Goebbels explica as mazelas do capitalismo
Democrática província do dinheiro
15 de julho de 1929.
Joseph Goebbels, O ataque – Extratos da época de luta, 1935, p. 188-190
“Capitalismo não é uma coisa, mas sim uma
relação para com ela. Não são as minas, fábricas, imóveis e terrenos,
instalações ferroviárias, dinheiro e ações, as causas de nossa
necessidade social, mas sim o abuso destes bens do povo. O capitalismo
não é nada mais que a usurpação do capital do povo e, de fato, esta
definição não encontra sua definição na limitação da pura economia. Ela
tem sua validade ampla em todas as áreas da vida pública. Ela representa
um princípio. Capitalismo é, sobretudo, o uso abusivo dos bens comuns, e
a pessoa, que comete este abuso, é um capitalista.”
Uma mina existe para fornecer carvão ao
povo, para que ele tenha luz e calor. Fábricas, casas, propriedades e
terrenos, dinheiro e ações, existem para estar a serviço do povo, e não
para tornar escravo um povo. A posse destes bens não proporciona somente
direitos, mas deveres. Propriedade significa responsabilidade, e não
apenas com seu próprio bolso, mas perante o povo e seu bem-estar. No
início, as minas estavam lá para servir à produção, e a produção existe
para servir ao povo. Não foi o dinheiro que descobriu as pessoas, mas
sim as pessoas que inventaram o dinheiro, e para que ele lhes sirva, e
não para que as subjugue.
Se eu abuso dos bens econômicos para
torturar e fazer sofrer o meu povo, então eu não sou digno da posse
destes bens. Então eu inverto o sentido da vida no seu oposto, eu sou um
capitalista da economia. Se eu promovo abuso de bens culturais, por
exemplo, eu aproveito da religião para motivos econômicos ou políticos,
então eu sou um mau administrador do bem a mim confiado, um capitalista
cultural. O capitalismo se transforma num instante nas mais intragáveis
formas, onde os motivos pessoais, para quais ele serve, se sobrepõem ao
interesse de todo o povo. Parte-se então das coisas e não das pessoas. O
dinheiro torna-se então o eixo, em torno do qual tudo gira.
No Socialismo é o contrário. A
cosmovisão socialista começa no povo e então avança sobre as coisas. As
coisas se submetem ao povo; o socialista coloca o povo sobre tudo, e as
coisas são só meios para se atingir os fins.
Apliquemos esta premissa na vida econômica, então resulta a seguinte situação:
Em um sistema capitalista, o povo serve à
produção, e esta é dependente por sua vez do poder do dinheiro. O
fantasma do dinheiro triunfa sobre a presença viva do povo. Em um
sistema socialista, o dinheiro serve à produção, e a produção serve ao
povo. O fantasma dinheiro se submete à comunidade orgânica de sangue –
povo. O Estado pode ter nestas coisas somente um papel regulador. Ele
revela os eternos conflitos entre capital e trabalho, seu caráter
destrutivo. Ele é o juiz entre ambos, mas que age implacavelmente quando
o povo está ameaçado. Existe para ele somente uma clara decisão, seja
como for. Se ele se coloca numa disputa econômica ao lado hostil ao povo
– pode ser tão nacional como quiser – então ele é capitalista. Ao
contrário, caso ele sirva à justiça, e que é análogo à necessidade
estatal, então ele é socialista.
Tão claras e transparentes possam parecer
estes fundamentos da teoria, tão difíceis e complicados eles são na
prática política. Eles dependem de milhares de questões individuais de
caráter técnico ou comercial, de condições macro-econômicas globais e
embaraços políticos mundiais. Mas esses problemas são insolúveis para um
povo que interiormente não tenha caráter e seja exteriormente um
escravo. Este é o caso hoje da Alemanha. Para nós não é colocado o
debate, se Socialismo ou Capitalismo. Nós precisamos trabalhar para
nossos opressores e não temos tempo para pensar em Socialismo, para não
mencionar que mesmo que tivéssemos também a modesta possibilidade, seria
difícil colocá-lo em prática.
Este foi o erro crucial do proletariado
alemão naquele infeliz 18 de novembro de 1918: pode se perder uma
guerra, deixar acontecer uma revolução, e apesar disso pode-se derrubar
um Estado capitalista e erigir em seu lugar um Estado socialista. Isso
só foi possível com as armas. Ninguém conseguiu na história mundial
estabelecer uma nova cosmovisão – e o Socialismo é uma – através de uma
capitulação, mas somente com resistência e ataque. 1918 apresentou aos
socialistas alemães somente uma missão: manter as armas e defender o
Socialismo alemão. Isso não foi feito. Conversa-se e realizam-se
revoluções, mas o trabalhador alemão não nota que com isso ele apenas
segura o cabide para seu pior inimigo, o capital internacional.
O resultado desta tolice é a anarquia de
hoje. No papel uma Democracia social; na prática uma plantação do
capital internacional. Ao contrário, nós nos posicionamos para a defesa.
Como somos socialistas, queremos que o dinheiro sirva ao povo, por isso
nos rebelamos contra esta situação, preparem a vontade para romper com
um sistema insuportável, que dos escombros da democrática província do
dinheiro, levante o Estado nacional alemão.”