Natasha Pimentel
Natasha Pimentel
Compartilhada publicamente 20:00
Está
esgotado nas duas maiores livrarias do Rio o livro da escritora Frances
Stonor Saunders “Quem pagou a conta? A CIA na Guerra Fria da cultura”,
no qual o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é acusado,
frontalmente, de receber dinheiro da agência norte-americana de
espionagem, para ajudar os EUA a “venderem melhor sua cultura aos povos
nativos da América do Sul”. O exemplar, cujo preço varia de R$ 72 a R$
75,00, leva entre 35 e 60 dias para chegar ao leitor, mesmo assim, de
acordo com a disponibilidade no estoque. O interesse sobre a obra da
escritora e ex-editora de Artes da revista britânica The New Statesman,
no Brasil, pode ser avaliado ao longo dos cinco anos de seu
lançamento. #ForaPSDB
FHC
é citado por três jornalistas quanto ao seu envolvimento com a
espionagem dos EUA Por Redação – do Rio de Janeiro
/ http://pesqueirafuxico.com/ Está esgotado nas duas maiores
livrarias do Rio o livro da escritora ...
(Relembre a manchete!) Livro que relata envolvimento de FHC com a CIA esgota edição
FHC é citado
por três jornalistas quanto ao seu envolvimento com a espionagem dos EUA
Por Redação – do Rio de Janeiro / http://pesqueirafuxico.com/
Está esgotado nas
duas maiores livrarias do Rio o livro da escritora Frances Stonor Saunders
“Quem pagou a conta? A CIA na Guerra Fria da cultura”, no qual o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso é acusado, frontalmente, de receber dinheiro da
agência norte-americana de espionagem, para ajudar os EUA a “venderem melhor
sua cultura aos povos nativos da América do Sul”. O exemplar, cujo preço varia
de R$ 72 a
R$ 75,00, leva entre 35 e 60 dias para chegar ao leitor, mesmo assim, de acordo
com a disponibilidade no estoque. O interesse sobre a obra da escritora e
ex-editora de Artes da revista britânica The New Statesman, no Brasil, pode ser
avaliado ao longo dos cinco anos de seu lançamento.
Quem pagou a
conta?, segundo os editores, recebeu “uma ampla cobertura pela mídia quando foi
lançado no exterior”, em 1999. Na obra, Frances Stonor Saunders narra em
detalhes como e por que a CIA, durante a Guerra Fria, financiou artistas,
publicações e intelectuais de centro e centro-esquerda, num esforço para
mantê-los distantes da ideologia comunista. Cheia de personagens instigantes e
memoráveis, entre eles o ex-presidente brasileiro, “esta é uma das maiores
histórias de corrupção intelectual e artística pelo poder”.
“Não é segredo
para ninguém que, com o término da Segunda Guerra Mundial, a CIA passou a
financiar artistas e intelectuais de direita; o que poucos sabem é que ela
também cortejou personalidades de centro e de esquerda, num esforço para
afastar a intelligentsia do comunismo e aproximá-la do American way of life. No
livro, Saunders detalha como e por que a CIA promoveu congressos culturais,
exposições e concertos, bem como as razões que a levaram a publicar e traduzir
nos Estados Unidos autores alinhados com o governo norte-americano e a
patrocinar a arte abstrata, como tentativa de reduzir o espaço para qualquer
arte com conteúdo social. Além disso, por todo o mundo, subsidiou jornais
críticos do marxismo, do comunismo e de políticas revolucionárias. Com esta
política, foi capaz de angariar o apoio de alguns dos maiores expoentes do
mundo ocidental, a ponto de muitos passarem a fazer parte de sua folha de
pagamentos”.
As publicações
Partisan Review, Kenyon Review, New Leader e Encounter foram algumas das
publicações que receberam apoio direto ou indireto dos cofres da CIA. Entre os
intelectuais patrocinados ou promovidos pela CIA, além de FHC, estavam Irving
Kristol, Melvin Lasky, Isaiah Berlin, Stephen Spender, Sidney Hook, Daniel
Bell, Dwight MacDonald, Robert Lowell e Mary McCarthy, entre outros. Na Europa,
havia um interesse especial na Esquerda Democrática e em ex-esquerdistas, como Ignacio
Silone, Arthur Koestler, Raymond Aron, Michael Josselson e George Orwell.
O jornalista
Sebastião Nery, em 1999, quando o diário conservador carioca Tribuna da
Imprensa ainda circulava em sua versão impressa, comentou em sua coluna que não
seria possível resumir a obra em tão pouco espaço: “São 550 páginas
documentadas, minuciosa e magistralmente escritas”, afirmou.
Dinheiro para FHC
“Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação
Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o
representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe
oferece uma ajuda financeira de US$ 145 mil. Nasce o Cebrap (Centro Brasileiro
de Análise e Planejamento)”. Esta história, que reforça as afirmações de
Saunders, está contada na página 154 do livro Fernando Henrique Cardoso, o
Brasil do possível, da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova
Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O “inverno do ano de 1969″ era
fevereiro daquele ano.
Há menos de 60 dias, em 13 de dezembro, a ditadura militar havia
lançado o AI-5 e elevado ao máximo o estado de terror após o golpe de 64,
“desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos”, como
afirma a autora. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos
estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. O ex-presidente Juscelino
Kubitcheck e o ex-governador Carlos Lacerda tinham sido presos. Enquanto isso,
Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela
para fundar o Cebrap. O total do financiamento nunca foi revelado. Na
Universidade de São Paulo, por onde passou FHC, era voz corrente que o
compromisso final dos norte-americanos girava em torno de US$ 800 mil a US$ 1
milhão.
Segundo reportagem publicada no diário russo Pravda, um ano após o
lançamento do livro no Brasil, os norte-americanos “não estavam jogando
dinheiro pela janela”.
“Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem
estavam aplicando (os dólares)”. Na época, FHC lançara com o economista chileno
Faletto o livro Dependência e desenvolvimento na América Latina, em que ambos
defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam
desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os
Estados Unidos”. A cantilena foi repetida por FHC, em entrevista concedida ao
diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, na edição da última
terça-feira, a última de 2013.
Com a cobertura e o dinheiro dos norte-americanos, FHC tornou-se, segundo
o Pravda, “uma ‘personalidade internacional’ e passou a dar ‘aulas’ e fazer
‘conferências’ em universidades norte-americanas e européias. Era ‘um homem da
Fundação Ford’. E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços
da CIA, o serviço secreto dos EUA”.
Principais
trechos da pesquisa de Saunders:
1 – “A Fundação
Farfield era uma fundação da CIA… As fundações autênticas, como a Ford, a
Rockfeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de
disfarce para os financiamentos… permitiu que a CIA financiasse um leque
aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de
jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras
instituições privadas” (pág. 153).
2 – “O uso de fundações filantrópicas era
a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA,
sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo
das fundações foi maciça…” (pág. 152). “A CIA e a Fundação Ford, entre outras
agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos
por sua postura correta na guerra fria” (pág. 443).
3 – “A liberdade cultural não foi barata.
A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares… Ela funcionava, na verdade, como o
ministério da Cultura dos Estados Unidos… com a organização sistemática de uma
rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para
proporcionar o financiamento de seus programas secretos” (pág. 147).
4 – “Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o
tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites,
ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante” (pág. 123).
5 – “Surgiu uma profusão de sucursais, não
apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na
Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na
Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no
Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil” (pág. 119).
6 – “A ajuda financeira teria de ser
complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais
ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade
ocidental para a proposta norte-americana” (pág. 45).
Espionagem e
dólares
Não há registros imediatos de que o ex-presidente tenha negado ou
admitido as denúncias constantes nos livros de Sauders e Leoni. Em julho do ano
passado, no entanto, o jornalista Bob Fernandes, apresentador da TV Gazeta, de
São Paulo, publicou artigo no qual repassa o envolvimento do ex-presidente com
os serviços de espionagem dos EUA, sem que tivesse precisado, posteriormente,
negar uma só palavra do que disse. Segundo Fernandes, “o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso diz que ‘nunca soube de espionagem da CIA’ no Brasil. O
governo atual cobra explicações dos Estados Unidos”.
“Vamos aos fatos. Entre março de 1999 e abril de 2004, publiquei 15
longas e detalhadas reportagens na revista CartaCapital. Documentos, nomes,
endereços, histórias provavam como os Estados Unidos espionavam o
Brasil.Documentos bancários mostravam como, no governo FHC, a DEA, agência
norte-americana de combate ao tráfico de drogas, pagava operações da Polícia
Federal. Chegava inclusive a depositar na conta de delegados. Porque aquele era
um tempo em que a PF não tinha orçamento para bancar todas operações e a DEA
bancava as de maiores dimensão e urgência”, garante Fernandes.
Ainda segundo o jornalista, o mínimo de “16 serviços secretos dos EUA operavam
no Brasil. Às segundas-feiras, essas agências realizavam a ‘Reunião da Nação’,
na embaixada, em Brasília”.
Bob Fernandes, que foi redator-chefe de CartaCapital, trabalhou nas
revistas IstoÉ (BSB e EUA) eVeja, foi repórter da Folha de S.Paulo e do Jornal
do Brasil, afirma ainda que “tudo isso foi revelado com riqueza de detalhes:
datas, nomes, endereços, documentos, fatos. Em abril de 2004, com a reportagem
de capa, publicamos os nomes daqueles que, disfarçados de diplomatas, como é
habitual, chefiavam CIA, DEA, NSA e demais agências no Brasil. Vicente
Chellotti, diretor da PF, caiu depois da reportagem de capa Os Porões do
Brasil, de 3 de
março de 1999. Isso no governo de FHC, que agora, na sua página no
Facerbook, disse desconhecer ações da CIA no país”.