sexta-feira, 3 de abril de 2015

mentiras, falácias e preconceitos



  JEAN  WILLYS
 
Como todas as campanhas difamatórias contra meu mandato que a quadrilha de fundamentalistas divulga anonimamente nas redes sociais - e estas sempre se intensificam nas vésperas dos e nos feriados -, esse novo meme que começa a circular hoje combina mentiras, falácias e preconceitos. Vejamos: ele afirma que, segundo a minha opinião, "criança de 12 anos já tem maturidade para trocar de sexo, mas adolescente de 16 não tem discernimento para responder criminalmente pelos seus atos". AMBAS AS COISAS SÃO MENTIRA E, MESMO QUE NÃO FOSSEM, UMA NÃO TEM NADA A VER COM A OUTRA.

Em primeiro lugar: o que é "trocar de sexo"? Há dois equívocos fundamentais no raciocínio que o meme apresenta: o primeiro é acreditar que existe um único ato pelo qual uma pessoa "troca de sexo", passando imediatamente de um estado a outro, como quem troca de roupa ou tinge o cabelo de outra cor; e o segundo é pensar que a identidade de gênero é uma "escolha" que deve ser feita num determinado momento, e para a qual é necessário ter atingido um determinado grau de maturidade. Na verdade, a identidade de gênero não é uma escolha, mas um elemento constitutivo da personalidade, que se expressa já de forma inequívoca e irreversível na mais tenra infância, embora ganhe uma relevância psíquica e social diferente e muito mais complexa na puberdade e na adolescência. Todo menino ou menina já é menino ou menina desde criança, já se identifica como tal desde que a aquisição da linguagem lhe permite se posicionar no mundo com um gênero auto-percebido. O que acontece com as crianças transgênero é, nesse sentido, o mesmo que acontece com todas as outras: desde que começam a falar, a se comunicar, a se colocar no mundo, a assumir papeis sociais na escolha da roupa, das brincadeiras e brinquedos, da expressão de traços de comportamento culturalmente marcados pelo gênero, sua identidade de gênero fica clara.

Qualquer família com um filho ou filha transexual poderá lhes confirmar: já sabiam claramente a identidade de gênero dele ou dela antes mesmo de entrarem no ensino fundamental. Então, o que as pessoas chamam, de forma muito pouco precisa, "trocar de sexo", é na verdade um processo bem mais longo e complexo de adaptação à essa realidade, que começa pelo aspecto social (o nome próprio, o uso de pronomes masculinos ou femininos, a roupa e outras questões comportamentais, como o uso do banheiro nos lugares onde há um para cada gênero), para a qual é fundamental a aceitação da família e dos espaços de sociabilidade (por exemplo, a escola). As adequações do corpo são posteriores e são graduais. É óbvio que ninguém vai fazer uma vaginoplastia numa criança de 12 anos! Contudo, também deveria ser óbvio que não dá para esperar até os 18 anos para iniciar o tratamento hormonal, porque determinadas mudanças acontecem no corpo durante a puberdade e, se esses tratamentos forem adiados, têm aspectos da constituição do corpo e seu funcionamento que são irreversíveis. É por isso que as legislações mais avançadas (e meu projeto de lei "João Nery" se inspira nelas), reconhecem que a parte desse processo gradual que é regulada pelo Estado, que começa pelo social (mudança de nome legal) e inclui, em diferentes fases, intervenções no corpo (dentre as quais as cirúrgicas são as últimas) possam começar antes dos 18 anos, com autorização dos pais/responsáveis ou, se ela for impossível, do juiz, com a intervenção dos órgãos oficiais que protegem os direitos de crianças e adolescentes, levando em consideração sua maturidade para tomar decisões sobre o corpo e com acompanhamento e controle clínico de profissionais da saúde.

Obrigar uma pessoa a esperar até a maioridade civil (18 anos) para iniciar o processo transexualizador (que, como já dissemos, não é um único ato, mas um processo) ou para ter seu nome reconhecido nos documentos, significa privá-la do direito de ter uma infância, uma adolescência e uma juventude normal, feliz, adaptada. Significa obrigá-la, por um longo tempo, a conviver numa dualidade física e social psicologicamente insuportável, que deixa danos irreparáveis para o resto da vida. E o outro erro implícito nessa visão das coisas é acreditar que há uma "mudança" que pode ser evitada, que depende de uma "decisão". Não é assim. Antes de ter seu nome e gênero no RG, antes de tomar hormônios, antes de fazer cirurgia, esse ou essa adolescente já é quem é, e não vai mudar! Sua identidade de gênero já está aí. Ou a lei e a família acompanham, ou ela fugirá de casa, procurará reconhecimento de formas mais perigosas, fará intervenções no seu corpo sem assistência médica adequada e se expondo a riscos e sofrerá - e muito - por tudo isso.

Sobre o conteúdo do meu projeto de lei, recomendo às pessoas que o leiam antes de opinar e propagar as falsidades que circulam na internet. O PL está aqui: http://bit.ly/1jJii28

Falemos agora da segunda questão. O que é "responder criminalmente pelos seus atos"? Em quase todos os países, as leis preveem duas idades diferentes para isso: a idade de imputabilidade penal e a idade de imputabilidade infracional. No Brasil, a primeira é de 18 anos e a segunda, de 12, muito menor que na maioria dos países ocidentais. AS PESSOAS MAIORES DE 12 ANOS E MENORES DE 18, COM A LEGISLAÇÃO ATUAL, JÁ RESPONDEM POR SEUS ATOS CONTRÁRIOS À LEI, só que não com as regras do Código Penal, mas do Estatuto da Criança e do Adolescente. Elas podem ser punidas quando cometem um crime e a pena pode ser privativa da liberdade, mas não vão aos presídios (ainda bem!). Os institutos destinados ao cumprimento em regime fechado de medidas socioeducativas são, na maioria dos casos, quase tão pavorosos quanto os presídios, e é por isso que o sistema não funciona. E é isso que precisamos mudar. A IDEIA DE QUE UM MENOR DE 18 ANOS, COM A LEI ATUAL, PODE COMETER UM CRIME E FICAR "IMPUNE" É SIMPLESMENTE UMA MENTIRA.

A determinação da idade de imputabilidade penal não tem a ver com a capacidade de discernimento, mas com uma decisão de política criminal — e também social e educacional. Precisamos proteger essas crianças e adolescentes, recuperá-las, e não trancafiá-las em prisões superlotadas sob o controle de facções criminosas! O dano que a redução da maioridade penal pode produzir será irreparável para toda uma geração. O Estado tem que trabalhar para que as crianças e adolescentes estejam no banco da escola e não no banco dos réus! A redução da maioridade penal, longe de servir para reduzir a violência, só conseguirá aumentá-la.

E vejam como a minha posição com relação à lei de identidade de gênero é absolutamente coerente com a minha posição contra a redução da maioridade penal. Em ambos os casos, sou a favor dos direitos das crianças e adolescentes e busco evitar danos irreparáveis (sociais, psicológicos, e, pior ainda, muitas vezes, a perda da vida) sejam evitados. Busco proteger essas pessoas em formação com todas as ferramentas que o Estado possa ter a seu alcance para garantir um futuro melhor para elas.

Dito isto, há algo que devo reconhecer quanto aos fundamentalistas: eles também são absolutamente coerentes! Em ambos os debates, promovem o pânico social, mentem, divulgam dados falsos, recorrem à demagogia e ao cinismo, tentam reforçar preconceitos, desconhecem os resultados das pesquisas científicas, ignoram a opinião de profissionais e especialistas, não se importam com as consequências sociais das políticas que promovem e só se aproveitam de um tema sensível para lucrar politicamente e esconder os verdadeiros problemas do país. - JEAN  WILLYS

Ser sincero

Pra Ser sincero: 123 Variações Sobre Um Mesmo Tema - Humberto Gessinger

Editora: Belas Letras
ISBN: 9788560174454
Opinião: ***
Páginas: 304
     “Desde sempre escrevi, com a pior caligrafia da turma, letras de músicas que não existiam. O violão foi ficando para trás, acumulando poeira. Quando eu tinha doze anos, meu pai adoeceu. Faleceu quando eu tinha catorze. Tudo ficou em stand-by, nesse período, lá em casa. Acumulando poeira. Muita coisa ficou em stand-by para sempre. Não deu tempo pra ele me ensinar a fazer a barba.
     Enquanto meus colegas brigavam com seus pais na saudável busca de identidade, à noite, eu colocava os chinelos do meu pai para andar no escuro da casa. Fisicamente não nos parecíamos, mas o som dos chinelos caminhando era igual. Matava um pouco da saudade.”
     “Esse primeiro show parece ter ido bem. Pintaram convites pra apresentações em outras faculdades e alguns bares. A banda que montamos pra durar uma única noite estava virando uma banda pra durar algumas semanas. Já como um trio, tocávamos onde dava pra tocar. Onde não dava, também tocávamos.
     O repertório ia mudando rapidamente. As colagens performáticas foram dando lugar a um material mais pessoal, saído do velho caderno. Dos bares, começamos a andar pelo interior. Era algo que as outras bandas menosprezavam. Ficavam umas tocando para as outras, no mesmo bar. Dizem as más línguas que são necessários 100 guitarristas gaúchos para gravar um solo (um para tocar e 99 para dizer que fariam melhor). Não é bem assim, mas é quase.”
     “Toda Forma de Poder, primeira música do nosso primeiro disco, cometeu quatro pecados capitais: colocou Fidel e Pinochet na mesma frase, tinha participação de um ícone da MPG, estourou no Brasil inteiro e entrou numa novela (nessa ordem).”
     “As mudanças de formação se tornaram frequentes na história dos Engenheiros do Hawaii. Não que eu gostasse. Não que eu evitasse. Num mundo ideal, as pessoas ficariam juntas para sempre. Mas, num mundo ideal, talvez não se precise de música.”
     “Sempre achei que tua maior virtude e teu maior defeito são irmãos siameses.”
     “O mundo pop é muito novidadeiro. A onda é vir, a cada ano, com outra onda. Como se novidade fosse um valor em si. Sempre achei empobrecedor pensar assim. Prefiro artistas que abrem poucas portas e se jogam na sala escura a artistas que abrem todas as portas só pra dar uma espiadinha.”
     “Sempre desconfiei dos atalhos. Não gosto de seguir literalmente cartilhas. As indústrias que crescem na periferia da produção artística têm os mesmos vícios de qualquer indústria. Vivem criando seus presets. Camisas pretas e guitarras pontudas para o heavy metal. Meninas tocando baixo para os alternativos. Guitarras semiacúsitcas e terninhos para os retrôs. Bonés dos Yankees e Adidas pros rappers. Se vacilar, até o tipo de droga, ou a não-utilização de drogas, já vem no cardápio do estilo. Quando eu acabar de escrever essa frase, os modelos podem ter mudado, mas a existência de um modelo certamente persistirá.”
     “Uma coletânea de videoclips dos Engenheiros do Hawaii foi lançada nesse ano (2006). Não tenho a menor ideia do que representam, se representam algo. No início, eram feitos por uma grande rede de TV, para passar no seu programa de domingo. Depois, viraram simples peças promocionais. Não sei se deixaram de ser, se agora são obras de arte em si. Nunca vi muito nexo no formato. Eu paro de zapear, na hora, para ver qualquer músico tocar ao vivo. Mas colar outras imagens numa música, acho que só a empobrece.
     Convergência? Divirjo. Obra de arte total me parece uma contradição. Me interessa mais o que é parcial. Não quero ser uma colcha de retalhos. Quero ser só um retalho na colcha. A soma pode ser menor do que as partes. Não se trata de empilhar sentidos (Cinco? Bingo!). Se a pomba desenhada por Picasso voasse, seria um fracasso.”
     “Um dos grenais de que me lembro com mais carinho foi o de 1977. Ganhamos por 1 a 0, quebrando uma série de 123 anos correndo atrás. Meu pai estava internado num hospital perto do Estádio Olímpico. No fim do jogo, assisti, pela janela do quarto, à caravana das bandeiras tricolores. Carros e torcedores silenciosos por respeito. Sensação boa de pertencimento. Consolo de não estar sozinho. A vida seria uma bobagem sem essas bobagens.”
     “Ouço vozes, tenho pavor de cobras e às vezes tenho medo de começar a flutuar e não conseguir descer. Fico atento às árvores a aos fios elétricos para me agarrar caso aconteça.”
     “Uma possível medida de felicidade seria o número de relações não capitalistas que um cara tem... tem gente que até com a mãe tem uma relação de custo/benefício.”
     “Não sei me expressar bem, tenho aquela ética silenciosa do cowboy numa cidade estranha... não faço juras de amor.”
     “A tentativa de autoconhecimento é o que me fez cair na estrada, a busca de um espelho que não esteja embaçado pela minha própria respiração.”
     “Destino? Essa é a questão, tava escrito ou nós é que escrevemos? Acho que nós escrevemos com a caneta que nos foi dada e suas limitações... de fato, é lápis e não caneta... qualquer coisa, o tempo apaga.”
     “De cada 10 palavras, sete se perdem.”
     “Concreto e Asfalto, para mim, é uma oração. Gostaria de cantar para Jesus Cristo... ele ia achar uma merda e eu ia entender.”

O aquecimento global

ASSUSTADOR: Este GIF mostra a real situação do aquecimento global

Publicado em 22.01.2015
aquecimento global assustador visializacao
Na semana passada, a NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço) e a NOAA (Administração Nacional da Atmosfera e dos Oceanos) anunciaram que 2014 foi o ano mais quente na história da Terra desde que os dados começaram a ser registrados. A animação acima, feita pela Bloomberg, coloca esta descoberta sob um foco apurado.
Quais países sobreviverão ao aquecimento global

A maioria dos gráficos que retrata a temperatura crescente do planeta apenas mostra uma barra, indicando a média ao longo dos anos. Nesta animação, no entanto, vemos os recordes mensais de cada ano sobrepostos uns aos outros, com uma nova série temporal em cada quadro. A linha pontilhada que representa a média do ano também se move a cada ano, enquanto os registros antigos desaparecem no fundo.
ONU faz aviso alarmante sobre o agravamento do aquecimento global

O gráfico indica variações de -1° F, -0,5° F, 0,5° F, 1° F e 1,5° F. Além disso, entre o -0,5° F e o 0,5° F, aponta a média de temperatura no século XX.
Teríamos um negador do aquecimento global como Ministro da Ciência?
O que ele representa? Tanto uma visualização de dados clara quando a verdade terrível de que nosso planeta está ficando cada vez mais quente. Treze dos quatorze anos mais quentes já registrados aconteceram no século XXI – e parece improvável que esta estatística melhore nos próximos anos, se não agirmos se forma dura e rápida. [Gizmodo]

Autor: Jéssica Maes
Jornalista de 23 anos, acompanha mais seriados do que deveria, é abastecida por doces e livros e, não importa o que digam, sempre acreditou no Snape.
Quer copiar nosso texto? Siga estas simples instruções e evite transtornos.

Consciência na prática

Nós somos aqueles que nós mesmos estávamos esperando, diz uma famosa oração dos índios americanos Hopi, e essa mensagem ecoa em palavras mais recentes como as do filósofo indiano Bhagwan Shree Rajneesh, o Osho (1931-1990), cuja visão sobre a crise mundial está numa coleção recente de seus discursos no livro “It’s All About Change” (2014). Já faz 25 anos que Osho não está mais entre nós, mas a crise que ele fala está, e talvez mais forte: e se está, de certa maneira deixamos estar ou mesmo apoiamos estar, demos algum tipo de suporte a ela — como tolerância passiva, por exemplo.
Retire seu apoio“, ele sugere.
E como estamos às vésperas de uma celebração religiosa e cultural importante, talvez seja importante fazer uma conexão com visões como a de Eckhart Tolle sobre o que é essa “nova Terra” ou nova consciência. “A ‘segunda vinda’ de Cristo é uma transformação da consciência“, ele diz. “Uma mudança do tempo para a presença, do pensamento para a consciência pura, e não a chegada de algum homem ou de alguma mulher”, completa Eckhart, em “O Poder do Agora”. Sob essa perspective, é mais fácil compreender o que seria a ressurreição deste mesmo Cristo.
Segue o texto do Osho:
“O futuro não deveria ser só uma esperança e uma oportunidade: essa são apenas palavras vis. O futuro deveria ser absolutamente nosso — deveria ser um futuro dourado. Vivemos com a idéia de um passado dourado — que nunca foi dourado! Mas podemos criar um futuro que é um futuro dourado. Agora é um grande momento. Podemos conseguir um mundo. Essa crise é uma crise dourada, porque as pessoas mudam apenas sobre nessas condições de estresse profundo. Enquanto a situação é tolerável, as pessoas vão tolerá-la — mas agora estamos em um ponto onde a situação não é tolerável. Não há mais tempo para criar comissões e relatórios. Os problemas são muito simples. Tem apenas que ficar claro para toda a humanidade que esses problemas são nossa criação, e que você ainda está criando-os. Uma grande consciência tem que ser espalhada: ‘Esses são os problemas que estamos apoiando. Retire seu apoio’. E alguns passos práticos devem ser tomados… por exemplo, se alguém quer ser um cidadão do mundo, as Nações Unidas deveria fornecer passaportes de cidadão do mundo, sem conexão com qualquer nação. Apenas alguns pequenos passos podem ter um grande impacto imediatamente, eles vão criar uma atmosfera. Essa crise tem sido criada por religiões e nacionalidades, e chegou ao ponto onde não pode mais existir.

Se algo tem que ser feito para o futuro, agora é a hora. Ou senão a maior evolução de consciência no universo vai desaparecer — e essa não é apenas uma perda da terra, mas do universo inteiro. Em um milhão de anos fomos capazes de criar alguma possibilidade para a consciência. Mas agora não temos tempo par esperar a natureza se desenvolver vagarosamente. Ela tem a eternidade, mas nós não. Se vamos resolver o futuro e dissolver os problemas, temos que olhar para as raízes no passado. É nosso passado inteiro, em todas as suas dimensões, que trouxe essa perigosa situação — e ninguém fala sobre isso, porque nenhuma geração passada se preocupou sobre o futuro. O homem sempre viveu do jeito que queria, e forçou cada nova geração a viver da mesma maneira. Isso não é mais possível. Temos que dar o salto quântico — e ensinar à nova geração a não viver da mesma maneira que vivemos. Só então o futuro pode ser mudado”.
Osho, em “It’s All About Change” (Osho media International, 2014)
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Foto: licença Copyright © nadezhda1906.

E' FATO!! Onde está a repulsa da sociedade com escândalo da fraude no Carf?

Notícia é tudo que seja ruim para o PT

Cena de Newsroom, série americana
Cena de Newsroom, série americana
Inspirado no conto Teoria do Medalhão, de Machado de Assis.
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“E então, meu filho. Você já está no último semestre de seu curso de Jornalismo. É hora de conversarmos sobre a sua carreira. Quero dizer, as coisas práticas que vão fazer diferença numa redação.”
Cláudio, o pai, tinha 55 anos. Trabalhara vinte anos nos principais jornais e revistas do Brasil. Depois, para ganhar dinheiro, abriu uma empresa de assessoria de imprensa.
Acumulou uma considerável experiência no jornalismo.
“A primeira coisa que você deve entender é o que é notícia.”
Fred, o filho, riu sozinho.
“Isso é fácil, pai. Notícia é notícia. Uma coisa nova que os leitores querem saber.”
Cláudio balançou a cabeça, em negação.
“Isso era antigamente, filho. Agora, notícia é outra coisa.”
Fred fez cara de interrogação e curiosidade.
“Notícia, agora, é tudo que seja ruim para o PT.”
O pai tirou do bolso um bloco e uma caneta.
“Anota aí, porque isso é o mais importante. Notícia é tudo que seja ruim para o PT. Claro que esta é uma categoria abrangente. Se o fato for negativo para o Lula e a Dilma, também é notícia.”
Fred tomou nota.
“Mas papai. Existe o limite da verdade aí, não é?”
“Filho. Verdade é uma coisa relativa. Mentiras úteis sobre o Lula, por exemplo, dão mais prestígio numa redação do que verdades inconvenientes sobre o Aécio.”
“Mentiras?”, perguntou Fred. “Mas não demitem você quando você publica uma mentira?”
“Isso é coisa do passado, filho. Uma boa mentira pode valer uma promoção. Seus chefes vão respeitar mais você se souberem que você não se detém diante de uma mentira para prejudicar o PT.”
Fred teve uma dúvida.
“E a Justiça, papai? Não vou ter problemas se mentir e me processarem?”
“Nenhum. Você não vai ter problema nenhum. A Justiça gosta do PT ainda menos que a imprensa. E você ainda vai poder dizer que está sendo perseguido. Que a liberdade de expressão está sendo ameaçada pelo bolivarianismo.”
Fred quis saber que livros seu pai recomendava. Na escola, um professor recomendou uma biografia de Julian Assange.
“Não, não”, disse Cláudio. “O Assange é o pior exemplo que você poderia ter. Ele combate os poderosos e procura a verdade. E o resultado é que está confinado há três anos num lugar em Londres em que não pode sequer tomar sol. Se puser o pé para fora, é preso.”
Fred queria saber mais algumas coisas da vida numa redação.
“Que eu faço se descubro um furo que incrimine os adversários do PT? Não me refiro a uma coisa à toa. Furão.”
O pai não hesitou.
“Você joga fora imediatamente. Importante: o chefe não pode nem saber que você tem informações comprometedoras sobre os adversários do PT. Isso pode acabar com a sua carreira.”
“Por que, papai?”
“Está escrito no seu bloco, lembra? Leia em voz alta, para fixar bem.”
Fred leu, os olhos no papel, ligeiramente titubeante como um locutor gago.
“Notícia é tudo aquilo que pode fazer mal para o PT.”
“De novo”, mandou o pai.
Fred repetiu a lei máxima do jornalismo brasileiro, agora com firmeza, convicção, como Bonner no Jornal Nacional.
Cláudio ficou satisfeito. Bateu carinhosamente nos ombros de Fred.
“Pronto, filho. Agora você está preparado para fazer carreira no jornalismo brasileiro.”
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Paulo Nogueira Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.



Onde está a repulsa da sociedade com o escândalo de fraude no Carf? Não há repulsa por que falta o PT?

"O que mais atormenta é que a instituição Receita Federal não está atingida. Seus funcionários, pela dignidade que sempre serviu de exemplo para o país, não são os responsáveis. O que se lê é que a responsabilidade vem de um conselho basicamente indicado por segmentos empresariais. 
"Uma pequena reflexão se faz necessária: se a denúncia fosse feita contra a Receita, com o delegado da Receita indicado por um partido político desses que mais vem sendo apontado como responsável pela grande corrupção, o teto brasileiro já teria caído."
Extraído do Jornal do Brasil:



País - Opinião

Onde está a repulsa da sociedade com escândalo da fraude no Carf?

Não há repulsa porque falta o PT?

Se forem verdadeiras as acusações de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que estão sendo vistas pelo povo, pelos responsáveis pela segurança, pelos responsáveis pela vida pública, por todo segmento do Executivo, Legislativo e Judiciário, elas atingem um nível que faz inveja aos últimos acontecimentos da ladroeira de segmentos importantes da vida pública brasileira.
Empresas de todos os segmentos de negócios - bancos, siderúrgica, escritório de advocacia - estariam protagonizando escândalos com cifras impressionantes, e até agora não houve nenhuma manifestação pedindo CPI, ou pedindo a prisão, ou a punição ou mesmo o apressamento da PF em apontar este desvio de quase R$ 19 bilhões do erário público.
O que mais atormenta é que a instituição Receita Federal não está atingida. Seus funcionários, pela dignidade que sempre serviu de exemplo para o país, não são os responsáveis. O que se lê é que a responsabilidade vem de um conselho basicamente indicado por segmentos empresariais. 
Uma pequena reflexão se faz necessária: se a denúncia fosse feita contra a Receita, com o delegado da Receita indicado por um partido político desses que mais vem sendo apontado como responsável pela grande corrupção, o teto brasileiro já teria caído. 
Se for verdadeiro o roubo, as proporções indicadas são 100 vezes maiores que o mensalão e quase dez vezes maiores que o Lava Jato. Mesmo assim, não se vê, não se lê e não se ouve nada a respeito, a não ser o noticiário arroz-com-feijão. 
Onde está a repulsa da sociedade, se tudo isso for verdade?  

A revolução dentro da evolução

Uma revolução dentro da evolução

03/04/2015

Há uma percepção generalizada de que o ser humano de hoje é alguém que deve ser superado. Ele não acabou ainda de nascer, mas está latente dentro dos dinamismos do processo evolucionário. Esta busca do homem/mulher novos talvez seja um desses anseios que jamais fizeram progresso na história.

Demos dois exemplos. O pensamento mesopotâmico produziu a epopéia de Gilgamesh (século VII a.C) que muito se aproxima do relato bíblico da criação e do dilúvio. O herói Gilgamesh, agustiado pelo drama da morte, busca a árvore da vida. Quer encontrar a Uta-Napishim que escapara do dilúvio e que fora imortalizado, vivendo numa ilha maravilhosa onde a morte não reinava mais. Em sua caminhada, o deus Sol (Shamash) lhe apostrofa: “Gilgamesh, a vida que procuras jamais irás encontrar”. A divina ninfa Siduri o adverte: “quando os deuses criaram a humanidade, deram-lhe como destino a morte; eles retiveram para si a vida eterna. Gilgamesh, melhor farias encher o ventre, gozar a vida dia a dia e de noite; alegra-te com o pouco que tens em tuas mãos”. Gilgamesh não desiste. Chega à ilha da imortalidade. Ganha a árvore da vida e regressa. No seu retorno a serpente bafeja a árvore da vida com seu hálito fétido e a rouba. O herói da epopéia morre desiludido e vai “ao país onde não há retorno, onde a comida é pó e barro e os reis são despojados de suas coroas”. A imortalidade permance uma busca perene.

Outro exemplo, vindo dos nossos tupi-guarani e apopocuva-guarani que projetaram a utopia da “terra sem males” e da “pátria da imortalidade”. Eles viviam em constante mobilidade. Da costa de Pernambuco, de repente, se deslocavam para o interior da selva, junto às nascentes do rio Madeira. De lá, outro grupo se punha em marcha até atingir o Peru. Da fronteira do Paraguai, outro grupo demandava a costa atlântica e assim por diante. O estudo dos mitos pelos antropólogos desvendaram o seu significado. O mito da “terra sem males” punha em marcha toda a tribo. O pajé profetizava:”vai aparecer lá no mar”. Para lá rumavam esperançosos. Com ritos, danças e jejuns acreditavam tornar leve o corpo e ir ao encontro nas nuvens da “pátria da imortalide.”Desiludidos, regresssavam para selva até ouvirem outra mensagem e ir em busca da ansiada “terra sem males”, anelo de uma esperança imorredoura.

Os dois relatos em forma mítica expressam o mesmo que os modernos no dialeto das ciências. Estes não esperam o ser novo do céu, mas querem gestá-lo com os meios que a manipulação genética lhes fornece. Continuamos procurando e contudo, sempre morrendo, jovens ou idosos.

O cristianismo se inscreve também dentro desta utopia. Com a diferença de que não se trata mais de uma utopia mas de uma topia, vale dizer, de um evento benaventurado e inaudito que irrompeu dentro da história. O testemunho mais antigo do paleo-cristianismo é este:” Christus ressurrexit vere et aparuit Simoni”(Lc 24,34): “Cristo ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão”.

Entenderam a ressurreição não como a reanimação de um cadáver como o de Lázaro que depois acabou morrendo novamente, mas como a emergência do ser humano novo, do “novissimus Adam”(1Cor 15,45), do “Adão novíssimo”, como realização plena de todas as virtualidades presentes no humano.

Não encontram palavras para expressar esse fenômeno inaudito. Denominam-no “corpo epiritual”(1Cor 15,44). Isso parece contraditório para a filosofia dominante na época: se é corpo não pode ser espírito; se é espírito não pode ser corpo. Só unindo os dois conceitos, pensavam os primeiros cristãos, faziam jus ao fato novo: é corpo mas transfigurado; é espírito mas liberto dos limites materiais e com dimensões cósmicas.

Dizem mais: a ressurreição não representa simplesmente um acontecimento pessoal, realizado na vida de Jesus. É algo para todos e até cósmico, como aparece nas epístolas de São Paulo aos Colossenses e aos Efésios. Por isso São Paulo reafirma:”ele é a antecipação dos que morreram…Assim como em Adão todos morreram, assim em Cristo todos reviverão”(1Cor 15,21).

Esse é um discurso de fé e religioso. Mas não deixa de pssuir uma relevância antropológica. Representa uma entre tantas respostas ao enigma da morte e a busca da grande transformação, da imortalidade, talvez a mais alviçareira.

Se assim é, temos a ver com uma revolução dentro da evolução. Como se a evolução antecipasse seu fim bom, no auge da realização de suas potencialidades abscônditass. Seria uma miniatura que nos mostra a que glória e a que destinação sumamente feliz somos chamados.

Assim vale viver e morrer. Na verdade, não vivemos para morrer. Morremos para ressuscitar. Para viver mais e melhor.
A todos os que crrem e aos que suspendem seu juízo, boas festas de Páscoa.

*Leonardol Boff escreveu A ressurreição de Cristo e a nossa na morte. 10a.edição, Vozes 2004.

o DNA humano possui pelo menos 145 genes estranhos à espécie

Cientistas descobrem que o DNA humano possui pelo menos 145 genes estranhos à espécie

Uma equipe de cientistas da Universidade de Cambridge descobriu que os seres humanos comportam genes “alheios” à sua linhagem evolutiva, ou seja, que não foram transmitidos por congêneres antepassados. Dessa forma, estabelecendo um verdadeiro desafio à teoria evolutiva, os especialistas afirmam que dezenas de genes essenciais “estrangeiros”, ao contrário dos que se aperfeiçoaram ao longo dos tempos através da genética vertical ascendente, se originaram a partir de micro-organismos que conviveram com o ser humano em um mesmo ambiente durante algum momento de sua evolução.
Os cientistas puderam identificar 145 genes “alheios”, adquiridos pelo ser humano através da chamada transferência genética horizontal. Até hoje, a convenção teórica a respeito da evolução se baseia unicamente na transmissão genética de linhas ancestrais.
Fonte: Genome Biology 
Imagem: Sergey Nivens/Shutterstock.com

Os antidepressivos mais populares são baseados em uma teoria antiquada

Os antidepressivos mais populares são baseados em uma teoria antiquada

Link to HypeScience

Posted: 02 Apr 2015 09:16 AM PDT

Pesquisas mostram que antidepressivos populares podem funcionar em alguns pacientes, mas não em todos, o que os torna, em geral, pouco eficazes. Por quê? Continua...
Posted: 02 Apr 2015 08:21 AM PDT

Perda de peso é sinônimo de uma longa jornada que muitas vezes parece obscura. Clique e saiba tudo o que as pessoas não te contam Continua...
Posted: 02 Apr 2015 07:43 AM PDT

Novo estudo mostra que sete a cada dez chefes não acham que doenças como depressão, estresse e ansiedade sejam motivo para afastamento do trabalho Continua...
Posted: 02 Apr 2015 06:47 AM PDT

Agora é hora de reconsiderar cada coisa ridiculamente improvável que você viu em algum filme péssimo, porque a vida real pode ser ainda pior Continua...