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Doações de nações ricas para saúde de países pobres tem estagnação e queda desde 2010. http://glo.bo/1N24Wvv
Relatório mostra que ajuda humanitária aumentou a partir de 2000, mas caiu nos últimos anos
por O GLOBO
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Atualizado
Foto: AP
A menina somali Aden Salaad, de dois anos, olha para a mãe enquanto é
banhada em hospital da instituição Médicos Sem Fronteiras em campo de
refufgiados no Quênia, em 2011: guerras, fome e falta de assistência à
saúde provocam milhares de vítimas na África Subsaariana
- AP/Rebecca BlackwellRIO – Os investimentos das nações ricas em programas de saúde nos
países pobres e em desenvolvimento atingiram quase meio trilhão de
dólares desde 1990, mostra o relatório “Financing Global Health 2014”,
publicado nesta terça-feira no periódico científico “Jama”, editado pela
Associação Médica Americana. Segundo o levantamento, o sexto do tipo
realizado pelo Instituto de Métricas de Avaliação em Saúde (IHME, na
sigla em inglês), sediado em Seattle, nos EUA, esta forma de ajuda
humanitária internacional já vinha aumentando a partir do fim do século
XX, mas experimentou um forte crescimento principalmente depois de 2000,
quando a Organização das Nações Unidas estabeleceu as chamadas Metas de
Desenvolvimento do Milênio (MDM). O relatório mostra, porém, que nos
últimos cinco anos este volume passou por estagnação e queda.
- Mesmo que o crescimento dos investimentos tenha parado nos últimos
anos, está claro que a ajuda em apoio às Metas de Desenvolvimento do
Milênio cresceu a uma taxa excepcional na primeira década em que elas
estiveram em vigor – comenta Joseph Dieleman, professor do IHME e
principal autor do relatório.
Depois de rápido crescimento de 2000 a 2010, investimento em saúde
global ficou estagnado e, de 2013 a 2013, teve queda de 1,6%. Em 2014, o
volume total foi de US$ 35,9 bilhões. Se o ritmo continuasse o mesmo da
primeira década deste século, US$ 38,4 bilhões a mais em ajuda
humanitária teriam sido disponibilizados nos últimos quatro anos.
De acordo com o estudo, entre 1990 e 2014 os países ricos, em geral
por meio de seus governos ou instituições filantrópicas, liberaram um
total de US$ 458 bilhões para projetos de manutenção ou melhoria dos
serviços de saúde das nações mais pobres no planeta. Deste volume, quase
60% dos recursos foram direcionados a áreas relativas a três das oito
MDM relacionadas a questões de saúde – saúde infantil, saúde das mães e
doenças infeciosas -, distribuídos da seguinte forma: 28% a programas
que atendem mães, bebês e crianças; 23,2% para pesquisa, prevenção e
tratamento de HIV/Aids; 4,3% para malária; 2,8% para tuberculose; e 1,5%
para doenças não comunicáveis.
Diante disso, a África Subsaariana, região do planeta que concentra
alguns dos países mais pobres do mundo, foi o principal destino da ajuda
para alcançar os objetivos das MDM entre 2000 e 2012 (último ano para o
qual o relatório tem os números fechados), com US$ 80,6 bilhões,
seguida pela América Latina e Caribe (US$ 22 bilhões), Sul da Ásia (US$
21,4 bilhões) e Leste da Ásia e Pacífico (US$ 19,6 bilhões). Já outros
US$ 33,5 bilhões foram destinados a iniciativas globais, enquanto US$
106 bilhões não puderam ser alocados para uma região, país ou destinação
específica.
De acordo com o relatório, o governo dos EUA foi o maior doador deste
tipo de ajuda, fornecendo US$ 143,1 bilhões, ou 31,2% do total, entre
1990 e 2014. Em segundo lugar ficaram instituições filantrópicas
privadas lideradas por nomes como a Fundação Bill & Melinda Gates,
com US$ 69,9 bilhões, seguidas pelo governo do Reino Unido, com US$ 32,6
bilhões no mesmo período. Assim, um dos principais problemas
identificados pelo relatório é excesso de dependência dos programas à
ajuda vinda dos EUA, seja governamental ou privada, em especial nas
áreas de HIV/Aids e malária.
- À medida que a era das MDM chega ao fim, a mortalidade maternal e
infantil, HIV/Aids, tuberculose e malária continuam entre as maiores
ameaças à saúde na África Subsaariana – destaca Christopher Murray,
coautor do relatório e integrante do Centro para Estudos Estratégicos e
Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), também sediado nos EUA. -
Como o governo dos EUA é o principal financiador da ajuda para o
desenvolvimento em HIV/Aids e malária, os investimentos no combate a
estas doenças estão mais vulneráveis a mudanças políticas e econômicas
do que a assistência à saúde maternal e infantil, que se beneficia um
uma base de doadores mais ampla.
Assim, os autores do relatório ressaltam a importância de estudos
como este para identificar os potenciais e as vulnerabilidades dos
mecanismos de ajuda humanitária na área de saúde, permitindo um melhor
conhecimento e entendimento sobre suas fontes, os canais pelos quais ela
passa e seus destinos prioritários, “auxiliando a identificar onde as
lacunas no financiamento persistem e onde intervenções de maior
custo-benefício podem salvar vidas”, concluem.