Se fosse calcular quanto despendi para manter este Blog desde 2005,
provavelmente desistiria de editá-lo. Não só pelo custo com hospedagem
da página na internet, com deslocamentos e ligações telefônicas para
apuração de matérias, mas com o tempo gasto para produzir tudo o que o
Blog da Cidadania produz há cerca de nove anos.
Aliás,
minha atividade como blogueiro sofre oposição da família há anos, pois
esposa e filhos acham que eu deveria me dedicar mais ao trabalho
remunerado por conta de minha quarta filha, Victoria, de 15 anos, que
padece de grave enfermidade neurológica e que, portanto, requer
considerável dispêndio de recursos financeiros.
Porém, como
representante comercial autônomo sou dono do meu tempo e, assim, não
abro mão desta empreitada já quase decenal. Este Blog faz com que me
sinta útil à sociedade. Após passar 4/5 da vida sentindo-me amordaçado
como tantos outros brasileiros, e ainda tendo que ver esses grandes
grupos de mídia mentirem, deturparem fatos, é um bálsamo poder
finalmente dizer o que penso, divulgar o que julgo necessário e saber
que muitos leem.
Ao longo de quase uma década como blogueiro, de
alguns anos para cá passei inclusive a receber propostas de veiculação
de publicidade nesta página, o que me permitiria inclusive uma dedicação
maior a este trabalho. Além de publicidade oficial que praticamente
todo veículo jornalístico recebe, eu poderia pôr aqui publicidade do
Google – que sempre rende um bom dinheirinho – e, inclusive, pedir
doações aos leitores, como fazem tantos blogueiros.
Como tenho
que trabalhar em outra atividade para me sustentar, como mantenho sempre
o mesmo ritmo como blogueiro há muitos anos – em geral, um post por dia
– e por saber que, se transformasse este blog em um negócio acabaria
tendo que dispender mais tempo com ele, sempre recusei ofertas de
veiculação de publicidade oficial – isso mesmo, já recusei inúmeras
ofertas, inclusive de órgãos públicos.
A única coisa que aceitei,
ao longo dos anos, foram as ofertas de doação dos leitores.
Generosamente, eles vêm me ajudando a manter a página, mas todas as
doações foram feitas por oferta deles após eu mencionar, há alguns anos,
que estava com dificuldades porque, com o crescimento da audiência, o
blog estava saindo do ar com frequência porque eu não podia pagar
servidores mais parrudos para arcar com o imenso banco de dados e os
acessos crescentes.
Contudo, como não institucionalizei o
processo de doações de leitores como tantos outros blogs fazem, em geral
as pessoas acabam esquecendo de doar e fico constrangido em “cobrar”.
Poderia,
por exemplo, colocar aquele recurso que permite aos leitores doarem com
cartão de crédito, do qual seria debitado mensalmente um valor. Mas o
fato é que sinto certo constrangimento e acabei empurrando com a barriga
e nunca oficializando pedidos de doações. Assim, arrecado bem menos do
que poderia.
Já deveria ter inclusive colocado propaganda do
Google. O desenvolvedor desta página diz que com a audiência que tem o
Blog eu levantaria um bom dinheirinho. Contudo, vou sempre empurrando
com a barriga e acabo não fazendo.
Pois bem: há mais ou menos uns
3 meses, recebo ligação no celular de uma moça de uma agência de
publicidade dizendo que a Prefeitura de Guarulhos queria anunciar no meu
Blog. Diferentemente de outras vezes, até por conta das dificuldades
causadas por expressivo aumento que a empresa que hospeda esta página
aplicou, disse à moça que “tudo bem”.
Passaram-se várias semanas e
eis que recebo e-mail da mesma agência com a proposta de veiculação de
campanha da Prefeitura de Guarulhos neste Blog. Assim, no dia 4 de
abril, pela primeira vez desde 2005, passei a divulgar publicidade de um
órgão público. A primeira campanha foi de 30 dias. Em maio, foi
renovada.
Não conheço ninguém da Prefeitura de Guarulhos. Não
conheço o prefeito, não conheço o secretário de Comunicação. Ninguém,
absolutamente ninguém. Nunca me reuni com ninguém. Nunca falei ao
telefone com ninguém.
A esta altura, alguns dos leitores desta
página devem ter tomado conhecimento de matéria da edição desta semana
da revista IstoÉ que, de forma leviana e até criminosa, acusa este Blog e
a revista Fórum de integrarmos um “
Bunker da calúnia” montado pela Prefeitura de Guarulhos para atacar Aécio Neves.
A
matéria mistura este Blog e a revista Fórum com caso recente envolvendo
uma servidora da Prefeitura de Guarulhos que postou críticas ao
pré-candidato a presidente da República Aécio Neves usando os
computadores daquele órgão público, o que é ilegal. A
Folha de São Paulo divulgou o caso com grande estardalhaço, como sempre defendendo tucanos.
Todavia,
casos assim, envolvendo servidores de órgãos públicos que decidem fazer
política na internet usando equipamentos públicos, são comuns.
No fim do ano passado, a então ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann,
divulgou nota
comentando ofensas sofridas por ela em dois perfis do Facebook (“Gleisi
Indelicada” e “Gleisi Não”), que acabaram desativados pela rede social
após determinação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Informações do
próprio Facebook dão conta de que as páginas eram financiadas por José
Gilberto Maciel, cargo comissionado da Agência Estadual de Notícias
(AEN), o órgão de comunicação oficial do Governo do Estado do Paraná.
Há, também, o
caso
envolvendo o filho do tucano Xico Graziano, que trabalha no Instituto
Fernando Henrique Cardoso e que vinha disseminando informações falsas
sobre um dos filhos do ex-presidente Lula usando os computadores do
IFHC.
O filho de Graziano disseminava pela internet boatos contra
Lulinha dizendo-o sócio da Friboi, dono de um jato executivo da
Gulfstream e de uma grande propriedade rural. A foto da propriedade
utilizada na fraude é, na verdade, da sede da Esalq (Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz), faculdade localizada em Piracicaba e
ligada à Universidade de São Paulo. Tampouco existe jatinho algum e
obviamente o filho de Lula não é sócio da Friboi.
Apesar de esses
casos de uso de equipamentos públicos contra petistas não terem
despertado a fúria da mídia tucana, o caso da Prefeitura de Guarulhos
provocou uma revolução na mídia.
Tudo começou com
matéria
do jornal O Globo traçando o perfil de nove blogueiros – entre os
quais, este que escreve – que entrevistaram Lula no dia 8 de abril deste
ano. O Globo mencionou o banner da Prefeitura neste e em outros blogs
que entrevistaram o ex-presidente, insinuando, por exemplo, que um
banner que está aqui há cerca de 45 dias é a razão de tudo que esta
página publica, apesar de ser a primeira publicidade oficial que este
Blog teve em 9 anos.
Enfim, a matéria de IstoÉ configura calúnia e difamação desde o título. Renato Rovai, editor da revista Fórum, já adiantou que
estuda medidas judiciais
contra a IstoÉ. Este Blog ainda irá avaliar. Até porque, milhares de
pessoas que leem esta página há quase uma década sabem muito bem que ela
nunca teve publicidade oficial além dessa que aqui está há um mês e
pouco.
Não existe maior preocupação inclusive com investigação da
Prefeitura de Guarulhos que o PSDB conseguiu abrir no Ministério
Público usando como desculpa o caso da servidora daquela administração
que fez bobagem e que inclusive já foi demitida. Podem procurar à
vontade que não encontrarão nada ligando esta página ao caso.
A
matéria da IstoÉ não é jornalismo, mas um release para o PSDB e para
Aécio Neves, que se diz “caluniado” por este Blog por ter, em 2012,
respondido a ataque que o hoje pré-candidato tucano fez à época ao presidente Lula, chamando-o de “chefe de facção”.
A matéria desta página que a IstoÉ cita como ofensiva a Aécio Neves alude ao
noticiário de 2011,
quando o tucano foi parado no Rio de Janeiro em uma blitz da lei seca e
teve sua carteira de motorista apreendida por se recusar a fazer o
teste do bafômetro. Abaixo, vídeo de matéria da Globo sobre o assunto.
A
matéria da IstoÉ causa indignação por fazer afirmações sobre o que não
pode ser provado – que este Blog ou a revista Fórum publicam o que
publicam por serem pagos pela Prefeitura de Guarulhos – e, mais do que
isso, por a revista não ter se dado ao trabalho de ouvir aquela
prefeitura, este blogueiro e a Fórum e, de forma mentirosa, dizer que
tentou nos ouvir.
Não ouviu coisa nenhuma. IstoÉ não me procurou,
não procurou Renato Rovai e desconfio de que tampouco procurou a
Prefeitura de Guarulhos.
Seja como for, minha preocupação com
esse caso é zero. Não sou filiado ao PT, não presto serviços ao PT, não
recebi proposta de veiculação do banner daquela prefeitura sob condição
alguma. E se eu prestasse serviços ao PT, seria absolutamente legítimo.
Mas nunca tive esse tipo de relação com partido nenhum, com
administração pública nenhuma.
Mas, claro, há que avaliar muito
bem a matéria da revista. Nos próximos dias, encaminharei à publicação
um pedido de explicações e a minha versão dos fatos, além de levar a
cabo as consultas jurídicas que se fazem necessárias. Vários jornalistas
da grande mídia vêm caluniando blogueiros que simpatizam com Lula,
Dilma e o PT e isso já foi longe demais.