Falácia
egocêntrica - Algo muito comum em argumentações é ver o argumentador
defendendo ideias baseando-se numa premissa que visivelmente deixa a
entender que ele enxerga que todos os seres humanos do mundo ou do seu
país são iguais a ele. Nisso vemos toda sorte de apelos egocêntricos
impondo o silenciamento das diferenças e/ou legitimando opressões
diversas. Aqui temos...O post Falácia egocêntrica apareceu primeiro em
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Falácia egocêntrica
Algo
muito comum em argumentações é ver o argumentador defendendo ideias
baseando-se numa premissa que visivelmente deixa a entender que ele
enxerga que todos os seres humanos do mundo ou do seu país são iguais a
ele. Nisso vemos toda sorte de apelos egocêntricos impondo o
silenciamento das diferenças e/ou legitimando opressões diversas. Aqui
temos um tipo de falácia argumentativa comum, mas ainda pouco listado em
catálogos de falácias: a
falácia egocêntrica.
Essa falácia consiste nessas estruturas lógicas:
1. X gosta/não gosta de A
Logo, todo ser humano (do mundo ou do país de X) gosta/não gosta de A
2. X é/não é A
Logo, todo ser humano é/não é A
3. X faz/não faz A
Logo, todo ser humano faz/não faz A
4. X acredita que A é verdadeiro/falso
Logo, todo ser humano acredita que A é verdadeiro/falso
5. X considera A certo/errado
Logo, todo ser humano considera A certo/errado
Tem
como premissa que o argumentador deve ser encarado como referencial de
todo ser humano, ou seja, que todo ser humano é igual a ele, estando ou
não consciente de que ele é portador de um padrão universal de
comportamento, gosto(s) ou crença(s). Em outras palavras, é um argumento
baseado unicamente no egocentrismo do seu autor, que se considera o
“ser humano padrão”.
E a partir disso, vemos opressores tentando
naturalizar crenças opressivas. Para eles, todo ser humano é
“biologicamente” heterossexual, já que eles são héteros. Todo ser humano
no fundo tem um gosto instintivo por carne, já que eles não vivem um
dia sem comer carne. Todo ser humano pode ser educado na base da
violência física e verbal sem sofrer nenhum distúrbio psicológico, já
que eles cresceram levando palmadas e golpes de cinturão e não
contraíram comportamentos traumáticos por isso. Nenhum ser humano pode
ser um vegano saudável, já que eles tentaram ser ao menos vegetarianos e
não conseguiram. Nenhuma mulher se sente no fundo incomodada com
cantadas, já que eles não se sentiriam incomodados caso alguma mulher os
cantasse. Todo ser humano pode “subir na vida” por puro mérito, já que
eles conseguiram isso sem enfrentar nenhuma discriminação. E por aí vão
tantas outras crenças claramente egocêntricas que silenciam o outro.
E
com isso, vemos muitos acessos de falta de empatia por parte de muitas
pessoas, as quais não conseguem perceber que o outro pensa diferente,
tem gostos e características diferentes. Daí é patente também a
incapacidade de respeitar as diferenças, já que, se todo mundo é no
fundo igual ao egocêntrico em se tratando de características pessoais,
toda diferença é vista como um desvio que deve ser corrigido a todo
custo, com violência opressora.
Daí, para desmontar discursos
opressores, vale perceber o egocentrismo imbuído neles, e apontar a
ocorrência da falácia egocêntrica. Assim vai se perceber, com melhor
acurácia, que argumentos baseados em “eu, logo todo mundo” não são
logicamente válidos. Vale usar esse desmonte de falácia ao se desmontar
opressões como o especismo, o machismo, a cultura de violência, a
transfobia, o reacionarismo, o heterossexismo, enfim, todas aquelas
opressões nas quais os opressores se comportem como se o mundo girasse
em torno deles e todos os seres humanos os tomassem como referências.