quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Evangélicos com Hitler. Evangélicos com Bolsonaro

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/como-os-evangelicos-garantiram-a-vitoria-de-hitler-na-alemanha-por-hermes-fernandes-pastor/

POR HERMES FERNANDES, pastor evangélico.

Não é a primeira vez que líderes evangélicos apoiam o fascismo. Dentre os 17 mil pastores evangélicos que havia na Alemanha, nem 1% se negou a apoiar o regime nazista. Protestantes ouviram seus líderes insistindo que cooperassem com Hitler. A primeira maioria absoluta conseguida pelo Partido Nazista nas eleições estaduais aconteceu em 1932 em Oldemburgo, um distrito em que 75% da população eram protestantes. Nacionalismo, anti-comunismo e ressentimentos contra a comunidade internacional devido a tratados punitivos durante a Primeira Guerra Mundial também influenciaram as decisões dos protestantes e católicos. A vasta maioria dos que elegeram Hitler eram Evangélicos. Luteranos, batistas e outros movimentos chamados “cristãos” liderados por clérigos (pastores, reverendos, diáconos) que só foram ver a tolice que tinham feito quando suas mãos já estavam sujas de sangue de judeu.

Bolsonaro na Assembleia da ONU

'O que Bolsonaro fez no palco da ONU não tem precedentes', dizem embaixadores experientes
GGN24 de setembro de 2019 21:09


Bolsonaro durante discurso na abertura do Debate Geral da 74ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas. Foto: Alan Santos/PR
“Não posso acreditar no que estou ouvindo”, escreveu um diplomata ao jornalista brasileiro Jamil Chade, especialista em relações internacionais. “Ele (Bolsonaro) acabou de perder a última chance de ser respeitado”, disse outro representante que faz parte da cúpula das Nações unidas.
“Há algo mais extremo que essa visão de mundo?”, disse ainda um terceiro diplomata. “Acho que nunca começamos nosso trabalho nesse tom”, lamentou por outro lado um representante do Brasil ao colunista. “Quando será a próxima eleição?”, escreveu um experiente embaixador asiático para o repórter.
Essas foram algumas das manifestações feitas antes mesmo de o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, concluir seu discurso de pouco mais de 30 minutos que realizou nesta terça-feira na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York,
“Bolsonaro fez um discurso de guerra, repleto de termos e inimigos dos anos 60 e 70: a ameaça socialista e a necessidade de impedir que nossa soberania seja questionada”, avalia Chade.
“Mas, acima de tudo, ofendeu a muitos naquela sala. Num trecho comentado por vários diplomatas, ele alfinetou os demais governos e entidades, alertando que eles tinham aplaudido os presidentes brasileiros que, por ali, tinham passado”, completa o articulista.
“Sua insistência em citar a Bíblia, os cristãos e Deus foram vistas com cautela, num sinal de que tentará redirecionar a agenda internacional com base nesses valores. ‘Ele esqueceu que preside sobre um país diverso’, disse um diplomatas. Ele ainda chocou ao falar das vítimas entre os policiais e não citar os números de mortos pela polícia no Brasil”, prossegue Chade.
Foram vários os pontos surpreendentemente vexatórios à diplomacia brasileira no discurso de Bolsonaro. Um deles foi o fato de, entre todas as lideranças internacionais, Bolsonaro fazer elogios apenas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Ao se referir às demais nações, em um espaço criado para promover o respeito mútuo no quadro internacional, o presidente Bolsonaro dispensou ataques e, por diversas vezes, usou as palavras soberania e pátria.
O mandatário do Brasil fugiu da responsabilidade quando falou da Amazônia, insistindo que o Brasil mantém a maior parte do seu território protegido e, ainda, falou em revisar a demarcação de terras indígenas, afirmando que os índios querem desenvolvimento via exploração de minério.
Nesse momento, Bolsonaro atacou o Cacique Raoni, que desde os anos 1980 se constituiu como uma liderança indígena brasileira que luta pela preservação ambiental e direito dos povos originários.
Segundo o presidente do Brasil, Rauni é usado como “peça de manobra”. Camila Asano, coordenadora de programas da Conectas Direitos Humanos, entrevistada na coluna de Jamil Chade, disse que “Bolsonaro distorce argumentos sobre autonomia dos povos originários para negar direitos que a própria Constituição garante”.
“Categoricamente, anuncia que não promoverá novas demarcações de terras indígenas. É extremamente grave que o presidente tenha usado a Assembleia Geral da ONU como palanque para atacar uma liderança indígena e ameaçar a segurança jurídica das terras ianomâmis e Raposa Serra do Sol, que já estão demarcadas”, afirmou.
Bolsonaro atacou ainda ONGs, imprensa internacional, e o “espírito colonialista” de países que se manifestaram pela proteção da Floresta Amazônica como um bem da humanidade.
“Bolsonaro também surpreendeu com sua nova apologia às ditaduras do Cone Sul, desta vez feita sem citar nomes. Experientes embaixadores brasileiros admitiram que o que ele fez no palco da ONU não tem precedentes na era democrática do país e poderia se igualar à apologia a um torturador que ele fez em pleno Congresso Nacional, ainda quando era deputado”, destaca Jamil Chade.
“Ele justificou o Golpe de Estado de 1964 e as demais ditaduras na região, num tom radicalmente oposto ao que disse José Sarney quando falou no mesmo palco, nos anos 80. Naquele momento, ele lembrou que o Brasil ‘saiu de uma longa noite autoritária’ e se apresentava ao mundo como uma democracia”, lembra o articulista.
e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

FATO!!

Antes de 2100
Devastações... Desmatamentos... Queimadas... Poluições... Contaminações... Desprevenções...
Matam as águas e o que nelas têm e quem d’elas as bebe!!
Matam as matas, as florestas, os sertões e tudo o que nelas há e d’elas dependem!!
Matam a Amazônia que mata o Brasil que mata o Planeta!!
Matam todos os homens matam todas as mulheres pais e mães das devastações... Dos desmatamentos... Das queimadas... Das poluições... Das contaminações... Das dêsprevenções... Dos descuidados... Das ignorâncias propositais e irresponsáveis!!
E bem antes de 2100!!
Professor Negreiros

DISCURSO DE BOLSONARO NA ABERTURA DA ASSEMBLÉIA DA ONU

TODA CRITICA É PROPOSITIVA

Boa parte da imprensa disse que Bolsonaro fez um discurso crítico na abertura da assembléia da ONU. MENTIRA!!

Criticar, etimologicamente, é praticar a arte de avaliar e julgar. Portanto, a crítica, necessariamente, envolve nosso intelecto que trata de realizar a correspondente análise ou exame sobre o objeto ou sujeito em questão para finalmente oferecer um juízo a respeito, uma proposição útil.

A crítica é feita para ajudar em determinada situação/problema a corrigir erros, problemas.

Ser crítico é quando se aborda uma situação/problema e conclui-se apresentando uma solução. Bolsonaro não avaliou nem julgou; não analisou ou examinou nem ofereceu uma proposição; não apresentou problema, portanto não tinha como apresentar uma solução.

Bolsonaro foi à assembléia da ONU com um “discurso” ideológico nazi-fascista raso, leviano de um grupelho reacionário da direita extremada e inconseqüente, carregado de rancor, ódio, preconceitos ideológicos e culturais; recheado de mentiras e fake news; repleto de acusações infundadas, insultos, agressões sem sentido, intimidador, ameaçador. No seu “discurso” foi personalista, falacioso; levianamente acusou, agrediu, atacou, ofendeu, distorceu fatos, argumentos, falas; mentiu, caluniou, difamou, injuriou.

Fez um “discurso” se apresentando claramente como futuro ditador do Brasil. Disse que “a visão de um líder indígena não representa a visão de todos os índios no Brasil”, em seguida leu uma carta dizendo ser da índia calapalo presente e ser ela uma liderança dos povos indígenas, não mais Raoni (o cacique Raoni Metuktire), e que o conteúdo da carta é a vontade de todos os povos indígenas e que de agora em diante é a base de sua política indigenista.

Acusou de comunistas terem tentado no passado a tomada do poder absoluto no Brasil deixando claro que ele sim, tomou o poder agora e que é o senhor absoluto acima de todos e de tudo, que se prepara para ser impositivamente o ditador fazendo uso de falas de condenação a ditadores que ele os chama de esquerda, comunista enquanto defende, elogia, homenageia, aplaude ditadores de direita.

As falas e os poucos “discursos” desse sujeito mostram o alto grau de alienação/paranóia em que vive.

É ter nível cultural muito baixo ou é um ser mau/mal caráter para admirar e defender Bolsonaro. Os fanáticos que o seguem, tem sérios desvios de caráter, personalidade, moral e raso conhecimento cultural.

Toda critica é propositiva. Sem proposição, não é crítica.

                                                                                                             Prof. Negreiros

sábado, 14 de setembro de 2019

A América é uma mulher

O Continente Feminino

“A América é uma mulher... Pelo menos assim ela aparece nas iconografias entre os séculos XVI e XVIII; o ventre opulento, o longo cabelo amarrado com conchas e plumas, as pernas musculosas, nus os seios. [...]. A representação assim construída pelos europeus traduzia um discurso que tentava se impor como concepção social sobre o Novo Mundo: a America, como uma bela e perigosa mulher, tinha que ser vencida e domesticada para ser melhor explorada. A metáfora para a exploração do continente serviu, na pratica, para ilustrar as relações de gênero, no período da conquista.”
(PRIORI, Mary Del. Imagens da Terra Fêmea: a América e suas mulheres. In: VAINFAS, Ronaldo (org.) América em tempo de conquista. Rio de Janeiro, Jorge Zaha, 1992.)

Não causar o mal


Não causar o mal obviamente inclui não matar, roubar ou mentir. Inclui também não ser agressivo - com nossas palavras, ações ou mentes. Aprender a não causar mal a nós mesmos e aos outros constitui um ensinamento budista básico sobre o poder curativo da não agressão.

A base de uma sociedade iluminada está em não causar mal a nós mesmos e aos outros - como início, meio e fim. Dessa forma poderia haver sanidade no mundo é esse processo começa com a sanidade em cada um de nós. Permanecer ignorante por não ter coragem e respeito de olhar para si mesmo com honestidade e brandura é a agressão mais básica, o mal mais fundamental que podemos causar a nós mesmos.

O terreno básico para não causar o mal está na atenção plena, a sensação de enxergar claramente, com respeito e compaixão por aquilo que vemos. É isso que a prática nos mostra. A atenção plena, entretanto não se limita a meditação formal. Ela nos ajuda a nos relacionarmos com os aspectos da vida. Ajuda-nos a ver, ouvir e sentir cheiros, sem fechar nossos olhos, ouvido ou nariz. Relacionar-se honestamente com a qualidade imediata de nossa experiência, com respeito suficiente para não julgá-la, é uma jornada para toda a vida.


Pema Chodron

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Tenho minhas dúvidas do cumprimento

MPF dá 30 Dias para Ricardo Salles passar a 'trabalhar pelo meio ambiente'
Sul215 de setembro de 2019 20:37


Ricardo Salles. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Cida de Oliveira
Da RBA
O Ministério Público Federal (MPF) divulgou nesta quarta-feira (4) uma série de recomendações para o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que tem prazo de 30 dias para colocar em prática. Trata-se de 13 ações e procedimentos que, se seguir à risca, Salles finalmente estará começando a exercer seu papel de chefe de uma das pastas mais importantes do governo, pelo qual está recebendo salário desde janeiro. E a colocá-la para funcionar a serviço dos interesses do país.
A medida do MPF veio no mesmo dia em que a demissão do ministro foi reivindicada por servidores do Ibama, do ICMBio, do Serviço Florestal Brasileiro de do próprio Ministério do Meio Ambiente.
Com 21 páginas, o documento do MPF foi assinado pelo coordenador e integrantes da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão da área de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural, e por outros quinze procuradores. Para justificar as recomendações, eles fazem 45 considerações amparadas na legislação e em farta documentação jornalística das principais medidas tomadas desde que Salles assumiu – muitas das quais contribuíram para que o país tivesse em 2019 recorde de desmatamento e queimadas.
Confira as recomendações:
1. Realize, em conjunto com Ibama e ICMBio, operações de retirada e apreensão de gado criado em áreas de desmatamento ilegal, apresentando ao MPF, no período em 30 dias, o cronograma de quantas operações serão realizadas;
2. Estabeleça uma logística eficiente para auxiliar as atividades fiscalizatórias na destinação de produtos originários de áreas desmatadas ou embargadas, informando ao MPF no prazo de 30 dias os procedimentos a serem adotados e normativos utilizados pelo órgão ambiental;
3. Realize, em conjunto como Ibama, auditoria e fiscalização nos planos de manejo florestais aprovados pelos órgãos estaduais nos estados da Amazônia Legal, bem como operações de combate à inserção fraudulenta de créditos no sistema, comunicando ao MPF, em 30 dias, o número de operações a serem realizadas e o prazo para execução;
4. Realize, em conjunto com o Ibama, fiscalização nas empresas frigoríferas que não possuem compromissos públicos de controle da origem de matéria-prima, listadas no anexo A da presente recomendação (confira lista no final da reportagem);
5. Apresente, de maneira objetiva, dados técnicos que comprovem cientificamente que as informações produzidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) não seriam suficientes para uma estratégia de atuação e fiscalização em campo satisfatória, em conjunto com uso de outros sistemas como os alertas promovidos pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e a experiência de outros setores da administração pública, como nas secretarias de Meio Ambiente estaduais e municipais;
6. Abstenha-se de contratar empresa de monitoramento, uma vez que, pelos dados existentes até o momento, e considerando-se todas as informações já disponíveis ao Inpe e referidas nesta Recomendação, não se revela tal necessidade, sob pena de violação aos princípios da economicidade e da razoabilidade;
7. Estabeleça procedimentos de lavratura de auto de infração e embargos de áreas desmatadas ilegalmente de maneira automatizada pelo Ibama e ICMBio, independente de vistoria de campo, quando os sistemas de monitoramento eletrônico apontarem a abertura e o responsável não apresentar a devida autorização;
8. Estabeleça, em 30 dias, no âmbito do Ministério, do Ibama e do ICMBio, uma política de comunicação pública adequada que permita aos servidores públicos do órgão cumprir o dever legal e constitucional de prestar contas à sociedade das ações específicas e necessárias adotadas diariamente para o cumprimento da legislação ambiental;
9. Se abstenha de praticar atos públicos com conotação de desincentivo ao descumprimento da lei ou deslegitimação de atos dos servidores responsáveis pela proteção ao meio ambiente e que estejam agindo no cumprimento dos seus deveres constitucionais e legais;
10. Se abstenha de dar declarações públicas que, sem comprovação, causem deslegitimação do trabalho do corpo de servidores do Ibama e do ICMBio;
11. Adote medidas de fortalecimento do quadro de servidores do Ibama/ICMBio garantindo recursos financeiros para o combate aos incêndios florestais e desmatamento ilegal, bem como seja garantida a necessária autonomia aos fiscais autuantes, nos termos da lei, para empregar instrumentos que visem inabilitar os infratores economicamente para a prática de novos delitos, com o fito de assegurar uma fiscalização producente e eficaz;
12. Efetue a nomeação dos cargos ainda vagos de superintendência e direção, sempre com a estrita observância de critérios técnicos que comprovem a aptidão profissional dos escolhidos;
13. Apresente em 30 dias ao MPF, de maneira individualizada, informações que comprovem a utilização de critérios técnicos na nomeação de profissionais para o exercício de cargos e funções públicos no ano de 2019, com a estrita observância dos princípios constitucionais da legalidade, da moralidade, da impessoalidade e da eficiência administrativa.

Blog Cidadania - modelo de projeto social: Estatuto Social de Cooperativa

Blog Cidadania - modelo de projeto social: Estatuto Social de Cooperativa: Muitas pessoas não sabem como fazer um estatuto de cooperativa, esse é um exemplo, faça as modificações necessárias e vá em frente. Estatu...

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Omissão de autoridades diante do crime


Corrupção, grilagem e violência: como o crime organizado desmata a Amazônia

Registro da Força-Tarefa Amazônia com derrubada de árvores no dia 8 de agosto em Ajuricaba (AM) - Divulgação
Registro da Força-Tarefa Amazônia com derrubada de árvores no dia 8 de agosto em Ajuricaba (AM)Imagem: Divulgação
Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió
27/08/2019 04h00
O crime organizado que atua desmatando a Amazônia age de maneira violenta, corrupta e na maioria das vezes com apoio de policiais, políticos ou agentes do estado cooptados por meio de propina.
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Com muito dinheiro e longe dos centros urbanos, os criminosos vão além da destruição ambiental: passam por grilagem de terras, lavagem de dinheiro, coerção a moradores tradicionais e até mesmo trabalho escravo.
Os relatos constam de um ano de investigações da Força-Tarefa Amazônia, criada em agosto de 2018 e que conta hoje com 15 procuradores da República dos estados de Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Rondônia.
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O grupo atua para conter os crimes de desmatamento, violência agrária, mineração ilícita e tráfico de animais silvestres. Nesses 12 primeiros meses, foram seis operações que resultaram em ações penais ajuizadas. Nesse período foram identificados 3.180 hectares desmatados, ou o equivalente a 4.453 campos de futebol.
As apurações revelaram como o desmatamento da Amazônia ocorre por grupos organizados, com altos investimentos e uma série de apoios locais. "O desmatamento é apenas um dos crimes cometidos por esses grupos", conta o procurador Joel Bogo, integrante da Força-Tarefa Amazônia, do MPF (Ministério Público Federal).
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Os desmatamentos, em geral, ocorrem em áreas públicas, longe de locais urbanos e de difícil acesso. "Nossa linha de investigação é de crime organizado ambiental. São pessoas que têm muito dinheiro e muitas fazendas. Envolve corrupção de agentes públicos --que são minoria, a maioria é de pessoas honestas, comprometidas--, milícias para fazer a grilagem de terra e lavagem de dinheiro, já que o produto do crime é ocultado por meio de 'laranjas'", explica ele.
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Perfis de desmatadores

Na Amazônia, diz Bogo, existem três perfis de desmatadores. Há quem desmate para subsistência, mas que não tem números significativos de área destruída. "São pequenos produtores que desmatam no máximo três hectares para fazer a roça", diz.
Existe o desmatador intermediário, que tem por trás produtores com propriedades um pouco maiores e às vezes contratam até dois peões para ajudar na derrubada. E existe o grande desmatador. "Esses são o grande problema, causado pela criação de gado, os pecuaristas", afirma.
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Madeira apreendida pela Força-Tarefa Amazônia em operação feita em Ajuricaba (AM) - Divulgação
Madeira apreendida pela Força-Tarefa Amazônia em operação feita em Ajuricaba (AM)
Imagem: Divulgação
As investigações mostram que, na Amazônia, áreas extensas de desmatamento são encontradas com frequência --na visão das autoridades elas não poderiam ter ser feitas por pequenos ou médios produtores.
"Existe um custo alto para desmatar, não é algo simples. Precisa-se de equipes para operar as motosserras, insumos, sementes... O custo disso pode chegar a R$ 2.000 por hectare. Existem áreas de 200, 300 e até 1.000 hectares desmatadas, como se viu recentemente no sul do Amazonas. Isso pode chegar ao custo mais de R$ 1 milhão, não tem como um pequeno ocupante fazer", afirma.
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Segundo a força-tarefa, não se trata de um grupo apenas. Vários se estruturam e se dividem pela Amazônia. "Em geral, são grupos com lideranças locais", diz, citando que há também atuação de pessoas de fora.
"Na operação Ojuara, havia um empresário de Minas. Tem gente de outro eixo que investe nisso, como madeireiras. Tivemos também casos em Rondônia, por exemplo, na operação Máfia da Tora, que pessoal era de Santa Catarina, tinham apartamento em Balneário Camboriú", conta.
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Com alto poder econômico, desmatadores acabam tendo grande influência local. "São pessoas que, pelo poder econômico, influenciam políticos e parlamentares e acabam conseguindo emplacar nomes de pessoas próximas a eles para chefia no Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] para garantir a impunidade dos crimes", diz.
Em maio, durante a operação Ojuara, o ex-superintendente do Ibama no Acre Carlos Francisco Augusto Gadelha foi preso sob a suspeita de facilitar crimes ambientais. A investigação ainda apontou que quatro servidores viajaram em operação oficial, em setembro de 2017, até a área que estava desmatada para alertar os criminosos ambientais sobre uma operação nacional do Ibama programada para ocorrer na região.
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O procurador afirma que as cifras gastas para desmatar são altas. "Há um investimento, R$ 1 milhão, R$ 2 milhões para conseguir uma regularização, e usa uma estrutura como o Cadastro Ambiental Rural para regularização fundiária."
Fazendeiros colocam as propriedades em nomes de 'laranjas', fazem processo de regularização fraudulenta, com alguma conivência de órgãos públicos. Ou seja, é uma estrutura muito sofisticada, desde a contratação de um profissional de georreferenciamento, até compra de 10, 20, 30 motosserras de uma vez. Só uma ação organizada poderia levar a cabo a prática desses crimes
Joel Bogo, procurador
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Modo de atuação

Um dos pontos percebidos pelos procuradores é que os grupos, apesar de agirem de forma isolada, têm um modus operandi semelhante. Bogo afirma que, no caso da investigação da operação Ojuara, de Boca do Acre, havia uma comunicação entre os grupos. "Eles agiam separadamente, mas tinham alguns ramos de contato. Mas o modus operandi é o mesmo. Esses grandes chefes não vão para a mata, ficam nas capitais, e têm pessoas que operam para eles", diz.
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Área queimada e desmatada no município de Boca do Acre (AM), mapeada pela Força-Tarefa Amazônia - Divulgação
Área queimada e desmatada no município de Boca do Acre (AM), mapeada pela Força-Tarefa Amazônia
Imagem: Divulgação
"É algo estruturado. Eles têm gerente, uma estrutura hierárquica. Os peões são contratados para irem lá. Existe também a questão do trabalho escravo, porque eles não contratam formalmente, colocam pessoas em situação bem precárias, sem nenhum tipo estrutura, e pagam por diária", afirma.
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Para conseguir terras, os grupos também usam violência contra moradores mais pobres. "Em Boca do Acre, eles constituíram uma milícia e usavam violência. Muitas dessas regiões, como são remanescentes de antigos seringais, pessoas acabaram ocupando essas áreas. Mas elas começaram a ser comercializadas e vendidas ou foram devolutas da União e acabaram griladas. E essas comunidades começaram a ser ameaçadas para se retirar. Quem resistia acabava sendo vítima de coerção. E era um pessoal da Polícia Militar que fazia esse serviço, recebia vantagens econômicas desses grupos criminosos e faziam ameaça, expulsão."
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Um outro exemplo da atuação violenta veio dos grileiros que se apoderaram da reserva extrativista Arapixi, ao longo do rio Purus, no Amazonas. "Havia moradores que foram impedidos de entrar. Lá há castanhais, eles faziam essa coleta da castanha, mas foram impedidos de atuar por grileiros", conta.
Ele ressalta que existe uma dificuldade de prender pessoas em flagrante. Ao chegar a áreas desmatadas, diz o procurador, normalmente só estão operando os peões, o que resulta muitas vezes apenas na apreensão de equipamentos.
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"Em geral o dono não está na área e é difícil levar a cabo [a punição]. Para chegar a essas áreas só por meio de helicóptero ou por terra em estradas ilegais. Pessoas da região conhecem bem o terreno, o agente de fiscalização, não. E existe uma rede de comunicação. Numa certa ação, quando estávamos saindo do Rio Branco para o sul do Amazonas, todo mundo já está avisado. É difícil dar um flagrante. Só se descobre por inteligência, pela rede de informantes", explica.
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Piora recente

Bogo afirma que desmatar a Amazônia é uma prática antiga e combatida pelas autoridades há anos, mas admite que teve um rápido crescimento desde o segundo semestre do ano passado. "Isso ocorreu por indicação de que haveria redução de fiscalização e por algumas bandeiras que foram levantadas por autoridades locais de que não iam criar embaraços ao que chamam de 'desenvolvimento na floresta'", afirma.
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"O que está havendo é que a fiscalização está arrefecendo em razão dessas sinalizações também", afirma.
As investigações apontaram que o clima entre os desmatadores era de tranquilidade com a nova "atitude" que seria adotada. "Pelos depoimentos, notamos que, por essa conjuntura política, não seria feito nada contra essas ações de desmatamento. Falam que até a destruição do maquinário, que é empregada em caso de apreensão, não seria mais feita", conta.
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Os ataques se tornaram mais frequentes no final do ano passado. Em outubro de 2018, equipes ambientais foram atacadas durante operações de combate ao desmatamento ilegal.
Equipe do Ibama foi atacada em Buritis (RO) no dia 20. Com um galão de gasolina, um homem ateou fogo em três das dez viaturas do órgão.
Já uma equipe do ICMBio foi atacada um dia antes no município de Trairão (PA). Criminosos queimaram a única ponte de acesso à Floresta Nacional (Flona) Itaituba 2, onde fiscais verificavam desmatamento,
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Áudios mostraram que a ação foi orquestrada por moradores de Bela Vista do Caracol --cuja economia depende de madeira ilegal e extração de palmito.
Outro problema estaria no receio dos servidores públicos em seguir com autuações ambientais. "Os fiscais do Ibama estão receosos de sofrerem sanção interna, como já houve do ICMBio, no caso da reserva Chico Mendes. Logo depois da visita do ministro Ricardo Salles, o chefe da reserva foi exonerado da função por uma demanda dos infratores, que o ministro incrivelmente acolheu", diz.
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Em fevereiro, o ministro Ricardo Salles exonerou 21 dos 27 superintendentes do Ibama. Depois, nomeou policiais militares de São Paulo para os principais postos de comando do ICMBio.
No último dia 14, o UOL revelou que servidores do ICMBio se sentem ameaçados por terem participado de uma assembleia da categoria a contragosto da cúpula do órgão.
UOL conseguiu conversar com um servidor do Ibama, que pediu para não ser identificado. Ele confirmou que há receio de atuação dos fiscais, não só na Amazônia. "Claro que há risco para quem sair autuando, a ordem e falas são todas contrárias. O presidente demitiu o fiscal que multou ele, assim como muitos estão sendo também transferidos, mudados de setor. Multas estão sendo revistas. Ninguém quer se arriscar demais", revelou.
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Sem chefe, a força-tarefa do MPF já percebeu um aumento exponencial nos números do desmatamento. "Depois da exoneração, o desmatamento explodiu lá, foram mais de 16 km² --o que é bem significativo para uma área protegida", conta.
Em 2019, o número de multas ambientais despencou. Segundo o Ibama, houve queda de 29,4% nas autuações até o dia 23, quando comparado com o mesmo período de 2018.
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ONGs aliadas

Em três anos de atuação na Amazônia, Bogo afirma que nunca precisou investigar nenhuma ONG (Organização Não Governamental) por desmatamento ou queimadas, como o presidente Jair Bolsonaro levantou, sem provas, a suspeita.
"Pelo contrário, quem desmata e faz as queimadas invariavelmente são pecuaristas. As ONGs fazem trabalho bem importante em relação a comunidades, de alternativa de renda para os ribeirinhos, da cadeia de logística para os produtos florestais. Para quem trabalha na Amazônia, se você conversar com policiais federais, integrantes da Justiça Federal, vai ver que é uma suspeita totalmente fora da realidade", relata o procurador, que atuou em Rondônia entre 2016 e o início de 2018, quando foi transferido para o Acre.
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Para Bogo, o grande problema para alavancar o combate ao desmatamento é a falta de pessoal. "Ibama, PF, aqui mesmo MPF não têm pessoal suficiente. Ninguém tem dedicação exclusiva. Os procuradores ainda respondem pelo gabinete. Precisaria ter procuradores exclusivos pela magnitude do caso. O déficit é enorme", finaliza.

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