sábado, 26 de setembro de 2015

Musa disse que desde 1978 se ouvia falar do pagamento de vantagens indevidas



Jornal da Globo

http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2015/09/ex-gerente-da-petrobras-cita-o-nome-de-eduardo-cunha-em-delacao.html
Edição do dia 23/09/2015
24/09/2015 01h00 - Atualizado em 24/09/2015 01h00

Ex-gerente da Petrobras cita o nome de Eduardo Cunha em delação

Eduardo Musa, ex-gerente da estatal, é o novo delator da Lava Jato.
Segundo ele, quem dava a palavra final sobre diretoria era Eduardo Cunha.

Ana Zimmerman Curitiba, PR
A Operação Lava Jato tem mais um delator: Eduardo Musa, que foi gerente da área internacional da Petrobras entre 2006 e 2009. Dois ex-diretores dessa mesma área estão presos por envolvimento na Lava Jato: Nestor Cerveró e Jorge Zelada.
Na delação, Musa disse que desde 1978 se ouvia falar do pagamento de vantagens indevidas, mas só começou a receber propina a partir de 2006.
De acordo com Musa, o lobista João Henriques, preso na segunda-feira (21), disse que emplacou Zelada com o apoio do PMDB de Minas Gerais, mas quem dava a palavra final nas indicações era o deputado federal Eduardo Cunha, do PMDB do Rio.
“Eu nem nunca ouvi falar desse cidadão, não sei quem é. O que eu ouvi falar diz que ouviu dizer, eu não vou ser comentarista de delação. Aí falem com o meu advogado sobre esse assunto", declara o deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), presidente da Câmara.
Não é a primeira vez que um delator fala do suposto envolvimento de Cunha na Lava Jato. Em julho, o empresário Júlio Camargo afirmou que pagou ao deputado US$ 5 milhões por contratos de navios-sonda. Eduardo Cunha também negou o recebimento de propina.
Eduardo Musa falou ainda sobre o pagamento de propina na refinaria de Pasadena. É a primeira vez que um ex-executivo da Petrobras tocou neste assunto.
Ele também afirmou que a empreiteira OSX recebeu em 2012 informações privilegiadas sobre licitações para obras em duas plataformas da Petrobras em troca de propina.
No acordo de delação, Eduardo Musa se comprometeu a pagar uma multa de R$ 4,5 milhões e a trazer de volta ao Brasil outros US$ 3 milhões.
O advogado do deputado Eduardo Cunha disse que não vai se pronunciar por não ter tido aceso à delação.
A defesa de Jorge Zelada afirmou que ele chegou à diretoria da Petrobras pelos próprios méritos.
O PMDB nega as acusações.
O Jornal da Globo não conseguiu contato com o PMDB de Minas Gerais nem com o advogado de João Henriques e com a empresa OSX.

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  • Helvio Severino
    há um dia
    Resumindo tem muita gente boa envolvida neste fato, se apurar tudo vai ter que fechar a casa....

Dinheiro "doado" por empresario a político tinha retorno de 750%

post em andradetalis

Partido que votou na doação de empresas para as campanhas eleitorais queria continuar faturando bilhões do caixa 2

by Talis Andrade
Empresa que doa dinheiro a político tinha retorno de 750%
congresso votou fanciamento
Cada R$ 1 investido em candidato gera R$ 8,50 para empresa se ele for eleito, indica estudo
Os legisladores viram lobistas, e os prefeitos e governadores superfaturam obras e serviços
cunha lobista financiamento campanha
Os políticos corruptos e partidos podres votaram na Câmara dos Deputados e no Senado Federal pelo financiamento das campanhas eleitorais. Os mesmos bandos votaram pela tercerização do emprego e contra a CPMF, o imposto que pega sonegadores e outros ladrões.
R7- Após as manifestações de junho, o debate em torno da reforma política dominou o noticiário do País e o financiamento das campanhas políticas se tornou um dos principais temas da discussão. Um estudo feito no Brasil pelo Instituto Kellogg, dos Estados Unidos, indica que as empresas que doam dinheiro para campanhas eleitorais têm um retorno de até 750% em cima do valor que investiram no candidato.
Idealizador da Lei da Ficha Limpa, que impede a participação de candidatos condenados criminalmente em tribunais colegiados, o juiz eleitoral Márlon Jacinto Reis é um dos criadores do movimento de combate à corrupção. Reis, que também é diretor do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral), afirma que o negócio é lucrativo para empresas que investem em políticos.
— Há uma pesquisa do Instituto Kelloggs no Brasil que mostra que a cada R$ 1 investido nas campanhas [políticas] há um retorno em contratos públicos da ordem de R$ 8,50. É o melhor negócio que conheço até agora. É melhor do que vender água.
Nesta semana, o MCCE se encontrou com a presidente Dilma Rousseff em Brasília para expor os pontos da “Campanha Eleições Limpas”. O projeto prevê o fim do financiamento de campanhas eleitorais por empresas privadas, limite para doação de pessoa física para partidos e eleição para o Legislativo em dois turnos, com a escolha dos partidos no primeiro e dos candidatos propriamente ditos no segundo.
O brasileiro, quando vai às urnas, não escolhe o candidato por ideologia ou pelas propostas de governo que oferece ao eleitor, explica Reis. O processo eleitoral atualmente está focado basicamente em dinheiro, segundo o juiz de direito.
— O começo da coisa [campanha eleitoral] hoje tem a ver com um binômio: dinheiro, que movimenta as eleições; e a maneira como as campanhas são conduzidas, com que as candidaturas são apresentadas. No primeiro ponto, nós identificamos como imprescindível proibir doações empresariais porque o dinheiro usado para comprar votos e para praticar as distorções do processo tem uma origem e precisamos nos preocupar com essa origem. Temos eleições caríssimas, mais caras que a maior parte das democracias.
As eleições de 2010, que escolheram o presidente da República, custaram R$ 4,9 bilhões em financiamentos, de acordo com Reis. As principais doadoras para campanhas são corporações ligadas à construção civil, mineração e bancos. Em comum, todas fornecem produtos e serviços para governos federal, estaduais e municipais, ressalta o juiz eleitoral.
— [Para chegar a esse cálculo], pega-se apenas o financiamento declarado e mesmo assim é um absurdo. Apenas dez empresas, nas últimas cinco eleições, doaram R$ 1 bilhão. Temos uma presença maciça das empreiteras, seguidas pelos bancos no processo de doação. Depois temos outros grupos ligados, de mineração por exemplo. Estão sempre ligados a setores que contratam diretamente com o poder público. São grupos que estão interessados em interferir na Comissão Mista de Orçamento para definir para onde vai o dinheiro.
Após tantas críticas ao financiamento de campanha por empresas particulares, a principal proposta apresentada para controlar o repasse de dinheiro é vetar a doação de dinheiro por empresas e liberar apenas para pessoas físicas. Para o MCCE, o teto seria o valor de um salário mínimo, ou seja, R$ 678 por pessoa.
O financiamento de campanha seria um dos pontos tratados no plebiscito, sugerido pela presidente Dilma Rousseff, mas a proposta de consulta popular não decolou no Congresso Nacional. A ideia é que a nova regra já valesse nas eleições de 2014.
Conforme as regras atuais, qualquer pessoa ou empresa pode dar dinheiro para partidos ou candidatos realizarem suas propagandas eleitorais. Bancos, empreiteiras e empresas de mineração estão entre as organizações que mais investem em políticos.
Para que as mudanças propostas pelo MCCE valessem já nas eleições de 2014, seria necessário que os parlamentares apreciassem e votassem o Projeto de Lei Ordinário até o próximo dia 5 de outubro — exatamente um ano antes das eleições. Cerca de 130 deputados já manifestaram apoio à causa. No entanto, o próprio MCCE admite ser difícil que o texto seja analisado ainda neste ano.
senado veta
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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Blog do Liberato: Mauro Donato: O desabafo de uma fascista de praia ...

Blog do Liberato: Mauro Donato: O desabafo de uma fascista de praia ...: Postado em   22 set 2015 por :   Mauro Donato Angela, hoje, numa foto ao lado de Suplicy Nesses tempos de imagens de arrastõ...

PSDB que um Estado para favorecer rentismo


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Bercovici: Não querem menos Estado, mas Estado para favorecer rentismo

O economista tucano, Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central durante o governo Fernando Henrique, defendeu em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo um receituário de medidas que supostamente iriam tirar o Brasil da crise. A proposta é parte de um plano apresentado pelos tucanos durante seminário Caminhos para o Brasil, do Instituto Teotônio Vilela, também do PSDB, realizado dia 17 de setembro.

Por Dayane Santos


Tarcísio Feijó
Gilberto Bercovici é professor titular de Direito Econômico e Economia Política da Faculdade de Direito da USPGilberto Bercovici é professor titular de Direito Econômico e Economia Política da Faculdade de Direito da USP
Entre as soluções mágicas para a economia estavam a mudança das regras trabalhistas e a revisão do capítulo econômico da Constituição. Segundo Armínio Fraga, o objetivo é “adotar a economia de mercado” reduzindo a “interferência do Estado”, isto é, menos Estado e mais mercado.

Os ingredientes apontados por Fraga não são novidade. É parte do receituário neoliberal dos tucanos – programa esse derrotado nas urnas em 2014 -, que propõe uma reforma constitucional que eles dizem ser “cirúrgica”.

“O capitalismo não existe sem o Estado. Então, essa história de que o Estado não vai intervir ou vai intervir menos é conversa mole. É que vai deixar de intervir em determinados sentidos e vai intervir em outros. Não é menos Estado, mas Estado com uma outra forma de atuar para beneficiar outros grupos”, enfatizou Gilberto Bercovici, professor titular de Direito Econômico e Economia Política da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista aoPortal Vermelho.

“É uma visão absolutamente ideológica até porque, com o neoliberalismo o Estado intervém cada vez mais na economia, mas para preservar interesses de determinadas camadas, não de todos”, completou.



O professor Gilberto Bercovici enfatizou que esse discurso “contra o Estado, contra a Constituição, contra os direitos sociais, juridicamente, não tem sentido e economicamente também não”.

“O que estamos vendo no Brasil é uma tentativa de certos grupos de retroceder, de reafirmarem que todos os recursos devem ficar com eles e não dividir com mais ninguém. E tem, obviamente, toda a força do poder econômico, do poder político e da mídia a seu favor. Cabe ao outro lado parar de achar que todo mundo é republicano e saber enfrentar, caso contrário, será uma derrota histórica e os efeitos nós ainda não temos dimensão”, salientou.

Gilberto lembra que a partir dos anos 90, o discurso de Estado mínimo fez “como num passe de mágica” que o Estado passasse a ser “incompetente”.

“É engraçado, pois para garantir uma série de políticas e serviços, o Estado passou a ser incompetente para prestar diretamente os serviços. No entanto, não é incompetente para financiar”, disse ele ao citar a terceirização de serviços, concessões e privatizações.

“O Estado tem que pagar para alguém prestar o serviço, na concessão ou privatização. Depois tem que garantir o financiamento para assegurar o funcionamento do serviço. E, em alguns casos, tem que garantir a aquisição do serviço, da obra ou do produto. Quer dizer, se paga três vezes por uma coisa que se pagava apenas uma vez”, afirmou.

Constituição é democrática

Os tucanos afirmam que a Constituição brasileira é muito minuciosa e analítica, abrangendo uma quantidade de assuntos que não necessitavam de previsão constitucional. Para o professor, esse discurso vem desde o governo FHC “que dizia que a Constituição engessa a política e impede que governe”.

Segundo Bercovici, a contradição entre o que falam e o que fazem é muito grande. “Se repararmos nos textos das emendas Constitucionais que foram feitas durante o governo Fernando Henrique, elas são muitos mais minuciosas, muito mais detalhistas, muito mais inúteis do que o texto original da Constituição. Eles falam, mas fazem pior”, disse.

Bercovici aponta um fator histórico como motivo para a abrangência de temas da nossa Constituição. “Toda Constituição escrita por uma assembleia constituinte eleita por sufrágio universal, ou seja, democraticamente, vai falar de uma série de assuntos que as Constituições liberais não vão tratar. Geralmente quando as pessoas criticam o excesso de matérias ou detalhes na Constituição, criticam justamente os direitos sociais, o que prova que na verdade é uma crítica enviesada”, enfatizou.

O professor afirmou que o modelo de Constituição defendido pelos tucanos é o liberal que só garante a separação de poderes, a estrutura de governo e os direitos individuais.

Constituição dos EUA é oligárquica

Ele destaca ainda que os críticos da Constituição brasileira gostam de apontar a Constituição dos EUA como exemplo por ter apenas sete artigos.

“É mentira. Quem diz isso não leu a Constituição norte-americana. Ela tem só sete artigos, mas uma série de dispositivos, incisos, parágrafos, alíneas. É uma Constituição típica do século 17 e 18, oligárquica. Não tem nada de democrática e sobrevive porque a interpretação dela foi se modificando com o tempo”, explica. “Se fosse fazer uma Constituição hoje nos EUA ela teria tanto ou mais dispositivos que a nossa”, declarou.

E acrescenta: “Nossa Constituição não é um atraso, pelo contrário, ela está dentro da tradição de constitucionalismo social e democrático”.

Direitos trabalhistas não oneram

Bercovici também desmontou a tese neoliberal de que de que os direitos trabalhistas oneram demasiadamente o patronato e, por isso, devem ser flexibilizados.

“Primeiro, direitos trabalhistas são direitos fundamentais. O direito trabalhista é custo? O direito de ir e vir também é. O direito de propriedade é o mais custoso de todos, porque para mantê-lo precisamos de polícia e do Poder Judiciário”, pontuou o jurista.

O professor destaca que todo direito representa um custo para o Estado, mas salientou: “O direito trabalhista é um pacto mínimo para que as relações capitalistas se desenvolvam da maneira mais correta possível, criando um marco civilizatório mínimo”.

Ele frisou ainda que a elite gosta de reclamar dos encargos trabalhistas, contribuições e descontos, mas esquecem que todos os encargos que estão na folha salarial servem para financiar o capital no Brasil.

“O FGTS, o FAT, PIS/Pasep são a base do financiamento do capitalismo no Brasil. São administrados por bancos públicos, particularmente o BNDES, a Caixa Econômica e o Banco do Brasil. Quem financia os empreendimentos capitalistas no Brasil são esses bancos”, pontuou.

Ele destacou o papel do BNDES, que classificou como o mais importante banco de financiamento do país. “Dados do próprio banco mostram que das empresas com ações em bolsa, 99% têm financiamento do BNDES ou BNDES participações. Além disso, não tem uma multinacional neste país que não tenha financiamento do BNDES”, completou. 

Do Portal Vermelho

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

envenenadora profissional

GALILEU
http://revistagalileu.globo.com/
http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2015/06/na-idade-media-envenenadora-profissional-se-oferecia-para-livrar-mulheres-de-seus-casamentos-problematicos.html

Na idade média, envenenadora profissional se oferecia para 'livrar' mulheres de seus casamentos problemáticos

25/06/2015 - 14H06/ atualizado 14H0606 / por Luciana Galastri
  (Foto: reprodução)
Mulheres do século XVII tinham pouco controle sobre suas vidas: enquanto as mais ricas eram usadas como propriedades para assegurar alianças comerciais e políticas, as mais pobres não tinham muita escolha ao ficarem presas em relacionamentos abusivos. Mas nem todas elas toleravam essa situação pacificamente.
Giulia Tofana, que ficou conhecida após a viuvez, nasceu em Palermo, na Itália, em meados de 1600. Acredita-se que ela criou uma receita chamada "Aqua Tofana", que inclui arsênico, chumbo e beladona (uma planta venenosa) - e que comercializava esse produto para que mulheres conseguissem se livrar de maridos abusivos.
Como ela fazia isso? Ela vendia a mistura em duas formas: como uma maquiagem em pó ou dentro de imagens de santos. Então elas podiam ficar sobre as penteadeiras das moças e passar despercebidas. A administração do veneno era simples: era só misturar em alimentos ou em bebidas, já que ele não tem gosto. A primeira dose causava sintomas parecidos com o da gripe, que pioravam com a segunda e a terceira dose. Na quarta dose, o paciente morria.
A Aqua Tofana não deixa rastros no organismo do paciente - então exames pós-mortem indicavam apenas uma gripe muito forte. Ou seja, nenhuma suspeita. 
O produto virou um verdadeiro sucesso comercial, sendo vendido em Palermo, Nápolis e até em Roma. Todo o marketing, claro, era boca-a-boca. Uma amiga passava o segredinho para as outras necessitadas.
O esquema só foi revelado porque uma cliente, que comprou o produto e fez uma sopa ~especial para o marido, se arrependeu e contou tudo antes que ele provasse o prato culinário. Depois disso não demorou muito para que Giulia fosse julgada e executada, junto com sua filha e funcionários. Estima-se que seu veneno tenha matado 600 homens entre 1633 e 1651.
Via The Line Up

o passaralho


CartaCapital






http://www.cartacapital.com.br/
http://www.cartacapital.com.br/revista/867/era-uma-vez-o-passaralho-6341.html?utm_content=buffer07cab&utm_medium=social&utm_source=plus.google.com&utm_campaign=buffer

Cultura

Cariocas

Era uma vez o passaralho...

O dia em que dois copy-desks do JB eternizaram um sinistro neologismo
por Carlos Leonam — publicado 21/09/2015 06h23
Wolfgang Lettl - Die Verwandlung 1977
Die-Verwandlung
“Es ist das Unglück der Franzosen zu gut schreiben zu können” (C. Mongenstern)
Naquele tempo não havia internet e, portanto, o Facebook, o Twitter, o Instagram e similares. Quando o gabinete de uma redação caía, fosse no Rio, fosse em São Paulo, ou algures, o tambor batia, a fumaça subia aos céus e todo mundo, do Oiapoque ao Chuí, sabia que um passaralho entrara em ação, através de telefonemas à sorrelfa (celulares ainda eram coisa de quadrinhos do Dick Tracy). Em geral, sempre um passaralho localizado. Ao contrário do deste ano da graça de 2015 em que o bicho atacou de forma furiosa, principalmente a turma da infantaria.
Acho que já escrevi sobre o mais famoso passaralho da imprensa carioca, o do Jornal do Brasil, no começo dos anos 1970. Atendendo aos pedidos da nova geração, atingida de maneira brutal nos últimos dois meses, recordo a história que entrou para a História do nosso jornalismo. Sabemos hoje que a Guerra do Yom Kippur fez também um grande estrago na Avenida Brasil 500.
A defenestração de Alberto Dines do comando do Jornal do Brasil, no início de dezembro de 1973, resultou no maior passaralho das redações nacionais. Em médio prazo, todas as chefias ligadas a Dines e Carlos Lemos foram caindo, de uma maneira ou de outra – a maioria para nunca mais voltar e quase todas indo parar, então, na folha de pagamento de um Inevitável Patrão, na Rua Irineu Marinho, 35; na Praia do Russel, 434; ou na Rua Lopes Quintas. Agora, porém, ninguém escapou do bicho – passaralhados aos magotes, globais ou não.
Muito embora o velho JB ainda permaneça vivo no coração da velha guarda, a verdade é que o grande passaralho de 1973 foi traumático e, portanto, inesquecível. Naquele clima de velório, fofocas e insegurança o copidesque do JB produziu um dos melhores textos da imprensa brasileira. Uma obra-prima, pois reúne bom humor, ironia, cultura, informação...
Trata-se do verbete “Passaralho”, que teria sido escrito por Joaquim Campelo e Nilson Vianna, sumidades do copy-desk do JB, com penteadas dos outros redatores:
Passaralho s.m. (brasil). Designação popular e geral da ave caralhiforme, falóide, família dos enrabídeos (Fornicator caciquorum MFNB & WF). Bico penirrostro, de avultadas proporções, que lhe confere características específicas, próprio para o exercício de sua atividade principal e maior: exemplar. À sua ação antecedem momentos prenhes de expectativa, pois não se sabe onde se manifestará com a voracidade que, embora intermitente, lhe é peculiar: implacável.
Apesar de eminentemente cacicófago, donde o nome científico, na história da espécie essa exemplação não vem ocorrendo apenas em nível de cacicado.  Zoólogos e passaralhófitos amadores têm recomendado cautela e desconfiança em todos os níveis; a ação passaralhal é de amplo espectro. Há exemplares extremamente onívoros e de atuação onímoda. Trata-se este do mais antigo e puro espécime dos Fornicatores, sendo outros, como p. ex., o picaralho, o birroalho, o catzralho etc., espécimes de famílias espúrias submetidas a cruzamentos desvirtuados do exemplar. Distribuição geográfica praticamente mundial.
No Brasil é também conhecido por muitos sinônimos, vários deles chulos. Até hoje discutem os filólogos e etimologistas a origem do vocabulário. Uma corrente defende derivar de pássaro + caralho, por aglutinação; outra diz vir de pássaro + alho. Os primeiros baseiam-se em discutida forma de insólita ave; os outros, no ardume sentido pelos que experimentaram e/ou receberam a ação dele em sua plenitude.
A verdade é que quantos o tenham sentido cegam, perdem o siso e ficam incapazes de descrever o fenômeno. As reproduções que deles existem são baseadas em retratos-falados e, por isso, destituídas de validade científica.
Como dizia Christian Morgenstern, “a infelicidade dos franceses é saber escrever bem demais”. No caso do JB, sua infelicidade foi ter perdido um copidesque que escrevia bem demais, a ponto de produzir esse texto definitivo sobre o bicho que adora fornicar jornalistas com ampla diversidade.

Ronaldo Caiado e a esterilização das mulheres nordestinas

O blog Oni Presente – O Excomungado - ainda afirma sobre o "pensamento" do "seu" Caiado: "O escritor Fernando Morais, disse em seu livro "Na Toca dos Leões", em 1989, que o então presidente da União Democrática Ruralista (UDR), procurou a agência do publicitário Gabriel Zeillmeister para fazer sua campanha. Sobre o encontro, Zeillmeister conta que o candidato, médico, defendeu a esterilização das mulheres nordestinas por meio de um remédio adicionado à água. Seria a solução para o maior problema do País, 'a superpopulação dos estratos sociais inferiores, os nordestinos".
Dom Orvandil Dom Orvandil
Editor do blog Cartas e Reflexões Proféticas, presidente da Ibrapaz, bispo da Diocese Brasil Central da Igreja Anglicana e professor universitário

Quem é Ronaldo Caiado? Um incendiário irresponsável?

:
Aqui no Estado de Goiás, como em outros, há uma família conservadora e de extrema direita, profundamente arraigada à terra. Seu apego às grandes propriedades rurais mobiliza-se pelo mesmo egoísmo perverso dos que se imaginam donos do planeta, do ar, da água e do fogo. Pensam-se sagrados e acima da justiça social. Trata-se da família Caiado, fonte de lendas e fantasias que giram historicamente no consenso popular, todas acentuando que os troncos dessa família eram para lá de santos e miraculosos, acima de quaisquer suspeitas e da lei.
Durante a configuração do Estado de Goiás e da construção de sua capital digladiaram-se ideológica e politicamente as famílias Caiado e Ludovico. A primeira sempre se definiu como "jagunceira", bandida e centrada em suas propriedades como se fosse o centro do universo. Os Ludovico, mais nacionalistas e getulistas, são voltados à política de desenvolvimento presidida pelo Estado soberano. Tanto que Goiânia fundou-se por orientação de Getúlio Vargas para ser capital da famosa "marcha para o Oeste", com o objetivo de ocupar e desenvolver o Serrado e o centro do Brasil. Pedro Ludovico, médico, foi o protagonista desse processo, combatido pelos reacionários da ruralista família Caiado.
É do tronco conservador, dono do pensamento direitista, que acha que as terras devem ser de poucos, mesmo que a maioria do povo morra de fome, que nasceu o "seu" Ronaldo Caiado, hoje recém-eleito e empossado Senador da República.
Mas qual é a alma do "seu" Ronaldo Caiado, que cruza pela história, pelas conjunturas diversas, pelas crises e choques da República, sem nada mudar, miraculosamente reacionário, odioso, perverso, incendiário e politicamente irresponsável?
Segundo ele mesmo, que enche a boca geralmente espumando ódio, com seu timbre de voz marcantemente ameaçador, o dito é "médico".
Sou dos que respeitam as pessoas pelas profissões e títulos que conquistam. No Brasil, por trás de cada título acadêmico, há muito investimento, sacrifício e dedicação. Por isso respeito as pessoas que estudam e crescem academicamente. Porém, o respeito a elas não se deve somente pelo diploma a partir da colação de grau. O respeito se deve pelo que fazem pelo próximo, pelos outros e pela sociedade com que aprenderam na vida acadêmica.
Parece que o "médico ortopedista" Ronaldo Caiado não é assim. Ele que se especializou na cura dos ossos das pessoas faz de tudo para quebrar as pernas de quem discorda dele. É de estarrecer o que o "seu" Ronaldo Caiado fez para destruir o "programa mais médicos", só porque não é de direita e porque muitos de seus médicos são cubanos.
Com as artimanhas que fez, inclusive apoiando uma traidora cubana, o "seu" Ronaldo feriu o juramento que formalmente fez quando se formou. Negou o princípio hiporcrático que diz: "Não permitirei que considerações de religião, nacionalidade, raça, partido político, ou posição social se interponham entre o meu dever e o meu Doente."
Ronaldo Caiado é médico na acepção filosófica profunda? Penso que não! É a negação do espírito médico por essência. Suas convicções de direita o enrijecem e o desumanizam perversamente. O seu CRM deveria ser cassado.
O "seu" Caiado é realmente militante. Isso é inegável. Mas é militante do ódio e da destruição. É cegamente rancoroso.
Sua seletiva biografia não nega a trilha do ódio que percorre. É fundador da UDR – União "Democrática" Ruralista.
Lembro de que quando fundou essa organização fascista foi ao Rio Grande do Sul onde eu morava e onde me formei, contratou um pool de rádios – a Gaúcha, a Guaíba e a Bandeirantes - para despejar através de uma cadeia de emissoras ameaças, ódio e malquerença ao movimento dos sem terra. Foi claro no seu discurso de conclamação à guerra contra a reforma agrária. Ofendeu de todos os modos os militantes dos direitos humanos e lhes prometeu balas de metralhadoras e fuzis às porteiras dos senhores feudais, donos do mundo.
Essa UDR e outras organizações estruturantes dos grandes latifundiários rurais, a quem se liga o "seu" Ronaldo Caiado, é vista pelos pequenos agricultores, indígenas, mst, cpt e outros como agrupamento de bandidos, de formadores de exércitos paralelos na prática dos crimes contra defensores da reforma agrária, missionários fiéis ao evangelho, de pensamento social e dos integrantes da Comissão Pastoral da Terra.
O blog Oni Presente – O Excomungado - ainda afirma sobre o "pensamento" do "seu" Caiado: "O escritor Fernando Morais, disse em seu livro "Na Toca dos Leões", em 1989, que o então presidente da União Democrática Ruralista (UDR), procurou a agência do publicitário Gabriel Zeillmeister para fazer sua campanha. Sobre o encontro, Zeillmeister conta que o candidato, médico, defendeu a esterilização das mulheres nordestinas por meio de um remédio adicionado à água. Seria a solução para o maior problema do País, 'a superpopulação dos estratos sociais inferiores, os nordestinos".
Pois o "seu" Caiado elegeu-se Senador da República pelo Estado de Goiás com 1.283.665 votos. Sua campanha eleitoral foi um luxo e de outro, como a que mais gastou neste Estado.
O "seu" Ronaldo ocupa uma cadeira no Senado da República não republicanamente, mas como golpista e direitista ressentido e odioso.
Não invento nada. Não posso, não quero e não devo mentir, como o faz a direita do "seu" Caiado. Ele mesmo o disse numa entrevista no Uol online. O lacaio aventureiro e irresponsável afirmou: "O tom que [a oposição] deve ter é aquele que Carlos Lacerda nos ensinou."
Claro, o esbirro não conta às novas gerações e aos incautos quem é Carlos Lacerda, o guia espiritual, que, como mediu, na sua mediocridade, deseja incorporar.
Carlos Lacerda foi um jornalista carioca, que ganhou o nome de Carlos Frederico em homenagem de seu pai a Carlos Marx e a Friedrich Engels, pais das teorias do socialismo científico. Lacerda chegou a militar no Partido Comunista, a quem traiu para aderir às conveniências da direita golpista, mentirosa, mãe da atual mídia manipuladora e mistificadora, engenhosa em distorções sujas e mentirosas hoje.
Lacerda foi o principal articulador do golpe que levou Getúlio Vargas ao suicídio.
O "seu" Caiado não conta que quando o povo descobriu que Carlos Lacerda inventara todas as mentiras que provocaram tremenda crise de poder com a morte de Getúlio o procurou para justiçá-lo em praça pública. Logo após o suicídio do grande estadista o povo vasculhou tudo no Rio de Janeiro para levar Lacerda a justiciamento público. Só não o fez porque o covarde se refugiu numa caixa d'água para se esconder.
Lacerda colaborou dedicadamente para destruir Juscelino Kubitschek e, depois, João Goulart, colaborando com o golpe militar nazifascista, que infernizou o Brasil.
Esse é o guia espiritual do "seu" Ronaldo Caiado. É isso o que deseja o "seu" Caiado.
O ódio do sabujo ao PT é tanto, que ele o confunde como sendo um partido de esquerda e até socialista, ignorante que esse grupo é associado na mesma socialdemocracia internacional que é o PSDB.
Por ser ignorante em ciências políticas e sem amor patriótico o "seu" Ronaldo Caiado – de ódio – esmurra o PT e persegue a Presidenta Dilma e o ex-presidente Lula de modo irresponsável, querendo a destituição da Presidenta, sem a menor e ajuizada avaliação dos prejuízos disso ao Brasil e à democracia.
Caiado odeia o Brasil, odeia o povo e tenta fazer do Senado trincheira para molecagens e falta de respeito ao País.
Será que em sua paranoia este senhor pensa que os 1.283.665 eleitores votaram nele para que seja golpista e malversador do Senado Federal? Seus eleitores são todos aventureiros, incendiários e irresponsáveis como o senador em quem votaram? Claro que não. Conheço pessoas muito boas que votaram nele por engano, sem nenhuma intenção de lhe dar procuração para o desrespeito político.
Caiado desrespeita a democracia e fere o decoro parlamentar, onde deveria representar o povo e não o antipovo. Devemos promover sua cassação!

sábado, 19 de setembro de 2015

O empresario mais rico do Brasil e’ quem mais clama pelo impeachment de Dilma

post em andradetalis

https://mail.google.com/mail/u/0/?tab=wm#inbox/14fe6dbd67bedd79

O espírito golpista dos ricos contra os pobres

by Talis Andrade
Vladimir Kazanevsky
Vladimir Kazanevsky
Olha o Velhinho
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por Luís Fernando Veríssimo
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Um fenômeno novo na realidade brasileira é o ódio político, o espírito golpista dos ricos contra os pobres. O pacto nacional popular articulado pelo PT desmoronou no governo Dilma e a burguesia voltou a se unificar. Economistas liberais recomeçaram a pregar abertura comercial absoluta e a dizer que os empresários brasileiros são incompetentes e superprotegidos, quando a verdade é que têm uma desvantagem competitiva enorme. O país precisa de um novo pacto, reunindo empresários, trabalhadores e setores da baixa classe média, contra os rentistas, o setor financeiro e interesses estrangeiros. Surgiu um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, a um partido e a um presidente. Não é preocupação ou medo. É ódio. Decorre do fato de se ter, pela primeira vez, um governo de centro-esquerda que se conservou de esquerda, que fez compromissos, mas não se entregou. Continuou defendendo os pobres contra os ricos. O governo revelou uma preferência forte e clara pelos trabalhadores e pelos pobres. Não deu à classe rica, aos rentistas. Nos dois últimos anos da Dilma, a luta de classes voltou com força. Não por parte dos trabalhadores, mas por parte da burguesia insatisfeita. Dilma chamou o Joaquim Levy por uma questão de sobrevivência. Ela tinha perdido o apoio na sociedade, formada por quem tem o poder. A divisão que ocorreu nos dois últimos anos foi violenta. Quando os liberais e os ricos perderam a eleição não aceitaram isso e, antidemocraticamente, continuaram de armas em punho. E de repente, voltávamos ao udenismo e ao golpismo.
Nada do que está escrito no parágrafo anterior foi dito por um petista renitente ou por um radical de esquerda. São trechos de uma entrevista dada à “Folha de São Paulo” pelo economista Luiz Carlos Bresser Pereira, que, a não ser que tenha levado uma vida secreta todos estes anos, não é exatamente um carbonário. Para quem não se lembra, Bresser Pereira foi ministro do Sarney e do Fernando Henrique. A entrevista à “Folha” foi dada por ocasião do lançamento do seu novo livro “A construção politica do Brasil” e suas opiniões, mesmo partindo de um tucano, não chegam a surpreender: ele foi sempre um desenvolvimentista nacionalista neokeynesiano. Mas confesso que até eu, que, como o Antônio Prata, sou meio intelectual, meio de esquerda, me senti, lendo o que ele disse sobre a luta de classes mal abafada que se trava no Brasil e o ódio ao PT que impele o golpismo, um pouco como se visse meu avô dançando seminu no meio do salão — um misto de choque (“Olha o velhinho!”) e de terna admiração. Às vezes, as melhores definições de onde nós estamos e do que está nos acontecendo vem de onde menos se espera.
Outro trecho da entrevista: “Os brasileiros se revelam incapazes de formular uma visão de desenvolvimento crítica do imperialismo, crítica do processo de entrega de boa parte do nosso excedente a estrangeiros. Tudo vai para o consumo. É o paraíso da não nação.”
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Economia

Opinião

Como a agropecuária vai lidar com as transformações do capitalismo?

É preciso saber como conciliar a emergência de classes subalternas, a financeirização, o trabalho e a proteção ao meio ambiente
por Rui Daher publicado 18/09/2015 06h25
AFP
Agricultura na China
Área de agricultura em Chongqing, na China: o setor emprega 300 milhões de chineses
Quando em maio de 2013 aceitei o convite para manter coluna semanal sobre o agronegócio neste site de CartaCapital, prometi conversar ora vendo o setor “assim do alto” ora “com uma lupa”. É o que tenho feito, embora perceba comentários trocando as bolas.
Podem incomodar. Muito. Mas a maioria traz informações, reflexões e ajuda a reformular posições. Os demais permitem lembrar palavrões geriátricos, hoje em desuso.
Sempre alguém contestará seu estilo de escrita, como se cromossomo de Eça de Queiroz fosse. Não percebe que temas áridos são mais agradáveis se levados na forma de crônicas. Na coluna anterior, soberba moça categorizou: “texto fraquíssimo”. Corri à farmácia em busca de vitaminas.
Expor a fragmentação do agronegócio como excepcional vantagem de um país com diversidade parece ser pouco entendido. Os vários segmentos têm carências e formas de apoio específicas. O primordial, creiam, os portugueses já nos deram: extensão e posição territoriais.
Para mim, o tema mais importante a ser discutido hoje em dia, e visto de altos estratosféricos, é como a cadeia originada na agropecuária irá seguir as transformações do atual estágio do capitalismo e seus novos vetores.
Pouco a ver com as mudanças ocorridas a partir do final da Segunda Guerra Mundial. Estas, consolidadas e envelhecidas, viveram ambiente de hegemonia gestado ainda nos séculos 19 e 20.
A atual mostra necessidade de conhecer e projetar novas interações e modificações nas esferas de produção e distribuição das atividades rural e agroindustrial.
A emergência de classes sociais subalternas em países pobres nas duas últimas décadas, que excitaram a demanda, e o desarranjo nas economias hegemônicas causado pela desregulamentada financeirização, são processos irreversíveis quando o assunto é produção de alimentos, fibras e energia renovável.
Difícil será coaduná-los com preservação do trabalho de homens e mulheres, recursos naturais e meio ambiente. Ponto.
Que não se espere milagres espontâneos, como responsabilidade sobre consumo de luxo e lixo. O ser capitalista é assim. Quer cada vez mais. Quem leu o livro de Thomas Piketty e acompanha as preocupações do papa Francisco sabe da crescente concentração de riqueza no planeta.
Tanto que contingentes enormes de pessoas com deficiências nutricionais pouco podem com inovações tecnológicas de baixo custo, na contramão de interesses dos maiores fabricantes de agroquímicos.
Ao Brasil falta inteligência e boa vontade prospectivas. Saber o que tem e o que não deve ceder para o futuro. Por assim pensar, Mangabeira Unger acaba de pedir demissão como ministro da secretaria de Assuntos Estratégicos.
O século 21 exibe reordenação de hegemonias, predominância do setor de serviços, financeirização da economia. Resulta precarização do setor produtivo e do trabalho.
Nada disso pode ser visto apenas em curto prazo ou na simplificação do que fazer, em 2050. Teremos até lá os tais 9 bilhões de bocas a alimentar? Talvez, sim. Se a devastação do planeta, por guerras, epidemias, consumo desenfreado, concentração de renda, não contrariarem as preces dos papas Francisco e José Graziano da Silva.
Blasfemei? Por que Francisco e Zé Graziano?
Bem, o que se pode esperar do papa Francisco se não lamentar e pedir que parem os massacres na Síria? Ou que EUA e Cuba se aproximem e termine o embargo? Ou, ainda, que casais gays tenham direito às leis e permissões gerais da sociedade?
O consumismo individualista é praga de um sistema de meritocracia que pouco tem a ver com a Bíblia.
O mesmo acontece com o papa Zé. Como agrônomo, conhece a fundo as questões agrárias e de segurança alimentar. Bem, Andanças Capitais mostram-me nem todos agrônomos assim.
Nomeado ministro, em 2003, no governo Lula, instituiu o programa Fome Zero, que levou ao Bolsa Família, com consequências conhecidas por todos, inclusive dos que acham que transformou o Brasil num país de vagabundos e acomodados.
Logo de cara, levou um baita pau das folhas e telas cotidianas, e dos ruralistas que não perceberam o quanto isso poderia encher-lhes os bolsos, mesmo que ajudando a quem poucos ligam.
Graziano picou a mula e até hoje (acaba de ser reeleito) é diretor-geral da FAO, o organismo da ONU responsável por alimentação e agricultura. Como Francisco, Zé precisa acreditar que a humanidade deu certo e é possível tornar o planeta mais justo. Tem uma fé imensa.
Acreditou nos Objetivos do Milênio, quando 191 países se reuniram, em setembro de 2000, para acabar com a fome até 2015. Na época, 1,2 milhão de pessoas viviam na pobreza extrema, com um dólar per capita por dia. Também acreditou nas diversas Rodadas Doha, piqueniques em cidades aprazíveis que continuarão a acontecer.
Agora, incansável, diz que ainda existem 800 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza. Propõe nova etapa, com erradicação da fome até 2030. Pela redução que houve nos últimos 15 anos, se nada mais impactante for feito, chegaremos a 2030 ainda com 650 milhões de pessoas nessa situação.
E olha que a economia dos países emergentes foi responsável por grande parte dessa redução, e que seus mares hoje não estão para peixes tão grandes.
Se a economia mundial melhorar, pode ser que alguma franja de bondade sobre para os famintos. Caso contrário, os 800 milhões de hoje aumentarão, assim como voltarão à miséria os 40 milhões de zumbis que o Brasil colocou no estreito limiar da classe média.
Se não mudar de ideia, volto ao assunto.

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