quarta-feira, 3 de julho de 2019

É verdade... Infelizmente a inverdade é que é validada como verdade

As mensagens reveladas pelo Intercept são verdadeiras. Mas o que isso significa?
Gazeta do Povo3 de julho de 2019 12:33


por Renan Barbosa
Já passou da hora de reconhecer o óbvio: as mensagens de aplicativas reveladas pelo The Intercept Brasil são verdadeiras. Mas o que isso realmente significa?
1) As reações da direita quanto à autenticidade do material têm sido, em geral, vergonhosas (calma que vamos falar da esquerda também). Está claro que um material do tamanho do que está sendo revelado não poderia ter sido fabricado. Há repórteres experientes de outros veículos, além do Intercept, que já tiveram acesso ao material.
A reação dos envolvidos também deixa patente que as conversas existiram. Isso, porém, não tem nada a ver com as discussões, bastante válidas, sobre o (2) "contexto" das conversas; (3) a interpretação do que está ocorrendo ali; (4) o enfoque que o Intercept tem dado ao material; (5) o valor jurídico das conversas; e (6) a forma como a fonte teve acesso ao material (falamos sobre isso mais abaixo).
1.1) Sobre a última reportagem, em que o material teria sido "editado": está óbvio, desde o início, que o texto das mensagens que aparece nas reportagens não é o texto original. Ele foi transcrito para as páginas. O Intercept não teve acesso a "prints" do Telegram, mas a download das mensagens em forma de texto (você pode fazer isso no próprio WhatsApp ou Telegram) e de arquivos que, pelo que se sabe, envolvem vídeos, áudios e fotos.
1.2) Especificamente sobre o erro quanto ao nome do procurador "Angelo" – que apareceu em uma prévia do Glenn Greenwald, não na reportagem: também não está claro que os remetentes das mensagens não vêm identificados com nome, RG e CPF. Membros do MPF já me disseram que há (ou havia) grupos com centenas de procuradores no Telegram. O número do Deltan é fácil de identificar -- porque todo mundo o tinha --, mas isso não vale para todos. Parte do processo de checagem envolve identificar quem é quem (em uma próxima postagem, vamos destrinchar especificamente o caso da procuradora Monique Cheker).
2) O problema do “contexto”: a reação dos envolvidos nas mensagens, até agora, mostra que elas existiram. A estratégia tem sido (i) não reconhecer a "legitimidade" das mensagens (o que não tem nada a ver com os fatos), (ii) repisar que são muitas mensagens há muitos anos, (iii) que não se pode lembrar de tudo e, portanto, (iv) que poderia ter havido adulterações -- e mesmo essa estratégia foi sendo construída com mais clareza ao longo do processo.
2.1) Está razoavelmente claro que, se algo tivesse sido inventado, teria sido uma bala de prata. Ninguém montaria uma situação dessas pra deixar tudo aberto à valoração. Fico imaginando alguém montando um esquema desse tamanho para a crítica mais pesada que o ex-juiz Sergio Moro teria a fazer ao MBL é dizer que há "alguns tontos" no movimento.
2.2) A estratégia de negar o conteúdo tem mais valor jurídico que político ou para o senso comum: ela serve para não esquentar as provas ou configurar confissão.
2.3) Quem ainda se move pelo senso comum, e não está embotado pela ideologia, está raciocinando como se o conteúdo fosse verdadeiro – porque é o mais razoável e plausível mesmo.
2.4) A maior parte do que está ali não precisa de mais contexto do que já tem. É perfeitamente possível entender quem fala, o que fala, sobre o que fala, quando fala, etc. O problema real é interpretar e avaliar o que está ocorrendo (veja o ponto 3 abaixo).
2.4) A direita está insistindo na estratégia do avestruz (os inocentes) e da cortina de fumaça (os cínicos). No médio e no longo prazo, essa estratégia vai se provar contraproducente.
2.5) Por outro lado, a esquerda – e a cobertura do Intercept está sofrendo desse mal – está investindo no moralismo e exagerando o conteúdo em muitos aspectos, o que nos leva ao próximo ponto.
3) A interpretação do que está ocorrendo ali: muitas conversas estão abertas a discordâncias de boa fé sobre sua regularidade.
3.1) As mais óbvias são as que ocorrem entre os procuradores: quem se escandaliza com colegas de trabalho discutindo estratégias de acusação, fazendo piadas ou sendo levianos ao falar, ou (i) não conhece a realidade, ou (ii)finge escândalo para aumentar a repercussão. Essas mensagens podem dar indicativos de uma coisa ou outra, podem até ter interesse público, o que está aberto à discussão, mas são fracas.
3.2) As conversas entre Moro e os procuradores são mais delicadas, pela questão da imparcialidade. Por um lado, me espanta a posição de senadores como Randolfe Rodrigues (Rede-AP): como alguém poderia ser tão entusiasta da Lava Jato, uma operação tão complexa, tão imensa e que já dura cinco anos, e imaginar que não havia conversas entre Ministério Público e juiz? Não imaginar que havia uma coordenação política, mas não político-partidária, dos agentes públicos?
3.3) Por outro lado, há pontos específicos da conduta de Moro que são mais delicados: (i) a indicação de uma fonte, ou "notícia crime" via aplicativo; (ii) o “aconselhamento” da acusação, como no caso da procuradora Laura Tessler, (iii) e a sugestão ao MP da edição de uma nota respondendo ao “showzinho” da defesa do ex-presidente Lula.
3.4) São essas questões que mais dividem as pessoas de boa fé. São essas questões que levantam um problema de algo que talvez seja mesmo comum no sistema judicial, mas que não deveria ser normal (no sentido de segundo a norma): a proximidade entre juízes, acusação e defesa. No caso da Lava Jato, foi com a acusação. Em outros, é com a defesa (Oi, Gilmar). O problema é normativo e cultural, e não tem solução fácil.
4) O Intercept tem direito a publicar o material de acordo com sua linha editorial e, pessoalmente, a verdade me interessa mais que os resultados da Lava Jato ou a reputação deste ou daquele. Como pessoa e jornalista, a verdade é a única coisa que me interessa – com todas as dificuldades que ela envolve, sabemos.
4.1) Isso não faz, contudo, o Intercept estar isento a críticas. É possível que haja críticas de má-fé, na linha da cortina de fumaça, mas faz parte do espaço público democrático criticar e ser criticado. É do jogo.
4.2) Sobre isso, portanto: (i) ainda falta transparência quanto aos materiais, principalmente em contexto de crise do jornalismo, e (ii) o excesso de viés na apresentação do material, bem como (iii) o “estilo folhetinesco” (cf. Carlos Andreazza) estão atrapalhando: isso faz com que os editores às vezes prometam bombas que, para pessoas razoáveis no centro do espectro político, não passam de “traques” – o que é outra forma de dizer que a publicação, e grande parte da esquerda, não parece estar muito atenta às nuances e sutilezas das conversas que estão sendo divulgadas (veja o ponto 3). E, claro, há quem esteja de má-fé na esquerda também.
5) Tudo que se disse até agora importa para o senso comum e para a política, mas quase nada para o Judiciário. A questão de como essas conversas poderão ser aproveitadas, eventualmente, em processos judiciais e quais consequências poderão surgir daí é por demais complexa para especular muito. Ainda é preciso esperar os desdobramentos. Há pessoas de boa-fé, de um lado e de outro, defendendo soluções opostas. Isso também vai depender de como toda a história assentar na opinião pública.
6) A discussão sobre a fonte do material não é irrelevante, muito pelo contrário. Não (ii) para desacreditar o material, porque o material é o material independente da fonte, e o que vai ser feito dele depende de nós, nem (ii) para intimidar o Intercept, o que é uma vergonha. Mas porque a fonte, em si, é uma história – como todas as grandes histórias de vazamento nos Estados Unidos mostram. A fonte do vazamento poderia ser um hacker russo tentando desestabilizar o Brasil? Poderia, e essa história mereceria ser contada, se for verdade. Mas uma coisa não anula a outra. São duas (ou mais) histórias.

Palocci não passa de um blefe

Procurador da Lava Jato admite que delação de Palocci era um blefe
Ceilândia em Alerta3 de julho de 2019 10:07


Um dos principais procuradores da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima (o outro é Deltan Dallagnol), agora admite: a delação premiada de Antônio Palocci, que a mídia conservadora qualificou como “delação do fim do mundo”, que seria capaz de “destruir o PT”, era um blefe; “Está mais para o acordo do fim da picada”, afirmou; ele reconhece que há uma guerra entre o Ministério Público e a Polícia Federal pelo controle da Lava Jato
247 – Um dos principais procuradores da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima (o outro é Deltan Dallagnol), agora admite: a delação premiada de Antônio Palocci, que a mídia conservadora qualificou como “delação do fim do mundo”, que seria capaz de “destruir o PT”, era um blefe. Na entrevista, concedida à Folha de S.Paulo, ele reconhece que há uma guerra entre o Ministério Público e a Polícia Federal pelo controle da Lava Jato.
A delação de Palocci foi fechada pela PF depois da recusa do Ministério Público. Santos Lima relatou: “Demoramos meses negociando. Não tinha provas suficientes. Não tinha bons caminhos investigativos. Fora isso, qual era a expectativa? De algo, como diz a mídia, do fim do mundo. Está mais para o acordo do fim da picada. Essas expectativas não vão se revelar verdadeiras. O instituto é o problema? Eu acho que a PF fez esse acordo para provar que tinha poder de fazer”.
Ele reconheceu que o caso Palocci foi uma “queda de braço” entre as equipes da PF e do MP e atacou a Polícia Federal: “(…) a porta da frente dos acordos sempre será o Ministério Público. A porta dos fundos é da PF. As pessoas irão à PF se não tiverem acordo conosco.” A declaração revela o estado de balbúrdia institucional da Lava Jato.
Na mesma entrevista, ele admitiu também que as delações de Delcídio do Amaral, decisiva para a campanha de ódio ao PT, e de Sérgio Machado, tinham graves defeitos: “Quando você faz com excesso de rapidez, corre o risco de fazer colaborações mal feitas. Delcídio, na minha opinião, quase nem se autoincrimina. A primeira coisa é o colaborador falar os crimes que cometeu. (…) No caso do Sérgio Machado, no final das contas, o principal sequer foi denunciado. Aquelas conversas supostamente com membros do Congresso e ex-parlamentares, que geraram até pedido de prisão no Supremo, sequer movimentaram uma denúncia. Aquela gravação era um bom início de negociação, mas não era um fim em si mesma. A gente tem que tomar muito cuidado com excesso de vontade de conseguir certos documentos, provas, gravações”.
Leia íntegra da entrevista aqui.

No Brasil, por tradição, quem prende estar acima da lei, acima da prisão.

Moro usa a Globo para fugir da polícia
altamiroborges2 de julho de 2019 23:40


Por Jeferson Miola, em seu blog:
A despeito das revelações que comprovam documentalmente seus ilícitos, os agentes da Lava Jato ainda continuam exercendo cargos públicos e não tiveram a prisão preventiva decretada.
À luz da legislação, a gravidade dos crimes cometidos e os elementos indiciários reunidos são suficientes para a adoção de medidas legais como [i] o afastamento imediato dos cargos públicos que ocupam; [ii] a realização de busca e apreensão para recolher e proteger provas e, finalmente, [iii] a prisão preventiva para impedir interferência nas investigações.
Enquanto nada disso é feito, Dallagnol e Moro continuam destruindo provas [aqui], obstruindo investigações, manietando as instituições e manipulando a população com uma narrativa de vitimização deles e da Lava Jato por “ataques de corruptos”.
Moro e Dallagnol também estão usando a influência e o poder dos seus cargos para orquestrar a contra-ofensiva da OrCrim – organização criminosa, como o ministro do STF Gilmar Mendes nomeia a força-tarefa da Lava Jato.
Em palestra na organização extremista Acton Institut em Michigan/EUA, Dallagnol confessou ter destruído informações públicas armazenadas nos celulares funcionais dos agentes da Lava Jato: “saímos do aplicativo e apagamos tudo” [aqui].
É uma tentativa desesperada – e inócua, porque existem outras técnicas para comprovar a autenticidade – de sabotar a comprovação da autenticidade do material do Intercept. É preciso anotar, aliás, que Moro e Dallagnol só passaram a questionar a autenticidade dos documentos revelados pelo Intercept por contingência de mudança da estratégia de defesa deles.
No Jornal Nacional de 29/6 a Globo noticiou a falsa versão de suposta manipulação tanto do diálogo como da identidade de Monique Cheker, a procuradora que tinha consciência da prática dos crimes continuados do Sérgio Moro e que, apesar disso, se omitiu e, portanto, prevaricou [aqui]. A versão fantasiosa da Globo e da procuradora foi cabalmente desmentida pelo Intercept [aqui].
É inacreditável que depois de quase 1 mês da denúncia do Intercept nenhuma investigação tenha sido instaurada. Isso fica ainda mais estranho porque Moro e Dallagnol se defendem com o argumento central de que a Lava Jato foi alvo da “ação de criminosos”.
Ora, se de fato existissem os supostos crimes que eles denunciam, o ministro da Justiça e o procurador-chefe da Lava Jato teriam o dever de ofício de determinar a investigação policial.
Se, ao contrário disso, estivermos diante de crimes cometidos por eles mesmos, Moro e Dallagnol – como evidenciam as provas do Intercept –, e não por “ação de criminosos”, é ainda mais imperativo investigar-se a fundo.
A escandalosa ausência de investigação criminal num escândalo que atinge altas autoridades do sistema jurídico do país não é acidental.
Moro e Dallagnol deliberadamente deslocam o foco dos seus crimes da esfera jurídico-policial para a arena da mídia, em cuja estratégia são muito ajudados pela Rede Globo. É impossível entender a resiliência do Moro sem a influência decisiva da Globo no entorpecimento ideológico e cultural da população.
A visão favorável ao “largo uso da imprensa” para fins ilegais e inconstitucionais Moro deixou assentada no artigo Considerações sobre a operação Mani Pulite [aqui]. No artigo, ele se regozija que a Mãos Limpas tinha alianças com veículos de comunicação e que “vazava como uma peneira” para atingir seus propósitos.
Neste momento defensivo da Lava Jato, Moro recorre a esses ensinamentos de manipulação da opinião publicada para esconder seus próprios crimes. Moro usa a Globo para fugir da polícia.
O afastamento dos agentes da Lava Jato dos seus cargos e a prisão preventiva de alguns deles é, por isso, uma exigência ética, política, jurídica e policial.
É medida indispensável para impedir que eles continuem impedindo as investigações e perpetrando crimes contra o Estado de Direito.
É inaceitável que Moro e Dallagnol continuem sendo tratados como interlocutores no debate público nacional.
Eles são criminosos, não debatedores. O “lugar de fala” deles não são as redes sociais, as mídias digitais e a Rede Globo, mas os “autos dos processos”, os inquéritos policiais.
O lugar aceitável de manifestação do Moro e do Dallagnol não é o da mídia, mas dos inquéritos policiais.
A manutenção de Dallagnol e Moro nos cargos que ocupam é mais que uma ofensa, é uma vergonha a todos os servidores públicos e ao serviço público.
Não existe democracia ou Estado de Direito se máfias substituem o sistema jurídico-legal e passam a mandar. Quando isso acontece, é a barbárie eleita; é o “fascismo democrático”.

Deltan já defendeu o que agora ele condena

Conversas revelam que Deltan já defendeu 'vazamentos' na mídia

Yahoo Notícias
Novas mensagens apontam que Deltan, antes de ser alvo de vazamentos, era favorável à divulgação na mídia de informações obtidas ilegalmente (Foto: HEULER ANDREY/AFP/Getty Images)

RESUMO DA NOTÍCIA

  • Novas mensagens divulgadas apontam que Deltan foi, por diversas vezes, favorável à divulgação na mídia de informações vazadas
  • Desta vez no alvo, coordenador da operação Lava Jato afirma ser vítima de “ataque gravíssimo por parte de um criminoso”

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Novos trechos de conversas divulgadas pelo The Intercept Brasil, neste sábado (22), revelam que Deltan Dallagnol e outros procuradores do MPF (Ministério Público Federal) concordaram e defenderam a publicação na mídia de vazamentos de informações sigilosas ou obtidas ilegalmente.
Desde que vieram à tona as primeiras mensagens entre o então juiz Sergio Moro e procuradores indicando possível interferência do agora ministro na operação Lava Jato, as manifestações públicas de Deltan são de que ele e os procuradores, assim como a operação em si, são vítimas de um “ataque gravíssimo por parte de um criminoso”.

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Mensagens enviadas via Telegram num chat chamado “PF-MPF Lava Jato 2”, no entanto, apontam que em novembro de 2015 Deltan alertou seus colegas que seria “praticamente impossível” investigar pela via judicial jornalistas que tenham publicado material vazado. Na ocasião, eram discutidas no grupo medidas para coibir vazamentos de informações da força-tarefa, classificados por alguns como “muito prejudiciais”.
Já em maio de 2018, Deltan escreveu que “Autoridades Públicas estão sujeitas a críticas e tem uma esfera de privacidade menor do que o cidadão que não é pessoa pública.” Desta vez, a conversa ocorreu no chat chamado “Liberdade de expressão CF”.
17:15:22 Deltan: “Autoridades Públicas estão sujeitas a críticas e tem uma esfera de privacidade menor do que o cidadão que não é pessoa pública.”
Esse grupo foi criado pelos procuradores para redigirem um manifesto - publicado aqui - em defesa das virtudes da liberdade de expressão após um dos procuradores ser ameaçado de punição por ter publicado um artigo com duras críticas à Justiça Eleitoral.
Deltan também já defendeu a prevalência do interesse público “quando há o conflito entre o direito à privacidade e o direito à informação sobre crime grave”. Em março de 2016, ele compartilhou no Twitter uma análise René Dotti favorável à decisão de Moro de tornar públicas gravações telefônicas do ex-presidente Lula com a então presidente Dilma Rousseff.

OUTROS PROCURADORES

Em janeiro de 2017, os procuradores lamentaram o fato do Brasil caído no ranking de percepção da corrupção, publicado pela Transparência Internacional, e expressaram admiração pela Dinamarca, que lidera o ranking.
Num chat no Telegram chamado "BD", a procuradora Monique Cheker - que não pertence à Lava Jato em Curitiba - detalhou que um dos pontos favoráveis praticados pela Dinamarca no combate à corrupção é a proteção e valorização das fontes que expõe corrupção, os chamados whistle-blowers.
  • 08:21:39 Aqui
  • 08:33:49 Livia TinocoInfelizmente, estamos muito, muito longe do modelo da Dinamarca
  • 08:43:25 Monique “Many companies also make use of so- called “whistle-blower” systems that have become very popular in Denmark”.
  • 08:44:07 Enquanto aqui no Brasil há “complexa” discussão se o delator é imoral ou não.
Após os vazamentos envolvendo Moro, Deltan e procuradores Lava Jato, Monique afirmou, pelo Twitter, que os diálogos divulgados foram distorcidos” e classificou as reportagens do The Intecept Brasil como “desleal ou antiético”.

EPISÓDIOS ANTERIORES DO VAZAMENTO

Procuradora deixa caso Lula após 48h da crítica de Moro

procuradora do MPF Laura Tessler foi afastada do processo do triplex de Guarujá, que resultou na condenação do ex-presidente Lula, 48 horas depois da crítica feita por Sergio Moro a Dallagnol.
Em novo trecho de novo vazamento, divulgado nesta quinta-feira (20), mensagens trocadas pelo Telegram entre Deltan e o procurador Carlos Fernando, no dia 13 de março de 2017, apontam que a escala do MPF foi alterada para retirar Laura do processo específico do triplex após Moro criticar seu desempenho em inquirições de audiências. Sabatinado no Senado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) na quarta-feira, o ministro da Justiça negou interferência.

FHC - Mitigar apoio importante

Mensagens trocadas entre Sergio Moro e Deltan Dallagnol, divulgadas pelo The Intercept Brasil nesta terça-feira (18), apontam que o ministro repreendeu as investigações contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pois “não queria perder o apoio”.
O diálogo teria acontecido logo após o Jornal Nacional veicular, em 13 de abril de 2017, uma reportagem de suspeitas contra o tucano. O então juiz questionou Dallagnol sobre a seriedade das “acusações".
O procurador teria afirmado que a Lava Jato não levou em consideração a prescrição para demonstrar “passar um recado de imparcialidade". Na época, a operação era criticada por investigar apenas membros do PT envolvidos no esquema de corrupção.
“Ah, não sei. Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante", responde Moro.
As denúncias de FHC seriam referentes a um suposto Caixa 2 em 1996.

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Interesse da MPF em FHC veio de sugestão

A reportagem também mostra que o interesse de envolver alguém do PSDB e, assim, apaziguar os críticos surgiu cedo na Lava Jato. Em conversa no dia 17 de novembro de 2017, o procurador Roberto Pozzobon utilizou um grupo do Telegram Chamado FT MPF Curitiba 2 para sugerir uma investigação de pagamentos da Odebrecht aos institutos de Lula e FHC.
O procurador ainda compartilhou um laudo da Polícia Federal daquele mesmo ano, pagamentos mensais feitos pela Odebrecht ao iFHC entre dezembro de 2011 e 2012. A soma era de R$ 975 mil.
A série de reportagens do ‘Intercept’ começou no dia 9 de junho, um domingo. Na primeira leva de matérias, o site divulgou uma série de mensagens trocadas entre Moro e Dallagnol.

‘Pequena parte' de um 'arquivo gigantesco’

O editor-executivo do portal de notícias The Intercept Brasil Leandro Demori afirmou, nesta segunda-feira, que o material ao qual a equipe teve acesso é ‘uma pequena parte’ de um ‘arquivo gigantesco’. O documento acessado pela equipe revelaria uma suposta ‘colaboração proibida’ entre o então juiz federal, Sérgio Moro, e procuradores da força tarefa da Lava-Jato.

Nessa primeira leva, as acusações contra Moro ficaram por conta de um suposto direcionamento que ele dá para a Lava Jato internamente. Entre outros, o portal apresenta mensagens que mostrariam que Dallagnol duvidada de provas contra Lula, além de colaboração proibida do então juiz com o procurador.
Mais tarde, em 14 de junho, o ‘Intercept’ seguiu suas publicações com mais material contra Moro. Nas novas mensagens divulgadas, há um diálogo horas depois do primeiro depoimento prestado por Lula à Lava Jato.
Neste diálogo, Moro teria proposto ao Ministério Público a publicação de uma nota à imprensa. Nela, haveria conteúdo que esclarecesse o que Moro chama de “contradições” do ex-presidente, no que ele se refere como um “showzinho” da imprensa.

“Vem muito mais por aí”

Em entrevista exclusiva ao Yahoo, o jornalista Glenn Greenwald afirmou que os conteúdos divulgados até então eram “apenas o começo”.
Moro não pode dizer que a reputação dele foi destruída. Mas a aprovação dele caiu dez pontos e ainda vem muito mais coisa por aí, a máscara dele [Moro] vai ser derrubada”, afirmou o jornalista na oportunidade.

Para defesa de Lula, mensagens são “prato cheio”

A divulgação das mensagens pelo ‘Intercept’ abriu um novo flanco para a defesa de Lula tentar reverter um histórico de derrotas em tentativas de anulação de processos contra o ex-presidente.
As conversas divulgadas fizeram a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) desengavetar um pedido dos advogados de Lula pela anulação do processo do tríplex em Guarujá (SP), que levou o petista à prisão.
A solicitação da defesa foi feita sob o argumento de suspeitas na isenção de Moro após ele ter se tornado ministro do governo Jair Bolsonaro. Em dezembro passado, o ministro Gilmar Mendes (STF) havia pedido vista da ação, mas recolocou em pauta na última semana. A análise do caso está marcada para dia 25 de junho.

Principal base de Bolsonaro, evangélicos estão ‘100% com Moro’

Na última quarta (12), cerca de 30 parlamentares evangélicos se encontraram com Moro e fizeram uma oração para abençoá-lo, como contou o Marco Feliciano (Pode-SP), líder da bancada evangélica na Câmara.
“Fizemos uma oração e abençoamos a vida dele. Pedimos que Deus dê tranquilidade ao ministro”, diz o parlamentar.
O deputado esteve em comitiva, ao lado de Bolsonaro e Moro, que viajou até Belém (PA) na quinta (13) para participar da celebração dos 108 anos da Assembleia de Deus no Brasil.
Lá, Feliciano afirma que Moro foi “ovacionado”.

Moro sobre vazamentos: ‘sensacionalismo’

O ministro da Justiça e Segurança pública, Sergio Moro, foi ouvido, nesta quarta-feira, durante uma sessão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado. O ex-juiz afirmou que os supostos diálogos revelados pelo The Intercept Brazil constituem um ataque "sensacionalista”, por seu trabalho à frente da Operação Lava-Jato.

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Delação suspeita

Lava Jato desconfiou de pivô da prisão de Lula no caso triplex, mostram mensagens

Yahoo Notícias
Novas imagens vazadas mostram que Lava Jato não confiava nas delações de Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS e pivô da prisão de Lula (Foto: REUTERS/Rodolfo Buhrer)
Os procuradores da Lava Jato trataram com desconfiança todas as tentativas de delação de Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS e principal pivô para a prisão do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva no caso triplex. É o que mostram novas mensagens vazadas e publicadas pela Folha de S. Paulo, em parceria com o The Intercept Brasil.
Nos diálogos analisados pela publicação, o empreiteiro só começou a ser considerado nas investigações contra Lula após mudar diversas vezes seu relato do imóvel no Guarujá.

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“Sobre o Lula eles não queriam trazer nem o apt. Guaruja”, escreveu o promotor Sérgio Bruno Cabral Fernandes a outros integrantes da equipe que negociou com os advogados da OAS em agosto de 2016, numa discussão sobre a delação no aplicativo Telegram. “Diziam q não tinha crime.”
Léo Pinheiro foi apresentar a versão que incriminou Lula apenas um ano após o início das negociações com a Lava Jato, em abril de 2017. Durante interrogatório com o juiz Sergio Moro, ele disse que a OAS reformou o apartamento em troca de garantia de contratos com a Petrobras.
A primeira versão apresentada pela empresa é que as reformas haviam sido feitas como um agrado pessoal ao ex-presidente.
Em 2016, quando as negociações de delação iniciaram, o ex-presidente da empreiteira já havia sido condenado por corrupção. Na época, as investigações já estavam avançadas e a equipe já tinha muitas informações relacionadas a Lula, o triplex e o sítio em Atibaia.
O empreiteiro foi recebido com ceticismo desde o início. “A primeira notícia de versão do LP [Léo Pinheiro] sobre o sítio já é bem contrária ao que apuramos aqui”, disse um dos procuradores, Paulo Roberto Galvão, no início de março. “Estamos abertos a ouvir a proposta da empresa mas não nos comprometemos com nada.”

Entenda o caso das mensagens vazadas pelo ‘Intercept’

A série de reportagens do ‘Intercept’ começou no dia 9 de junho, um domingo. Na primeira leva de matérias, o site divulgou uma série de mensagens trocadas entre Moro e Dallagnol.
Nessa primeira leva, as acusações contra Moro ficaram por conta de um suposto direcionamento que ele dá para a Lava Jato internamente. Entre outros, o portal apresenta mensagens que mostrariam que Dallagnol duvidada de provas contra Lula, além de colaboração proibida do então juiz com o procurador.
Mais tarde, em 14 de junho, o ‘Intercept’ seguiu suas publicações com mais material contra Moro. Nas novas mensagens divulgadas, há um diálogo horas depois do primeiro depoimento prestado por Lula à Lava Jato.
Neste diálogo, Moro teria proposto ao Ministério Público a publicação de uma nota à imprensa. Nela, haveria conteúdo que esclarecesse o que Moro chama de “contradições” do ex-presidente, no que ele se refere como um “showzinho” da imprensa.

“Vem muito mais por aí”

Em entrevista exclusiva ao Yahoo, o jornalista Glenn Greenwald afirmou que os conteúdos divulgados até então eram “apenas o começo”.
Moro não pode dizer que a reputação dele foi destruída. Mas a aprovação dele caiu dez pontos e ainda vem muito mais coisa por aí, a máscara dele [Moro] vai ser derrubada”, afirmou o jornalista na oportunidade.

Defesa apelou, mas STF manteve Lula preso

Houve a percepção, por parte da defesa do ex-presidente, de que as mensagens divulgadas pelo ‘Intercept’ poderiam ajudar a tirá-lo da cadeia.
O STF decidiu, então, julgar dois habeas corpus pedidos pela defesa de Lula, sendo um deles relativo a Moro e que havia tido sua votação suspensa após pedido de vista do ministro Gilmar Mendes.
Foi o próprio Gilmar que, no início deste novo julgamento, na terça (25), pediu que os ministros considerassem a hipótese de, em caso do HC relativo às acusações contra Moro não fosse julgado, o ex-presidente pudesse esperar o julgamento terminar em liberdade.
Os ministros adiaram a votação do HC por entenderem que a série de mensagens ainda não havia terminado e, com isso, não se podia a chegar a nenhuma conclusão sobre possível uso da Lava Jato por parte de Moro contra Lula. Negaram, no entanto, a liberdade proposta por Gilmar e também pela defesa.

Greenwald foi à Câmara e reiterou que Moro chefiava Lava Jato

Na mesma terça (25) em que a defesa de Lula apelava pela liberdade do ex-presidente no STF, Greenwald esteve na Câmara dos Deputados para responder perguntas dos congressistas.
Em audiência na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, o jornalista a autenticidade do material recebido de uma fonte anônima, fazendo questão de confirmar novamente a autenticidade do material.
"O material já mostrou e vai continuar mostrando que Moro era o chefe da força-tarefa da Lava Jato, que era o chefe dos procuradores. Ele [Moro] está o tempo todo mandando o que os procuradores deveriam fazer e depois entrando no tribunal e fingindo que era neutro. Já mostramos isso, mas vai ter muito mais material ainda", declarou o jornalista no dia.
A audiência pública na Câmara dos Deputados teve a presença principalmente de parlamentares da oposição.
Uma das poucas aliadas de Moro que falaram foi a deputada Policial Katia Sastre (PL-SP), que disse que Greenwald deveria ser preso. "Quem deveria ser julgado e condenado e sair daqui preso é o jornalista, que em conjunto com o hacker cometeu crime", disse a parlamentar.

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