Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
A IstoÉ presta um serviço sujo aos interesses políticos do PSDB e
tenta manchar, com uma matéria ridícula em todos os sentidos, a
reputação da revista Fórum, e de seu editor, Renato Rovai, e do
blogueiro Eduardo Guimarães.
É uma matéria covarde porque se
insere na estratégia maquiavélica de tentar asfixiar financeiramente uma
blogosfera que nunca viveu de verbas públicas (ao contrário da grande
mídia), e sempre conviveu com enormes dificuldades financeiras.
E é ridícula porque tenta fazer seus leitores de
trouxas. Ora, o “crime” da Fórum, segundo a IstoÉ, teria sido receber,
honestamente, comercialmente, transparentemente, R$ 5 mil para veicular
anúncio da prefeitura de Guarulhos.
Por causa de 5 mil reais! É muita cara de pau!
A
matéria, contudo, tem um lado bom, que é revelar o pavor da mídia
tradicional de perder espaço para veículos alternativos que, hoje, estão
ficando muito fortes na internet. Em alguns casos, mais fortes até
mesmo que ela, a mídia tradicional. O blog de Paulo Coelho na Globo
costuma ter zero comentários. E olha que as chamadas do blog aparecem na
primeira página do site! Paulo Coelho, um dos escritores que mais vende
livros no mundo! De vez em quando eu entro no blog do Merval, só para
ver quantas moscas andam zumbindo por lá. Geralmente, tem uns 2 ou 3
comentários, na maior parte das vezes fazendo troça do jornalista, com
argumentos da nossa blogosfera! O blog da Miriam Leitão, a mesma coisa;
tem meia dúzia de comentários, em geral associando seu pessimismo
doentio ao interesse político da Globo.
A decadência da velha mídia é irreversível.
Por
que o desespero? Porque a própria internet, ao forçar a transparência
das contas públicas, revela a promiscuidade entre os órgãos do Estado
responsáveis pela publicidade institucional e as velhas mídias.
Se
você digitar o CNPJ da IstoÉ (43.525.419/0001-70) no Google, vai
descobrir inúmeros contratos de publicidade da revista com órgãos do
Estado, de todas as instâncias.
Muitos são de Furnas, por exemplo. Há também diversos
contratos com o governo de São Paulo, do PSDB.
O que me chamou a atenção é que, em pleno 2013, a
tabela de publicidade de Furnas vai
na contramão de qualquer lógica de audiência e destina apenas 0,44% do
total para internet. Já revistas impressas, que atualmente tem uma
circulação infinitamente menor que a internet, abocanham 7% das verbas
publicitárias da estatal.
Um dos contratos de publicidade de Furnas para 2013
Essa
lógica sem pé nem cabeça, de gastar muito mais com uma mídia com muito
menos repercussão, se repete em todos os aparelhos de Estado.
Estima-se que o Estado brasileiro, nas suas diversas instâncias, gaste mais de R$ 5 bilhões em publicidade institucional.
Os
velhos esquemas entre poder público, agências de publicidade e a velha
mídia estão ficando em evidência, e a sociedade não tardará a entender
que eles refletem uma mentalidade atrasada e possíveis esquemas de
corrupção.
O mundo da propaganda tem um esquema de propina para
agências de publicidade, legalizado e a céu aberto, que são os bônus de
volume. A mídia recebe dinheiro público para veicular publicidade
institucional e repassa gordas comissões às agências. Por isso elas não
investem na internet, porque isso as obrigaria a distribuir a verba
para um número muito grande de pequenos e médios agentes de mídia, os
quais não teriam interesse, nem capital de giro, para lhes retribuir da
mesma maneira.
Temendo um futuro que já morde seus pés, a mídia
tradicional se desespera. Sua única esperança é uma vitória do PSDB,
porque esse é um aliado orgânico dos barões da velha imprensa. Ainda não
sei se a velha imprensa é uma grande assessoria do PSDB, ou se o PSDB é
apenas um braço partidário da mídia.
O ataque à Fórum então cumpre dois objetivos:
1)
sufocar e desqualificar os únicos meios pelos quais a sociedade pode
criticar os tucanos, que são as revistas de orientação progressista,
como a Fórum, e os blogs;
2) manter intactos os velhos esquemas
da publicidade oficial. É preciso intimidar qualquer tentativa de romper
a lógica mafiosa que hoje impera, segundo a qual governos ou estatais
não podem anunciar na internet. Anunciar na IstoÉ pode, é bom, é legal.
Anunciar no site da Fórum, no blog do Eduardo Guimarães, é crime.
Esperemos que os governos não se deixem manipular por essas chantagens e
decidam, cada vez mais, investir na internet ao invés de jogar dinheiro
público fora anunciando em revistas que ninguém mais lê.
Outro
ponto ridículo e incoerente da matéria da IstoÉ é que ela acusa a
existência de um “bunker da calúnia”, mas ela mesma, na própria
matéria, faz o papel que atribui à prefeitura de Guarulhos. Ela, a
revista IstoÉ, revela-se um bunker de calúnias. A serviço do PSDB.
E
não é por R$ 5 mil. É por milhões de reais. As revistas brasileiras
ganham milhões do poder público, em anúncios, em compras em massa de
assinaturas (sempre sem licitação), em “apostilas” de educação. A mídia
brasileira recebe todo tipo imaginável de “mensalões” do poder público.
Um relatório do
Instituto de Acompanhamento de Publicidade ( IAP),
que compila o valor gasto por dezenas de estatais federais e estaduais,
informa que a empresa que controla a IstoÉ recebeu, apenas em 2011, R$
15 milhões.
Relacionei abaixo os veículos que traziam o mesmo CPF
da Editora Três, proprietária da Istoé, e quanto receberam das
instituições públicas (a maioria federais) listadas pelo IAP, em 2011:
Somando os valores acima, chega-se a um total de R$ 15 milhões.
Isso
em apenas em um ano, se multiplicarmos esses R$ 15 milhões por todos os
anos em que a revista tem recebido verbas públicas federais, e se
acrescentarmos os recursos que ela recebe de governos estaduais,
prefeituras, enfim, de todo o aparelho de Estado, quanto daria? Centenas
de milhões de reais?
E isso num momento em que as pessoas têm lido cada vez menos revistas impressas e muito mais internet…
Eu tentei ainda pesquisar a publicidade institucional do governo de Minas Gerais, mas não consegui passar do filtro anti-spam.
Tente você entrar lá, se tiver um tempo.
É
esta empresa que pretende criminalizar a Fórum, que tem audiência muito
superior à IstoÉ, por ter recebido míseros R$ 5 mil da prefeitura
Guarulhos?
Abaixo, a resposta de Rovai às calúnias da IstoÉ.
*****
IstoÉ: calúnia tem acento
Por Renato Rovai, na Revista ForumA
revista IstoÉ desta semana traz uma suposta reportagem associando a
revista Fórum a um bunker petista financiado pela prefeitura de
Guarulhos para caluniar e difamar o senador Aécio Neves. A matéria pode
ser lida aqui.
Começa com um erro crasso de português no título. O jornalismo da
revista escreveu “calunia”. Assim mesmo, sem acento. Talvez num ato
falho, já que a matéria assinada por Josie Jeronimo e Raul Montenegro é
de ponta a ponta caluniosa e difamatória. Uma peça feita sob medida e
com dois objetivos claros.
O primeiro, intimidar os anunciantes
da Fórum porque a enxerga como uma ameaça. IstoÉ não é hoje nem uma
sombra do que foi no passado. Trata-se de uma revista em decadência que,
segundo o Alexa, um dos sites que mensura audiência na internet, está
simplesmente 12 mil posições atrás da Fórum no ranking global. Ou seja,
já faz tempo que IstoÉ não tem prestígio, mas agora também não tem
leitores. E por isso mesmo não deveria ter anúncios, mas eles ainda
pululam em suas páginas, como o do Banco do Brasil, que joga dinheiro
fora ao ter um banner patrocinando, por exemplo, a matéria que atacou a
Fórum. Ou seja, com essa matéria, a IstoÉ se associa a O Globo que ligou
para todos os nossos anunciantes fazendo perguntas intimidatórias há pouco mais de um mês.
O segundo objetivo é criar uma peça jornalística que leve o Ministério
Público a investigar as relações da Fórum com a prefeitura de Guarulhos.
Em
relação ao primeiro objetivo, como editor e responsável pela
publicação, não poderei ajudar o time do Alzugaray. Eles vão ter de se
virar sozinhos. Continuaremos fazendo jornalismo relevante e respeitado e
por este motivo nossa audiência tende a continuar crescendo. E isso
provavelmente nos levará a cada dia a ter mais leitores do que IstoÉ,
que certo dia já foi a segunda maior revista do Brasil. Aliás, a única
informação correta da matéria da IstoÉ é a de que a Fórum tem
aproximadamente 300 mil page views ao dia. É isso mesmo, são de 5 a 6
milhões de page views e mais de 2 milhões de leitores por mês. Algo que
Isto É vai ter que comer muita arroz e feijão para ter.
Em
relação ao segundo objetivo da família Alzugaray, serei generoso. Na
segunda-feira, o departamento jurídico da Fórum vai ser acionado para ir
ao Ministério Público, localizar se de fato há algum promotor nos
investigando e, se houver, vamos entregar a ele o contrato de inserção
publicitária com a Prefeitura de Guarulhos. O promotor não terá o
trabalho de nos intimar. Mas vamos fazer mais. Fórum desafia
publicamente IstoÉ a mostrar todos os contratos que a revista tem e teve
nos últimos 11 anos com o governo de Minas Gerais (tempos de gestão
tucana) e nós apresentaremos todos os contratos que Fórum teve nos
últimos 14 anos (tempo de gestão petista) na prefeitura de Guarulhos.
Simples assim.
IstoÉ não procurou ninguém da Fórum
Na
matéria assinada por Josie Jeronimo e Raul Montenegro há o seguinte
trecho: “ISTOÉ entrou em contato com o blogueiro (Eduardo Guimarães),
com a revista “Fórum” e com a prefeitura questionando o montante pago em
publicidade, mas não recebeu resposta até o fechamento desta edição”.
Não posso responder pela Prefeitura nem por Eduardo Guimarães, mas Fórum
não foi procurada pelos repórteres. Seria interessante que em nome da
credibilidade que imagino eles devem querer resguardar, que apresentem
provas de que me ligaram, enviaram e-mail ou que tentaram me acessar,
por exemplo, pelo Facebook.
A revista também diz que Fórum
“replicou a opinião de um blogueiro que insinua envolvimento do senador
do PSDB com entorpecentes”. O artigo que IstoÉ faz menção é este de Kiko
Nogueira, do Diário do Centro do Mundo (DCM). Não há nele nenhuma
insinuação ao uso de drogas por Aécio Neves. Quem insinuou isso foi boa
parte do Mineirão no jogo Brasil e Argentina, em 2008. E talvez também
por isso a jornalista Letícia Duarte, do Zero Hora, tenha tratado do
tema numa entrevista coletiva. O artigo de Kiko só faz uma reflexão
sobre a oportunidade de se tratar deste tipo de assunto. E diz que
perguntas como essa já foram feitas a Obama que as teria respondido de
forma civilizada.
Não tem essa de quanto é…
Aécio
já resolveu todos os problemas que tinha com a mídia tradicional e sabe
que nada mais que lhe atinja será publicado nos jornalões. Mas ele
também sabe que não terá espaço para fazer acordo de qualquer espécie
com publicações como a revista Fórum. E por isso vai tentar nos calar
inflando reportagens caluniosas e difamatórias como a da Isto É e ao
mesmo tempo judicializando tudo que estiver ao seu alcance. Aviso ao
senador, vai ter trabalho.
Fórum nasceu em 2001, antes de Lula se
eleger presidente da República. E viveu duríssimos momentos em sua
existência. Mas nem por isso deixou de fazer o jornalismo que acredita e
julga necessário. E não será a prática coronelista de quem gosta de uma
imprensa sabuja e aos seus pés, como é quase que totalidade da mídia
mineira, que vai nos intimidar. Fórum e nem o seu editor tem medo de
Aécio Neves. Ao mesmo tempo ele não será atacado (como nunca foi) de
forma leviana em nosso veículo. Será criticado pelas suas posições
políticas. E pelas ideias e práticas políticas que consideramos um
atraso para o país. Entre estas práticas, e esta reportagem da IstoÉ já
deixa claro, é a da intimidação a veículos de imprensa que não lhe batem
continência. Senador, não nos conhecemos pessoalmente, mas
provavelmente na cobertura desta eleição venhamos a nos trombar. Serei
respeitoso como sou com todos aqueles que entrevisto. Mas é bom que o
senhor saiba que a Fórum não faz jornalismo na base das negociatas. Até
por isso ninguém trata a nossa revista no mercado pelo sugestivo apelido
de Quanto é. Com a Fórum, senador, o buraco é mais em cima.