quarta-feira, 27 de novembro de 2019

QUANDO OS INTERESSES CAPITAL USAM O ESTADO E PROMOVEM O FIM DE UM POVO

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MATÉRIAS » NATIVOS AMERICANOS

SIOUX: VÍTIMAS DO MAIOR GENOCÍDIO DO SÉCULO 19

Eles resistiram antes de morrer: a vitória na batalha de Little Bighorn inspirou Hollywood em muitos filmes de bangue-bangue
FABIANO ONÇA PUBLICADO EM 25/10/2019, ÀS 10H00
Representação de índios nativos americanos
Representação de índios nativos americanos - Getty Images
O dia 25 de junho de 1876 amanheceu com cheiro e gosto de glória para o general George Armstrong Custer e seus 647 homens da 7ª Cavalaria. Finalmente, a caça aos índios que haviam se rebelado contra o governo dosEstados Unidos tinha chegado ao fim. Ao longo do vale do rio Little Bighorn, no atual estado de Montana, repousava o maior acampamento indígena já visto naquelas bandas.
Na frente dos olhos da soldadesca, uma infinidade de tendas projetava-se num raio de mais cinco quilômetros. Estavam amontoados ali sioux oglalas, hunkpapas, sans arcs, minneconjous, brulés e cheyennes. Ao todo, cerca de 10 mil almas, sob o comando dos chefes sioux Touro Sentado e Cavalo Louco.
A luta que se seguiu, conhecida como a batalha de Little Bighorn, entrou para a história da conquista do Oeste americano. E, claro, inspirou Hollywood em muitos filmes de bangue-bangue.
Segundo o plano original, Custer teria de encontrar os índios rebeldes, mandar um aviso para o forte, esperar pela chegada de outras duas colunas do Exército e, só então, avançar. Mas "Cabelos-longos", como era chamado pelos índios, transbordava de ambição. Em depoimento ao jornalista John Finerty, que, em 1890 publicou o livro War-Path and Bivouac ("Em Pé de Guerra e Bivaque"), o general John Gibbon afirmou ter alertado Custer para que aguardasse por reforços.
E o comandante teria dito: "Não, eu não esperarei". A vitória sobre os índios seria sua glória pessoal. "Ele era implacável. Mudava de opinião o tempo todo e sempre achava que estava certo. Nunca pedia palpite a seus oficiais. A nós, restava obedecer", relatou James Horner, cabo da 7ª Cavalaria e um dos sobreviventes do massacre, também em depoimento a Finerty.
A obediência ao chefe custou caro. Ao avistar o acampamento, o general ordenou o ataque sem pestanejar. De fato, foi um dia de glórias. Mas não para Custer. E, sim, para as nações indígenas. Como um formigueiro, mais de 3 mil guerreiros atiraram-se sobre os pouco mais de 600 soldados da 7a Cavalaria. Um pequeno grupo conseguiu fugir.
Só que o general foi cercado. O índio Cavalo Vermelho, em depoimento recuperado em 1893 por Garrick Mallery, do Bureau Norte-Americano de Etnologia, contou que "136 sioux morreram". A 7ª Cavalaria, porém, pagou um preço bem mais alto: 263 soldados morreram.
Custer também foi assassinado. Essa batalha, entretanto, estava longe de ser decisiva. E os sioux estavam bem perto de seu fim como povo. "Essa rebelião indígena tem relação direta com a colonização do Oeste. Até por volta de 1840, os sioux, líderes da revolta, desfrutavam de uma boa convivência com os homens brancos", diz o professor Michael Tate, especialista em nativos americanos, da Universidade de Nebraska, no Estados Unidos.
Caça e caçador
Antes de os colonizadores rumarem para o Oeste americano, os sioux viviam em paz com a natureza e com os búfalos que dominavam aquelas planícies. Caçadores nômades, desfrutavam de total comunhão com os animais. Comiam sua carne e usavam sua pele para confeccionar as tendas, chamadas de tipis.
Os búfalos tinham importância fundamental na cultura sioux. Uma índia, por exemplo, só era considerada uma boa mulher se soubesse esquartejar um búfalo, extrair sem danificar a pele e ainda preparar o pemicãn, uma iguaria feita da carne.
Já para os homens a caça ao búfalo era um ritual de passagem da adolescência para a idade adulta. Não é à toa que a tribo ganhou o nome siuks dos outros índios que habitavam os Estados Unidos. A palavra significa homens-búfalo e virou sioux na versão dos colonos franceses.
O búfalo fazia parte ainda dos mitos daqueles índios. Eles acreditavam que, no início dos tempos, o povo sioux vivia no centro da terra com os búfalos. Quando vieram para a superfície, Wakan Tanka, o Grande Espírito, ordenou aos animais que servissem de alimento para a tribo. Mas advertiu os últimos: não deveriam caçar de forma desenfreada, pois no dia em que os animais desaparecessem da face da terra, os sioux também se extinguiriam.
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Retrato de um Sioux / Crédito: Domínio Público

A profecia tão improvável se cumpriu, de certa forma. Calcula-se que, em 1575, quando os colonizadores travaram o primeiro contato com os sioux, o número de búfalos nas pradarias americanas superava 75 milhões de cabeças. O explorador francês Jacques Cartier (1491-1557) relata em suas memórias que, numa ocasião, ele presenciou um estouro de manada que demorou um dia inteiro para passar diante de seus olhos.
Em 1890, ano da derrocada sioux, os búfalos da planície não somavam mais do que 3 mil cabeças. "O processo de destruição dos índios americanos ocorreu de forma gradual. Começou em 1834, quando o governo empurrou todos os índios para oeste do Mississipi, decretando que, do rio em diante, a terra seria deles para sempre, o que não aconteceu", diz o professor Tate.
O acordo não durou muito. Em 1843, cerca de mil colonos abriram a trilha do Oregon, violando o território indígena. Pouco depois, em 1846, os Estados Unidos declararam guerra ao México e suas tropas utilizaram as terras destinadas aos índios para chegar na área do conflito. Dois anos depois, foi descoberto ouro na Califórnia, e uma enxurrada de aventureiros em carroções penetrou em território indígena novamente.
Durante este período, os colonizadores foram abocanhando o território das tribos e criaram os estados da Califórnia, Kansas e Nebraska. "Como resultado, no início de 1860, havia cerca de 300 mil índios nos Estados Unidos, pressionados por pelo menos 30 milhões de brancos", escreveu o historiador Dee Brown, autor do clássico Enterrem meu Coração na Curva do Rio.
Vitória vermelha
O ano de 1862 marcou, de fato, o fim do sossego dos sioux, quando foi descoberto ouro nas montanhas Rochosas, em Montana, território da tribo. Em questão de dias, uma multidão de mais de mil mineiros garimpava as margens do riacho Gold Creek, perto da atual cidade de Salt Lake City. Para abastecê-los, uma rota de suprimentos acabou sendo aberta, o caminho Bozeman, assim chamado em homenagem ao pioneiro explorador da região, John Bozeman. A rota passava exatamente pelos campos de caça de sioux, cheyennes e arapahos.
As hostilidades entre brancos e peles-vermelhas tornaram-se então inevitáveis. Porém, a gota d´agua para os sioux, na época liderados pelo chefe Nuvem Vermelha, veio quando os invasores atraiçoaram Chaleira Preta, chefe dos cheyennes, que havia decidido não lutar mais e concordado em ir para a reserva indígena de Sand Creek. Lá, sua tribo, indefesa, acabou massacrada sob as ordens do coronel Chivington, um militar linha-dura que costumava dizer que índio bom era índio morto.
A matança, ocorrida em 29 de novembro de 1864, foi tão injustificada que até mesmo o governo dos Estados Unidos instaurou um processo contra o coronel. Para os índios, no entanto, o julgamento já havia sido feito. Eles iriam à guerra, liderados por Nuvem Vermelha.
Ele conduziu uma guerra de guerrilha que fechou a rota Bozeman e obrigou o governo dos Estados Unidos a negociar. Em 1866, os dois lados sentaram-se na mesa de conversações. O local escolhido para o fechamento do acordo de paz foi o forte Laramie, no atual estado do Wyoming. No meio das negociações, Nuvem Vermelha presenciou a chegada de uma grande caravana de soldados armados.
Irritado, levantou-se e declarou guerra sem trégua: "O Grande Pai Branco nos manda presentes e quer que nós lhe cedamos a estrada. Mas o Chefe Branco vem com mais soldados para roubá-la, antes que os índios digam sim ou não. A partir de hoje, enquanto eu viver, lutarei. Lutarei até a morte pelo último campo de caça de meu povo", disse o guerreiro, conforme registrado por testemunhas em relato publicado posteriormente por John Finerty em sua obra.
E o chefe indígena não estava blefando. Nuvem Vermelha reuniu 3 mil guerreiros, entre eles dois jovens líderes: Touro Sentado e Cavalo Louco. O governo revidou à mobilização indígena construindo três fortes para vigiar a rota Bozeman. A situação ficava cada dia mais tensa, até a chegada do tenente-coronel William Fetterman.
Em 21 de dezembro de 1866, o militar ordenou um ataque contra guerreiros indígenas que haviam capturado um comboio de madeira na rota Bozeman. O que o tenente não sabia é que os índios haviam lançado uma isca para atraí-lo até o acampamento.
Cercado por mais de 2 mil guerreiros, Fetterman e seus homens foram mortos. Um ano depois, em 1888, o governo dos Estados Unidos, desgastado pela recente Guerra Civil (1861-1865), clamou novamente pela paz, chamando Nuvem Vermelha para conversar.
O líder sioux impôs seus termos: a estrada Bozeman seria fechada, os índios teriam direito a um grande território em Dakota do Sul para caçar e os fortes desapareceriam da paisagem. E mais: ocupariam as montanhas chamadas de Black Hills, ou Colinas Negras, o lugar sagrado dos ancestrais dos sioux.
O governo dos Estados Unidos aceitou o acordo imediamente. Nuvem Vermelha havia conseguido uma vitória nunca antes conquistada por nenhum outro chefe indígena. Só que a tal vitória teve sabor amargo.
Durante os anos seguintes, protegida pelo acordo de paz, a empresa Union Pacific construíu uma série de ferrovias ligando a costa leste à oeste. O trilhos passavam pelas pradarias do meio-oeste, onde habitavam os búfalos, o sustento dos sioux.
Para se divertirem, os passageiros eram estimulados pela própria Union Pacific a passar o tempo atirando nas manadas. A matança foi tão indiscriminada que até o próprio general Custer, em seu diário, anotou que "as pradarias converteram-se num grande chiqueiro coberto por ossadas putrefatas de búfalos abatidos".
O pior ainda estava por vir. Em 1874, espalhou-se o boato de que havia muito ouro nas Colinas Negras. O governo americano mandou, então, o general Custer confirmar o fato. Um ano depois, em 1875, tentou comprar as montanhas dos sioux.
A proposta foi rejeitada. Isso, entretanto, não impediu os mineiros de assaltarem o território sagrado dos índios e iniciarem a garimpagem desenfreada. Nuvem Vermelha, então com 53 anos, tentou dialogar com o governo para a expulsão dos mineiros. Em vão.
Touro Sentado e Cavalo Louco, os dois novos chefes, decidiram, então, tomar um atitude. Revoltados com a invasão, passaram a perambular fora das reservas indígenas, o que estava proibido pelo governo dos Estados Unidos. Era a desculpa de que os militares precisavam. Em 7 de fevereiro de 1876, o Departamento de Guerra, alegando que os sioux que caçavam fora das reservas indígenas estavam "causando problemas", enviou uma força militar para esmagar os rebeldes, incluindo aí a 7ª Cavalaria do general Custer.
O velho Nuvem Vermelha, que tentava uma solução pacífica, viu os jovens guerreiros unirem-se a Touro Sentado e Cavalo Louco. Os sioux rebeldes estavam, assim, de volta aos velhos tempos de nomadismo. A idéia era romântica demais para os novos tempos: como seus ancestrais, eles migrariam para onde estivessem os búfalos.
A reação das autoridades foi rápida e implacável. Custer, na vanguarda da força militar designada para suprimir a rebeldia indígena, passou a perseguir as tribos em marcha. O confronto, que culminou na morte do general Custer, finalmente ocorreu na manhã de 25 de junho de 1876, às margens do rio Little Bighorn.
Desterrados
Os sioux venceram a batalha, mas não a guerra. Menos de um mês depois de Little Bighorn, como punição pela morte do general Custer, o general Sherman recebeu ordens do congresso para confiscar todas as terras indígenas. Nuvem Vermelha foi obrigado a assinar um acordo entregando as sagradas Colinas Negras, de certa forma, a pátria da nação sioux. A partir daí, eles viveriam confinados em uma pequena reserva ao sul. Touro Sentado e Cavalo Louco fugiram das tropas do governo durante um ano.
Junho de 1876 nas margens do rio Little Bighorn antes da morte de Custer / Crédito: Getty Images

Em 8 de maio de 1877, Cavalo Louco entregou-se. Preso no Forte Robinson, no Estado de Nebraska, acabou assassinado por um soldado em 5 de setembro daquele mesmo ano. Touro Sentado conseguiu alcançar a fronteira com o Canadá, onde ficou com seus homens até 1881. Depois de um inverno severo, quando vários de seus homens morreram, retornou aos Estados Unidos, foi anistiado pelo governo e colocado na reserva de Standing Rock, na Dakota do Sul.
Famosos até os dias de hoje pelos ritos e crenças, os sioux, liderados pelo feiticeiro Wowoka, lançaram mão de sua última arma: a "Dança dos Espíritos". Com a prática do ritual de seus ancestrais, eles acreditavam que a terra se abriria, tragaria o homem branco, traria novamente os búfalos e tudo retornaria ao que era antes.
Os colonizadores, preocupados, viram na estranha dança um sinal de conspiração. Pensaram tratar-se de uma preparação para a guerra. No dia 29 de dezembro, em Wounded Knee, o Exército americano fuzilou velhos, mulheres e crianças.
Ao final do massacre, centenas de índios sioux estavam mortos. "Wounded Knee foi a pedra final no extenso e doloroso genocídio praticado contra os povos nativo-americanos durante o século 19", diz o professor Tate. A profecia havia se cumprido. Nem os búfalos nem os sioux habitavam mais as pradarias do Oeste dos Estados Unidos.
Touro Sentado e Buffalo Bill
Quando Touro Sentado retornou para as reservas sioux, em 1881, havia se tornado uma lenda para índios e homens brancos. Corria o boato de que ele tinha matado o general Custer, embora o chefe indígena nem tenha participado da batalha de Little Bighorn.
Sua popularidade era tamanha que foi convidado para o evento de inauguração da ferrovia transcontinental Northern Pacific. Ao chegar lá, acompanhado de um intérprete, Touro Sentado não honrou o convite. Desfiou, em sua língua, impropérios contra a multidão: "Odeio toda a gente branca. Vocês são ladrões e mentirosos. Roubaram nossa terra e nos tornaram párias". O intérprete, claro, não traduziu ao pé da letra.
E a multidão explodiu em aplausos, conforme narra o historiador Dee Brown no clássico Enterrem meu Coração na Curva do Rio. Após o evento, Touro Sentado foi levado a 15 cidades americanas, como um animal em exibição. O governo queria que ele passasse o maior tempo possível longe das reservas indígenas para evitar rebeliões.
Foi aí que Buffalo Bill, um renomado cowboy, resolveu integrar Touro Sentado ao seu show de variedades chamado Wild West Show " ou Show do Oeste Selvagem. Ele excursionou pelos Estados Unidos por quatro meses, ganhando 50 dólares por apresentação. Mas logo o chefe quis voltar para a tribo. Bill deu de presente ao velho índio um sombreiro e um cavalo branco adestrado.
A dança do sol
A Dança do Sol era um dos mais sagrados rituais do sioux, e de todos os índios americanos. Acontecia no solstício de verão e durava até oito dias. A tribo acreditava que a dança purificava e renovava suas almas.
Durante este período, era comum os guerreiros serem possuídos por visões. Touro Sentado, por exemplo, viu muitos soldados americanos mortos. E sua visão impulsionou os guerreiros em Little Bighorn, quando o general Custer foi morto.
A relação com o mundo onírico era tão importante para os sioux que até mesmo seus nomes vinham de sonhos. Até os 16 anos, um índio sioux não tinha exatamente um nome. Os garotos e garotas eram amados de acordo com suas características físicas.
Apenas quando atingiam a idade certa podiam aventurar-se nas Colinas Negras, onde permaneciam por dias em busca de sua visão. Era a montanha que lhes daria um nome. Cavalo Louco, por exemplo, recebeu este nome porque teve uma visão: um cavalo negro debatendo-se furiosamente.

Saiba mais sobre o tema através da obra abaixo
Indian Wars, Robert M. Utley, Simon & Schuster, 2002 
Enterrem Meu Coração na Curva do Rio, Dee Brown, Melhoramentos, 2003
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sexta-feira, 22 de novembro de 2019

SOU DE ESQUERDA

"Eu nasci num berço privilegiado. Tive uma educação conservadora, fui evangelizada nos preceitos do espiritismo, estudei nos melhores colégios particulares de Curitiba e casei com um médico aos 19 anos. Fui bela, recatada e do lar. Votei no Serra. Achava que o sistema de cotas era vitimismo.

Falava que era feminina, jamais feminista. Repetia a máxima: não dê o peixe, ensine a pescar. Já achei Bolsa Família uma máquina de produzir pobres preguiçosos. Já fiz piada sobre nordestinos e baianos e já acreditei em "racismo reverso".

Também já falei que sucesso escolar dependia de escolhas e levantava a bandeira da meritocracia como se ela fosse um mecanismo das leis da natureza, simples assim. Nos almoços de família, sentia minhas teorias sobre a "grande mudança social" validadas por pessoas que pensavam como eu. Os churrascos eram agradabilíssimos.

Um belo dia, aceitei uma proposta de trabalho, lá no interior de Goiás, para fundar e administrar um projeto social que atendia crianças e adolescentes da periferia de Rio Verde. Foi a primeira vez que aquelas teorias vociferadas no churras de domingo foram postas à prova. Era o meu momento de mostrar pro mundo que, com 27 anos, eu sabia exatamente o que estava fazendo. Bom, eu não sabia. E como não temos uma temporada da Netflix pra desenvolver esse post aqui, basta dizer: MINHAS TEORIAS CAÍRAM POR TERRA.

Caíram por terra quando um aluno recém chegado da Paraíba com uma vontade enorme de estudar era obrigado a entregar drogas na vizinhança sob ameaça de que suas irmãs seriam estupradas se ele não o fizesse - a polícia fazia parte do esquema - descobri que esforço pessoal não era o problema desse garoto.

Caíram por terra quando eu encaminhei alunos pra estágio de jovem aprendiz e, de um grupo de 4 adolescentes, somente o menino negro não conseguiu entrar, apesar de ter competências muito semelhantes às dos colegas. Caíram por terra quando um aluno (veja só, também negro) desapareceu pq foi trancado E ESQUECIDO numa sala de aula como método corretivo por não ter copiado a tarefa de matemática. - descobri que o racismo é um fenomeno estrutural e institucionalizado e que as especificidades da população negra exigem políticas de ação afirmativa, como as cotas, que tentam diminuir as desigualdades e restituir direitos negados há seculos.

Caíram por terra quando eu dei colo pra uma menina que só dormia em sala de aula e com péssimo rendimento escolar porque ela fazia todo o trabalho doméstico para os homens da casa, além de ser abusada sexualmente pelo avô todas as noites - descobri que a violência contra meninas é uma questão de gênero e que o olhar feminista é imprescindível para entender e enfrentar esse fenômeno.

Caíram por terra quando eu soube que nenhuma das famílias atendidas havia parado de trabalhar para receber 90 reais de Bolsa FAmília, mas que esse valor era muito importante para complementar a renda no mês - descobri que as exigências educacionais e as condicionalidades na área da saúde eram cumpridas pelas famílias - criança na escola, vacinas em dia e acompanhamento do crescimento no posto de saúde.

Caíram por terra quando fui no hospital visitar 2 alunos, irmãos, negros, atingidos por bala perdida, um deles ficou paraplégico - descobri que jovens negros são exterminados, EXTERMINADOS no Brasil.

Caíram por terra quando minha aluna mais querida caiu nas garras da exploração sexual e passou a cometer delitos, na tentativa de fugir dos abusos que sofria de todos os homens da família dela.

Foram 10 anos de Escola de ser. E foi lá que eu conheci um pouco do mundo como ele é. É muito fácil defender uma visão política toda trabalhada na meritocracia e bem estar individual quando você faz três refeições por dia, tem casa própria, um salário razoável e uma boa perspectiva de futuro. Eu já estive nesse lugar e me sinto profundamente constrangida por isso.
Não sou especialista em Sociologia, Economia, Política e Direito, mas hoje meu posicionamento político é baseado na minha experiência profissional e em todas as leituras que dedico para entender o cenário político atual, de grandes e renomados estudiosos, juristas, pensadores, assim como me interessa ouvir o que as minorias constantemente atingidas pela desigualdade social têm pra falar e reivindicar. Não me sinto a dona da verdade por isso, mas entendo que esse esforço me aproxima de uma visão de mundo mais coerente, realista, responsável e conectada com o coletivo.

O Brasil tem uma história colonialista, escravocrata, conservadora, militarista que mostra uma inclinação antiesquerdista predominante, da qual eu quero distância, nem que isso custe os churrascos com amigos, uma vida mais solitária (porém mais coerente) e xingamentos inbox.
E embora eu não santifique Lula nem venere o PT, eu sou de esquerda. ESQUERDA. Nesse contexto, desde o impeachment de Dilma à prisão de Lula, repudio todo o processo que culminou num golpe que flerta com a ditadura, num despotismo judicial concretizado numa condenação sem provas e na constante ameaça ao Estado democrático de direito.

Eu reafirmo a minha posição: SOU DE ESQUERDA."

Caroline Arcadi

O que é o poder

Frente ao imperialismo é necessário tomar medidas defensivas e que, para os revolucionários, nada é mais importante que manter o poder. Fora do poder não existe possibilidade de mudanças radicais na vida do povo trabalhador. 



Porque Bolívia e Venezuela não tem indústria?
diarioliberdade22 de novembro de 2019 11:01




[Jones Manoel] 
Em 2015 tive a oportunidade de ler uma longa entrevista do filósofo e historiador italiano Domenico Losurdo. A certa altura da entrevista, Losurdo é perguntado sobre a democracia em Cuba e se ele não é crítico “ao partido único” e, ao que o entrevistador chama, de “déficit de democracia”. Losurdo apresenta uma resposta corajosa, ousada e que mudou radicalmente minha forma de ver a política.
O italiano diz abertamente que frente ao imperialismo é necessário tomar medidas defensivas e que, para os revolucionários, nada é mais importante que manter o poder. Fora do poder não existe possibilidade de mudanças radicais na vida do povo trabalhador. Em seguida, Losurdo afirma que os que estão preocupados com a democracia em Cuba, devem defender, em primeiro lugar, o fim do bloqueio, agressões, sabotagens, pressões diplomáticas e afins dos Estados Unidos contra Cuba. O que os Estados Unidos querem, segundo o filósofo, é um sistema político que permita que o poder do dinheiro e dos meios de mídia privados possam ser exercidos na ilha da Revolução. Para Losurdo, criticar os supostos “déficits de democracia” em Cuba fora de um quadro histórico-concreto das agressões imperialistas é uma forma de ceder a ideologia dominante.
Losurdo continua a reflexão e mostra que em toda tradição liberal existe a teoria do Estado de exceção e da ditadura em momentos de emergência. O liberalismo nunca duvidou que “fora do poder, tudo é ilusão”. Ainda afirma que grandes pensadores modernos, como Hegel e Alexander Hamilton, desenvolveram a teoria de que fora de uma situação de segurança geopolítica, isto é, com a ameaça de guerra pairando no horizonte, é impossível imaginar o livre desenvolvimento de formas democráticas. Para Losurdo não resta dúvidas: a burguesia, por trás de toda sua reflexão sobre “limites ao poder” e legalidade, nunca descuidou de construir uma superestrutura jurídica-política, e uma filosofia de justificação correspondente, para garantir o poder em momentos de crise nacional. Por que os trabalhadores, no poder, não poderiam fazer o mesmo?
Aqui entra o aspecto ideológico da questão. A burguesia permite que os trabalhadores chorem por seus mártires mortos, fora do poder. Aliás, uma longa tradição do “Marxismo Ocidental”, diz que seu principal mérito foi não ter exercido o poder, transformado o marxismo em “ideologia de Estado”. Por isso, a burguesia acha lindo chorarmos pelos Allende’s e Rosa’s Luxemburgo’s, mas sofre de horror se reivindicamos Stálin, Mao, Fidel, Kim Il-sung etc. Temos que ser o eterno Davi na luta permanente contra o Golias. Não podemos, nós, termos armas. Devemos sempre, a todo momento, ser o povo do deserto, vagando, sofrendo, oprimido. Temos que louvar um povo destituído de tudo, como o Palestino, mas recusar outro povo com a mesma luta do palestino, mas que tem... uma bomba atômica (falo, é claro, da Coreia Popular).
Não vou julgar ou criticar Evo e os dirigentes do MAS. Não tenho capacidade de avaliar se foi a melhor tática. Mas não podemos nos achar moral e eticamente superiores a burguesia por causa da renúncia de Evo em comparação, por exemplo, com Sebastián Piñera, que se mantém no poder a base de sangue. O poder, em última instância, é a capacidade de impor sua vontade a outras classes e grupos sociais a partir da força. Ele, o poder, não só é a boca de um fuzil, mas é, fundamentalmente, a boca de um fuzil. Em momentos de crise, quem define a exceção, cria a nova regra.
Aprendi com Losurdo que nossos mártires devem ser lembrados e honrados, mas os que vivem e dirigem o nosso povo, merecem o mesmo. Amo Che Guevara, mas amo mais ainda Fidel Castro. No realismo político a moral não é desimportante. Ela é fundamental na luta pela conquista e conservação do poder. Mas só com a moral, sem o poder, tudo é ilusão. Mas não queiram sempre chorar os nossos mortos. Desejem, assim como os bolcheviques, cortar a cabeça da família real. Classe dominante expurgada não realiza golpe de estado.

Petrobrás vende refinarias

A Petrobras iniciou a fase vinculante para a venda de quatro das oito refinarias e logísticas associadas


A Petrobras iniciou a fase vinculante para a venda de quatro das oito refinarias e logísticas associadas ofertadas ao mercado, como parte de um amplo plano para se desfazer de metade de sua capacidade de refino do país, informou a companhia em comunicado nesta sexta-feira.
Nessa primeira etapa, serão vendidas as refinarias Rnest, em Pernambuco; Rlam, na Bahia; Repar, no Paraná; e Refap, no Rio Grande do Sul, assim como seus ativos logísticos correspondentes.
Os potenciais compradores classificados receberão nessa fase vinculante carta-convite com instruções detalhadas sobre o processo de desinvestimento, incluindo orientações para a realização de due diligence e para o envio das propostas.
O desinvestimento é o maior em curso atualmente pela Petrobras, que tem um bilionário programa de venda de ativos que busca levantar recursos para reduzir dívidas, enquanto volta seu foco para ativos de grande rentabilidade, essencialmente as áreas do pré-sal.
Além disso, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, defende o fim do monopólio da petroleira, que detém quase 100% do mercado de refino brasileiro.
O executivo disse anteriormente que mais de vinte companhias se apresentaram como interessadas na primeira fase do programa de vendas. Alem disso, ele prevê que as vendas possam começar a ocorrer até março de 2020.
As demais refinarias colocadas a venda são Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais; Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas; Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), no Ceará; e Unidade de Industrialização do Xisto (Six) no Paraná.
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quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Colégio é acusado de aplicar prova com conteúdo homofóbico

Entre as 50 questões do questionário, é possível encontrar as seguintes perguntas: “a pessoa nasce ou se torna homossexual?”, “a bíblia condena a relação homossexual?” “homossexualismo tem perdão?”, “como evitar o homossexualismo?”
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Colégio adventista é acusado de aplicar prova com conteúdo homofóbico
Uma prova de Língua Portuguesa aplicada pela Escola Adventista de Correios, em Belém, aos alunos do nono ano do Ensino Fundamental vem causando inquietação nas redes sociais. Entre as 50 questões do questionário, é possível encontrar as seguintes perguntas: “a pessoa nasce ou se torna homossexual?”, “a bíblia condena a relação homossexual?” “homossexualismo tem perdão?”, “como evitar o homossexualismo?”. Continuar lendo →
Weintraub diz que proclamação da República foi “infâmia” contra Pedro II
O ministro Abraham Weintraub classificou a proclamação da República, que completa 130 anos nesta sexta-feira 15, uma “infâmia” contra o imperador Dom Pedro II. Em uma publicação feita em seu Twitter, ele escreveu: “Não estou defendendo que voltemos à Monarquia mas…O que diabos estamos comemorando hoje?”. Continuar lendo →
54 escolas no País farão parte do programa cívico-militar do MEC
O Ministério da Educação anunciou nesta quinta-feira 21 os Estados e municípios contemplados pelo programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, a partir do ano que vem. Serão 54 escolas no País no modelo, 38 estaduais e 16 municipais.
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“A faculdade não está pronta para lidar com a permanência dos alunos cotistas”
Ao andar pelos corredores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a estudante Larissa Alexandre relata um incômodo. “As pessoas brancas vivem o ambiente acadêmico porque ele foi estruturado para elas. Os pretos precisam viver a universidade para se politizar e se preocupar com essas questões.” Continuar lendo →
Contra racismo, professora usa método que valoriza voz ativa do aluno
Foi a partir da experiência de ter sido uma criança negra em um ambiente escolar predominantemente branco e do conhecimento sobre culturas africanas e indígenas obtido na faculdade de História que a professora Priscila Dias decidiu adotar uma metodologia chamada “Círculos Narrativos” para enfrentar o racismo e reequilibrar as histórias orais e escritas no espaço escolar. Continuar lendo →
Enviado por CartaCapital
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