quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Alienação ecológica

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Carlos Antonio Fragoso Guimarães
Compartilhada publicamente11:29

Alienação ecológica, especulação imobliliária e capitalismo selvagem: São Paulo desmatou 79% das florestas que protegem mananciais hídricos. Reflexões sobre a escassez de água no Brasil.

paraalemdocerebro.blogspot.com


A água no mundo e sua escassez no Brasil

texto de Leonardo Boff

A atual situação de grave escassez de água potável, afetando boa parte do Sudeste brasileiro onde se situam as grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, nos obriga, como nunca antes, a repensar a questão da água e a desenvolver uma cultura do cuidado, acolitado por seus famosos erres (r): reduzir, reusar, reciclar, respeitar e reflorestar.
Nenhuma questão hoje é mais importante do que a da água. Dela depende a sobrevivência de toda a cadeia da vida e, consequentemente, de nosso próprio futuro. Ela pode ser motivo de guerra como de solidariedade social e cooperação entre os povos. Especialistas e grupos humanistas já sugeriram um pacto social mundial ao redor daquilo que é vital para todos: a água. Ao redor da água se criaria um consenso mínimo entre todos, povos e governos, em vista de um bem comum, nosso e do sistema-vida.
Independentemente das discussões que cercam o tema da água, podemos fazer uma afirmação segura e indiscutível: a água é um bem natural, vital, insubstituível e comum. Nenhum ser vivo, humano ou não humano, pode viver sem a água. A ONU no dia 21 de julho de 2010, aprovou esta resolução: “a água potável e segura e o saneamento básico constituem um direito humano esencial.
Consideremos rapidamente os dados básicos sobre a água no planeta Terra: ela já existe há 500 milhões de anos; 97,5% das águas dos mares e dos oceanos são salgadas. Somente 2,5% são doces. Mais de 2/3 dessas águas doces encontram-se nas calotas polares e geleiras e no cume das montanhas (68,9%); quase todo o restante (29,9%) são águas subterrâneas. Sobram 0,9% nos pântanos e apenas 0,3% nos rios e lagos. Destes 0,3%, 70% se destina à irrigação na agricultura, 20% à indústria e restam apenas 10% destes 0,3% para uso humano e dessedentação dos animais.
Existe no planeta cerca de um bilhão e 360 milhões de km cúbicos de água. Se tomarmos toda a água dos aceanos, lagos, rios, aquíferos e calotas polares e a distribuissemos equitativamente sobre a superfície terrestre, a Terra ficaria mergulhada debaixo da água a três km de profundidade.
A renovação das águas é da ordem de 43 mil km cúbicos por ano, enquanto o consumo total é estimado em 6 mil km cúbicos por ano. Portanto, não há falta de água.
O problema é que se encontra desigualmente distribuída: 60% em apenas 9 países, enquanto 80 outros enfrentam escassez. Pouco menos de um bilhão de pessoas consome 86% da água existente enquanto para 1,4 bilhões é insuficiente (em 2020 serão três bilhões) e para dois bilhões, não é tratada, o que gera 85% das doenças segundo OMS. Presume-se que em 2032 cerca de 5 bilhões de pessoas serão afetadas pela escassez de água.
O Brasil é a potência natural das águas, com 12% de toda água doce do planeta perfazendo 5,4 trilhões de metros cúbicos. Mas é desigualmente distribuída: 72% na região amazônica, 16% no Centro-Oeste, 8% no Sul e no Sudeste e 4% no Nordeste. Apesar da abundância, não sabemos usar a água, pois 37% da tratada é desperdiçada, o que daria para abastecer toda a França,  a Bélgica, a Suíça e norte da Itália. É urgente, portanto, um novo padrão cultural em relação a esse bem tão essencial (cf.o estudo mais minucioso organizado pelo saudoso Aldo Rabouças, Aguas doces no Brasil: Escrituras, SP 2002).
Uma grande especialista em água que trabalha nos organismos da ONU sobre o tema, a canadense Maude Barlow, afirma em seu livro “Agua: pacto azul (2009): “A população global triplicou no seeculo XX mas o consumo da água aumentou sete vezes. Em 2050 quando teremos 3 bilhões de pessoas a mais, necessitaremos de 80% a mais de água somente para o uso humano; e não sabemos de onde ela virá”(17). Esse cenário é dramático, pois coloca claramente em xeque a sobrevivência da espécie humana e de grande parte dos seres vivos.
Há uma corrida mundial para privatização da água. Ai surgem grandes empresas multinacionais como as francesas Vivendi e Suez-Lyonnaise a alemã RWE, a inglesa Thames Water e a americana Bechtel. Criou-se um mercado das águas que envolve mais de 100 bilhões de dólares. Ai estão fortemente presentes na comercialização de água mineral a Nestlé e a Coca-Cola que estão buscando comprar fontes de água por toda a parte no mundo, inclusive no Brasil.
Mas há também fortes reações das populações como ocorreu no ano 2000 em Cochabamba na Bolivia. A empresa america Bechtel comprou as águas e elevou os preços a 35%. A reação organizada da população botou a empresa para correr do país.
O grande debate hoje se trava nestes termosA água é fonte de vida ou fonte de lucro? A água é um bem natural, vital, comum e insubstituível ou um bem econômico a ser tratado como recurso hídrico e posto à venda no mercado?
Ambas as dimensões não se excluem mas devem ser retamente relacionadas. Fundamentalmente a água pertence ao direito à vida, como insiste o grande especialista em águas Ricardo Petrella (O Manifesto da Agua, Vozes 2002). Nesse sentido, a água de beber, para uso na alimentação e para higiene pessoal e dessedentação dos animais deve ser gratuita.
Como porém ela é escassa e demanda uma complexa estrutura de captação, conservação, tratamento e distribuição, implica uma inegável dimensão econômica. Esta, entretanto, não deve prevalecer sobre a outra; ao contrário, deve torná-la acessível a todos e os ganhos devem respeitar a natureza comum, vital e insubstituivel da água. Mesmo os altos custos econômicos devem ser cobertos pelo Poder Publico.
Não há espaço para discutir as causas da atual seca. Remeto ao estudo do importante livro do cientista Antonio Donato  Nobre "O futuro climático da Amazônia”, lançado em meados de janeiro deste ano de 2015 em São Paulo, onde afirma que a mudança climática é um fato de ciência e de experiência. Adverte:”estamos indo para o matadouro”.
Uma fome zero mundial, prevista pelas Metas do Milênio, deve incluir a sede zero, pois não há alimento que possa existir e ser consumido sem a água.
A agua é vida, geradora de vida e um dos símbolos mais poderosos da natureza da Última Realidade. Sem a água não viveríamos.
Leonardo Boff é colunista do JBonline e escreveu Do iceberg à arca de Noé, Mar de Idéias, Rio, 2010.

Aldeia Oprimida

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Uma Aldeia Oprimida



Francimar Moreira

Não foi na idade média, e muito menos na era pré-histórica, que ela existiu. A opressão de que falamos atravessou os séculos e sobrevive reinando altaneira e com a mais absoluta desenvoltura, a despeito da revolução francesa, da Declaração Universal dos Direitos Humanos e de todas as lutas em que estiveram envolvidos bravos combatentes que deram a própria vida na tentativa de libertar o homem dos grilhões opressores.

Francimar Moreira
Francimar Moreira é ex-vereador de Imperatriz
Não foi implantada a ferro e fogo nem sustentada a baionetas ou câmaras de torturas, como é comum acontecer, apesar de conviver com fogo e chumbo. A maldita, à qual nos referimos, é fruto de uma histórica e longeva dominação que tem na ignorância e covardia dos que se deixam dominar e na absoluta ausência de escrúpulos dos vilões opressores, o amálgama que alimenta, ampara e robustece a malfazeja.

Não foi por falta de aviso ou denúncia, porquanto não somente o padre Antonio Vieira – um dos mais argutos e festejados homens que habitaram essa Aldeia – denunciou reiteradamente, com destemor e determinação, os horrores de seu tempo, como Jesus Cristo, o mensageiro-mor da fraternidade, em uma sábia e antológica advertência, proclamou: “Bando de víboras; que coam mosquitos, mas engolem elefantes!”.

Não foi por falta de indignação e rebeldia, visto que muitos já manifestaram o seu mais firme e contundente repúdio, e até pegaram em armas, na tentativa vã de remover essa vilania que oprime a Aldeia e mantém escravizados alguns milhões de seres humanos. Faltou, sim, infelizmente, que um número maior de pessoas compreendesse a dimensão da sordidez e tivesse coragem moral de também se rebelar contra o seu caráter obsceno.

Não foi denunciado a contento?... Foi. Porquanto homens extraordinários arriscaram a própria vida, fazendo isso. Como foi o caso do admirável professor João Parsondas de Carvalho, que – rompendo distâncias na escuridão de noites taciturnas sobre o lombo de animais, em canoas, a pé e até nadando sobre as águas barrentas de rios caudalosos – enfrentou sacrifícios atrozes para denunciar a barbárie praticada no seu tempo.

Não houve tantas vítimas e rios de sangue derramado, em quantidade suficiente, para que o mundo inteiro fosse sensibilizado pela infâmia que de fato tem ocorrido nessa Aldeia aviltada? É certo que houve. Vítimas nunca faltaram. É só verificar o sofrimento do povo, ou ler as páginas d’A GUERRA DO LEDA – da lavra do fantástico Parsondas de Carvalho –, que serão encontrados relatos chocantes sobre as atrocidades praticadas naquela época.

Não foi falta de gritos e ranger de dentes, que ecoassem mundo afora, despertando os que vivem nos palácios, ou ser ouvidos pelos defensores de plantão da causa dos oprimidos? Não. Não foi isso. O próprio Parsondas de Carvalho, com maestria e coragem, descreveu sobre os gritos de crianças, mulheres e anciões desesperados, diante das atrocidades cometidas pelos capangas do governador-tirano, Benedito Leite.

Não faltou, então, um levante popular, uma revolução, ou mesmo um governo comprometido com a maioria do povo dessa Aldeia, que, de fato, governasse para todos?!... È lógico que faltou. Os sucessivos governos colocaram-se, reiteradamente, ao lado dos opressores e governaram para os aliados políticos, apoiadores e sócios. A maioria do povo apenas foi usada para legitimar o poder por meio do voto de cabresto.

Não existem nefastas consequências sociais e econômicas diante desse vilipêndio?... Os índices negativos, a alta concentração de renda, a pobreza extrema..., os pequenos e médios comerciantes apelando para o contrabando e produtos roubados, ou vendo seus meios de sobrevivência desaparecer, porque não têm como concorrer com os protegidos ou sócios dos chefes da Aldeia, falam por si. E por fim: “A violência filha da outra” – como diria Chico Buarque de Holanda –, é retroalimentada pelos vermes da iniquidade que reina.

Não existe esperança de mudar essa esdrúxula e humilhante situação que tanto sofrimento e vergonha causam aos habitantes dessa Aldeia? Existe, sim. Após séculos de submissão e barbárie, os detentores do direito de votar resolveram mudar a principal liderança do lugar. E esta, vencido 1/12 avos do primeiro ano de governo, não somente tem se havido com absoluta competência, como sinaliza que haverá novos tempos.

Não existe perigo de retrocesso? Ameaças sempre estarão rondando!... Mas o novo timoneiro da Aldeia compreendeu que se fazia necessário realizar mudanças que sinalizassem que as coisas tomariam novos rumos. Isso ocorrendo, os seus habitantes, esperançosos de que virá um novo tempo, encarregar-se-ão de formar o escudo protetor necessário para resistir às tentativas de golpes – qualquer que seja a sua natureza.

Não haverá conspiração, ainda que a médio ou longo prazo? Sim. Ela sempre existirá e já deve estar havendo. Os que se acostumaram sugar nas tetas da Aldeia não vão desistir facilmente de tentar tê-las novamente ao alcance da boca. No entanto, basta o novo comando criar a expectativa de que a maioria dos antes subjugados vislumbre a possibilidade de ver suas vidas melhorarem, para que o escudo protetor de que falamos se fortaleça e impossibilite que os conspiradores tenham sucesso em sua pretensão.

EGO: O ESTADO ATUAL DA HUMANIDADE -II

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EGO: O ESTADO ATUAL DA HUMANIDADE - A ILUSÃO DA PROPRIEDADE
CAPÍTULO DOIS - EGO: O ESTADO ATUAL DA HUMANIDADE 1.6 - A ILUSÃO DA PROPRIEDADE "Possuir" alguma coisa - o que isso quer dizer realmente? O que significa tornar alguma coisa "minha"? Se alguém parar no centro de uma grande cidade, apontar para um arranha-cé...
"Possuir" alguma coisa - o que isso quer dizer realmente? O que significa tornaralguma coisa "minha"? Se alguém parar no centro de uma grande cidade, apontar para um arranha-céu e disser: "Aquele prédio é meu. Sou o dono dele", ou

 CAPÍTULO DOIS - EGO: O ESTADO ATUAL DA HUMANIDADE
1.6 - A ILUSÃO DA PROPRIEDADE

"Possuir" alguma coisa - o que isso quer dizer realmente? O que significa tornaralguma coisa "minha"? Se alguém parar no centro de uma grande cidade, apontar para um arranha-céu e disser: "Aquele prédio é meu. Sou o dono dele", ou essa pessoa é muito rica, ou está se iludindo, ou é uma mentirosa. Em qualquer um desses casos, ela está contando uma história em que a forma de pensamento "eu" e a forma de pensamento "prédio" se fundem numa coisa só. É assim que o conceito mental de propriedade funciona. Se todo mundo confirmar sua história, é porque deve existir uma papelada assinada que ateste o motivo pelo qual todos concordam com isso. A pessoa é rica. Caso ninguém aceite sua afirmação, ela será mandada para um psiquiatra, pois ou está tendo alucinações ou é uma mentirosa compulsiva.
É importante reconhecer que a história e as formas de pensamento que a constituem, independentemente de todos concordarem com elas ou não, não têm nada a ver com quem a pessoa é. Ainda que a afirmação seja aceita, trata-se, no fim das contas, de uma ficção. Muitos indivíduos não compreendem isso até estarem no leito de morte e constatarem que nada que é exterior, nenhuma coisa, jamais correspondeu a quem eles são. Com a proximidade da morte, todo o conceito de propriedade acaba se revelando sem o menor sentido. Nos seus últimos momentos de vida, as pessoas também entendem que, embora tenham estado em busca de uma percepção mais completa do eu ao longo de toda a sua existência, o que elas estavam de fato procurando, seu Ser, na verdade sempre havia estado ali, mas fora obscurecido de modo significativo por sua identificação com as coisas, o que, em última análise, significa identificação com a mente.
"Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus", disse Jesus. O que significa "humildes de espírito"? Nenhuma bagagem interior, nenhuma identificação. Nenhuma relação com coisas e com conceitos mentais que possuam uma percepção do eu. E o que é o "Reino dos Céus"? A simples, porém profunda, alegria do Ser que está presente quando abandonamos as identificações e nos tomamos "humildes de espírito".
É por isso que renunciar a todos os bens é uma prática espiritual antiga tanto no Oriente quanto no Ocidente. Desistir dos bens, porém, não nos libera automaticamente do ego. Ele tentará assegurar a própria sobrevivência encontrando alguma coisa com a qual se identificar - por exemplo, uma imagem mental da própria pessoa como alguém que superou todos os interesses pelos bens materiais e é, portanto, superior ou mais espiritualizada do que as outras. Há indivíduos que abrem mão de todas as posses, no entanto têm um ego maior do que alguns milionários. Se deixarmos de lado um tipo de identificação, o ego logo encontrará outra. No fim das contas, não importa ao que ele se apega desde que isso tenha uma identidade. Ser contra o consumismo ou não concordar com a propriedade privada seriam outras formas de pensamento, outras mentalidades, capazes de substituir a identificação com os bens. Por meio delas podemos nos considerar certos e classificar os outros como errados. Como veremos adiante, estabelecer uma divisão desse tipo é um dos principais padrões mentais egóicos, uma das maiores demonstrações de inconsciência. Em outras palavras, o conteúdo do ego pode mudar, todavia a estrutura mental que o mantém vivo não se altera.
Um dos pressupostos inconscientes é de que, ao nos identificarmos com algo por meio da ficção da propriedade, a aparente solidez e permanência desse objeto material endossará nossa percepção do eu com mais firmeza e constância. Isso se aplica sobretudo aos imóveis e ainda mais às terras, pois acreditamos que esses são os únicos bens que temos condições de possuir que não podem ser destruídos. O absurdo de termos alguma coisa torna-se ainda mais evidente no caso da terra. Na época da colonização da América do Norte, por exemplo, os nativos consideravam a propriedade da terra um conceito incompreensível. E, assim, eles a perderam quando os europeus os fizeram assinar folhas de papel, que eram igualmente incompreensíveis para sua cultura. Os indígenas sentiam que pertenciam a terra, mas ela não lhes pertencia.
O ego tende a equiparar ter com ser: eu tenho, portanto eu sou. E, quanto mais eu tenho, mais eu sou. Ele vive por meio da comparação. A maneira como os outros nos vêem nos transforma em como nos vemos. Se todas as pessoas vivessem em mansões ou fossem ricas, suas casas luxuosas e sua riqueza não serviriam mais para destacar sua percepção do eu. Alguém poderia então se mudar para uma cabana simples, renunciar à fortuna e recuperar uma identidade sendo ele mesmo e sendo considerado mais espiritualizado do que os outros. O modo como um indivíduo é visto pelos demais torna-se o espelho que lhe diz como e quem ele é. Na maioria das vezes, a percepção do ego sobre o valor pessoal está ligada ao valor que a pessoa tem aos olhos dos outros. Ela precisa que eles lhe dêem uma percepção do eu. Caso viva numa cultura que, em grande medida, equipara seu valor a quanto e ao que ela possui, é bom que seja capaz de detectar essa ilusão coletiva para não ser condenada a correr atrás de coisas pelo resto da vida na vã esperança de encontrar seu valor e satisfazer sua percepção do eu.
Você quer saber como se livrar do apego às coisas? Nem tente fazer isso. É impossível. Esse vínculo desaparece por si mesmo quando paramos de tentar nos encontrar nas coisas. Nesse meio-tempo, simplesmente tenha consciência de que está ligado a elas. Às vezes, você pode não saber que está vinculado a alguma coisa, quer dizer, identificado com ela, até perdê-la ou sentir a ameaça da perda. Depois disso, se você ficar aborrecido ou ansioso, é porque o apego existe. Caso esteja consciente de que está identificado com algo, a identificação não é mais total. "Eu sou a consciência que está consciente de que existe vínculo." Esse é o começo da transformação da consciência.
Eckhart Tolle, O Despertar De Uma Nova Consciência.

Alerta Vermelho

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Revista Galileu

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Estado Islâmico, terrorismo no Egito... organização prevê quais crises explodirão em 2015 http://ow.ly/JjkNw
Organização prevê quais crises explodirão em 2015
 
 

Alerta vermelho

19/02/2015 - 09H02/ atualizado 09H0202 / por Revista Galileu
O Council on Foreign Relations, organização norte-americana sem fins lucrativos dedicada à política internacional, resolveu dar uma de Mãe Dináh e divulgou uma previsão de quais conflitos podem ocorrer ainda este ano e qual seria a importância de cada um deles para os Estados Unidos. O estudo que resultou na previsão foi dividido em duas fases: primeiro foram feitas consultas públicas pela internet para recolher sugestões de possíveis embates, e depois as sugestões foram encaminhadas a um conselho de especialistas que indicou as 30 mais prováveis em ordem de importância para o governo norte-americano.
 (Foto: Revista Galileu)

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EGO: O ESTADO ATUAL DA HUMANIDADE - A IDENTIFICAÇÃO COM O CORPO
CAPÍTULO DOIS - EGO: O ESTADO ATUAL DA HUMANIDADE 1.8 - A IDENTIFICAÇÃO COM O CORPO Independentemente dos objetos, outra forma básica de identificação é com o próprio corpo. Em primeiro lugar, ele é masculino ou feminino - assim, o sentido de ser homem ou ...
Independentemente dos objetos, outra forma básica de identificação é com o próprio corpo. Em primeiro lugar, ele é masculino ou feminino - assim, o sentido de ser homem ou mulher adquire um papel significativo na percepção do eu da maioria das


EGO: O ESTADO ATUAL DA HUMANIDADE - A IDENTIFICAÇÃO COM O CORPO

CAPÍTULO DOIS - EGO: O ESTADO ATUAL DA HUMANIDADE
1.8 - A IDENTIFICAÇÃO COM O CORPO
Independentemente dos objetos, outra forma básica de identificação é com o próprio corpo. Em primeiro lugar, ele é masculino ou feminino - assim, o sentido de ser homem ou mulher adquire um papel significativo na percepção do eu da maioria das pessoas. O gênero torna-se uma identidade. A identificação com ele é estimulada na mais tenra idade e nos força a assumir um papel, a adotar padrões condicionados de comportamento que afetam todos os aspectos da nossa vida, e não apenas a sexualidade. Muitas pessoas ficam aprisionadas nesse papel, e isso ocorre com mais intensidade nas sociedades tradicionalistas do que no Ocidente, onde a identificação com o gênero está começando a diminuir um pouco. Em algumas culturas tradicionalistas, o pior destino que uma mulher pode ter é ser solteira ou estéril; no caso do homem, é não ter potência sexual e não ser capaz de gerar filhos. A plenitude da vida é entendida como a completa vivência da identidade sexual da pessoa.


No Ocidente, é a aparência do corpo que, em grande parte, contribui para a percepção de quem pensamos que somos: sua robustez ou debilidade, sua beleza ou feiúra em relação aos outros. Para um número significativo de pessoas, o sentimento de valor pessoal está intimamente ligado à sua força física, à sua boa aparência, a seu preparo físico. Muitos se sentem inferiorizados em seu valor pessoal por considerarem seu corpo feio ou imperfeito.
Em alguns casos, a imagem mental, ou o conceito, "meu corpo" apresenta uma completa distorção da realidade. Uma mulher jovem que seja muito magra pode se considerar gorda e, assim, deixar de comer. Ela já não consegue ver o próprio corpo, tudo o que "vê" é o conceito mental do seu corpo que lhe diz "eu sou gorda" ou "vou engordar". Na raiz desse problema está a identificação com a mente. Como as pessoas estão se tornando cada vez mais identificadas com a mente, o que corresponde à intensificação do distúrbio egóico, tem havido também um aumento impressionante no número de casos de anorexia nas últimas décadas. Se o indivíduo com essa disfunção alimentar pudesse observar o próprio corpo sem a interferência dos julgamentos da mente ou até mesmo reconhecê-los pelo que são em vez de acreditar neles - ou, melhor ainda, se conseguisse sentir o corpo internamente, isso daria início à sua cura.
Quem está identificado com sua boa aparência, sua força física ou suas habilidades sofre quando esses atributos começam a diminuir ou desaparecer, o que é um processo inevitável. Sua própria identidade, que era baseada nesses elementos, fica então sujeita à ameaça de um colapso. Em qualquer caso, feias ou bonitas, as pessoas extraem uma parte significativa da sua identidade, seja ela negativa, seja positiva, do próprio corpo. Para ser mais exato, obtêm sua identidade da percepção do eu, que, erroneamente, vinculam à imagem ou ao conceito mental do seu corpo, que, em última análise, não é mais do que uma forma física que compartilha o destino de todas as formas - impermanência e, por fim, desintegração.
Equiparar o corpo físico percebido pelos sentidos - que é destinado a envelhecer, definhar e morrer - ao eu sempre causa sofrimento, cedo ou tarde. Deixar de fazer essa identificação não quer dizer que estejamos negligenciando ou desprezando o corpo. Se ele for forte, bonito ou vigoroso, podemos aproveitar e valorizar essas qualidades - enquanto elas durarem. Podemos também melhorar nossa condição física por meio de uma nutrição correta e de exercícios físicos. Se não vincularmos o corpo a quem somos, quando a beleza desaparecer, o vigor diminuir ou nos tornarmos incapacitados fisicamente, isso não afetará nosso sentido de valor nem de identidade. Na verdade, quando o corpo começa a se enfraquecer, a dimensão informe, a luz da consciência, consegue brilhar mais facilmente através da forma que se extingue aos poucos.
Não são apenas as pessoas que têm um corpo bonito ou quase perfeito que apresentam maior probabilidade de associá-lo a quem elas são. Qualquer um pode simplesmente se identificar com um corpo "problemático" e tornar uma imperfeição física, uma doença ou uma incapacidade sua própria identidade. Essa pessoa então está sujeita a pensar e falar de si mesma como uma "sofredora" que porta essa ou aquela doença ou incapacidade crônica. Ela recebe uma grande atenção de médicos e de outros indivíduos que estão sempre confirmando sua identidade conceitual como sofredora ou paciente. Assim, de modo inconsciente, essa pessoa se prende à enfermidade porque esta se tornou a parte mais importante de quem ela acredita ser. Trata-se de outra forma de pensamento com a qual o ego consegue se identificar. Depois que ele encontra uma identidade, resiste em se dissociar dela. Embora seja incrível, mas não raro, o ego que está em busca de uma identidade mais forte é capaz de criar doenças só para se fortalecer com elas.
Eckhart Tolle, O Despertar De Uma Nova Consciência.

Não estamos sós em nós mesmos

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Polêmico? Depende...

Não estamos sós em nós mesmos.

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.....O corpo humano é composto por cerca de 100 trilhões de células e, apenas quase 10% são células genuinamente humanas......Os cientistas, por meio de suas últimas pesquisas, mostram que o número restante pertence aos reinos das bactérias, fungos, aracnídeos, entre outros organismos microscópicos que vivem em simbiose com o animal mamífero Homem.
..... A pessoa vulgar – senso comum – não percebe que é um ecossistema ambulante. Minúsculos ácaros (animais microscópios pluricelulares) vivem nos folículos dos cílios oculares e alimentam-se de células mortas da pele ao seu redor, evitando a contaminação do cristalino por material em decomposição, por exemplo. Vários tipos de fungos reinam na língua humana, nos dentes, na pele, no intestino e estômago, no ouvido interno e externo etc.
.....Constataram que vários vírus infectaram e infectam o Homem desde o Homem Pré-Histórico. Hoje, estes vírus já fazem parte da cadeia genética, compondo 8% do genoma humano. Tais vírus estão desativados, entretanto, fazem parte do sistema imunológico do Homem.
.....O corpo humano, como já afirmado, é composto por 100 trilhões de células, das quais cerca de 10 trilhões são células humanas e, cerca de 90 trilhões de micróbios, que em geral e regra, convivem em perfeita harmonia com o ser humano. Às vezes, tais micróbios entram em turbulência, como por exemplo, o vírus do Herpes ou Papiloma Vírus Humano (HPV), provocam o surgimento de feridas, ou quando usado antibióticos prejudicando o ecossistema estomacal, causando dor ou azia, por exemplo.
.....Os remédios usados matam muitos organismos além do focado e previsto. Matam os nocivos, causadores de mal-estar e doenças, mas também matam vários organismos benéficos como a bactéria Acrotobacillur Acidophilus - animal importantíssimo que contribui no processo de digestão e assimilação de nutrientes -, cuja ausência se faz perceber no conjunto simbiôntico.
.....Na maior parte do tempo, as pessoas não percebem e nem se conscientizam da presença desses vários organismos hospedeiros, cujos organismos fazem companhia, não as deixando nunca sozinhas...
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nível socioeconômico tem a ver com desempenho escolar?


Afinal, o que nível socioeconômico tem a ver com desempenho escolar?

“É quase impossível garantir o mesmo nível de aprendizado para alunos de alto e baixo nível socioeconômico.”

A sentença acima contempla duas possíveis linhas de pensamento.
A primeira reconhece achados solidamente estabelecidos na pesquisa educacional que indicam clara associação estatística entre nível socioeconômico (NSE) e os mais diversos indicadores educacionais das pessoas. Desempenho, nível escolar alcançado, ocorrência de repetência e/ou abandono, tudo isso costuma estar relacionado com as condições socioeconômicas das pessoas.
A segunda linha de pensamento propõe que as diferenças educacionais entre indivíduos são uma função e uma necessidade emanada da estrutura social, de classes. Assim, somente seriam reduzidas severamente as diferenças educacionais por origem social quando as desigualdades sociais fossem igualmente reduzidas.
Ainda que tenham contribuído para alertar contra um certo “otimismo ingênuo” presente há algumas décadas, quanto ao papel redentor da educação, as teses que circularam, e circulam, nas principais vias conceituais da sociologia da educação, desenvolvidas a partir de matrizes como o casamento entre teoria social funcionalista francesa e marxismo, ou mesmo inspiradas por interpretações do Relatório Coleman, padecem da falta de demonstração empírica robusta.
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Afinal, há alguma lei férrea que afirme a indissociabilidade entre NSE e desempenho escolar? Essa associação – verificada em inúmeros estudos – se mantém estável ao longo da história? É invariável através dos contextos nacionais ou regionais? É imune a políticas deliberadamente dedicadas a reduzi-la? Apresenta redução diretamente explicável pela redução de desigualdades socioeconômicas?
A resposta a todas essas perguntas é não.

Nível Socioeconômico X Atributos Individuais

A “lei” da indissociabilidade entre NSE e desempenho/trajetória escolar enfrenta, desde sua origem, resistências e críticas severas, sobretudo pela pequena parcela da variação nos indicadores educacionais passíveis de serem explicados pelo NSE. Tudo bem que o NSE é usualmente o mais forte fator explicativo das diferenças educacionais, mas apenas quando desprezamos atributos individuais.
Dizendo de outra maneira: os modelos explicativos, por exemplo, do desempenho em testes educacionais padronizados apontam quase sempre o NSE como fator mais forte no condicionamento das diferenças entre estudantes. O problema é que eles deixam, também sempre, a maior parte da variação (algo em torno de 70%) inexplicado. Isso ocorre porque tais modelos não costumam incorporar medidas indicativas das capacidades dos indivíduos (capacidades sobretudo cognitivas), nem costumam contemplar alguma medida de base, bem precoce, desses estudantes testados.
Assim, o NSE se destaca na explicação porque faltam outras medidas, outras informações sobre as capacidades dos estudantes. O que acontece nos estudos em que tais informações individuais são incorporadas? O peso relativo do NSE desaba ou é bastante inferior aos atributos pessoais dos estudantes testados, que não podem ser reduzidos a variáveis socioeconômicas.

Equidade social na educação

Há boas demonstrações de que a força explicativa do NSE sobre as diferenças educacionais varia de sociedade para sociedade e também no tempo. A tendência é que sociedades que se tornam mais modernas e incluem parcelas crescentes de suas populações no acesso a sistemas escolares, que equalizam progressivamente a oferta escolar disponível a seus cidadãos, apresentem redução do peso do NSE e aumento do peso das capacidades individuais de seus membros na definição das oportunidades da vida.
Abaixo, vídeo feito para divulgação do estudo Excelência com Equidade, feito em 2012 pela Fundação Lemann e Itaú BBA.

Mesmo considerando essa tendência geral, a variação entre países ou mesmo entre regiões de um país, pode ser grande. Assim, o desempenho geral de um país ou região em testes educacionais, como o PISA, varia não apenas quanto à média que alcançam, mas também quanto à homogeneidade de seus resultados internos. Por exemplo, dois países de desempenho médio parecido no teste podem apresentar variações muito diferentes entre seus “melhores” e “piores” estudantes. Ambos, o desempenho médio e a variação (dispersão) entre os resultados individuais podem estar mais ou menos fortemente associados com o NSE. Alguns países costumam ser tomados como exemplo, dado que a variação no desempenho de seus alunos é fracamente associada ao NSE dos mesmos.
Ou seja, o NSE tende a enfraquecer seu peso no condicionamento das diferenças educacionais, à medida que sociedades ampliam e equalizam suas ofertas escolares. Isso varia no tempo e no espaço, o que significa que políticas educacionais distintas, além de alguns fatores culturais, são capazes de forjar um modelo de equidade social na educação, mas também podem preservar a força da origem social. Na prática a “lei de ferro” é fraca. Um modelo de sociedade justa, para os padrões ocidentais modernos, é aquele em que indivíduos têm suas oportunidades marcadas menos pelas diferenças de origem social e mais por seus atributos pessoais, em acréscimo a arranjos redistributivos que promovam a elevação do bem estar de todos. Nesse modelo, a educação escolar joga papel decisivo na abertura de leques de oportunidades aos indivíduos e na promoção de regimes de colaboração e coesão social compatíveis com nossos padrões civilizatórios.

Equidade/Qualidade em educação

Algumas iniciativas vão sendo experimentadas, na busca de fazer de sistemas escolares um certo contraponto a tendências iníquas das sociedades. A sentença que originou esse pequeno texto pede que se trate dessa questão, especialmente em países como o Brasil, onde a desigualdade de oportunidades escolares é intensa e, até onde sabemos, parece bastante afetada pela origem social dos indivíduos. Aliás, o Brasil pode ser usado como evidência de que não há uma linha direta entre redução de desigualdade socioeconômica – de renda e acesso a bens – e redução da desigualdade escolar. A desigualdade social no Brasil recente sofreu redução, mas essa não foi acompanhada de algo equivalente na educação.
Ao longo do século XX e até hoje, diferentes políticas foram sendo testadas, na tentativa de que as oportunidades promovidas pela escola sejam menos afetadas pela origem social de seu público. As chamadas políticas compensatórias procuram concentrar recursos em escolas e estudantes que, presume-se, sejam mais vulneráveis a condições sociais adversas. Políticas de distribuição de estudantes entre unidades educacionais que se contraponham a mecanismos seletivos de base socioeconômica (“loterias” de vagas, cotas) são outra linha possível que vem sendo tentada. Políticas atentas a aspectos de segregação residencial ou por outras características adscritas são igualmente observadas.
A busca de equacionamento do dilema equidade/qualidade em educação não permite referendar o determinismo representado pela frase que originou essas linhas. As evidências empíricas e o avanço conceitual dos estudos educacionais também não.

Marcio da Costa
Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (1982), mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1992) e doutorado em Sociologia pelo IUPERJ (1998). Atualmente é professor associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Coordenador do GT Educação e Sociedade da Sociedade Brasileira de Sociologia, desde 2004. Coordena grupo de pesquisa interinstitucional denominado "Estudo sobre os Determinantes Socioeconômicos, Raciais e Geográficos das Desigualdades no Sistema de Ensino". Integra grupo interinstitucional de pesquisa "Observatório das Metrópoles" e coordena Observatório Educação e Cidade (Edital INEP/CAPES 2010). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Sociologia da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: sociologia da educação, política educacional, teoria sociológica, avaliação de políticas públicas e avaliação educacional.

ZN-FILOSÓFICA: Ética X Felicidade

ZN-FILOSÓFICA: Ética X Felicidade: Por: Claudio F. Ramos, 18/02/2015. Cacau “:¬) Há quase duas décadas, no plano Federal, venho votando, sistematicamente, no P...

 

Ética X Felicidade


Por:
Claudio F. Ramos, 18/02/2015. Cacau “:¬)











quase duas décadas, no plano Federal, venho votando, sistematicamente, no PT.
Essa vem sendo a minha opção política, não, necessariamente, a minha convicção
pessoal! Alguém disse: não existe nação (pólis) justa sem cidadãos justos, nem
muito menos cidadãos justos sem que a nação (pólis) também o seja! Portanto,
nesse país, não são só os partidos políticos que carecem de ética! Dito isto
resta saber: quem tomará a iniciativa em favor da moral? Nós cidadãos comuns ou
eles cidadãos "especiais"? A já conhecida acusação mútua (Eles dizem
- os eleitores são alienados, sem memória; Nós retrucamos - os políticos são
corruptos, sem ética), apesar de significativa, não passa de retórica esvaziada
de força e poder transformador. A corrupção política é um filho gestado no
interior de uma nação que entende como normal a ausência de ética no plano
pessoal da existência. Na nação dos jeitinhos, conchavos e arranjados (a
maioria de nós assim se comporta), se fizeres uma pergunta relativa (O que é a
felicidade?) terás uma resposta objetiva; no entanto, se formulares uma
pergunta objetiva (O que é ética?), terás uma resposta relativa (se tiver). Concluímos
que, no Brasil, o importante é ser feliz; quanto à ética pessoal, bom... É bem
melhor cobra-la dos outros!
Cacau ":¬)  

A causa dos professores

MÍDIA & EDUCAÇÃO

A causa dos professores no Paraná

Por Cristiano de Sales em 17/02/2015 na edição 838
Para o site G1 e para o jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, quando diferentes governos sacrificam direitos de trabalhadores e prejudicam a educação pública, por meio de medidas de contenção econômica, não estamos necessariamente diante do mesmo fenômeno. Antes de falarem o que deve ser falado, ou seja, que trabalhadores e educadores estão na mira dos pacotes de contenção financeira, é preciso, ao menos para essas duas fontes de notícias, antes verificar qual é o partido que está lesando o interesse público. Se for o partido do governo federal, a estratégia é gritar e fazer repercutir ao máximo possível a aberração que é lesar o trabalhador e a educação – como fizeram, e precisava ser feito, na época em que as medidas econômicas do novo ministro da Fazenda atingiram em cheio o trabalhador e a educação, mesmo depois do discurso da presidente que anunciava uma pátria educadora.
Mas a desonestidade com o leitor começa quando atitudes parecidas, ou seja, o sacrifício de servidores públicos do estado e de professores em benefício de ajustes econômicos, são muito menos repercutidas por estarem sendo praticadas pelo partido contrário – no caso, o do governador do Paraná.
Em duas matérias bastante parecidas, do dia 10/02, o site G1 (ver aqui e aqui) destaca o recuo do governo do Paraná, em reunião com 37 deputados na Assembleia Legislativa, e a preservação de benefícios (palavra que causa mal estar na população desinformada, sabemos disso), que seriam derrubados pelo pacote de contenções econômica, como se esse gesto de recuar tivesse sido decidido cordialmente pelos deputados ali presentes, e não pela pressão de professores e servidores que estão lutando para não verem suas conquistas alteradas.
A “tragédia iminente”
O tom impresso pelo site leva a crer que há quase uma ingratidão por parte dos professores e servidores, afinal, para quê proporcionar aquela cena de invasão justamente quando o governo está preservando os benefícios. Mas é claro que a ordem dos acontecimentos não é essa. A própria matéria explica que havia uma pressa enorme em aprovar o tal pacote econômico que, não fosse a resistência da classe trabalhadora, derrubaria os tais benefícios tão “gentilmente” preservados. E mais: a matéria menciona, sem esclarecer, um prejuízo que o pacote desencadearia à carreira dos professores. É no mínimo frustrante não esclarecer uma das principais reivindicações de quem invadiu a Assembleia.
Por seu turno, o editorial da Gazeta do Povo de 12/02 destaca a queda de popularidade da presidente da república que, desesperada, estaria recorrendo novamente ao marqueteiro de plantão, evidenciando, o jornal, a vontade de não deixar repercutir atitudes do governo Beto Richa que, quando praticadas pelo outro lado (outro partido), devem ser transformadas em debates fomentados pela mídia.
A cereja do bolo veio na manhã do dia 13/02, quando o mesmo jornal destaca a seguinte manchete em sua versão online: “Na iminência de tragédia na Assembleia, Richa retira pacotaço”. Isso sugere, claro, que aquilo que poderia ser interpretado como uma vitória do trabalhador que lutou por seus direitos invadindo uma casa que, segundo consta, é do povo, na verdade deve ser associado, segundo o jornal, a uma tragédia iminente.
Prestar serviço a determinadas bandeiras
E não bastasse a tentativa de desmerecer a vitória parcial dos servidores e professores do estado, o periódico, por meio de seu editorial, prefere opinar sobre os acordos de paz na Ucrânia. A importância histórica desse acordo, concordamos plenamente, é de interesse universal, mas me pergunto se estaria na lista de prioridades do Gazeta caso a vitória dos trabalhadores-invasores-de-assembleias fosse contra o governo federal ou contra qualquer outro estado governado pelo PT.
A estratégia adotada por esses periódicos entristece porque revela a covardia de uma imprensa que não toma mais para si o elemento mais nobre e eficiente desse ofício, a capacidade de abalar estruturas de poder com sua liberdade.
Quando ouvimos ou lemos os poderosos meios de comunicação deste país clamando por liberdade de expressão, podemos colocar não um, mas os dois pés atrás, pois no dia-a-dia desse jornalismo que temos testemunhado a escolha já está feita, eles não querem liberdade, querem apenas prestar serviço a determinadas bandeiras.
***
Cristiano de Sales é professor de Comunicação Social

Obscurantismo: mazela da incultura

 
Obscurantismo: mazela da incultura
Imaturidade psicológica torna o indivíduo presa fácil da superstição

Tasso Assunção*

Dentre os diversos fatos preocupantes verificados, sobretudo em sociedades culturalmente miseráveis como o Brasil, encontram-se as manifestações obscurantistas, ao que parece, cada vez mais frequentes nestes conturbados tempos de transformações sociais proporcionadas pelo desenvolvimento tecnológico.

Jamais o homem reuniu tanto conhecimento sobre si mesmo e, principalmente, sobre o ambiente e o cosmos, nunca antes a informação foi tão acessível nem transmitida tão rapidamente como nos dias atuais, mas, estranhamente, cresce a ameaça de retrocesso a nova época de domínio de absurdo obscurantismo.

A gravidade da situação se evidencia, por um lado, no recrudescimento da ação terrorista de sei-tas mergulhadas nas trevas de concepções xiitas e, por outro, em abomináveis manifestações racistas, na maioria das vezes contra negros e pobres, emitidas por indivíduos aparentemente de boa formação acadêmica.

Nessa conjuntura, não foi senão com grande perplexidade que deparei certo jovem – pasme-se, com pretensão a jornalista! – mencionar o método científico de modo capciosamente depreciativo, em defesa de um suposto “conhecimento bíblico”, como se soubesse o que isso significa, se é que tem algum significado.

A cena é trágica porque reflete uma mentalidade que concebe a ciência como uma espécie de religião que requeresse um ato de fé, enquanto se sabe que os enunciados científicos, coadunem-se ou não com nossos desejos, constituem-se de conclusões deduzidas de fatos demonstráveis, o que supõe rigoroso critério.

Obviamente, os cientistas também são passíveis de equívocos, quando as explicações aduzidas ainda se encontram na fase das hipóteses e eventuais lacunas remanescentes nos resultados das pesquisas são preenchidas, em caráter provisional, por interpretações que podem vir a ser reforma-das ou substituídas.

De qualquer forma, a validade dos conteúdos estabelecidos não se condiciona à vontade de quem quer que seja nem a interesses particulares, mas ao acerto de suas premissas, baseado em exaustiva observação e experimentação, que se estende à aplicação prática na medicina, nas comunicações, nos transportes etc.

Qualquer estudante de ensino médio sabe que a ciência desempenhou papel fundamental na libertação da sociedade do buraco negro em que havia caído na Idade Média, já que a democratização do saber permitiu o redirecionamento do poder então monopolizado pelos que se arvoravam em donos da verdade absoluta.

No entanto, a crescente complexidade do conhecimento científico o vem tornando inacessível ao senso comum, visto que quanto mais se aprofundam no saber mais os cientistas se afastam das massas e se assemelham a alquimistas medievais, que eram traficantes de magia e ocultismo dota-dos de injustificável poder.

Além disso, identificada com o sistema, a ciência passou a ser alvo frequente de uma percepção que a situa, ironicamente, como ferramenta de manipulação a serviço das elites políticas e econômicas, já que produtos alimentares, farmacêuticos ou eletrônicos, por exemplo, podem concorrer para a construção de fortunas.

Assim, no limbo em que se encontram os que transitam entre a ignorância e os benefícios proporcionados pelo avanço da ciência e da tecnologia, desestimula-se a já árdua tarefa do raciocínio lógico, enquanto prosperam indústrias bilionárias em torno de produtos e serviços avalizados unicamente pela superstição.

O curioso é que tais práticas – estas sim irmãs da magia e do ocultismo – não se afiguram tão maléficas quanto são, uma vez que o enriquecimento dos alquimistas contemporâneos se apresenta tolerável, desde que adornem seu charlatanismo, muitas vezes religioso, com o manto de explicações fáceis de entender.

Os que engarrafam efeito placebo e o vendem a preço de ouro, sobretudo ao revesti-lo de uma capa de sacralidade, não precisam contar com o suporte de princípios lógicos nem de dados sólidos, visto que é cômodo substituir fatos por ficção exatamente porque esta não se constitui tão enigmática quanto a ciência.

Um dos aspectos da postura implicada na opção por promessas fantasiosas é que se trata de uma maneira de desafiar o poder estabelecido, já que este guarda forte conotação negativa, de forma que qualquer um que o questione atrai simpatias e audiência, por mais absurdas e demagógicas que sejam suas posições.

Duvidar do que o "establishment" apresenta como correto é uma atitude desejável, mas que se deve acompanhar de apurado bom senso e criticidade, para que o indivíduo não se entregue cegamente nas mãos do primeiro autoproclamado iluminado que, bem ou mal intencionadamente, pretenda arrebatar as multidões.

Lamentavelmente existe uma forte tendência a se valorizar mais o carisma das pessoas que a qualidade de seus argumentos, situação em que se costuma deixar-se persuadir pela proposta que soe melhor tanto quanto se recusa a entender que a verdade nem sempre assume o aspecto mais atrativo ou agradável.

De mais a mais, não é por acaso que crenças e crendices assumem tamanha preponderância, uma vez que exercem a função de consolo psicológico, arrimo existencial, a que as pessoas se apegam para fugir da insuficiência interior, sem falar dos interesses econômicos e sociais implicados no culto a mitos e lendas.

O fato é que tanto o cético quanto o sectário, cada um no seu extremo, em geral não sabem do que estão falando, visto que se situam igualmente no campo das suposições, quando se trata de questões fundamentais, de modo que convém a ambos se aprofundarem na busca da informação e da verdade científica.

O problema é que, desprovido de maturidade intelectual e, mais ainda, carente de esclarecimento interior, o indivíduo se torna presa fácil da arrogância, incorre com frequência em ilações precipitadas, assume atitudes preconceituosas e, aferrado a convicções inconscientes, concorre para a perpetuação da ignorância.

O caso é que, quando uma criança nasce, não traz um idioma em atividade no cérebro, ou seja, chega ao mundo pura, inocente, incontaminada, com a consciência em estado natural, como um límpido espelho que apenas reflete, fielmente, os fatos que se lhe apresentam aos sentidos, tais como surgem, a cada momento.

Então, a necessidade de comunicação e de habilidade intelectual a leva à assimilação da linguagem, que carrega consigo não somente conhecimentos fatuais, técnicos, práticos, mas igualmente conteúdos ideológicos, inevitavelmente tendenciosos, que acabam por condicionar o indivíduo a determinada cosmovisão.

E é nesse processo que se envenena a mente da criança com a enganosa informação da existência de seres imaginários que, por mais privilegiados que sejam, pintados com as cores do sobrenatural, restringem-se ao campo das ideias, isto é, são entidades fictícias, cuja dissolução requererá sólida educação científica.

A questão é que, apesar de consistir apenas a base – necessária e indispensável – de uma formação cultural consistente, o conhecimento científico supõe o requisito da leitura, da investigação e da reflexão persistentes, missão que à esmagadora maioria, entregue à inércia psicológica, não convém nem interessa.

Ao se considerar, então, a necessidade de se avançar para além das fronteiras da ciência e mergulhar nas águas profundas da investigação epistemológica, descortina-se a extrema distância a que se encontra o senso comum da universalidade cognitiva imprescindível ao posicionamento lúcido ante a existência e o mundo.

De qualquer modo, especialmente nos estratos mais ilustrados e notavelmente nos países europeus mais desenvolvidos, é a evolução cultural que vem dissipando a névoa do obscurantismo e preservando a validade da perspectiva de que a espécie humana se mantenha na trajetória ascendente do processo civilizatório.

*Tasso Assunção é escritor e consultor em produção textual; membro fundador da Academia Imperatrizense de Letras - AIL. (Artigo publicado originalmente em O Progresso, No 15.229, ano 45, em 8 de fevereiro de 2015.)