BC AMERICANO DESORGANIZA
ECONOMIA BRASILEIRA E JOGA
LULA CONTRA CONGRESSO
EXCLUÍNDO SAÍDA NACIONALISTA
QUE SUSTENTARIA PAC LULISTA
COM PETROBRÁS SOBERANA
CÉSAR FONSECA - Foto Senado Federal
Capitalismo americano em crise impacta negativamente o governo Lula.
Roteiro é claro: Janet Yellen, chefona do cofre do Tesouro de Tio Sam, chega à China para pedir água.
O que isso tem a ver com o PAC Lulista?
Yellen, de bico aberto, implorará a Xi Jinping para reduzir produção industrial que está levando à deflação de preços das mercadorias produzidas pelos chineses, enquanto a inflação corre solta nos Estados Unidos.
O mercado financeiro global, como destacou o chefão do maior fundo de investimento especulativo do mundo, Larry Fink, do Black Rock, está temeroso quanto à dívida pública americana, que bate recorde de 30 trilhões de dólares.
Se se aprofunda fragilidade industrial americana frente à China, a situação mundial se deteriora.
É muito risco!
Por isso, a turma da bufunfa quer se proteger.
Força o BC americano a manter juro alto, que, claro, puxa dólar do mundo para os Estados Unidos.
Os Blacks Rocks do mercado querem ganhar na alta da moeda americana, puxada pelo juro, propensa a alta ainda maiores, diante das circunstâncias objetivas do mercado financeiro no cenário da financeirização global.
BRASIL PAGA O PATO
No Brasil, a política econômica do governo Lula balança em decorrência da financeirização incontrolável puxada pelo papagaio financeiro de Tio Sam.
Quem tem dinheiro aplicado na Bolsa, vende os papéis e corre para Wall Street para ganhar mais.
A fuga de dólar daqui leva o BC tupiniquim a fazer a mesma coisa: puxar as taxas, Selic.
Dinheiro mais caro, mais inflação.
Empresário repassa o custo mais alto da moeda aos preços ou reduz a produção para não fazer estoque e sofrer prejuízo.
Estoque mais baixo aumenta a escassez e eleva preço, para sustentar taxa de lucro, enquanto essa volatilidade da moeda americana, que chegou a R$ 5,007, com tendência a subir, impacta no arcabouço neoliberal tupiniquim de plantão.
O BC, nesse cenário, faz swap cambial, injeta dólar das reservas cambiais no mercado para reduzir a cotação da moeda americana.
Desarruma tudo.
Se o BC tupiniquim puxa juro, desanda a política econômica lulista, dificultando a retomada da produção, afetada por queda de arrecadação etc.
O mercado financeiro pressiona o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a cortar gastos ou contingenciar despesas, o que dá na mesma, ou seja, menos atividade econômica.
Vibra, consequentemente, a oposição direitista, maioria parlamentar de olha na eleição.
TENSÃO PLANALTO X CONGRESSO EM ALTA
Cresce, internamente, as tensões econômicas e políticas.
Fica mais difícil a relação de Lula com o Congresso.
Nesse momento, o ministro Haddad bate de frente com o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco(PSD-MG), contrário à reoneração de imposto sobre folha de pagamentos dos setores privados e das prefeituras municipais.
Reonerar vira palavrão, sinônimo de aumento de imposto, que espanta eleitor;
Pacheco não quer que governo utilize expediente de Medida Provisória(MP), que, assim que emitida pelo governo, começa a valer, criando resistência dos congressistas, maioria de direita, no Legislativo, contrário a maiores apertos sobre prefeituras em ano eleitoral.
Se o governo deseja mais impostos que proponha por meio de projeto de lei, não por MP, recomenda Pacheco.
Sem maioria parlamentar, o governo empaca.
Resultado: crise entre Planalto e Senado.
Pacheco, como seus pares senadores, para não falar nos deputados, não querem incomodar prefeitos.
Dependem deles para ganhar eleições.
Em sinuca de bico, Lula manda Haddad se socorrer no Supremo Tribunal Federal para reonerar, de modo a afastar perigo de desonerar.
Os ministros do STF contrariarão maioria congressual, prefeitos e governadores, reagentes à reoneração que aperta as finanças públicas e privadas?
Com desoneração, haverá menos arrecadação, mais pressão para cortes de despesas ou contingenciamento de gastos, que paralisam, por falta de ingressos tributários, os investimentos no PAC lulista.
TAXAR EXPORTAÇÃO DE ÓLEO CRU
Onde está a saída?
Acentuar queda de braço com o Congresso, onde não tem maioria parlamentar, pedindo socorro ao STF, ou buscar fugir da ortodoxia monetária e fiscal imposta pela Faria Lima, com ajuda do BC neoliberal e do Congresso parlamentarista anti-presidencialista?
O Consultor Paulo César Ribeiro LimA, um dos maiores especialistas em petróleo, no mundo, ex-engenheiro da Petrobrás e consultor legislativo aposentado da Câmara e do Senado, recomenda o governo taxar exportação de óleo cru do pré-sal, que está sendo exportado com isenção de impostos, graças à PEC do Trilhão, aprovada no Governo Temer, para favorecer multis do petróleo.
Com a receita, diz “Paulão”, o governo pode criar fundo de investimento para promover desenvolvimento nacional sustentável.
Haveria possibilidades amplas de grandes vantagens: flexibilizava, com os recursos do Fundo, condução da política de preços dos derivados de petróleo.
O Petrobrás, diz o consultor, poderia, sem nenhum prejuízo para a empresa, em matéria de capitalização, reduzir e espaçar os reajustes de preços, utilizando da vantagem comparativa de já possui de produzir a custo baixo a exploração do óleo cru, graças à tecnologia revolucionária da empresa, que lhe dá incomparável poder de competitividade, tanto no mercado interno como internacional.
ABRASILEIRAR PREÇOS DOS DERIVADOS
Lula conseguiria, na prática, cumprir, "com os pés nas costas", promessa de campanha eleitoral de "abrasileirar" preços dos derivados, favorecendo os consumidores e, claro, o combate à inflação, sem prejuízos operacionais para Petrobras, resguardados pelo fundo de investimento formado pela taxação das exportações de óleo cru do pré sal.
O fundo de investimento, lembra Paulo César, exerceria o mesmo papel do qual a Noruega, que não tem o nível de reservas que tem o Brasil, lança mão para promover desenvolvimento sustentável norueguês.
São vastos recursos que o governo da Noruega dispõe, graças ao fundo, para aplicar em educação, saúde e infraestrutura, enquanto mantém competitivo preços ao consumidor.
Por que a Petrobrás não pode fazer o mesmo, fortalecendo a política econômica e social lulista?
Descolar o preço interno da cotação internacional, forçada pelas multis, que dominam, na base do oligopólio, mercado internacional de petróleo, livraria o governo Lula do arcabouço fiscal neoliberal.
O governo, imediatamente, se livraria da política monetarista ortodoxa do BC/Faria Lima, com apoio do Congresso parlamentarista de direita, para tocar desenvolvimento sustentável.
FUGA DA ARMADILHA NEOLIBERAL
Sem essa alternativa, Lula, na armadilha neoliberal, entra em choque com o Congresso quanto à questão da reoneração ou oneração das folhas de pagamento das empresas e das prefeituras, correndo risco de perder tudo.
Ou seja, trata-se de política que somente aprofunda a desorganização econômica, sinalizando recessão.
Puro neoliberalismo que favorece a direita bolsonarista fascista, que já está em campo para tentar ganhar eleição municipal em 2024, preparando o campo para 2026, eleição presidencial.
Lula, com esse debate de ou reonerar ou onerar ou judicializar a questão, em queda de braço com o legislativo, onde é minoritário, só acumula desgaste popular, enquanto poderia dar a volta por cima, se se exerce soberania no comando da Petrobras, de onde pode extrair recursos, fácil, fácil, para tocar o PAC.
Seria esse ou não o Projeto Nacionalista que o ex-parlamentar, ex-primeiro ministro da Casa Civil, José Dirceu, defendeu na tribuna do Senado, dezenove anos depois da sua cassação no mensalão, para homenagear Jango Goulart, propositor das reformas de base trabalhista varguista?
Seria ou não este o fundo da questão que coloca em confronto, no momento, o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, homem dos acionistas privados, e o ministro das Minas e Energia, Alexandre da Silveira, sob expectativa decisória do presidente Lula?