terça-feira, 22 de julho de 2014

ONU confirma 121 crianças palestinas mortas em Gaza em ataques israelenses - Notícias - UOL Notícias

ONU confirma 121 crianças palestinas mortas em Gaza em ataques israelenses - Notícias - UOL Notícias



A maldade não deveria nem ser citada, pois está sempre contaminada pela cretinice e  ignorância. 
Não ¨somos¨resultado de uma só causa, mais de uma complexa interferência de causas e condições múltiplas, e não ¨somos¨só ¨estamos¨.
As experiências que vamos viver, nada pode evitá-las.Mas podemos dá a elas sentidos diferenciados.
Existem soluções diferentes, para encarar problemas, onde muitas vezes só vemos uma saída. Pense para encontrá-las.
Podemos pensar na atitude do outro, não como um ato pessoal, mais avalia-la como um hábito adquirido no meio em que ela vive.
Isso é Israel e se Deus... O Deus de Israel!!

domingo, 20 de julho de 2014

Felipa de Sousa



Felipa de Sousa, condenada pela Inquisição por lesbianismo.

Nascida em 1556 na cidade de Tavira, no então reino português do Algarve, Filipa da Souza viajou para Salvador, na antiga capitania portuguesa da Bahia, Brasil, em data desconhecida, depois de ter enviuvado. Filipa era alfabetizada, facto extraordinário para a época, tendo casado com Francisco Pires, que exercia a profissão de pedreiro em Salvador.

Em 1591 deu-se a primeira visita da Inquisição Portuguesa do Santo Ofício a Salvador, principal cidade da então colônia portuguesa do Brasil, chefiada pelo padre Heitor Furtado de Mendonça. Filipa da Souza, contava 35 anos de idade 18 de dezembro, quando foi denunciada e detida por "práticas nefandas", acabando por confessar o seu lesbianismo e envolvendo mais seis mulheres.

A denunciante foi Paula Siqueira, cristã-velha de 40 anos, pressionada pela posse de um livro proibido que guardava em sua casa, tornou-se a principal acusadora de Filipa de Souza, dando origem a um processo em que 29 mulheres foram acusadas de lesbianismo. Num dos seus depoimentos Paula Siqueira afirmou:

"...estando ela confessante em sua casa nesta cidade [do Salvador], veio a ela a dita e ambas tiveram ajuntamento carnal uma com a outra por diante e ajuntando seus vasos naturais um com o outro, tendo deleitação e consumando com efeito o cumprimento natural de ambas as partes como se propriamente foram homem com mulher."

Das 29 mulheres acusadas de lesbianismo na Capitania da Bahia, Filipa foi a mais severamente punida. Condenada ao açoite e ao degredo perpétuo, foi obrigada a escutar a sua sentença na Igreja da Sé, de pé, com uma vela acesa nas mãos, trajando uma veste de linho cru identificativa publicamente dos heréticos, enquanto os seus crimes e pecados eram citados em voz alta (1592). Após a leitura pública da sentença, foi atada ao pelourinho, açoitada e expulsa da capitania.

A sua acusadora teve uma pena mais branda, acredita-se que por ser esposa do Provedor da Fazenda, tendo sido condenada a apenas 6 dias de prisão e ao pagamento de 50 cruzados de multa, assim como a duas aparições públicas como ré, além de algumas penalidades espirituais.

O que sabemos acerca deste episódio da História do Brasil é fruto das pesquisas do professor e antropólogo brasileiro Luiz Mott.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Filipa_de_Sousa

http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_2330.html

http://felipadesouza.blogspot.com/

http://youtu.be/Thjp2EZ5LfY
 

 
Publicado em 11 de abril: Aderonke foi presa, torturada e sentenciada à morte na Nigéria – tudo isso porque ela é lésbica. Ela fugiu para o Reino Unido em busca de segurança.

Agora eles estão tentando mandá-la de volta para o perigo. Aderonke, como dezenas de outras pessoas LGBT que requerem asilo, está presa num processo que o governo do Reino Unido já admitiu ser degradante e humilhante. O programa não funciona e não protege ninguém.

Mas se milhares de nós nos manifestarmos agora, podemos fazer ...
imagem não exibida
Nigeriana lésbica é sentenciada à morte
Aderonke fugiu da Nigéria depois que sua família foi assassinada e ela foi presa, torturada e sentenciada à morte por...



saúde psíquica e espiritual

O humor como expressão de saúde psíquica e espiritual

by Leonardo Boff
Todos os seres vivos superiores possuem acentuado sentido lúdico. Basta observa os gatinhos e cachorros de nossas casas. Mas o humor é próprio só dos seres humanos. O humor nunca foi considerado tema “sério” pela reflexão teológica, sabendo-se que ele se encontra presente em todas as pessoas santas e místicas que são os únicos cristãos […]
Leonardo Boff | 20/07/2014 às 13:01 | Categorias: Ética, educação, Espiritualidade, filosofia, Política | URL: http://wp.me/p1kGid-MQ

o homem, o mito, a camiseta

Che: o homem, o mito, a camiseta

by Revista Espaço Acadêmico
EVA PAULINO BUENO*   Para as pessoas de minha geração, Che Guevara é uma figura importante. Embora ele tenha sido morto em 1967, em algum lugar na Bolívia, de uma certa forma ele continuou vivo, sempre de cabelos longos, barba rala, sério, olhando fixamente em uma direção fora da moldura, usando uma boina escura na […]
Revista Espaço Acadêmico | 20/07/2014 às 13:34 | Categorias: cuba, política internacional | URL: http://wp.me/pCZKg-O2

sábado, 19 de julho de 2014

Blog de Francisco Castro: O procurador-geral Eleitoral diz que nas eleições deste ano nenhum candidato escapará da Lei da Fica Limpa

Blog de Francisco Castro: O procurador-geral Eleitoral diz que nas eleições deste ano nenhum candidato escapará da Lei da Fica Limpa

Blog de Francisco Castro: Metade dos 18 governadores que são candidatos à reeleição ficaram mais ricos nos últimos quatro anos

Blog de Francisco Castro: Metade dos 18 governadores que são candidatos à reeleição ficaram mais ricos nos últimos quatro anos

Bretton Woods 1944Bretton Woods, 1944. Com o iminente fim da Segunda Guerra Mundial, as nações aliadas se reúnem para a formação da nova ordem econômica mundial. Nesta conferência, foram criados o Banco Mundial (também conhecido como BIRD) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mais tarde, em 1947, também foi criado o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT, na sigla em inglês) que mudou o nome para Organização Mundial do Comércio (OMC) em 1995, formando o que o economista Ha-Joon Chan chama de a “Trindade Profana” que vem esmagando a economia dos países em desenvolvimento nos últimos 30 anos.
 
Livre mercado e democracia não são parceiros naturais
Ha-Joon Chang, economista sul-coreano
Se no começo, essas instituições ajudaram os países em crise a equilibrar suas contas e a reconstruir as economias dos países arrasados pela guerra, a partir da crise da dívida do Terceiro Mundo, em 1982, as coisas mudaram drasticamente. Esses órgãos econômicos passaram a ter um poder muito maior do que o previsto, usando dinheiro para influenciar politicamente os rumos dos países enfraquecidos. Nos anos 90, o FMI passou a condicionar os empréstimos à implementação das premissas neoliberais na economia dos países em desenvolvimento. Mesmo com os notórios fracos resultados, muitas dessas recomendações neoliberais persistem até hoje, por influência dos países ricos (eles mesmos vítimas do próprio veneno atualmente). Eles alegam "Não há alternativa" - Margareth Thatcherque “não há alternativa” ao livre-mercado(“There is no altenative”,  famoso slogan da rainha do mercado Margareth Thatcher), defendendo que esse é o único caminho da prosperidade. Já desconstruímos esse mito mostrando os casos da Coreia do Sul, do Japão e da Inglaterra (links o final do post), onde esclarecemos que esses países só cresceram e se tornaram potências econômicas porque fizeram tudo ao contrário do que recomendam hoje aos países pobres. Mas esse trabalho não estaria completo sem mostrar o caso daquele país que exerce hoje a maior influência para a execução de políticas neoliberais no planeta: vamos conhecer um pouco da história econômica dos Estados Unidos.

Estados Unidos não seguem Adam Smith, e se dão bem

Sob domínio inglês, a América do Norte sofreu algumas das restrições que as demais colônias de então sofriam. E isso, acreditem, era defendido por alguém que entrou para a história como o “pai do liberalismo e do livre-mercado”: Adam Smith. Na sua obra mais famosa, A riqueza das nações, ele recomenda solenemente aos americanos não desenvolverem as manufaturas para competir com os ingleses.
Qualquer tentativa de interromper a importação de manufaturas europeias obstruiria, em vez de promover, o progresso do seu país na direção do enriquecimento e engrandecimento efetivos.
Neste trecho, hoje podemos perceber o quão ideologicamente interesseiras eram as “recomendações” disfarçadas de boas intenções de Adam Smith, preocupado com a concorrência americana com os produtos manufaturados europeus.
fabrica-americanaAlguns ilustres americanos como Thomas Jefferson estavam realmente convencidos de que o ideal para a América era permanecer uma economia agrária. Hoje Adam Smith é idolatrado por economistas e políticos nos Estados Unidos, mas na época outros não estavam muito convencidos das recomendações do ilustre pai da economia liberal e queriam ir contra a corrente dominante, defendendo que os Estados Unidos deveriam desenvolver as indústrias através de proteção e subsídios do governo. Essa era a vontade de Alexander Hamilton, o primeiro ministro das finanças do país, e por ironia do destino, filho de escocês como Smith.

Protecionismo até a Segunda Guerra Mundial

Em 1791, Hamilton submeteu seu Relatório sobre as Manufaturas ao Congresso, com uma série de recomendações para desenvolver a indústria, todas indo na contramão do livre-mercado, como tarifas protecionistas, subsídios do governo, proibição de importações, etc.
Naquele momento o Congresso era dominado pelos grandes plantadores latifundiários, a quem interessava o livre-comércio com a Inglaterra industrializada. Foi preciso esperar quase 30 anos, mas em 1820, os Estados Unidos, aproveitando-se da Guerra Anglo-Americana de 1812, implementaram o programa de Alexander Hamilton. Além de ser o país mais protecionista do mundo durante o século XIX até a década de 1920, os Estados Unidos eram a economia que crescia mais rápido. Mas também não a única. Todos os países ricos de hoje – com raras exceções -- adotaram estas medidas protecionistas, como a Finlândia, Alemanha, Noruega, Itália, Áustria e França, etc. Coincidência?
Os Estados Unidos adotaram esse modelo protecionista até o final da Segunda Guerra Mundial. Com suas indústrias já plenamente estabelecidas e com os principais concorrentes europeus totalmente arrasados pelo conflito armado, o país norte-americano achou que era a hora perfeita de levantar a bandeira do livre-comércio. E nem assim eles praticaram o livre comércio plenamente, pois encontraram outros meios de defender seus interesses, alguns até ilícitos.
É nesse contexto que nasce o FMI e o Banco Mundial, que hoje dizem aos países que querem se desenvolver que o melhor caminho é a abertura econômica e a queda de tarifas. Mas a história nos conta que no estágio inicial de seu desenvolvimento, todos os países bem-sucedidos recorreram à mistura de proteção, subsídios e regulamentação para desenvolver sua economia. E por outro lado, esta receita neoliberal recomendada hoje aos países mais pobres só tem trazido prejuízos, como aumento da desigualdade, desemprego, pobreza, instabilidade econômica, com sucessivas ondas de crise entre outras mazelas. O Brasil da era FHC, de meados dos anos 90 é o maior exemplo disso.

Chutando a escada dos outros

chutando a escadaEm 1841, o economista alemão Friedrich List criticou a Inglaterra por pregar o livre-comércio aos outros países enquanto ela atingia a supremacia por meio de tarifas elevadas e subsídios. Ele acusou os ingleses de estarem “chutando a escada” em que eles haviam subido, impedindo os outros de subirem também. Infelizmente é isso que acontece hoje. Os países já estabelecidos não querem mais concorrentes emergindo das políticas nacionalistas e protecionistas que eles mesmos adotaram com êxito no passado. E depois do colonialismo, do extermínio de povos nativos, da escravidão e das guerras de conquista, este é o mais novo acinte moderno que os países ricos impõem contra os mais pobres. A implementação de um receituário econômico que visa paralisar e não desenvolver a economia dos países em desenvolvimento.
  Primeira parte: O mito do livre mercado: os casos sul-coreano e japonês
  Segunda Parte: O mito do livre-mercado: o caso inglês
____________________________________________
O livro O Mito do Livre-Comércio e os Maus Samaritanos – A história secreta do capitalismo, de Ha-Joon Chang, é a fonte de todas as informações contidas nas partes um, dois e três desta série.
19 Jul 2014

Escrito e publicado por:

sexta-feira, 18 de julho de 2014

“rachaduras” nas paredes do Universo

Rachaduras nas paredes do Universo

24 de março de 2014
marble
Depois do céu, tem outro céu. Sem estrelas. Se você voar alto o bastante, uma hora sai da Via Láctea. As estrelas vão ficar lá embaixo, confinadas em braços espirais. Mas ainda vai existir um céu, e ele será pontilhado de galáxias. E depois desse céu, tem outro céu. Sem galáxias.
É o que os telescópios mostram. Para além das galáxias, o que existe é uma sopa de radiação. Um caldo onipresente – que os astrônomos chamam de “radiação cósmica de fundo”. “De fundo” porque permeia tudo o que dá para ver além do domínio das galáxias. Para qualquer canto que você apontar um telescópio, essa radiação vai estar lá. Na prática, elas formam as paredes do Universo. E foi nessas paredes que acabaram de fazer uma das descobertas mais bonitas da história.
Essas paredes já eram bem conhecidas. Elas são a maior evidência do Big Bang, e, de quebra, a maior amostra de que o senso comum não entende o que realmente foi o Big Bang. Para começar, a explosão que deu origem ao Universo não foi uma explosão. Ela AINDA É uma explosão. O Big Bang continua big bangando, porque o Cosmos continua expandindo. E cada vez mais rápido. Vivemos dentro de uma “explosão controlada”. Mais importante: o Big Bang não aconteceu em algum lugar distante nas profundezas do Cosmos. Ele aconteceu exatamente aí, onde você está agora. Ele aconteceu em Guarulhos, em Júpiter e na sua testa. Ao mesmo tempo. É que, há 13,7 bilhões de anos, tudo o que existe hoje, aqui, no céu, na Crimeia ou na sua cabeça, estava espremido no mesmo ponto. E do lado de fora desse ponto não existia um “lado de fora”. Não existia nada. Todo o espaço e tudo o que preenche o espaço estava contido lá. Tudo mesmo: da energia que forma os átomos do seus cílios ao espaço físico que separa São Paulo do Rio – ou a Via Láctea da Galáxia de Andrômeda. Tudo bem apertado, numa quantidade de espaço que caberia na ponta de um alfinete. O Big Bang foi a expansão dessa quantidade de espaço. E ainda é, já que o espaço continua inflando como uma bexiga descomunal. Essa expansão, por sinal, chegou a ter uma fase especialmente acelerada – um período de trilionésimos de segundo que os astrônomos chamam de “inflação cósmica”. Para localizar melhor: o Big Bang, estritamente falando, foi o momento em que o Universo saiu do nada para virar algo do tamanho de uma partícula subatômica. Depois desse pequeno passo, veio o grande salto: a inflação cósmica. Foi aí que o Universo deixou de ser uma partícula e virou algo parecido com isso que a gente vê à noite pela janela (ainda sem estrelas, ou átomos, ou luz, mas ainda assim algo grande). Essa puberdade cósmica passou rápido. Uma fração de trilionésimo de segundo e já era: o ritmo da expansão voltou ao normal. Mas a inflação deixou rastros, resquícios daquele tempo especial, em que o Universo era uma partícula subatômica.
Foi um desses rastros que o time do astrônomo John M. Kovac, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, encontrou no céu do Polo Sul. Eles perceberam “rachaduras” nas paredes do Universo. Ondas, na verdade, permeando a radiação cósmica de fundo.
E aí que está a beleza da coisa. Por causa do seguinte: a ciência sabe que as forças da natureza se manifestam em forma de ondas. O eletromagnetismo, a que mantém os ímãs presos na geladeira e que faz sua mão doer se você dá um soco na mesa (graças à repulsão eletromagnética entre os átomos da sua mão e os da mesa), é feito de ondas. Ondas eletromagnéticas. Outras duas forças, menos nobres, também são feitas de ondas: a nuclear forte, que mantém os quarks unidos na forma de prótons, e a nuclear fraca, a mais figurante de todas, que age na periferia dos átomos. É o que a física quântica provou ao longo do século 20. Mas ficou um buraco nessa história. Ninguém nunca tinha encontrado as ondas que deveriam formar a força mais popular das quatro que existem: a gravidade.
Agora encontraram. É que, se existem ondas visíveis nas paredes do Universo, como os caras do Polo Sul viram, elas devem ser ondas gravitacionais. E provavelmente geradas pela violência da inflação cósmica – dá para imaginá-las como cicatrizes daquele crescimento fulminante. Para todos os efeitos, são fósseis vivos da adolescência tumultuada do Cosmos, marcas do tempo em que o Universo era uma só partícula. E elas também servem para lembrar a gente de algo mais profundo: de que somos tão parte disso tudo quanto na época em que estávamos todos juntos, ali, naquela ponta de alfinete. Não somos meros observadores do que acontece no Universo. Somos o próprio Universo.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

O mito do livre-mercado 2

industrial-revolutionAs potências econômicas da atualidade costumam defender a tese de que somente com o receituário neoliberal, as nações emergentes serão capazes de alcançar o mesmo estágio de prosperidade que elas atingiram. Afirmam que foi através desta estratégia — livre-comércio, tarifas baixas, abertura ao investimento estrangeiro e não-intervenção do Estado, entre outras coisas — que elas conseguiram se tornar ricas. Mas a história destes países mostra uma atitude bem diferente...
Na postagem anterior (O mito do livre-mercado: os casos sul-coreano e japonês) vimos os casos mais recentes de Coreia do Sul e Japão; hoje vamos conhecer um caso mais antigo, de uma das nações que se autoproclamaram o berço do livre-mercado mundial: a Inglaterra.

Livre-comércio só quando convém

Daniel-DefoeDaniel Defoe (imagem à direita) é mais conhecido como autor da obra literária Robinson Crusoé, mas pouca gente sabe que ele, além de trabalhar no governo britânico, também era economista. Seu principal trabalho nessa área foi lançado em 1728, A Plan of the English Commerce, sendo hoje praticamente esquecido.
No livro, Defoe mostra como, no final do século XV, a dinastia dos Tudor usou o protecionismo, os subsídios, a distribuição de monopólios, a espionagem industrial financiada pelo governo, entre outras intervenções, para desenvolver a incipiente e fraca indústria de lã da Inglaterra — a indústria de ponta da época.
Antes dos Tudor, a economia inglesa se resumia basicamente à produção de lã bruta para exportação. Os Países Baixos dominavam o processamento da lã através de suas modernas manufaturas. Eles sabiam que comprar a lã e transformá-la em roupas dava muito mais lucros.
Henrique VII, rei inglês, queria reverter essa situação. Apesar da “vocação” do seu país para a produção bruta de lã, ele queria entrar no ramo dominado pelos Países Baixos (Bélgica e Holanda) de produção de roupas. Para isso, ignorou os sinais do mercado de que seu país era um bom produtor de lã e que poderia ter continuado assim. Primeiro aumentou a taxa sobre as Elizabeth-Iexportações de lã, a fim de desestimulá-las. Assim ele queria que o processamento da lã fosse feito por ingleses internamente, favorecendo o fortalecimento das próprias indústrias. Por fim, 100 anos depois, quando as indústrias de lã inglesas se tornaram fortes o suficiente, a rainha Elizabeth I (imagem à esquerda) suspendeu totalmente as exportações de lã do país, levando as indústrias dos Países Baixos à falência. Com a riqueza do comércio das manufaturas de lã, a Inglaterra pôde levar adiante o processo que levaria à Revolução Industrial.
O livro de Daniel Defoe mostra com clareza que não foi a livre concorrência, e sim a proteção do governo e os subsídios que favoreceram a nascente indústria inglesa. E essa política não se resumiu apenas ao século XV. A Inglaterra se manteve um país altamente protecionista até a metade do século XIX, além de impedir que suas colônias desenvolvessem indústrias, incentivando a produção de matérias-primas nestas regiões.
A partir de meados do século XIX, as indústrias inglesas estavam tão fortes e eficientes, sem encontrar concorrência no mundo inteiro, que os industriais perceberam corretamente que então era a hora de incentivar o livre-comércio.
Ou seja, a Inglaterra só adotou o livre-comércio apenas quando já havia adquirido a supremacia total sobre os concorrentes por meio das barreiras tarifárias altas e de longa duração, entre outras medidas vergonhosas como a abertura forçada de mercados e tratados desiguais de comércio com outros países.
Na próxima e última postagem vamos ver como o sucessor da Inglaterra na liderança do comércio mundial, os Estados Unidos, se comportaram historicamente com relação àquilo que eles mais defendem hoje: o livre-comércio para os países em desenvolvimento como estratégia de crescimento.
   Primeira parte: O mito do livre mercado: os casos sul-coreano e japonês