terça-feira, 21 de janeiro de 2020

BOLSONARO INOCENTA LULA E DILMA

Desde a campanha presidencial Jair Bolsonaro prometia abrir a caixa preta do BNDES, segundo o presidente havia irregularidades e os governo petistas teriam entupido ditaduras com dinheiro público, após abrir a tal caixa preta o resultado seria trágico se não fosse tão cômico, isso por que o resultado frustou Bolsonaro, sua base e inocentou definitivamente seus desafetos Lula e Dilma.



Bndes: bolsonaro gastou 48 milhões em investigação que inocentou petistas!
Ceilândia em Alerta21 de janeiro de 2020 13:13




Desde a campanha presidencial Jair Bolsonaro prometia abrir a caixa preta do BNDES, segundo o presidente havia irregularidades e os governo petistas teriam entupido ditaduras com dinheiro público, após abrir a tal caixa preta o resultado seria trágico se não fosse tão cômico, isso por que o resultado frustou Bolsonaro, sua base e inocentou definitivamente seus desafetos Lula e Dilma. O presidente então contratou uma auditoria e gastou 48 milhões segundo o jornal Estadão, Bolsonaro dava como certo que seria encontrada irregularidades, mas, conforme nosso blog adiantou no dia 18 de dezembro de 2019 na reportagem BOLSONARO ABRIU CAIXA PRETA DO BNDES QUE INOCENTOU PETISTAS!
O Relatório final da auditória do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgado no fim do ano passado, nesta segunda-feira (20), revela que a tentativa de o governo Bolsonaro de criminalizar o Partido dos Trabalhadores, a partir das operações financeiras realizadas pelo BNDES, caiu por terra.
Segundo o relatório, não houve nenhuma irregularidade nos contratos firmados com a JBS, o grupo Bertin e a Eldorado Brasil Celulose, realizadas entre 2005 e 2018. “Os documentos da época e as entrevistas realizadas não indicaram que as operações tenham sido motivadas por influência indevida sobre o banco, nem por corrupção ou pressão para conceder tratamento preferencial à JBS, à Bertin e à Eldorado”, diz trecho do relatório de oito páginas.
Nada consta também na CPI do BNDES que teve como foco as supostas irregularidades no banco que nos governos do PT financiou políticas de apoio a empresas nacionais, promovendo o crescimento econômico no País, com geração de empregos e renda e tão pouco foram encontradas irregularidades nos “supostos empréstimos irregulares para ditaduras”, o que foi encontrado foram operações de crédito para empresas que trabalharam em obras nesses países, com os mesmos mecanismos usados por bancos de desenvolvimento internacionais e apontados no relatório como lucrativos para o BNDES.O mesmo já havia sido comprovado na gestão do governo golpista de Temer foi publicado o livro Verde do BNDES (balanço da atuação do banco entre 2001 e 2016), realizado durante a gestão de Paulo Rabelo de Castro, presidente da instituição, que trazia informações relevantes, “mostrando inclusive, não só a rigidez, a sanidade de todas as ações do banco como ainda demonstrando que o BNDES era extremamente lucrativo e imprescindível ao desenvolvimento brasileiro”.No final a peça de campanha difamatória de Bolsonaro contra o PT era Fake. E ele fez o banco gastar R$ 48 milhões para descobrir mais uma mentira, frustrar bolsonaristas, inocentar petistas e fazer a militância de esquerda cair na risada.Texto: Ana FernandesEdição: Pedro OliveiraInformações: O Estadão e site do PTSiga nossas redes sociaisSite: https://www.ceilandiaemalerta.com.br/Site: https://jornaltaguacei.com.br/Página no Facebook: https://www.facebook.com/CeilandiaEmAlerta/Página no Facebook: https://www.facebook.com/jtaguacei/Facebook: https://www.facebook.com/jeova.rodriguesneveswiter: https://twitter.com/JTaguaceiInstagram: https://www.instagram.com/p/B7dbhdLH46R/?igshid=1xg5rkqaqkuka

O FIM DA ILHA E DO RIO


https://altairsalesbarbosa.blogspot.com/2020/01/a-ilha-do-bananal-nao-existe-mais.html?m=1&fbclid=IwAR3rzxMmY_F178d0_jF5uGm8qZa7NQjmYdVvYNlrdg92caLkvqxHQhecCLE

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

A ILHA DO BANANAL NÃO EXISTE MAIS




Altair Sales Barbosa

Desde dos meus tempos de estudante do antigo ensino primário e ginasial que aprendi lendo os livros de geografia e também com os meus professores, que o Brasil possuía a maior ilha fluvial do mundo. A Ilha do Bananal, formada pela bifurcação do rio Araguaia que mantinha seu braço esquerdo com o nome de Araguaia e o braço direito com o nome de Javaé, denominação tomada emprestada dos índios Javaé, pertencentes ao mesmo grupo linguístico da nação Karajá. Estes últimos, habitam mais às margens do Araguaia, enquanto que os Javaé estão mais nos domínios das águas do rio Javaé.

A junção dos dois braços, ocorre próximo à cidade de Formoso, hoje Estado do Tocantins. Por força da minha formação universitária, por várias vezes fazia visita regular a então Ilha do Bananal para estudos antropológicos e geológicos. Era comum adentrar à ilha pelo Javaé, para isto atravessávamos nossos carros em balsas, com capacidade de transportar até três caminhões.

O tempo foi passando e trouxe para a realidade novos projetos, com base em novas tecnologias, fato que foi acompanhado de grandes transformações ambientais e sociais em todo vale do rio Araguaia e adjacências. Segundo o geólogo Maximiliano Bayer da UFG, a cada ano o rio Araguaia fica mais largo e menos profundo, consequência das grandes modificações ocorridas no vale.

Com o incremento desses grandes projetos e a criação do estado do Tocantins, que transformou o Projeto Rio Formoso no maior projeto de irrigação do estado, para produção de grãos e melancia, caracterizado pela implantação de barramentos, em áreas sem aptidões para tal, a introdução de pastagens exóticas no interior da Ilha para o sustento do agora já grande pastoreio, todas essas ações foram minando as águas do Javaé até chegar a situação atual, que causou o desaparecimento do braço direito do Araguaia e como consequência a extinção da maior ilha fluvial do mundo. Entretanto, para que possamos entender esse processo, torna-se necessário alargarmos um pouco o horizonte e compreendermos a sub- bacia hidrográfica do Araguaia como um todo.

A noção de que “rio novo” seja aquele que ainda esteja definindo o seu leito principal não é correta. Calcular a idade de um rio, tomando como base a quantidade de sedimentos que transporta, ou simplesmente atribuir o seu período de existência, associando-o a origem geológica dos terrenos percorridos por suas águas, não são parâmetros seguros, nem podem ser generalizados.

Meandros abandonados, ao invés de significarem indícios juvenis, podem significar indícios de longevidade. Devem ser vistos como capítulos da história evolutiva de um rio. O transporte e o depósito de sedimentos dependem das formações geológicas regionais e das feições geomorfológicas. Se a idade geológica dos terrenos fosse também o único padrão utilizado para determinar a idade de um rio causaria uma extrema confusão.

O rio Araguaia, percorre terrenos Paleozóicos com milhões de anos, como também percorre terrenos bem recentes, que ele próprio formou pelo transporte de sedimentos, que às vezes não atingem o tempo de um século.

O tempo de vida de um rio pode ser definido por vários fatores, como largura e extensão da bacia hidrográfica, pelos fenômenos geológicos ocorridos regionalmente, pela história evolutiva que possibilitou a formação das paisagens etc. Entretanto, nada disso é compreensível, se não tivermos em mente que um rio não cresce para baixo, mas para cima, sempre à montante.

Nesta perspectiva, o rio Araguaia pode ser considerado como um dos mais antigos da história hidrográfica moderna da América do Sul. Teve suas origens associadas aos fenômenos de ordem geológico, climático e geomorfológicos, que formaram as paisagens modernas do Planeta, ou seja, as paisagens que existem atualmente e que tiveram seu início no alvorecer da Era Cenozóica, por volta de 65 milhões de anos antes do presente. Esta idade, refere-se apenas a uma fração de tempo, em relação às primeiras paisagens da Terra que datam de 4 bilhões e 600 milhões de anos, mas, por outro lado é o mais antigo capitulo evolutivo da história recente do planeta Terra. 

A história do rio Araguaia está associada aos fenômenos que contribuíram para a consolidação do Sistema Biogeográfico do Cerrado. Os movimentos epirogenéticos ou subida lenta de grandes áreas que formaram o Planalto Central Brasileiro, mudaram a direção de alguns cursos d’água que hoje correm para o Araguaia e possibilitaram que o próprio rio Araguaia começasse uma trajetória que o levasse através do Tocantins/Amazonas até o oceano Atlântico.

O rio Araguaia nasce em território goiano, na borda norte de uma extensão de área sedimentar de idades que vem desde a Era Paleozóica. Área esta, denominada geologicamente de Bacia Sedimentar do Paraná, em cotas próximas a 900 m, na região do entorno do Parque Nacional das Emas, no Município de Mineiros.

No curso de seus primeiros 300 km, o rio Araguaia corre em rochas sedimentares, com seu vale bem encaixado, seguindo a estrutura dessas rochas, até atingir a planície do Bananal. A principal feição geológica nesse trecho é o Domo do Araguainha, estrutura de impacto de meteoro, que embora tenha seu núcleo em Mato Grosso na cidade de Araguainha, possui grande influencia na geomorfologia do curso superior do Araguaia.
No início da planície do Bananal, afloram rochas gnáissico-granítica e vulcano sedimentares de idade Pré-Cambriana, que formam, geologicamente falando, o embasamento ou substrato da grande bacia sedimentar do Paraná.

Desde sua nascente, até a planície do Bananal, o rio Araguaia desce de cotas de 900 m. para cotas próximas de 300 m, adquirindo feições de rio juvenil encaixado, passando, a partir da planície, a desenvolver seu percurso sinuosamente em meandros, evidenciando assim formas geomorfológicas com características de rio de curso normal. A partir da planície, também podem ser observados afloramentos de rochas Quaternárias de deposição recente em contato sobreposto às rochas Pré-Cambrianas.

A planície do Bananal é uma extensa fossa tectônica em atividade, que tem o seu fundo, já subsidio em aproximadamente 5.000 m. desde o período Cretáceo e continua neste processo dinâmico de movimento descente.

O comportamento dessa fossa tectônica termina na sua ponta norte, já no Estado do Tocantins, extremo norte da Ilha do Bananal. A partir deste ponto o rio adquire uma nova feição juvenil, encaixado em rochas estritamente Pré-Cambrianas até sua barra no rio Tocantins, junto à cidade de Marabá, na região conhecida como Bico do Papagaio.

O rio Araguaia é alimentado no seu curso superior por águas do aquífero Guarani, associado às formações geológicas Botucatu e Bauru, a partir do seu curso médio os aquíferos Urucuia e Bambuí são responsáveis maiores pela sua alimentação. A recarga desses aquíferos depende da água da chuva que cai nos chapadões e sua absorção pela vegetação nativa do cerrado. Todavia, esses aquíferos se encontram em situações melindrosas, porque não estão sendo recarregados o suficiente, para manter a perenidade e o fluxo d’água, para as nascentes, córregos e afluentes que alimentam o Araguaia.

Diante do exposto, pode-se colocar a seguinte indagação: Por que o rio Araguaia ainda não desapareceu? Felizmente conhecemos algumas respostas. A principal se refere aos níveis dos lençóis freáticos, que são aqueles depósitos acumulados durante os dois últimos períodos chuvosos. A água destes lençóis, em função da declividade do terreno escorre direto para a calha do grande rio. Estes lençóis ainda se encontram em condições razoáveis de preservação, tendo em vista as condições pluviométricas que se tem mantido constante e a condição dos ambientes ciliares, razoavelmente preservados.

Com a possibilidade de redução dos ambientes ciliares, pelas mudanças propostas para o Código Florestal Brasileiro, grande parte do lençol freático, será inevitavelmente afetada ao longo do rio, o que resultará numa diminuição drástica do seu volume de água, num processo crescente, até afetar a vida do próprio rio.

Diferentemente dos sólidos, a água não possui força de resistência, fluindo em qualquer tipo de declividade. O escoamento das águas pluviais depende da capacidade de infiltração. Se a água da chuva encontra um solo desprotegido, sem vegetação original, a infiltração diminui acentuadamente aumentando a velocidade do escoamento superficial, causando erosões e assoreamento.

Correntes fluviais recebem água de vários pontos, incluindo o fluxo laminar e chuva que cai diretamente nos canais. Entretanto, o fluxo de canal proveniente das chuvas, é um fenômeno efêmero. O que mantém a perenidade de um rio é a água fornecida pela umidade do solo e pelos aquíferos. Em ambos os casos a retirada da cobertura vegetal reduz a umidade do solo e a reserva de água nos aquíferos, fatores que afetam diretamente a vida de um rio.

O rio Araguaia em função de sua história evolutiva, e, também porque já atingiu seu estágio de equilíbrio, num tempo mais curto que possamos imaginar se transformará num ambiente desolador, triste e sem vida, se as modificações ambientais na sua sub-bacia continuarem crescendo no ritmo em que se encontra.

Infelizmente, o progresso em ciência não é fácil. Os argumentos que, finalmente, levam a ciência a avançar são muitas vezes desagradáveis. Nós pesquisadores, não temos ainda total domínio de tecnologias eficazes para recuperação de áreas com degradação acentuada. Portanto, se quisermos evitar um desastre ambiental e uma convulsão social futura, o melhor caminho é a preservação.

Voltando aos parâmetros específicos da Ilha, esta foi descoberta em julho de 1773 pelo sertanista José Pinto Fonseca. Inicialmente recebeu o nome de ilha de Santana. O nome Bananal surge em virtude da grande quantidade de pacova existente no seu interior. Trata-se de uma planta cujas folhas se assemelham a bananeira, originária da Índia.

A Ilha do Bananal sempre foi considerada um laboratório vivo, tanto do ponto de vista da geologia, como da vida silvestre e da antropologia. É reserva ambiental brasileira desde 1959 e considerada reserva da biosfera pela Unesco desde 1993. Na realidade dentro dos limites da antiga Ilha do Bananal existem 4 unidades de conservação. Na parte sul se encontra a Terra Indígena Parque do Araguaia, ao norte está o Parque Nacional do Araguaia, ao qual se sobrepõe a Terra Indígena Iñawébohona, a nordeste e a Terra Indígena Wyhyna/Iròdu Irana ao norte.

Entretanto a Ilha do Bananal, também foi vista como área estratégica para conquista dos Sertões de Dentro. E, nesta perspectiva Getúlio Vargas, então presidente do Brasil a visita em 1940 para sedimentar a partir de então o grandioso empreendimento denominado Marcha para o Oeste, com o objetivo de contactar índios arredios e estabelecer um plano para o povoamento do interior do Brasil.  As idéias de Vargas são retomadas por Juscelino Kubitschek, que chega a ordenar a construção de um hotel na Ilha, com talheres em prata e taças de cristal, para incrementar o turismo. E através da Fundação Brasil Central, Cria a Operação Bananal para com a ocupação da Ilha, também ocupar de forma intensiva o centro do Brasil. Todas essas iniciativas trouxeram heranças ruins para Ilha tais como: A criação de estradas e a introdução da criação do gado bovino.

A Ilha do Bananal desde tempos remotos foi o paraíso dos índios Karajá, cuja grande nação se divide em Javaé que habitam as margens do rio Javaé, dentro da ilha, e grupos menores como os Karajá de Aruanã e os Xambioá ambos habitantes do Vale do Araguaia. Mais recentemente outros grupos indígenas fazem incursões até a Ilha, como é o caso dos Tapirapé e dos Xerente. No final do século XX, um pequeno grupo de Avá-Canoeiro habita áreas do Parque Nacional do Araguaia, levados até aí por Apoena Meirelles.

Como já foi dito, a Ilha do Bananal sempre foi o paraíso dos Karajá e nesse ambiente esta Etnia criou toda uma cosmogênese recheada com elementos que a compõem, inclusive o mito das suas origens, que diz terem surgido das profundezas das águas. Imagino a força do impacto nas mentes dessas populações ao olharem para suas lagoas, seus rios interiores e o próprio Javaé e verem como também sentirem todos agonizando em meio a tanta penúria.



4 comentários:

  1. Parabéns pelo artigo. expõe críticas contundentes ao "desenvolvimentismo" sem base que o sustente, o principal motivo dos problemas terríveis causados pela falta de ponderação de todos os governantes brasileiros. Não foi sem motivo que há cem ou mais anos não vieram mais comissões científicas ao país, com o apoio e incentivo governamental.
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    1. O seu artigo tinha que ser mais teórico e não científicamente para quem tem conhecimento .
  2. Sou morador da região e sempre visito o rio Javaé, é desolador, triste e lamentável vê-lo sua situação atual. E pelos os conhecimentos do nobre pesquisador, a situação tende
    à agravar e, infelizmente, é isso mesmo que vemos ano após ano, suas águas bem reduzidas e suas grandes cheias já não existem mais.
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  3. Uma pena essa realidade, a alteração não natural do ambiente e suas consequências. É parece não haver uma comoção maior por isso.
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segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

BNDES. FAKE DE BOLSONARO

Uma das promessas de campanha de Bolsonaro era acabar com a mamata e abrir a caixa-preta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Passado um ano de governo, foram gastos R$ 48 milhões em uma auditoria interna no banco, nenhum indício de corrupção foi encontrado.



Bolsonaro pagou R$ 48 milhões por auditoria no BNDES que não revelou nada
Blog do Esmael20 de janeiro de 2020 18:12




Uma das promessas de campanha de Bolsonaro era acabar com a mamata e abrir a caixa-preta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Passado um ano de governo, foram gastos R$ 48 milhões em uma auditoria interna no banco, nenhum indício de corrupção foi encontrado.
Segundo o Estadão, o valor foi pago a um escritório estrangeiro, o Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP, que subcontratou outro brasileiro, o Levy & Salomão. O relatório tem oito páginas. Seria como se cada folha custasse R$ 6 milhões.
No parecer de oito páginas, a equipe de investigação concluiu que as decisões do banco “parecem ter sido tomadas depois de considerados diversos fatores negociais e de sopesados os riscos e potenciais benefícios para o banco”.
“Os documentos da época e as entrevistas realizadas não indicaram que as operações tenham sido motivadas por influência indevida sobre o banco, nem por corrupção ou pressão para conceder tratamento preferencial à JBS, à Bertin e à Eldorado”, diz trecho do relatório.
As informações são do Estadão.

BOLSONARO. NAZISTA OU...

Bolsonaro. Ele é nazista faz muitos anos ou só poderá ser nominado como tal depois de colocar em prática seu plano de matança dos 30 mil, plano anunciado há tempo e seguidamente repetido? Ou apenas quando começar a construir campos de concentração e câmaras de gás? Ou só será nazista se houver matança de judeus?


O nazismo, de Hitler a Bolsonaro, por Wilson Luiz Müller
GGN20 de janeiro de 2020 18:01


O nazismo, de Hitler a Bolsonaro

por Wilson Luiz Müller

Inverti, deliberadamente, a estrutura normal do texto. Começo anunciando a conclusão, para depois explicar a razão. Temos no Brasil um governo de matiz nazifascista. Para chegar a essa conclusão considero irrelevante que Bolsonaro não seja levado a sério, que seja um mentiroso contumaz, que esteja cercado de idiotas e incompetentes, que seja ele mesmo considerado um idiota (apesar de eu não achar isso, porque ser idiota é diferente do que se fazer passar por idiota). O mais relevante é que ele vem há tempo defendendo um ideário nazista, vem tendo êxito na difusão desse ideário e ele é presidente da república com poder para implementar seus planos.
É impossível definir nazismo e fascismo sem fazer uso de referências históricas. Mas isso não significa que as experiências do passado devam ser consideradas como modelos absolutos, o que poderia levar à conclusão, equivocada, de não se poder denominar como fascismo ou nazismo as experiências atuais que não apresentem rigorosamente as características do modelo comparado.
O debate remete a uma outra questão não menos importante: quando Hitler se tornou nazista, ou fascista? Ele já era nazista antes de assumir o poder, quando defendia as mesmas coisas que Bolsonaro, ou se transformou em nazista ao conseguir colocar em prática a matança dos seus adversários? Se Hitler não tivesse provocado a morte de milhões de pessoas, ele teria passado à historia como nazista ou como um idiota histérico? A mesma pergunta se aplica a Mussolini. Ele assumiu o discurso abertamente fascista na década de 1930, muito anos depois de ter assumido o poder na Itália. Significa que antes disso ele não era fascista?
A pergunta se aplica a Bolsonaro. Ele é nazista faz muitos anos ou só poderá ser nominado como tal depois de colocar em prática seu plano de matança dos 30 mil, plano anunciado há tempo e seguidamente repetido? Ou apenas quando começar a construir campos de concentração e câmaras de gás? Ou só será nazista se houver matança de judeus?
O nazismo que se desenvolveu na Alemanha de Hitler é uma variação do fascismo de Benito Mussolini, regime implantado na Itália na década de 1920. Pode-se dizer que o fascismo é gênero, o nazismo espécie. Fascismo e nazismo assumirão formas distintas, dependendo dos países e contextos históricos onde são implantados, mantendo porém as características que lhe são intrínsecas. Assim, não é correto, do ponto de vista dialético, pretender identificar o fascismo a partir da enumeração de uma série de características inerentes ao regime, pois isso implicaria fixar os conceitos a determinadas experiências históricas, gestadas em países e circunstâncias bem específicos.
Fascistas e nazistas como Mussolini e Hitler tem em comum a pretensão de se apresentar como um juiz acima da luta de classes, que não estaria nem subordinado aos interesses corporativos das classes trabalhadoras nem submetido aos ditames e interesses econômicos dos grandes capitalistas. Para cumprir esse papel de juiz imperial, é imprescindível que o governante assuma a condição de ditador, para não ficar preso às pressões e contradições decorrentes da luta entre o capital e o trabalho.
A tentativa de criar essa ilusão de equidistância visa tirar os trabalhadores da área de influência das organizações sindicais e sociais autônomas, com base no pressuposto de que essas organizações se movem sob a influência da teoria marxista. Com o lado empresarial, o ditador assume a agenda que interessa aos donos do capital, garantindo assim o apoio necessário para impor à força as pautas impopulares ao conjunto do povo.
Por que o debate sobre o nazismo no Brasil assumiu uma outra conotação nos últimos dias?
A estratégia bolsonarista vinha sendo desenvolvida da seguinte forma: vamos falar e nos comportar como nazistas para defender o ideário nazista. Mas se nos acusarem de nazistas, respondemos que ele é de esquerda, como aliás faziam os próprios nazistas no início do seu movimento na Alemanha para confundir os trabalhadores simpatizantes do socialismo.
E aí vem o Alvim e dá com a língua nos dentes para mudar a parte final da estratégia dos bolsonazistas: fazemos tudo igual aos nazistas, e de fato somos nazistas.
Parte da repercussão negativa ante as revelações do linguarudo Alvim veio por conta dos protestos da comunidade judaica e do governo de Israel. Os judeus apoiaram Bolsonaro sabendo que ele era nazista. E certamente irão continuar a apoiá-lo, mesmo sabendo que ele não mudará seu ideário defendido ao longo de sua vida. Com ou sem Alvim, com Rego ou sem Rego no sobrenome, Bolsonaro não deixará de ser nazista. Os judeus tem história e sapiência suficiente para saber disso.
Os judeus não são contra o nazismo de Bolsonaro. Mas eles precisavam reclamar da fala de Alvim Rego por ele ter escancarado o fato de que o nazismo de Bolsonaro é o mesmo nazismo de Goebbels. Porque Goebbels foi o grande arquiteto intelectual do holocausto judeu.
Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, antes do início da segunda guerra mundial, escolheu os judeus como inimigos do povo alemão, assim como antes tinham sido escolhidos os comunistas e os sindicalistas. Esses foram os inimigos de primeira hora dos nazistas; estavam todos mortos ou confinados em campos de concentração quando os inimigos do momento passaram a ser os judeus.
Para que seja possível a existência de um regime fascista ou nazista é imperativo que haja sempre, bem à vista do povo, um inimigo poderoso que precisa ser eliminado. Na Alemanha, a vez dos judeus tinha chegado no contexto da estratégia nazista para iniciar a guerra imperialista contra outros países. Goebbels e Hitler argumentavam, e isso tinha forte apelo popular, que os alemães eram explorados pelos judeus, dentro e fora da Alemanha.
Não há nada, entre as características típicas do nazifascismo, que inviabilize a convivência pacífica de judeus com um regime desse tipo. A ausência de uma contradição essencial entre judeus e nazistas pode ser demonstrada pelo apoio da maior parte da comunidade judaica ao bolsonarismo durante a campanha eleitoral. Foi amplamente noticiado pela mídia corporativa que os empresários reunidos num clube judaico festejaram efusivamente a fala de Bolsonaro quando ele insultou e humilhou índios e negros. O que estava fazendo Bolsonaro, naquele momento, não era exatamente a mesma coisa que Hitler fazia em relação aos segmentos sociais que ele queria oprimir ou eliminar? Do que riram exatamente os empresários judeus?
Riram, os empresários judeus, certamente, porque as afirmações do líder nazista brasileiro lhes soou como música, pois negros e índios expulsos de suas terras significa a possibilidade de novos ganhos e aumento de patrimônio. Demonstra isso que a característica central do nazismo não é um antagonismo entre etnias. O antagonismo principal no interior do nazismo, em qualquer país ou período histórico, é a luta entre os detentores do capital e os trabalhadores. Nessa luta, o governo nazista, combinando dissimulação e violência, assume a função de impor a ferro e fogo a agenda econômica que interessa aos donos dos meios de produção.
No caso do governo Bolsonaro, há uma identificação mais clara com o modelo do nazismo alemão e menos com o fascismo italiano.
O regime nazista de Hitler atuou em duas frentes em relação aos trabalhadores:
  • para atrair simpatizantes ao partido nazista, Hitler e Goebbels criaram uma eficiente máquina de propaganda para espalhar mentiras contra os comunistas, cujo objetivo era gerar pânico e medo; os símbolos e rituais do nazismo, o nome do partido contendo a palavra socialismo, a bandeira vermelha, as falas, eram intencionalmente contraditórios para confundir e atrair os trabalhadores que se organizavam sob influência de teorias marxistas ou anticapitalistas;
  • os líderes dos movimentos sindicais, vários dos quais eram militantes socialistas e comunistas, que não se convenceram com a propaganda do medo e da confusão, foram presos e mortos. Foram tantos militantes presos logo no início do governo nazista, que houve necessidade do regime construir vários campos de concentração.
O apoio popular que Hitler obteve com o uso de sua máquina de propaganda, Bolsonaro obteve com o engajamento da maioria dos pastores das igrejas neopentecostais. Isso demonstra que, para implantar o nazismo, não há necessidade de imitar Hitler em todos os aspectos. O que importa é conseguir montar uma estrutura, que espalhe pânico e desinformação, capaz de manter uma parcela considerável da população disposta a lutar ao lado do ditador contra o inimigo demonizado pela propaganda.
A máquina de propaganda de Hitler e Goebbels é muito semelhante à máquina de mentiras do nazismo bolsonarista. A essência é sempre a mesma: propagar medo, mentiras, ódio e confusão. Os inimigos de Hitler iam mudando conforme avançava a consolidação do regime nazista. O bolsonazismo se concentra no seu maior inimigo, o PT, que no ideário nazista pátrio faz o papel dos comunistas na Alemanha.
A propaganda enganosa inclui a difusão e popularização dos chamados mitos fundantes anunciados pelo ministro da propaganda do governo nazista Roberto Alvim. Mitos fundantes, que como facilmente se pode ver com uma rápida pesquisa na web, são idênticos aos do nazismo original de Hitler.
“A pátria, a família” e “sua profunda ligação com Deus”, conforme nos ensina Alvim. Sempre quando aparecem esses mitos, estamos diante de alguma ideia de fundo nazista. Em nome desses mesmos mitos fundantes do ministro de propaganda do bolsonazismo, os nazistas alemães trucidaram milhões de pessoas que tinham mitos fundantes diferentes.
A estratégia da propaganda enganosa inclui também o combate farsesco ao chamado marxismo cultural, conceito que os nazistas brasileiros foram buscar em fonte fidedigna, direto das páginas da obra Mein Kampf, de Adolf Hitler. Nesse caso, como no mais das vezes em quase tudo que dizem e fazem, os bolsonazistas dispensam intermediários; bebem direto na fonte original, o nazismo de Hitler e Goebbels.
É antiga a percepção, entre os que se dedicam a estudar a história, de que a trajetória de Bolsonaro em muito se assemelha à de Hitler. Para encerrar, reproduzo abaixo um parágrafo do artigo de Oliver Stuenkel (El País 2018). Fica a critério dos leitores tentar descobrir se o texto está falando de Hitler ou de Bolsonaro.
“… era pouco mais do que um ex-militar bizarro de baixo escalão, que poucas pessoas levavam a sério. Ele era conhecido principalmente por seus discursos contra minorias, políticos de esquerda, pacifistas, feministas, gays, elites progressistas, imigrantes, a mídia…porém, 37% […] votaram no partido dele… Por que tantos eleitores instruídos votaram em um patético bufão que levou o país ao abismo? Em primeiro lugar, […] tinham perdido a fé no sistema político…”
Wilson Luiz Müller – Membro do Coletivo Auditores Fiscais pela Democracia (AFD)
e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Deixando de ser nação


Vivemos um período em que a política se converteu exclusivamente na busca e conservação do poder, por meio da radicalização do discurso político e da intolerância com as diferenças de pensamento e de opinião. A idéia é vencer e impor a vontade de maiorias efêmeras, sem se importar que a democracia não é e nunca foi a tirania das maiorias, mas sim o respeito aos diferentes interesses e visões de mundo que convivem nas sociedades humanas.


Estamos deixando de ser uma nação
Estado de Minas20 de janeiro de 2020 05:51




Todas as nações alternam em suas histórias bons e maus momentos. Nos bons, suas economias crescem em benefício da maior parte da população e a política não consegue abalar os fundamentos da vida social. As crises e os conflitos, tão naturais e recorrentes na vida política, ficam segregados, sem descer à vida das pessoas e as atividades da economia.
Nos maus momentos, desempenho irregular da economia e conflitos distributivos entre classes e setores se misturam a desentendimentos e rupturas no sistema político e à politização geral da vida. São os ciclos da existência nas sociedades livres. Os países felizes são naturalmente aqueles em que no longo prazo os bons momentos prevalecem sobre os maus, mais do que compensando as fases baixas do ciclo histórico. Infelizmente, esse não parece ser o caso do nosso país.
Vivemos um período em que a política se converteu exclusivamente na busca e conservação do poder, por meio da radicalização do discurso político e da intolerância com as diferenças de pensamento e de opinião. A idéia é vencer e impor a vontade de maiorias efêmeras, sem se importar que a democracia não é e nunca foi a tirania das maiorias, mas sim o respeito aos diferentes interesses e visões de mundo que convivem nas sociedades humanas.
Governar apenas para os seus significa deixar de lado qualquer projeto nacional que reúna a nação para um conjunto de objetivos e metas compartilhadas. Para isso são necessários governos unificadores, que compreendam as diferenças e que falem para todos, com o propósito permanente de unir e de pacificar.
Tudo isso me vem à mente ao ler um excelente trabalho do economista Roberto Macedo registrando as quatro décadas de estagnação que vivemos desde os anos 80. Usando dados históricos, ele nos mostra, por exemplo, que na década de l950 a 1959 o Brasil cresceu 7% ao ano e na década de 1960 a 1969 cresceu a 6%. Na década de 1970 a 1979, o crescimento econômico chegou a números chineses: 8,8%.
Depois de três décadas de alto crescimento, despencamos. Na década de 80, o crescimento baixou para 3%; na de 90, a taxa média caiu para 1,8% e finalmente, na de 2000 subiu para 3,4% e na década de 2010-2019 chegamos ao crescimento médio anual de apenas 1,4%.
Nesses mesmos últimos 40 anos, os chamados países em desenvolvimento ou emergentes cresceram muito mais. Numa lista de 155 países escolhidos pelo FMI, tivemos os seguintes resultados médios: 1980/89: 3,2%; 1990/99: 3,63%; 2000/09: 6,10% e 2010/19: 5,11%. Simplesmente crescemos menos que nossos pares e estamos ficando relativamente mais pobres.
Vamos a algumas reflexões. Na década de 50, tivemos dois estadistas na Presidência - Getúlio Vargas e Juscelino. Governaram em meio aos mais intensos conflitos, conflitos que não foram criados por eles e que eles suportaram, sem ferir a nação. Governaram para todos. A vida seguiu, a economia cresceu, a esperança e a confiança eram os sentimentos dominantes. Mesmo na década de 60, apesar da grave e dolorosa ferida dos governos militares, não se pode dizer que a nação esteve à beira da desintegração. Por medo, comodismo ou outro sentimento difícil de definir, a vida social e econômica seguiu seu rumo. O mesmo pode ser dito dos anos 70, os do "milagre econômico".
Depois dos 70, os erros acumulados e o prolongamento do mando militar muito além da paciência democrática da sociedade, levaram ao fracasso na economia e ao inicio da polarização política que iria se agravar logo adiante. Isso explica o mau desempenho do Brasil nesses últimos 40 anos, malgrado o esforço, ao mesmo tempo modernizador e pacificador dos dois mandatos de Fernando Henrique. Foram pontos fora da curva. O novo normal agora é o longo sectarismo petista e hoje a sua radical contraface, despertando demônios de que não suspeitávamos.
O crescimento, a igualdade e a felicidade nunca caem dos céus. São obra dos homens em sociedade. Separados, os homens não prosperam. Essa é a lei da história. Para isso, precisam de governos que semeiem a paz, a humildade e a civilização.

3 de dezembro de 2024