segunda-feira, 15 de junho de 2015

Difereça entre...






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Os 800 anos da Magna Carta


Hoje é comemorado os 800 anos da Magna Carta. Os textos abaixo apresentam perspectivas sobre o texto que influencia até hoje parte da política Ocidental:

Retomando o debate sobre a Magna Carta, por João Carlos Espada.
Magna Carta, Waterloo e a Corrente de Ouro, por João Carlos Espada.
- Um brinde à "Magna Carta", por João Pereira Coutinho.


teorias da conspiração que se provaram verdadeiras

Conheça quatro teorias da conspiração que se provaram verdadeiras

Conheça quatro teorias da conspiração que se provaram verdadeiras

As teorias conspiratórias servem como um recurso para reduzir a ansiedade das pessoas com relação às questões mais diversas, especialmente àquelas que não possuem uma explicação oficial. Embora, na maioria das vezes, sejam explicações descabidas, um princípio de verossimilhança as torna muito tentadoras, sobretudo quando se necessita de respostas a perguntas essenciais. Mesmo assim, existem teorias conspiratórias que, com o decorrer do tempo, mostraram-se corretas. Abaixo, apresentamos algumas das mais significativas, de acordo com uma publicação do jornal inglês The Independent:

  • O Estudo da Sífilis Não-Tratada de Tuskegee: Entre 1932 e 1972, os serviços públicos de saúde norte-americanos fizeram um experimento com 400 afro-americanos com sífilis na cidade de Tuskegee, no Alabama. O objetivo era estudar a progressão natural da doença sem tratamentos. A maioria dos pacientes selecionados eram pobres e analfabetos, e seus diagnósticos nunca lhe foram informados – diziam a eles, simplesmente, que possuíam um “sangue ruim”.
  • Projeto MKULTRA: Relatórios confidenciais revelam que um programa secreto da CIA se dedicou a procurar métodos de controle mental para obter informações de indivíduos resistentes aos mecanismos clássicos de interrogação. Com esse fim, o programa MKULTRA testava drogas, psicotrópicos, correntes elétricas e o efeito de mensagens subliminares em cobaias humanas.
  • Operação Paperclip [Saiba mais no vídeo ao final da notícia]: Quando a Segunda Guerra chegava ao fim e a derrota do Terceiro Reich era inevitável, a CIA levou para os EUA mais de 700 cientistas nazistas especializados em foguetes, armas químicas e experimentos médicos, sem que o Departamento de Estado soubesse nem aprovasse. Entre os especialistas estavam figuras importantes como Wernher Von Braun, criador do foguete V-2 e pai do programa espacial norte-americano; Kurt Blome, médico especializado em armas biológicas, muitas das quais testadas em prisioneiros de Auschwitz; e Hubert Strughold, um médico que estudou os efeitos das temperaturas extremamente baixas no corpo humano em prisioneiros do campo de concentração de Dachau.
  • Lei Seca: Durante a chamada Lei Seca, que proibiu a venda de bebidas alcoólicas nos EUA entre 1920 e 1933, o governo envenenava propositalmente barris de álcool, como medida para impedir seu consumo clandestino. Cerca de 700 pessoas teriam morrido em decorrência dessa ação.

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domingo, 14 de junho de 2015

Um dos principais beneficiados pela Operação Lava Jato

post em andradetalis

Soros um pirata que não larga o Brasil

by Talis Andrade
George Soros, o maior acionista da Petrobras. Um dos principais beneficiados pela Operação Lava Jato
George Soros, o maior acionista da Petrobras. Um dos principais beneficiados pela Operação Lava Jato
Desde o entreguismo do governo Fernando Henrique, a imprensa vem publicando a saída de George Soros do Brasil. A morte de Fidel Castro e a fuga de Soros são as notícias mais repetidas pela imprensa vendida e safada.
Os jornalões publicaram que George Soros trocou ações da Vale do Rio Doce, estatal doada por FHC, por ações da Petrobras. Uma transação totalmente imaginária. Essa troca impossível significaria que a Petrobras é o maior acionista da Vale.
George Soros teve o prestígio de nomear um empregado presidente do Banco Central. Daí o perigo da autonomia.
Todas as vezes que alguma trama política está para acontecer, noticiam coisas assim:
"O megainvestidor George Soros resolveu desfazer toda a posição que tinha sobre a Petrobras (PETR3; PETR4) e abandonar investimentos diretos no Brasil, informou sua gestora à SEC (Securities and Exchange Commission) - a agência reguladora do mercado de capitais americano. Conforme destacou a imprensa nacional, a decisão do bilionário foi novamente na direção contrária da de outros importantes players do mercado, que passaram a investir na estatal no começo do ano.
Durante o segundo semestre do ano passado, o investidor aumentou sua aposta sobre os papéis da Petrobras no auge da Operação Lava Jato, quando o mercado castigava as denúncias de corrupção e a apuração das perdas por eles gerados. Do segundo para o terceiro trimestre de 2014, a exposição de Soros à petrolífera dobrou para 5,1 milhões de ações. De lá para cá, o movimento inverteu até ser zerar ao final dos primeiros três meses deste ano.
O bilionário também vendeu a participação que tinha sobre os papéis da Embraer (EMBR3) e TIM Brasil (TIMP3), levando embora todos os recursos antes aplicados por aqui".
Esta notícia do portal 247 é menirosa. O especulador Soros, pirata internacional, patrocinador de guerras na Europa, no deserto árabe, e do colonialismo na África e nas Américas do Sul, Central e México, jamais largou os ossos de ouro da Petrobras, da Vale do Rio Mais do que Doce. Soros é um assassino, um banqueiro agiota.
Ambicioso, um maldito Midas, não largará facilmente o Brasil. Investiu nas campanhas presidenciais para derrotar Lula e Dilma Rousseff, Soros ganhou muito com as privatizações de Fernando Henrique, mas quer mais. Sempre vai querer mais.
Bom que saísse da Petrobras e de outras grandes empresas brasileiras, que foram privatizadas, e entregues ao capital estrangeiro.  A farsa do leilão da Vale do Rio Mais do que Doce foi o maior roubo da história mundial.
Soros cai fora sim, quando o Brasil reconquistar suas riquezas roubadas. Hora do Brasil nacionalizar a Vale, a Petrobras e outras empresas ex-estatais.
Pela independência do Brasil, Soros fora já! para todo sempre!
Vade retro satana!

Conhecimento pode representar poder e dinheiro

Analisamos cursos de pós-graduação no Brasil

10/06/2015 - 10H06/ atualizado 11H0606 / por thiago tanji
Não é segredo para ninguém que o nível de desenvolvimento humano de um país depende necessariamente da qualidade da educação promovida por suas instituições. Mas essa relação fica ainda mais clara quando se realiza uma análise dos números da pós-graduação stricto sensu, ou seja, dos programas de mestrado e doutorado direcionados para aquelas pessoas que já possuem um diploma de graduação e realizam pesquisa acadêmica sobre um assunto específico. Para se ter uma ideia, a Alemanha, com uma taxa de 18,6 doutores a cada mil habitantes, exporta US$ 183,4 bilhões anuais em tecnologia de ponta, enquanto o Brasil, que tem pouco mais de 1,4 doutor a cada mil habitantes, exporta apenas US$ 8,8 bilhões.


Conhecimento, nesse caso, representa poder e dinheiro.

LÁ EMBAIXO
Número de títulos de doutor concedidos por milhão de habitantes coloca países desenvolvidos na liderança

Baseado em dados de 2010 (Foto: gabriela oliveira)
Mas, se o número de mestres e doutores brasileiros ainda é insuficiente quando comparado ao de outras potências globais, houve avanços nos últimos anos, especialmente com a criação de novas universidades federais e cursos de pós-graduação stricto sensu nas instituições particulares de ensino.

Em 1998, foram concedidos 16 266 títulos de mestre e de doutor no país; em 15 anos, essa cifra superou os 50 mil títulos. “Com a Embrapa, houve um grande investimento em pesquisas relacionadas ao agronegócio, fazendo do Brasil o maior produtor de carne, soja e cítricos do mundo. Com a Embraer, o país investiu também no setor aeroespacial, e hoje é um dos líderes mundiais da área”, afirma Antonio Freitas, pró-reitor de ensino, pesquisa e graduação da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O número de cursos de mestrado e doutorado mais que dobrou em 13 anos: se em 2000 havia 1439 programas disponíveis, em 2013 esse número saltou para 3486. Ainda assim, de acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a quantidade não está necessariamente relacionada à qualidade.

O órgão, vinculado ao Ministério da Educação, é responsável por fazer uma avaliação periódica dos cursos de pós-graduação stricto sensu no país, a partir de requisitos como qualidade do corpo docente, produção intelectual, relevância das teses e dissertações e inserção social. Os últimos dados divulgados pela Capes indicam que apenas 145 programas receberam conceito sete, a maior nota oferecida pela instituição. Cursos que recebem conceitos um e dois não podem abrir novas turmas de pós-graduação.


QUANTIDADE É QUALIDADE?
Em todas as áreas do conhecimento, programas de pós-graduação cresceram durante os últimos anos

  (Foto: gabriela oliveira)
Além do desafio de melhorar a qualidade dos cursos, a desigualdade na distribuição geográfica de professores e estudantes de pós-graduação ainda persiste no país. Em 1998, Acre, Amapá, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins não tinham sequer um programa de mestrado ou doutorado disponível para a população. Hoje, todos os estados do ­país contam com programas stricto sensu, ainda que de maneira desproporcional: a soma do número de professores de pós-graduação das re­giões norte e nordeste — 17 378 — ainda é menor que a do estado de São Paulo, que tem 20 961 desses profissionais.

Não por acaso, o desenvolvimento educacional se reflete diretamente em indicadores sociais. O Distrito Federal, a unidade da federação com maior índice de desenvolvimento humano (IDH), de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), tem também a proporção mais alta de doutores do país, com 111,2 titulados por 100 mil habitantes. Quando se pensa em crescimento econômico e melhora das condições de vida da população, formar mestres e doutores ganha importância estratégica. “Sem pesquisadores qualificados, não seria possível montar uma fábrica como a da Jeep em Goiana, Pernambuco”, diz Freitas. “Aquele pessoal que trabalhava em canaviais, por meio da educação, aprendeu a usar máquinas sofisticadas.” Se o governo federal carrega o lema de “pátria educadora”, nunca é demais relembrar dados como esses, não é mesmo?

DIPLOMA DESIGUAL
Mestres e doutores se concentram nas regiões Sul e Sudeste do país
Calculados a partir de dados do CNPq, com base no censo 2010, fontes IBGE, Banco Mundial e CAPES (Foto: gabriela oliveira)




A MINHA É FEDERAL
Universidades públicas federais dominam a oferta de cursos para mestrado e doutorado
  (Foto: gabriela oliveira)
PARIDADE NA PESQUISA
O número de mulheres que fizeram mestrado é maior, mas ainda há mais homens com doutorado

  (Foto: gabriela oliveira)
LATO SENSU > “Sentido amplo” em latim, inclui programas de especialização para os que já têm diploma de graduação. O curso deve ter duração mínima de 360 horas e oferece um certificado de conclusão.
STRICTO SENSU > “Sentido específico” em latim, diz respeito aos programas de mestrado e doutorado que oferecem diploma de titulação ao estudante após a defesa de sua pesquisa para uma banca pública.
MBA >Do inglês Master Business Administration (ou “mestrado em administração de negócios”), o curso não faz parte do mestrado, como seu nome sugere, mas é uma pós-graduação lato sensu com temas ligados à área de administração de empresas.
MESTRADO PROFISSIONAL > Esse tipo de curso se inclui entre os de mestrado stricto sensu e promove a formação de profissionais que desempenham atividades técnico-científicas de alto nível em diferentes áreas do conhecimento.
DOUTORADO SANDUÍCHE > Programa que oferece bolsas de estudos para doutorandos brasileiros visando à realização de pesquisas em instituições internacionais.

ESTUDE E GANHE POUCO DINHEIRO




Os estudantes que desejam iniciar um curso de pós-graduação stricto sensu podem concorrer a bolsas de estudos oferecidas por agências de fomento à pesquisa, como a Capes e o CNPq, e fundações estaduais, como a paulista Fapesp. O valor desse apoio para os pesquisadores, no entanto, ainda é baixo: o CNPq, por exemplo, oferece R$ 1500 por mês para mestrandos e R$ 2200 para doutorandos. As agências também oferecem bolsas para pós-doutorandos, profissionais que continuam a produzir pesquisas após a conclusão do doutorado.


EU ME FORMEI. E AGORA?
A carreira acadêmica no ensino público é a principal ocupação dos profissionais que concluíram o mestrado ou o doutrado
  (Foto: gabriela oliveira)
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Quando se buscava conhecimento...

Jussara santos duarte
Estes foram felizes. Não tinham IFone  e nem fofocas.
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Por que ler Marx

Livres Pensadores
 -  19:09
 
A critica marxiana deve ser exercida a luz dos nossos tempos, frente aos desafios e exigências do nosso tempo.
Foto do perfil de Professor Negreiros
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“Até quando, Catilina,,,"

Globo volta ao “podemos tirar se achar melhor”

“Até quando, Catilina14 de junho de 2015 | 13:30 Autor: Miguel do Rosário
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Cícero, o célebre orador romano, não conheceu a Globo, mas suas invenctivas contra Catilina, um golpista da época, parecem ter sido escritas especialmente para denunciar as diatribes da Vênus, sua campanha diária contra um debate político baseado em fatos, e não em mentiras, factoides e omissões.
A obsessão goebelliana da Globo é criar a seguinte narrativa: FHC foi um grande estadista, e Lula, um crápula que merece ser degolado em praça pública.
Dizia Cícero: “Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?
Quam diu etiam furor iste tuus eludet?
Quem ad finem sese effrenata iactabit audacia?”
Tradução:
“Até quando, Catilina, abusarás
da nossa paciência?
Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós?
A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?”
O blog DCM descobriu que a Época, que agora disputa com a Veja o título de rainha do esgoto, tentou apagar da internet uma matéria em que denunciava mais uma daquelas coisas incríveis que somente os tucanos podem fazer: em seus últimos dias de governo, FHC usou o Planalto, um espaço público, para reunir grandes empresários, e pedir dinheiro para seu Instituto. Conseguiu R$ 7 milhões. Hoje isso deve corresponder ao dobro disso.
Mais tarde, o ex-presidente conseguiria mais R$ 6 milhões de verba pública para organizar um “acervo” no site do Instituto FHC, louvando a si mesmo.
Tucano pode tudo.
Lula não.
Lula deveria ter ido esmolar embaixo de um viaduto.
***
Do Diário do Centro do Mundo.
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Revista Época tira do ar matéria que contava como FHC ‘passou o chapéu’ para criar seu instituto
Postado em 14 de junho de 2015 às 12:28 pm
A revista Época tirou do seu site um artigo em que contava como, no final de sua presidência, FHC ‘passou o chapéu’ para recolher recursos para montar seu instituto.
O serviço de queima de arquivo, no entanto, não foi bem feito.
O Google guardou uma foto do texto. Quem procura a matéria no Google encontra essa cópia fotográfica.
O Google explica que o dono do conteúdo pode pedir para remover o texto caso queira, mas até aqui a Época não se mexeu.
Abaixo segue a reportagem, copiada e colada:
FHC passa o chapéu
Presidente reúne empresários e levanta R$ 7 milhões para ONG que bancará palestras e viagens ao Exterior em sua aposentadoria
Gerson Camarotti
Foi uma noite de gala. Na segunda-feira, o presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu 12 dos maiores empresários do país para um jantar no Palácio da Alvorada, regado a vinho francês Château Pavie, de Saint Émilion (US$ 150 a garrafa, nos restaurantes de Brasília). Durante as quase três horas em que saborearam o cardápio preparado pela chef Roberta Sudbrack – ravióli de aspargos, seguido de foie gras, perdiz acompanhada de penne e alcachofra e rabanada de frutas vermelhas -, FHC aproveitou para passar o chapéu. Após uma rápida discussão sobre valores, os 12 comensais do presidente se comprometeram a fazer uma doação conjunta de R$ 7 milhões à ONG que Fernando Henrique Cardoso passará a presidir assim que deixar o Planalto em janeiro e levará seu nome: Instituto Fernando Henrique Cardoso (IFHC).
O dinheiro fará parte de um fundo que financiará palestras, cursos, viagens ao Exterior do futuro ex-presidente e servirá também para trazer ao Brasil convidados estrangeiros ilustres. O instituto seguirá o modelo da ONG criada pelo ex-presidente americano Bill Clinton. Os empresários foram selecionados pelo velho e leal amigo, Jovelino Mineiro, sócio dos filhos do presidente na fazenda de Buritis, em Minas Gerais, e boa parte deles termina a era FHC melhor do que começou. Entre outros, estavam lá Jorge Gerdau (Grupo Gerdau), David Feffer (Suzano), Emílio Odebrecht (Odebrecht), Luiz Nascimento (Camargo Corrêa), Pedro Piva (Klabin), Lázaro Brandão e Márcio Cypriano (Bradesco), Benjamin Steinbruch (CSN), Kati de Almeida Braga (Icatu), Ricardo do Espírito Santo (grupo Espírito Santo). Em troca da doação, cada um dos convidados terá o título de co-fundador do IFHC.
Antes do jantar, as doações foram tratadas de forma tão sigilosa que vários dos empresários presentes só ficaram conhecendo todos os integrantes do seleto grupo de co-fundadores do IFHC naquela noite. Juntos, eles já haviam colaborado antes com R$ 1,2 milhão para a aquisição do imóvel onde será instalada a sede da ONG, um andar inteiro do Edifício Esplanada, no Centro de São Paulo. Com área de 1.600 metros quadrados, o local abriga há cinco décadas a sede do Automóvel Clube de São Paulo.
O jantar, iniciado às 20 horas, foi dividido em dois momentos. Um mais descontraído, em que Fernando Henrique relatou aos convidados detalhes da transição com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Na segunda parte, o assunto foi mais privado. Fernando Henrique fez questão de explicar como funcionará seu instituto. Segundo o presidente, o IFHC terá um conselho deliberativo e o fundo servirá para a administração das finanças. Além das atividades como palestras e eventos, o presidente explicou que o instituto vai abrigar todo o arquivo e a memória dos oito anos de sua passagem pela Presidência.
A iniciativa de propor a doação partiu do fazendeiro Jovelino Mineiro. Ele sugeriu a criação de um fundo de R$ 5 milhões. Só para a reforma do local, explicou Jovelino, será necessário pelo menos R$ 1,5 milhão. A concordância com o valor foi quase unânime. A exceção foi Kati de Almeida Braga, conhecida como a mais tucana dos banqueiros quando era dona do Icatu. Ela queria aumentar o valor da ajuda a FHC. Amiga do marqueiteiro Nizan Guanaes, Kati participou da coleta de fundos para a campanha da reeleição de FHC em 1998 – ela própria contribuiu com R$ 518 mil. “Esse valor é baixo. O fundo poderia ser de R$ 10 milhões”, propôs Kati, para espanto de alguns dos presentes. Depois de uma discreta reação, os convidados bateram o martelo na criação de fundo de R$ 7 milhões, o que levará cada empresário a desembolsar R$ 500 mil. Para aliviar as despesas, Jovelino ainda sugeriu que cada um dos 12 presentes convidasse mais dois parceiros para a divisão dos custos, o que pode elevar para 36 empresários o número total de empreendedores no IFHC.
Diante de uma platéia tão requintada, FHC tratou de exercitar seus melhores dotes de encantador de serpentes. “O presidente estava numa noite inspirada. Extremamente sedutor”, observou um dos presentes. Outro empresário percebeu a euforia com que Fernando Henrique se referia ao presidente eleito, Lula da Silva. “Só citou Serra uma única vez. Mas falou tanto em Lula que deu a impressão de que votou no petista”, comentou o convidado. O presidente exagerou nos elogios a Lula da Silva. Revelou que deixaria a Granja do Torto à disposição do presidente eleito. “Ele merece”, justificou. “A transição no Brasil é um exemplo para o mundo.” Em seguida, contou um episódio ocorrido há quatro anos, quando recebeu Lula no Alvorada, depois de derrotá-lo na eleição de 1998. O presidente disse que na ocasião levou Lula para uma visita aos aposentos presidenciais, inclusive ao banheiro, e comentou com o petista: “Um dia você ainda vai morar aqui”.
Na conversa, Fernando Henrique ainda relatou que vai tentar influir na nomeação de alguns embaixadores, em especial na do ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, para a ONU. Antes de terminar o jantar, o presidente disse que passaria três meses no Exterior e só voltaria para o Brasil em abril. Também revelou que pretende ter uma base em Paris. “Nada mal!”, exclamou. Ao acabar a sobremesa, um dos convidados perguntou se ele seria candidato em 2006. FHC não respondeu. Mas deu boas risadas. Para todos os presentes, ficou a certeza de que o tucano deseja voltar a morar no Alvorada, projeto que FHC desmente em conversas mais formais.
Embora a convocação de empresários para doar dinheiro a uma ONG pessoal possa levantar dúvidas do ponto de vista ético, a iniciativa do presidente não caracteriza uma infração legal. “Fernando Henrique está tratando de seu futuro, e não de seu presente”, diz o procurador da República Rodrigo Janot. “O problema seria se o presidente tivesse chamado empresários ao Palácio da Alvorada para pedir doações em troca de favores e benefícios concedidos pelo atual governo.”
O IFHC não será o primeiro no país a se dedicar à memória de um ex-presidente. O senador José Sarney (PMDB-AP) criou a Fundação Memória Republicana para abrigar os arquivos dos cinco anos de seu governo. Conhecida hoje como Memorial José Sarney, a entidade está sediada no Convento das Mercês, um edifício do século XVII, em São Luís, no Maranhão. Pelo estatuto, é uma fundação cultural, sem fins lucrativos. Mas também já foi alvo de muita polêmica. Em 1992, Sarney aprovou no Congresso uma emenda ao Orçamento que destinou o equivalente a US$ 153 mil para seu memorial. Do total, o ex-presidente conseguiu liberar cerca de US$ 55 mil.

http://tijolaco.com.br/blog/?p=27523

coerência, coisa rara

Há ainda quem “não entregue a rapadura”

http://tijolaco.com.br/blog/-  http://tijolaco.com.br/blog/?p=27510
14 de junho de 2015 | 08:34 Autor: Fernando Brito
ovelha-negra
Se coerência, nos dias de hoje, é uma pedra rara, difícil de encontrar, sempre o foi, quando as pessoas vão se ocupar altos cargos, tanto que surgiu o dito português ” se queres conhecer o vilão, põe-lhe na mão o bastão”, deliciosamente traduzido, se a memória não me trai, por Luiz Paulistano para o ofício de escrever: se quer conhecer o caráter de um jornalista, dê-lhe um cargo de chefia”.
Por isso, este blog – que sempre  confessou sua admiração por ele – reproduz a “carta de despedida” do diretor brasileiro do Fundo Monetário Internacional, o economista Paulo Nogueira Batista Jr., um dos mais brilhantes economistas de nosso país e, acima de tudo, um ser humano que continua a pensar, como sempre, no  desenvolvimento brasileiro como algo que não se separa do progresso social. Tudo isso refletido na maneira simples e compreensível de expressar suas idéias – tornou-se antológico o seu “turma da bufunfa” para definir quem tem o dinheiro e o controle da opinião “pública” aqui – perante os leitores de sua coluna – infelizmente hoje quinzenal e em O Globo, depois que a Folha, há cinco anos, o “executou sumariamente“.
Talvez por sua sinceridade e transparência, com a capacidade de não falar economês, Paulo Nogueira não seja hoje o Ministro da Fazenda do Brasil. Como se sabe, um Ministro da Fazenda do Brasil não deve apenas falar inglês; deve pensar em inglês e isso Paulo não faz.
Mas a notícia – e Paulo entra nela mais diretamente que eu – é das melhores.
Ele será o vice-presidente brasileiro do Banco dos Brics. Um belíssimo começo para o banco, onde Paulo, em lugar de ficar tomando pernadas e puxadas de tapete dos “donos do fundo” vai fazer nosso país ser mais que respeitado: ser querido, também, pela qualidade humana de seu representante.

Sobrevivi

Paulo Nogueira Batista Jr.
Há poucos dias, o governo brasileiro, em nota oficial, divulgou a minha designação para vice-­presidente do Novo Banco de Desenvolvimento. Agora posso falar sobre o assunto. Na verdade, era um segredo de polichinelo; a informação já havia vazado para tudo quanto é lado. Quando veio a nota oficial, a repercussão foi bem modesta.
É sempre assim, leitor. O jornalista sempre quer publicar, de preferência, o que o governo não quer divulgar. O que é of the record ganha manchetes. O que é oficialmente divulgado permanece rigorosamente inédito. Mas, enfim, estou de mudança para Xangai no início de julho, em menos de um mês portanto.
Nelson Rodrigues dizia que brasileiro não pode viajar. O brasileiro, a caminho do Galeão, já na Avenida Brasil, adquire automaticamente um descarado sotaque espiritual. Se o grande cronista tinha razão, a minha nacionalidade deveria estar em avançado estado de decomposição.
Em março de 2007, quando estava preparando as malas para Washington, publiquei um artigo aqui mesmo neste espaço, sob o título “Escrevam, reclamem!”, no qual antecipava as dificuldades que teria no FMI e discorria sobre o adestramento das elites dos países em desenvolvimento na capital do Império ( Washington) — esta cidade de onde ora vos escrevo outra vez, mais de oito anos depois.
Sobrevivi. Não diria intacto, claro. Tive que enfrentar umas barras e tenho as minhas cicatrizes. Mas lutei. Lutei para que o Brasil, aquele Brasil idealizado, que só existe no coração de alguns brasileiros, pudesse se orgulhar um pouco de mim.
Exagero? Só quem passou alguns anos em Washington ou qualquer outra cidade importante no mundo desenvolvido pode ter noção completa das dificuldades com que se defronta um subdesenvolvido quando transplantado para o centro do sistema internacional de poder. A verdade, leitor, é a seguinte: americanos e europeus ainda estão acostumados a mandar, acreditam que têm o direito de mandar, que não há outra solução. E ponto final.
O subdesenvolvido quando chega por aqui se defronta, portanto, com a seguinte disjuntiva: ou adere, sem qualquer restrição e objeção, acompanhando mansamente as diretrizes do Ocidente, ou será considerado um elemento hostil, um estranho no ninho.
Alguém perguntará: mas não há meiotermo? Não, infelizmente não. Conformismo total é o que se espera de um periférico que aporta por aqui. E subdesenvolvido que não conhece o seu lugar é caçado a pauladas, feito ratazana prenhe, diria Nelson Rodrigues (outra vez esse homem fatal!).
Ah, mas o subdesenvolvido que se acomoda, este pode ter uma boa vida por aqui. Depois de um período de experiência, é acolhido como membro leal de um clube confortável, com saunas, piscinas e toalhas felpudas — membro de segunda classe, é verdade, sem direito de decidir, mas membro mesmo assim.
Quero acrescentar um elemento importante a essa pequena fábula. O brasileiro não é dos piores. A subserviência internacional encontra muitos representantes mais entusiasmados e mais convictos. O brasileiro tem os seus escrúpulos, os seus arroubos, os seus surtos de independência. O Brasil, afinal, é um grande país — ainda que nós, brasileiros, não estejamos sempre à sua altura.

sábado, 13 de junho de 2015

A luta de classes explica o mundo

CartaCapital
http://www.cartacapital.com.br/
Internacional

Entrevista - Domenico Losurdo

A luta de classes explica o mundo

por Claudio Bernabucci publicado 12/06/2015 04h24
O historiador italiano Domenico Losurdo analisa a atualidade do conceito marxista em um momento em que a renda está sendo redistribuída a favor das classes privilegiadas
Desigualdade-social
Nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos cresce o abismo entre ricos e pobres
Historiador da filosofia e professor emérito da Universidade de Urbino, na Itália, Domenico Losurdo está em São Paulo em junho para um seminário intitulado Cidades Rebeldes e para o lançamento, pela Editora Boitempo, de seu Luta de Classes. Na entrevista a seguir, o acadêmico, um dos estudiosos italianos mais traduzidos no mundo, fala do novo livro, da ascensão dos emergentes e do marxismo, e contesta o historiador britânico Niall Ferguson, expoente liberal.
CartaCapital: Vivemos em uma época em que o neoliberalismo é hegemônico e age sem fronteiras. A política, ao contrário, continua presa às estreitas visões nacionais. A escassez de concepções globais da história que aflige o pensamento contemporâneo depende desse limite?
Domenico Losurdo: Temos de considerar que, no fim do século passado, com a derrota das experiências socialistas na União Soviética e na Europa Oriental, assistimos a uma colossal mudança histórica. Ao mesmo tempo, a afirmação dos países emergentes e em particular da China como potência mundial representa um choque que é normal não ser imediatamente sistematizado no pensamento. Meu trabalho consiste na tentativa de superar esses limites.
CC: Como o senhor definiria, de um ponto de vista histórico-político, a atual situação internacional?
DL: Nos principais países de capitalismo avançado ocorre um enorme processo de redistribuição de renda a favor das classes privilegiadas. Ao mesmo tempo, de um ponto de vista global, podemos observar uma redistribuição a favor das nações emergentes, aquelas que completam a revolução anticolonialista. Nesse duplo processo, quem coerentemente apoia um projeto de emancipação da humanidade deveria agir para contrastar, em nível nacional, a concentração de riqueza em mãos privilegiadas e, em nível global, favorecer a redistribuição a favor dos países menos favorecidos.
CC: O senhor lê tais processos como umas das várias configurações da luta de classes. É correto?
DL: Exatamente. Para entender minha leitura, temos de lembrar que Marx fala de lutas de classe, sempre no plural. A forma de luta de classes na qual se prestou mais atenção é aquela entre burguesia e proletariado, mas é preciso evidenciar que, sobretudo Engels, mas também Marx, indicou na opressão da mulher a primeira forma de luta de classes. Uma terceira forma é a continuidade da batalha anticolonialista. Na segunda metade do século passado, ela tomou a forma de disputa pela libertação nacional e agora persiste como um embate econômico entre países que querem realizar plenamente sua própria autonomia.
Professor-emerito-de-Urbino
O professor emérito de Urbino vem a São Paulo para o lançamento de seu mais recente livro sobre o tema
CC: A luta de classes, sobretudo após a derrota do socialismo real, foi recusada como possível interpretação da história contemporânea. Qual é sua resposta a esse tipo de argumentação?
DL: Nesse aspecto, eu polemizo abertamente com Niall Ferguson, considerado hoje o historiador de referência do Ocidente liberal. Ele afirma que no século XX a luta racial teve importância central, enquanto a luta de classes não teve relevância alguma. Vejamos os acontecimentos principais do século passado na Europa e na Ásia. Como demonstram os seus chamados discursos secretos, Heinrich Himmler, um dos principais chefes do nazismo, manifestou com total clareza a vontade do Terceiro Reich de realizar um novo regime escravista. A derrota da União Soviética era a premissa para recrutar escravos, no sentido literal do termo, que, afirmou Himmler, poderiam “encontrar ali e dos quais precisamos para trabalhar e servir a nossa raça”. É correto então afirmar que a luta contra a tentativa de escravizar as chamadas raças inferiores foi uma luta de classes. Um processo análogo aconteceu na Ásia, com a tentativa do império japonês de submeter e escravizar os chineses, imitando assim os alemães no escravismo, maneira mais brutal de colonialismo. Mao Tsé-tung, em torno de 1938, com muita lucidez, afirmou que naquelas condições a luta de classes coincidia com a luta nacional. Tal coincidência se verificou obviamente também na Europa contra Hitler. Muitos historiadores, não só eu, afirmam hoje que a resistência da União Soviética contra a Alemanha nazista na Europa e a resistência chinesa na Ásia contra o imperialismo japonês foram as maiores guerras coloniais da história. Como tais, elas foram os maiores exemplos de luta de classes no século XX, uma batalha que sempre assume características novas e peculiares. A história do século passado é a confirmação da leitura marxista da história como luta de classes.
CC: A luta de classes resulta útil para interpretar e transformar a realidade contemporânea?
DL: Na época atual, não existem mais as colônias no sentido clássico, pois é evidente que a luta anticolonial chegou ao fim em nível planetário. Esse avanço é, sem dúvida, o resultado de um processo iniciado com a Revolução de Outubro, quando Lenin conclamou “os escravos das colônias a quebrarem o jugo da dominação colonial”. O mundo era propriedade de poucas grandes potências colonialistas, da Ásia à América Latina. Hoje o quadro é outro, mas ela continua como luta anticolonialista: não é mais pela independência nacional, mas assume a forma de disputa econômica. Uma citação de Mao Tsé-tung torna-se útil outra vez. Na véspera da proclamação da República Popular da China, em 1949, ele avisou: “Se, depois da conquista do poder, não tivermos em conta que os Estados Unidos querem que a China continue dependendo do trigo americano, a China continuará sendo substancialmente uma colônia no plano econômico. Nesse caso, a independência política será meramente formal”. Mao entendeu claramente que o processo de libertação do colonialismo passou da fase político-militar para a político-econômica. Dessa maneira, podemos entender o que acontece nos dias de hoje com a China: uma das formas da luta de classes vigente é a tentativa de quebrar o monopólio ocidental da alta tecnologia. Isso vale também para a América Latina, que se liberou definitivamente da Doutrina Monroe, mas continua a batalha pela independência econômica e pelo desenvolvimento autônomo.
CC: Ilustres prêmios Nobel de Economia evidenciaram que também nos países emergentes o processo de bifurcação entre ricos e pobres aumenta. Como o senhor avalia essa contradição?
DL: Em nível mundial, o capitalismo continua dominante. Portanto, também nos países emergentes vê-se uma acumulação de riqueza a favor dos setores privilegiados, e quase sempre a distância econômica e social entre riqueza e pobreza se acentua. No Brasil como na China, as três formas de luta de classes estão contemporaneamente ativas, não existe só a forma clássica entre burgueses e trabalhadores. É sempre preciso fazer a análise concreta da situação concreta. Cada momento histórico é caracterizado pelo entrelaçamento entre as três diferentes lutas de classes e, a depender dos contextos específicos, determina-se a prevalência de uma forma sobre as outras.
CC: Como definir a experiência chinesa, que adotou um sistema de partido único e a economia capitalista?
DL: Se por capitalismo entendemos o sistema em que o poder é exercido pela burguesia, certamente a China não é um país capitalista, pois o poder está estritamente nas mãos do Partido Comunista. A expropriação política da burguesia foi realizada completamente, enquanto a econômica não, pelo fato de suas capacidades empreendedoras terem sido consideradas úteis, nessa fase histórica, para perseguir os objetivos de interesse geral. Portanto, sugiro aceitar a autodefinição que os dirigentes locais adotaram: a China se encontra no estágio primário do socialismo, que acabará em 2049, centenário da República Popular. Admito ter compartilhado as ilusões do passado, quando as certezas alimentadas pela filosofia da história garantiam a inevitável vitória do socialismo. Agora não acredito mais nisso, mas afirmar que na China o capitalismo venceu para sempre é uma colossal besteira. Palavra de historiador. 
Niall-Ferguson
Niall Ferguson, historiador britânico, estaria errado ao minimizar os efeitos das lutas de classe no século XX

Cynara: “atitude muito corajosa de Jô Soares”



A Mídia Jornalística e o pânico que a fomenta

Criar e fomentar diariamente, repetidamente, o medo, o pânico na população colocando-a seletivamente contra só ao Governo Federal, Essa tem sido a missão da Mídia Jornalística no Brasil. Até onde isso é justo?! Para isso utiliza-se gratuitamente da falácia, da calunia, da injuria, da difamação dizendo que estar a apontar erros e criticar...

Mesmo alardeando diariamente crise e mais crise, a rede globo, se utilizando de determinados códigos, passa o recado para os grandes capitalistas de que a crise que tanto dizem haver, não há. Mesmo no setor ‘produtivo’ que vive de ciclos conforme níveis de consumismo, não há prejuízos. Isso fica claro em programas como o Globo Rural, Pequenas Empresas Grandes Negócios, e matérias jornalísticas inceridas dia-a-dia no meio de seus telejornais.

Para os que usam a Mídia Jornalística Televisiva, Radiofônica, internet para, gratuitamente, caluniar, injuriar, difamar achando que estar a criticar...

Paulo Nogueira: A previsível miséria das críticas à entrevista de Dilma no Jô.

Postado em 13 jun 2015
Funcionou
Funcionou
A mídia política não surpreende. É previsível como um jogo de sinuca comprado.
A entrevista de Dilma no Jô, por exemplo.
Você sabia, muito antes de ela ir ao ar, que só haveria cacetadas. Os textos, a rigor, poderiam ser escritos sem que os jornalistas perdessem seu tempo precioso vendo o programa.
Não importa o nível das perguntas de Jô e nem o conteúdo das respostas. Só virão pedradas.
Um dos efeitos, não notados pelos jornalistas, é que você não precisa lê-los para saber o que eles dirão.
Me chamou a atenção, particularmente, o blogueiro Josias de Souza.
Em sua avaliação sobre a entrevista, ele acusou Dilma de ser “autocongratulatória”.
Se eu fosse editor de Josias, perguntaria: “O que você queria? Que ela atacasse a si própria, como se já não bastassem tantos caras como você? Que ela elogiasse o Aécio?”
Na ânsia desvairada de atacar Dilma, perde-se a noção do ridículo, como você percebe pelo artigo de Josias.
Ela falou o óbvio: não se pode falar em promessas descumpridas quando você está apenas no começo de um mandato.
E então Josias replica: mas e os primeiros quatro anos? De novo, caso eu o chefiasse: “Caramba, o povo acabou de fazer seu julgamento, nas urnas, sobre se ela cumpriu ou não as promessas do primeiro mandato. Isso apesar de uma multidão de jornalistas como você vociferarem contra ela o tempo todo. Que mais você quer?”
Josias também criticou a entrevista por ser “amável”.
Ele não é exatamente um jornalista mirim, e deveria saber que Dilma – e nem ninguém, incluído o próprio Josias – toparia dar uma entrevista voluntariamente se houvesse o risco de receber tiros.
O DCM tentou entrevistar, para ficar num caso, Fernando Rodrigues, colega de Josias no UOL, sobre o Swissleaks.
Estamos esperando resposta até hoje.
A entrevista, em si, foi boa. De um a dez, nota sete. Tanto funcionou que, no horário, Jô teve um Ibope acima do habitual: 6,7 pontos, com pico de 8,7. Jô deixou muito para trás Danilo Gentili, com 4,4%. Você pode imaginar o que aconteceria caso Gentili tivesse batido Jô.
Dilma estava à vontade, e se saiu bem. Falou mais pausadamente que de costume, se dispersou pouco nas respostas e quase não cometeu erros no português.
Jô, cavalheirescamente, deixou-a falar. Interveio apenas quando necessário.
Soube fazer perguntas que quase todos os jornalistas antes dele ignoraram. Por exemplo: as leituras da Bíblia por Dilma na época da prisão.
A Bíblia foi, muitas vezes, a única leitura possível para ela. Dilma, com toda a razão, sublinhou a extraordinária riqueza literária da Bíblia. (Dostoievski também só pode ler a Bíblia no tempo em que esteve preso, registrado em Recordação da Casa dos Mortos.)
Jô tocou num ponto que desperta curiosidade em todo mundo: como ela se sente diante das críticas ininterruptas?
Foi sábia a resposta de Dilma. Quem milita na política tem que saber distinguir as coisas. Não pode levar críticas para o campo pessoal, ou vive martirizado.
Jô citou sua própria dificuldade com críticas. Conheço bem, aliás.
Escrevi, quando editava a Exame, um artigo sobre um romance de Jô. Ele me telefonou tão logo saiu a revista, furioso.
A redação se juntou em torno de mim para acompanhar a conversa tensa que tivemos. Lembro que ele disse que na França o romance tinha sido elogiado. “E daí?”, respondi.
Também recordo que ele disse: “Sou amigo do Roberto Civita.” E eu, de novo: “E daí?”
Dilma também se saiu bem quando perguntada se tinha pavio curto. Ironicamente, disse que é uma “mulher dura no meio de homens meigos”.
Dilma deveria conceder mais entrevistas. Mas não a jornalistas como Josias e tantos outros, interessados apenas em destruí-la porque pensam assim agradar seus patrões.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Cynara: “atitude muito corajosa de Jô Soares”

13 de junho de 2015 | 12:45 Autor: Miguel do Rosário
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Jô Soares, o cara na Globo que gosta da Dilma
Por Cynara Menezes, Socialista Morena
O ar désolé de William Waack ao anunciar a próxima atração era uma pista para o que viria a seguir: o apresentador Jô Soares em um encontro para lá de amistoso com a presidente Dilma Rousseff no palácio da Alvorada. E “o gordo” já começou dizendo a que vinha: fazer uma entrevista-desagravo à presidente, que está sendo alvo, disse, de uma campanha “absurda” por parte de gente que não se conforma com o resultado da eleição.

“Eu comecei a ter uma reputação de petista fanático porque saí em sua defesa quando começou aquela onda absurda, louca, de ‘fora Dilma’. A pessoa não acredita muito que na democracia, quando a pessoa é eleita, tem que se respeitar o voto. Saí em sua defesa, não que você precisasse, mas tem certas coisas que me deixam indignado”, comentou Jô. Ou seja, o apresentador global deixou patente que vê as manifestações como choro de perdedor. Uau.
Jornalisticamente, é preciso que diga, a entrevista não foi lá essas coisas. Uma entrevista rende muito mais quando se faz um bom número de perguntas ao entrevistado (não necessariamente ardilosas), sem deixá-lo falar tanto. Quanto maior a variedade de temas, mais variada, claro, fica a entrevista. Faltaram vários temas, em minha opinião, principalmente provocações sobre a relação entre Dilma e os detentores do poder no Congresso, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o presidente do Senado, Renan Calheiros. Jô só tocou no nome deles en passant, e para criticá-los.
Mas há dois pontos a se levar em consideração: o primeiro é que Jô Soares não é jornalista e sim um entertainer – que tem, atenção, a “permissão” de se posicionar politicamente, ao contrário dos jornalistas, nos meios tradicionais. O segundo é que o objetivo dele com a entrevista não era colocar Dilma na parede, coisa que vimos à exaustão toda vez que ela apareceu diante das câmeras respondendo a jornalistas brasileiros –no Jornal Nacional, então, nem se fala. O objetivo de Jô era mostrar como Dilma pensa e como quer governar o País. E, neste aspecto, é possível dizer que foi a primeira entrevista que a presidente deu desde que se elegeu em 2010 em que pôde fazer isso. Todas as entrevistas de Dilma no Brasil tinham ar de duelo, normalmente concedidas no calor de uma campanha eleitoral.
Jô Soares, ao contrário, levantou a bola para Dilma cortar em praticamente todas as perguntas. À vontade, sem ser interrompida, a presidente, mesmo com a prolixidade habitual, pôde explicar o que tem feito e quais são suas metas para os próximos quatro anos. E, diferentemente da Dilma “marionete” de Lula que pintam, sobressaiu uma governante segura do que tem na cabeça. Para exasperação de seus opositores, Dilma transmitiu uma imagem de mulher extremamente preparada para o cargo. Quer você goste dela ou não, ficou bastante óbvio que ela não está ali por acaso e sabe exatamente o que está fazendo. Se você não concorda com o que ela está fazendo (e aqui incluo a esquerda que votou nela) é outra história, mas que ela tem a coisa clara na cabeça, tem.
A entrevista de Dilma Rousseff ao Jô foi praticamente um anti-panelaço: contra os que quiseram calar a presidente pelo grito, o entrevistador mais famoso do Brasil lhe ofereceu voz. Elogiou seu gosto pela leitura, mostrou-se admirador de sua passagem pela luta armada durante a ditadura e não disfarçou sua confiança no projeto de governo dela. Jô gosta muito de Dilma, simpatiza com a pessoa dela, isso ficou evidente. O recado foi dado à emissora onde trabalha: “Vocês não gostam dela, mas eu gosto e vão ter que me engolir”. Aos 77 anos de idade e 54 anos de carreira, Jô Soares pode fazer isso. Para culminar, terminou a entrevista com um galanteio hilário à presidente em pleno dia dos namorados, antes de beijar sua mão: “Foi bom para você também?” E foi bem isso mesmo, um “beija-mão”. Jô estava ali para ser um gentleman com Dilma.
Na manhã seguinte à entrevista, as redes sociais estavam ouriçadas. Os “defensores da liberdade de expressão” de costume atacavam Jô Soares sem o menor respeito. “Fim de carreira”, “sem caráter”, “sempre foi fraco”, além dos xingamentos impublicáveis característicos ao grupo. Não poderiam faltar as acusações de que Jô “recebe dinheiro” do PT: a captação pela Lei Rouanet para a montagem da peça Troilo e Cressida, de Shakespeare, foi transformada imediatamente em suborno. Gente capaz de vender sua ideologia por 30 dinheiros acha que todo mundo faz o mesmo.
Pois eu achei uma atitude muito corajosa de Jô Soares de fazer este desagravo a Dilma, ainda mais em plena TV Globo, emissora que integra a oposição midiática ao PT e a seu governo. Jô demonstrou que não está disposto a abrir mão de suas convicções, ainda que isto lhe resulte em seu linchamento por parte de gente que aprova linchamentos. Coragem é sempre algo admirável em um personagem público.
Assista à íntegra da entrevista clicando aqui.