morar em uma ilha chamada Bangamat, onde aos poucos foi se readaptando ao novo (e merecido) habitat.

"a orgulhosa vanguarda do atraso"

O domínio da elite paulista ou "a orgulhosa vanguarda do atraso", por Luciano Martins Costa


  A Folha de S. Paulo, em 22/12/14, traz resultado de pesquisa Datafolha segundo a qual os paulistanos são vistos por um número crescente de brasileiros como invejosos, egoístas e orgulhosos.

OLHAR SOBRE SÃO PAULO

A orgulhosa vanguarda do atraso

Por Luciano Martins Costa em 22/12/2014 na edição 829 do Observatório da Imprensa
Os dois jornais paulistas que dominam a cena da imprensa escrita no Brasil voltam a atenção para o território onde têm suas bases. O Estado de S. Paulo publica, na edição de segunda-feira (22/12), um novo painel sobre o aumento da criminalidade na capital e no interior. A Folha de S. Paulo, por sua vez, traz resultado de pesquisa Datafolha segundo a qual os paulistanos são vistos por um número crescente de brasileiros como invejosos, egoístas e orgulhosos.
As duas reportagens se cruzam em alguns pontos, mas os textos e gráficos publicados reduzem a perspectiva do leitor a aspectos formais dos temas abordados, evitando um olhar para questões mais profundas, tanto do aumento da violência como da deterioração da imagem dos paulistas. Embora a Folha cite, de passagem, que a polarização das últimas eleições possa ter afetado a visão que o resto do país tem dos habitantes de São Paulo, faltou penetrar um pouco mais fundo nas causas dessa polarização.
No que se refere ao problema da criminalidade e da violência, mais uma vez a imprensa é conduzida por estatísticas oficiais, sem investir em dados paralelos que permitiriam mensurar o fenômeno num campo mais amplo do que aquele determinado pela ação de delinquentes ou pelos confrontos entre os criminosos e agentes públicos. Ficam parcialmente fora das análises os atos violentos praticados por cidadãos sem histórico de delitos, o que seria importante para o estudo da violência na rotina da sociedade.
Visto das estatísticas que apenas levam em conta boletins de ocorrência de assaltos, furtos, homicídios e latrocínios, o quadro se limita a contabilizar a atividade do crime contumaz ou organizado, que tem sempre um importante fator de sazonalidade. Por exemplo, em determinadas épocas aumenta o roubo de carga, em outros períodos cresce o furto de telefones celulares, e o assalto a bancos pode aumentar quando se intensifica a repressão ao tráfico de drogas.
Sem essa abordagem complexa, o noticiário apenas reproduz os gráficos da polícia que, como admitem as próprias autoridades, são distorcidos por fatores banais, como a isenção de taxa para a emissão de documentos em caso de roubo ou furto: supõe-se que muita gente registra boletins falsos para não ter que pagar pela emissão de uma nova carteira de identidade.
Perfil reacionário
No caso da pesquisa Datafolha, segundo a qual a imagem dos paulistas piorou, nos últimos onze anos, do ponto de vista dos outros brasileiros, a análise se concentra no fato de que o estado de São Paulo tem perdido importância relativa com o processo de redução das desigualdades regionais. A capital paulista cresce num ritmo menor do que o Nordeste, por exemplo, e isso a torna menos atraente, enquanto a melhoria das condições de vida em outras regiões reduz a necessidade de migrar em busca de bem-estar.

Folha de S. Paulo se refere ao perfil político que foi diferenciando os paulistas dos outros brasileiros nos últimos anos, mas não faz uma relação entre a questão das escolhas eleitorais e a realidade criada pelas políticas nacionais de redução da pobreza. “Pelo menos desde 2006, o comportamento eleitoral dos paulistas – e mais fortemente, dos paulistanos – destoa do comportamento dos eleitores do Nordeste. Enquanto São Paulo consolidou-se como maior reduto do PSDB, os Estados nordestinos firmaram-se como celeiro de votos do PT”, diz o jornal.
O que não está dito é que uma parcela importante do eleitorado paulista, e, como reflexo disso, da própria sociedade paulista, vem se tornando mais conservadora, e essa característica define um comportamento que é visto, de outras regiões, como sinal de egoísmo e arrogância.
À medida que se comprovam os resultados econômicos de políticas sociais que reduzem as diferenças regionais pela diminuição da pobreza, quebra-se a histórica hegemonia de São Paulo sobre o resto do país e surgem os dois sentimentos presentes na percepção dos brasileiros: os paulistas se tornam ressentidos e reagem com manifestações de desprezo e preconceito.
O estudo do Datafolha mostra com clareza que os demais brasileiros notam o recrudescimento de um sentimento de superioridade dos paulistas, que foi bastante manifestado após a eleição presidencial. Mas a pesquisa passa ao largo de um ponto importante: ao omitir, durante anos, os benefícios da política econômica de interesse social, e ao se comportar como um partido político conservador, a mídia tradicional tem contribuído para forjar esse perfil justamente na região onde tem mais influência.
Não estranha que milhões de reacionários com elevado grau de educação formal e alta renda se mostrem tão orgulhosos de compor a vanguarda do atraso.

PASTORES CAPITALISTAS

Listas de pastores mais ricos do mundo se multiplicam, sendo lideradas por pastores americanos milionários. A Nigéria produziu cinco deles, todos com patrimônio em centenas de milhões de dólares. Mas bilionário até agora só Edir Macedo.

No Brasil, outros bispos de denominações evangélicas seguem o caminho de Macedo. Valdemiro Santiago, ex-protegido de Macedo e hoje inimigo figadal, criou a Igreja Mundial do Poder de Deus. Seu patrimônio é estimado em US$ 220 milhões. Silas Malafaia criou sua própria igreja, Vitória em Cristo, em 1990. Tem bens na ordem de US$ 150 milhões e arrecada contribuições para reunir US$ 500 milhões para criar uma rede mundial de emissoras evangélicas. O pastor R. (Romildo) R. (Ribeiro) Soares acumula US$ 150 milhões em bens, entre eles um jatinho King Air 350, avaliado em US$ 5 milhões.

É preciso separar os líderes das igrejas de seu rebanho. Um quarto dos brasileiros se declara evangélico. São mais de 50 milhões de pessoas. A maioria pobres, com pouca escolaridade.


Líderes religiosos bilionários confirmam poder político e econômico descontrolado

 
Edir Macedo: US$ 1 bilhão de patrimônio, criou agora o pastor online. Foto:Iurd

 A revista norte-americana Forbes divulgou a lista dos mais ricos do mundo. Incluiu entre eles o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. O patrimônio de US$ 1 bilhão coloca Macedo na 1.868ª posição, o último entre os 48 bilionários brasileiros citados.  Aos 70 anos, casado, pai de três filhos, morando em Atlanta (EUA), Macedo é caracterizado como empresário de mídia “self made”. Que se fez por força própria, na expressão americana.
Forbes tenta explicar a origem do dinheiro de Macedo. Lembra que criado como católico, converteu-se à religião evangélica em 1970. Em 1977, fundou sua própria igreja, baseada na “teologia da prosperidade”. Baseia-se na proposta de que a fé e o compromisso de atuação e de contribuições financeiras com a igreja são recompensados ​​com riquezas.
Em julho de 2013, Macedo tornou-se banqueiro ao adquirir 49% do Banco Renner, “que possui uma das mais altas taxas de juros no Brasil”, salientou a revista. “A transação espantou porque o Banco Central do Brasil tratada Macedo como investidor estrangeiro uma vez que ele é baseado em os EUA”, assinalou.
A maior parte da fortuna de Macedo tem origem na Rede Record, a segunda maior emissora do Brasil, adquirida em 1990. “Não está claro como ele conseguiu o financiamento para comprar a empresa: o Ministério Público do Brasil tem sondado a questão há mais de dez anos e produziu relatórios que alegaram que ele usou os fundos da igreja. Macedo se recusou a comentar”.
O império de mídia de Macedo já inclui uma filial Telemundo com sede em Atlanta. Em 2014, Macedo inaugurou uma enorme réplica do Templo de Salomão em São Paulo, com capacidade para 10 mil fiéis. A mega-igreja custou US$ 200 milhões.
Antes de mais nada diga-se que a fé é um negócio mundial. Listas de pastores mais ricos do mundo se multiplicam, sendo lideradas por pastores americanos milionários. A Nigéria produziu cinco deles, todos com patrimônio em centenas de milhões de dólares. Mas bilionário até agora só Macedo.
No Brasil, outros bispos de denominações evangélicas seguem o caminho de Macedo. Valdemiro Santiago, ex-protegido de Macedo e hoje inimigo figadal, criou a Igreja Mundial do Poder de Deus. Seu patrimônio é estimado em US$ 220 milhões. Silas Malafaia criou sua própria igreja, Vitória em Cristo, em 1990. Tem bens na ordem de US$ 150 milhões e arrecada contribuições para reunir US$ 500 milhões para criar uma rede mundial de emissoras evangélicas. O pastor R. (Romildo) R. (Ribeiro) Soares acumula US$ 150 milhões em bens, entre eles um jatinho King Air 350, avaliado em US$ 5 milhões.
 É preciso separar os líderes das igrejas de seu rebanho. Um quarto dos brasileiros se declara evangélico. São mais de 50 milhões de pessoas. A maioria pobres, com pouca escolaridade. Sua fé deve ser respeitada. Há vários estudos que mostram a importância das igrejas evangélicas na melhoria das relações familiares, na redução de vícios e na capacitação e melhoria da força de trabalho. De certa maneira, dedicar-se a uma religião pode mudar vidas desregradas, núcleos familiares conflituosos e estimular o desempenho no trabalho e na criação de negócios. A “teologia da prosperidade” tem fundamento socioeconômico.
A liberdade de escolha de religião é mais sagrada do que o entendimento do papel dela na vida de uma pessoa. Mas, quando os braços de uma determinada religião começam a abarcar causas mais do que terrenas _ adquirindo redes de televisão, aviões, patrocinando campanhas e partidos eleitorais_, qual deve ser o papel do Estado?
Como o Estado deve acompanhar e fiscalizar o enriquecimento de seus líderes, todos voltando os negócios para meios de comunicação que funcionam como concessão pública? As igrejas gozam de isenção de impostos. Diversas investigações mostram operações de compra de emissoras e de bens com dinheiro vindo de contas do exterior por prepostos de igrejas.
O crescimento do poder midiático levou ao crescimento do poder político. Os evangélicos já têm um dos seus na presidência da Câmara dos Deputados. A questão não é a opção individual religiosa. É sim se o Estado omite-se na formação de um poder político financiado por doações crédulas, mas manipulado por interesses estritamente terrenos.
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A pauta das "inguinorãças"

A "grande" mídia apostando na pauta das'inguinorânças', por Luciano Martins Costa



  Há um mito generalizado segundo o qual a imprensa faz a narrativa dos fatos mais relevantes de seu tempo. Essa crença ainda sustenta o poder de influência que tem os profissionais de jornalismo a serviço das empresas de comunicação hegemônicas, e de certa forma explica o fato de a mídia tradicional ainda controlar quase toda a agenda pública. Por esse motivo, análises genéricas, platitudes e mesmo contrafações grosseiras acabam sendo aceitas como verdadeiras por grande parte da população.


ALFABETIZAÇÃO PARA A MÍDIA

A pauta das "inguinorãças"

Por Luciano Martins Costa em 08/10/2014 na edição 819 do Observatório da Imprensa

Há um mito generalizado segundo o qual a imprensa faz a narrativa dos fatos mais relevantes de seu tempo. Essa crença ainda sustenta o poder de influência que tem os profissionais de jornalismo a serviço das empresas de comunicação hegemônicas, e de certa forma explica o fato de a mídia tradicional ainda controlar quase toda a agenda pública. Por esse motivo, análises genéricas, platitudes e mesmo contrafações grosseiras acabam sendo aceitas como verdadeiras por grande parte da população.
Esse efeito é mais perceptível nos grandes aglomerados urbanos, onde uma ideia, por mais estúpida que seja, pode se espalhar e se afirmar como sensata e verdadeira com muita rapidez. No contexto de insegurança e ansiedade em que vivem as populações das grandes cidades, é natural que a visão de mundo seja mais suscetível às pregações negativistas do que às mensagens otimistas. O ambiente opressivo que marca o cotidiano dificulta a percepção de sinais de melhoria no médio e longo prazos e aumenta o peso do mal-estar.
Trata-se de dois aspectos do campo comunicacional que raramente são observados em suas interações: a propensão das pessoas a supervalorizar as dificuldades do dia a dia e a ação manipuladora da mídia diante de fatos que aumentam a ansiedade e a sensação de insegurança. Esses dois elementos, somados e interconectados, explicam em boa parte as reações massivas a determinadas ideias e interpretações superficiais, ou mesmo a manipulações da realidade.
Veja-se, por exemplo, como a defesa da pena de morte predominou na sociedade brasileira durante décadas, alimentada pelo discurso de boa parte da mídia sobre a impossibilidade de recuperação dos delinquentes. A narrativa típica do jornalismo omite dados estatísticos e elementos que permitiriam entender a complexa questão da reincidência e, portanto, impede que a população imagine outras soluções que não a da execução sumária dos suspeitos. O resultado é a popularidade de frases emblemáticas como “a solução é a Rota nas ruas”, que celebrizou o notório deputado Paulo Maluf.
Analfabetismo midiático
A Rota – sigla das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, tropa de impacto da Polícia Militar de São Paulo – sempre foi símbolo da truculência policial. São incontáveis as vítimas que seus integrantes produziram na periferia da região metropolitana, entre as quais uma grande porcentagem de jovens sem relação com o crime, executados simplesmente por serem negros ou pardos em circunstância que o arbítrio do policial considerou suspeita.
Com a mesma superficialidade é tratada a questão da maioridade penal, que passou transversalmente pela campanha eleitoral deste ano e, como foi citado neste Observatório, desapareceu subitamente do noticiário. Por quê? Porque aconteceu um assalto na Universidade de São Paulo, do qual participaram algumas crianças, uma delas aparentando nove anos de idade.
Em vez de aprofundar o debate, a imprensa escondeu o assunto, evitando que se questionasse a ideia equivocada, que parece convencer grande número de brasileiros, segundo a qual basta prender adolescentes que os índices de violência vão se reduzir.
A mesma coisa se pode dizer sobre a criminalização do aborto: muitos brasileiros acham que autorizar o procedimento em clínicas regulares, em casos específicos, é o mesmo que apoiar ou estimular o aborto.
Da mesma forma, a superficialidade com que se trata o problema das drogas mantém na agenda uma ideia difusa segundo a qual basta legalizar o comércio de maconha que imediatamente se irá desmanchar o poder das quadrilhas de traficantes.
A lista das platitudes não tem fim e mostra de que maneira a mídia funciona como um entrave ao crescimento da consciência social dos indivíduos. Embora possa parecer leviandade, pode-se demonstrar que o leitor típico de jornais tem todas as características do analfabeto em mídia, ou seja, quanto mais fiel é o leitor, menos capaz ele se torna de ler criticamente o noticiário.
media illiteracy, expressão em inglês utilizada para definir a incapacidade de interpretar a mensagem midiatizada, é uma característica das classes médias urbanas. É nesse terreno de meias-verdades e preconceitos que se concentra o poder da mídia.
Como diria o poeta Manoel de Barros, é preciso encarar as inguinorãças e desinventar a imprensa.

O ato, os golpistas e o torturador

“Vovô Metralha” matava jovens a sangue-frio, sabiam, meninos revoltados?

19 de março de 2015 | 11:16 Autor: Fernando Brito
metralha
Meu bom companheiro Fernando Molica, colunista de O Dia, publicou ontem, em seu blog, um excelente artigo sobre o vídeo que havíamosmostrado aqui, feito pelos jornalistas da revista Trip na manifestação da Avenida Paulista de domingo.
Rerproduzo o artigo ao final, mas peço licença a Molica para trazer logo para o início a ficha do aparentemente inofensivo “Carlinhos Metralha” louvado pelos manifestante e digno até de uma esdrúxula continência por parte de um policial militar.
Carlos Alberto Augusto, vulgo ‘Carteira Preta’ e ‘Carlinhos Metralha’, o ex-delegado do Dops que discursou na manifestação, levou para a Avenida Paulista um cartaz em que dizia querer ser ouvido pela Comissão da Verdade. Pena que só diz isso agora, quando os trabalhos da comissão foram encerrados. O relatório diz que ele foi convocado a depor, mas não foi localizado. Na hora de prestar contas à história, ele tratou de não aparecer. Segue trecho do relatório sobre ele:
Carlos Alberto Augusto (1944-) Delegado de polícia. Serviu no Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (DOPS/SP), sendo conhecido como “Carteira Preta” e “Carlinhos Metralha”. Integrou a equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury. Teve participação em casos de detenção ilegal, tortura e execução. Convocado para prestar depoimento à CNV, não foi localizado. Vítimas relacionadas: Carlos Marighella (1969); Eduardo Collen Leite (1970); Antônio Pinheiro Salles e Devanir José de Carvalho (1971); Soledad Barrett Viedma, Pauline Reichstul, Jarbas Pereira Marques, José Manoel da Silva, Eudaldo Gomes, Evaldo Luiz Ferreira de Souza e Edgard de Aquino Duarte (1973).
A Pauline Reichstul, apontada no relatório como uma das vítimas do ‘Carlinhos Metralha’, era irmã de Henri Philippe Reichstul, presidente da Petrobras no governo Fernando Henrique Cardoso.
Retomo: Carlinhos Metralha era um dos agentes do DOPS que “administrava” as delações do famigerado Cabo Anselmo. Pauline e outros cinco jovens foram executados não na “Paulista”, mas em Paulista, Pernambuco, no que ficou conhecido  como “A Chacina da Chácara São Bento”.
Pauline recebeu uma coronhada na cabeça. Os outros cinco, executados a tiros.
26 tiros, relata o jornalista pernambucano Luiz Felipe Campos, que escreveu um livro sobre o episódio: “14 na cabeça e muitos à queima-roupa. Ao cenário brutal, foram adicionadas armas ao redor dos corpos para sugerir um confronto entre guerrilheiros e militares que nunca houve. As fotos, difundindo a versão oficial de que um “congresso de terroristas” havia sido desbaratado, foi estampada nos jornais três dias depois”.
Já mortos, metralhados.
“Com muito prazer”, talvez, como disse no vídeo o “herói da Paulista”.

O ato, os golpistas e o torturador

Fernando Molica
vídeo sobre a manifestação paulistana que foi preparado por equipe da revista ‘Trip’ é assustador demais. Não dá para achar razoável ou tolerável que organizadores de ato que diz defender a democracia aceitem a presença de entusiastas de um golpe militar e até liberem o microfone para um ex-torturador, o delegado aposentado Carlos Alberto Augusto. Admitir a participação desses sujeitos seria o mesmo que aceitar a presença de nazistas numa passeata contra a política externa de Israel. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
É razoável imaginar que organizadores da manifestação tomassem a iniciativa de expulsar do ato um grupo de petistas que fosse até lá para condenar a roubalheira na Petrobras e, ao mesmo tempo, defender Dilma Rousseff. Não seria absurdo que eles fossem convidados a se retirar de uma passeata que protesta contra o governo. A eventual presença deles poderia até ser vista como provocação.
O problema é que, pelo que vi e li sobre as manifestações de domingo, não houve qualquer tentativa de expulsão dos pregadores do golpe (o vídeo até mostra mulheres que se revoltaram com a histeria militarista, mas, pelo visto, não passou de um protesto isolado).
É simples, ato que inclui defensores da ditadura, torturadores (havia pelo menos um) e pessoas que não admitem a pluralidade (caso dos que revelam intolerância com comunistas e integrantes de outras correntes de esquerda) não pode ser chamado de democrático. Mais: quem defende a ditadura não tem o direito de dizer que é contra a corrupção. Afinal, na ditadura, casos de corrupção eram censurados ou não geravam qualquer consequência – como as mordomias no escalão federal reveladas pelo ‘Estadão’ e a negociata, publicada pela ‘Folha’, que envolveu o grupo Delfin e o Banco Nacional da Habitação (terrenos no valor de Cr$ 10 bilhões quitaram uma dívida de Cr$ 60 bi junto ao BNH). Quem defende a ditadura defende o direito de quem quer roubar sem ser punido.
Vale também ressaltar o absurdo que foi utilizar a belíssima ‘Canção do Expedicionário’ como trilha sonora da manifestação, isto representou uma ofensa aos pracinhas que foram combater ditaduras na Europa. Um combate que, aqui, acabou provocando a queda de um ditador. A ‘Canção’ (“Por mais terras que eu percorra/ Não permita Deus que eu morra/Sem que volte para lá”) é linda, deve ser o único canto de guerra que não fala em destruição, em morte, mas da vitória e da saudade da pátria amada:
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Dos pampas, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.
Por último, vale registrar: o Carlos Alberto Augusto, vulgo ‘Carteira Preta’ e ‘Carlinhos Metralha’, o ex-delegado do Dops que discursou na manifestação, levou para a Avenida Paulista um cartaz em que dizia querer ser ouvido pela Comissão da Verdade. Pena que só diz isso agora, quando os trabalhos da comissão foram encerrados. O relatório diz que ele foi convocado a depor, mas não foi localizado. Na hora de prestar contas à história, ele tratou de não aparecer. Segue trecho do relatório sobre ele:
Carlos Alberto Augusto (1944-) Delegado de polícia. Serviu no Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (DOPS/SP), sendo conhecido como “Carteira Preta” e “Carlinhos Metralha”. Integrou a equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury. Teve participação em casos de detenção ilegal, tortura e execução. Convocado para prestar depoimento à CNV, não foi localizado. Vítimas relacionadas: Carlos Marighella (1969); Eduardo Collen Leite (1970); Antônio Pinheiro Salles e Devanir José de Carvalho (1971); Soledad Barrett Viedma, Pauline Reichstul, Jarbas Pereira Marques, José Manoel da Silva, Eudaldo Gomes, Evaldo Luiz Ferreira de Souza e Edgard de Aquino Duarte (1973).
A Pauline Reichstul, apontada no relatório como uma das vítimas do ‘Carlinhos Metralha’, era irmã de Henri Philippe Reichstul, presidente da Petrobras no governo Fernando Henrique Cardoso.