Didático: Uma foto que mostra o que é a "uberização" do trabalho
Luiz Muller4 de outubro de 2019 14:26
Tá achando que motorista do Uber é “empresário” ou o guri de bicicleta leva comida nas costas é “empreendedor”? A foto mostra o que significa o uso das tecnologias para aumentar a exploração sobre o povo.
Ou alguém acha mesmo que esta mulher, cuja foto captei facebook do amigo Cristovão Feil é “empreendora”? Segue o comentário dele:
O caos e para além do caos.Na foto, um instantâneo que flagra a uberização do trabalho, ou seja, a incessante busca do capital por incentivar (via novas tecnologias) que a mais-valia relativa passe a se constituir em mais-valia absoluta, também conhecido como aumento da produtividade do trabalho assalariado.Para tanto, é necessário derrubar direitos e conquistas dos próprios assalariados.A moça da fotografia, mãe e trabalhadora, hoje é chamada cinicamente de “empreendedora”, alguém que se vira como pode, sem direito a nenhuma garantia social ou previdenciária, e tendo que andar com o filho na forma precaríssima de seu instrumento de trabalho.A barbárie já habita o nosso meio.
O extremo da exploração esta aí. O Estado “mínimo” neo liberal não oferece nem creche e nem escolas infantis. E com as novas tecnologias, o neo liberalismo resolveu apostar na desregulamentação do mundo do trabalho, jogando os trabalhadores a disputarem entre si enquanto os donos do Capital Financeiro e das tecnologias investem na exploração absoluta, jamais vista desde a origem do capitalismo.
A mulher tendo que trabalhar num trabalho precário, sem direito nenhum e tendo que carregar sua criança, por que nem isto mais se lhe oferece o Estado. Enquanto isto aumenta o lucro dos Bancos e de empresas sem nenhum grande “ativo”(bens físicos com valor).
É a escravidão moderna…e consentida, por que ideologicamente estas pessoas exploradas não se identificam como trabalhadoras, mas como supostas “empresarias”, que dependendo do seu próprio esforço, poderiam chegar a ser “milionárias”. Como?
Esta gurizada que anda de bicicleta nas ruas, pedalando 15 horas por dia pra ganhar pouco mais de R$ 1.000,00 em média, como mostram pesquisas, detonam suas cartilagens e corpos, expostos a esforços físicos a céu aberto, sob sol ou chuva. E nenhum direito. Enquanto isto os donos dos aplicativos para os quais trabalham, saltam do padrão de “milionários” para “bilionários”.
A foto publicada pelo Cristóvão é simbólica. A TRABALHADORA super explorada, sozinha, sem consciência de Classe e sem Classe a lhe oferecer consciência. Hora de reorganizar a Classe trabalhadora, que já não é mais a antiga Classe de trabalhadores industriais, mas a de trabalhadores prestadores de serviço e trabalhadores no comércio e até a volta da produção artesanal, mas amplamente dependente de aplicativos e das redes.
Hora de mostrar aos que vivem do trabalho, que é possível e necessário a organização coletiva do próprio trabalho que executam , para que possam avançar.