17/02/2015 - Copyleft
    
      
  
Antonio Lassance
  
  
  
          SwissLeaks o caramba! O nome do negócio é Suíçalão do HSBC
A mídia que achincalha a Petrobrás protege indecorosamente o HSBC e os barões ladrões por trás desse grande escândalo financeiro.
Um escândalo de grandes proporções abala o mundo das finanças.
O
 assunto envolve ninguém menos que o segundo maior banco do mundo, o 
HSBC, e políticos, grupos de comunicação, esportistas, artistas e demais
 celebridades do mundo dos superendinheirados.
Os
 bacanas, milhares deles brasileiros, cometeram crimes de sonegação 
fiscal, lavagem de dinheiro e evasão em grandes proporções. Isso sem 
contar com outros crimes que podem estar associados à origem do 
dinheiro.
Depósitos milionários 
foram feitos no banco britânico HSBC, em sua filial na Suíça, para 
desviar montanhas de dinheiro que deveriam ser pagas em impostos, mas 
que preferiram fazer um passeio pelos Alpes.
Não
 se trata de dinheiro privado. É dinheiro público depositado em contas 
privadas. É corrupção da grossa, mesmo que feita por 'gente fina' - 
gente diferenciada, pelo menos por suas contas bancárias; e gente 
educada, pelo menos na arte de sonegar impostos e lavar dinheiro. 
Sonegação
 e lavagem de dinheiro são e devem ser tratados como crimes de assalto 
aos cofres públicos. Por isso, a tradução exata do escândalo conhecido 
lá fora como SwissLeaks (**), em bom Português, é Suíçalão.
Suíçalão
 do HSBC, para ficar claro o mentor intelectual do crime e para manter 
no ar a suspeita, mais que plausível, de que muitos outros bancos possam
 ter feito o mesmo.
É preciso tratar
 o caso pelo apelido que ele merece, nem acima, nem abaixo do que se fez
 com os mensalões, o petrolão e o trensalão.
Chega de camaradagem com a corrupção privada. Sonegação e lavagem de dinheiro são coisas de gente que faz -
 como dizia a propaganda do finado Banco Bamerindus, doado a esse mesmo 
gigante das finanças, o HSBC, por um Banco Central que foi sempre muito 
benevolente com Londres e a Suíça.
O
 fato de que os crimes relatados vinham sendo cometidos há décadas deixa
 claro como o mundo dos ricos é mantido em uma zona de conforto por 
governos - incluíndo-se aí seus bancos centrais -, judiciário e 
imprensa, mesmo quando as táticas são mais que conhecidas.
O
 escândalo ainda mostra como os grandes bancos são as maiores 
lavanderias do planeta. O HSBC não apenas abriu suas portas e seus 
cofres para os depósitos em dinheiro. O banco orientou clientes a como 
realizar em segredo práticas sabidamente criminosas.
Para
 coibir a prática de forma mais eficaz seria preciso estabelecer uma 
regulação do sistema financeiro internacional que impusesse maior 
transparência e punições mais duras. Alguém imagina que, sem isso, 
coisas desse tipo jamais irão se repetir? Claro que não. Ficar à espera 
de vazamentos é pouco.
Os barões ladrões brasileiros estão na nona colocação entre os que mais surrupiaram dinheiro, com a ajuda do HSBC suíço.
O valor sonegado apenas por esse seleto grupo está estimado, por enquanto, em R$ 20 bilhões.
O valor é próximo aos R$ 18,7 bilhões não pagos em impostos pelo Itaú quando realizou a fusão com o Unibanco, em 2008.
O
 dinheiro dessas duas 'pequenas' sonegações é maior que o de qualquer 
outro escândalo de corrupção, mas nem todos se escandalizam em igual 
proporção.
A corrupção fiscal é hoje
 o principal inimigo do Estado brasileiro, de suas políticas sociais, 
como a saúde, há décadas subfinanciada, e até mesmo de suas políticas 
fiscal e monetária.
Daria para pagar
 um bom pedaço dos juros da dívida pública com o dinheiro dos ricos, ou 
melhor, o dinheiro dos pobres que os ricos preferem sonegar.  
Apesar
 de todas essas evidências, o escândalo de corrupção até agora tem 
merecido apenas notas de rodapé do cartel de mídia aqui presente.
Como
 na época da ditadura militar, sabemos detalhes do escândalo mais pela 
mídia internacional do que pelo cartel midiático que nos habita.
A
 mídia que achincalha a Petrobrás protege indecorosamente o HSBC e os 
barões ladrões por trás desse grande escândalo financeiro. Todos são 
tratados com candura ou mantidos em obsequioso segredo.
É que, para nossa mídia orwelliana, todos são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros.
(*) Antonio Lassance é cientista político.
(**)
 A expressão SwissLeaks se refere aos vazamentos ('leaks') que 
permitiram que investigações sob segredo de justiça se tornassem 
públicas. A Suíça ('Swiss') foi o destino preferido do dinheiro roubado.
          
            Créditos da foto: reprodução (montagem: Carta Maior)