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Carlos Antonio Fragoso Guimarães: 
Alguém aqui vai chamar Leonardo Boff de ignorante? Se o fizer, garanto
  que é mais projeção de quem o fizer que outra coisa.... 
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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
Em prol dos interesses de uma classe elitista dominante, 
nacional e internacional, o movimento neoliberal golpista joga o bem 
comum no limbo 
"As atuais discussões políticas no Brasil em meio a uma ameaçadora crise hídrica e energética se perdem nos interesses particulares de cada partido. Há uma tentativa articulada pelos grupos dominantes, por detrás dos quais se escondem grandes corporações nacionais e multinacionais, a midia corporativa e, seguramente, a atuação do serviços de segurança do Império norte-americano, de desestabilizar o novo governo de Dilma Rousseff. Não se trata apenas de uma feroz critica às políticas oficiais mas há algo mais profundo em ação: a vontade de desmontar e, se possível, liquidar o PT que representa os intersses das populações que historicamente sempre foram marginalizadas."
Segue artigo de Leonardo Boff sobre o golpismo em marcha no Brasil:
O bem comum foi enviado ao limbo
 As atuais discussões políticas no Brasil em meio a uma ameaçadora crise
 hídrica e energética se perdem nos interesses particulares de cada 
partido. Há uma tentativa articulada pelos grupos dominantes, por detrás
 dos quais se escondem grandes corporações nacionais e multinacionais, a
 midia corporativa e, seguramente, a atuação do serviços de segurança do
 Império norte-americano, de desestabilizar o novo governo de Dilma 
Rousseff. Não se trata apenas de uma feroz critica às políticas oficiais
 mas há algo mais profundo em ação: a vontade de desmontar e, se 
possível, liquidar o PT que representa os intersses das populações que 
historicamente sempre foram marginalizadas. Custa muito às elites 
conservadores aceitarem o novo sujeito histórico – o povo organizado e 
sua expressão partidária – pois se sentem ameaçadas em seus privilégios.
 Como são notoriamente egoistas e nunca pensaram no bem comum, se 
empenham em tirar da cena essa força social e política que poderá mudar 
irreversivelmente o destino do Brasil.
 Estamos esquecendo que a essência da política é a busca comum do bem 
comum. Um dos efeitos mais avassaladaores do capitalismo globalizado e 
de sua ideologia, o neo-liberalismo, é a demolição da noção de bem comum
 ou de bem-estar social. Sabemos que as sociedades civilizadas se 
constroem sobre três pilastras fundamentais: a participação (cidadania),
 a cooperação societária e respeito aos direitos humanos. Juntas criam o
 bem comum. Mas este foi enviado ao limbo da preocupação política. Em 
seu lugar, entraram as noções de rentabilidade, de flexibilização, de 
adaptação e de competividade. A liberdade do cidadão é substituida pela 
liberdade das forças do mercado, o bem comum, pelo bem particular e a 
cooperação, pela competição.
  A participação, a cooperação e os direitos asseguravam a existência de
 cada pessoa com dignidade. Negados esses valores, a existência de cada 
um não está mais socialmente garantida nem seus direitos afiançados. 
Logo, cada um se sente constrangido o garantir o seu: o seu emprego, o 
seu salário, o seu carro, a sua família. Impera o individualismo, o 
maior inimigo da convivência social. Ninguém é levado, portanto, a 
construir algo em comum. A única coisa em comum que resta, é a guerra de
 todos contra todos em vista da sobrevivência individual.
  Neste contexto, quem vai implementar o bem comum do planeta Terra? Em 
recente artigo da revista Science (15/01/2015) 18 cientistas elencaram 
os nove limites planetários (Planetary Bounderies), quatro dos quais já 
ultrapassados: o clima, ia ntegridade da biosfera, o uso da solo, os 
fluxos biogeoquímicos (fósforo e nitrogênio). Os outros encontram-se  em
 avançado grau de erosão. Só a ultrapassagem desses quatro, pode tornar a
 Terra menos hospitaleira para milhões de pessoas e para a 
biodiversidade. Que organismo mundial está enfrentando essa situação que
 detrói o bem comum planetário?
  Quem cuidará do interesse geral de mais de sete bilhões de pessoas? O 
neoliberalismo é surdo, cego e mudo a esta questão fundamental como o 
tem repetido como um ritornello o Papa Francisco. Seria contraditório 
suscitar o tema do bem comum, pois o neoliberalismo defende concepções 
políticas e sociais diretamente opostas ao bem comum. Seu propósito 
básico é: o mercado tem que ganhar e a sociedade deve perder. Pois é o 
mercado que vai regular e resolver tudo. Se assim é por que vamos 
construir coisas em comum? Deslegitimou-se o bem-estar social.
 Ocorre, entretanto, que o crescente empobrecimento mundial resulta das 
lógicas excludentes e predadoras da atual globalização competitiva, 
liberalizadora, desregulamentora e privatizadora. Quanto mais se 
privatiza mais se legitima o interesse particular em detrimento do 
interesse geral. Como mostrou em seu livro Thomas Piketty, O Capitalismo
 no século XXI quanto mais se privatiza, mais crescem as desigualdades. É
 o triunfo do killer capitalismo. Quanto de perversidade social e de 
barbárie aguenta o espírito? A Grécia veio mostrar que não aguenta mais.
 Recusa-se a aceitar do diktat dos mercados, no caso, hegemonizados pela
 Alemanha de Merkel e pela França de Hollande.
  Resumindo: que é o bem comum? No plano infra-estrutural é o acesso 
justo de todos à alimentação,à saúde, à moradia, à energia, à segurança e
 à cultura. No plano social e cultural é o reconhecimento, o respeito e a
 convivência pacífica. Pelo fato de sob a globalização competitiva foi 
desmantelado, o bem comum deve agora ser reconstruído. Para isso, 
importa dar hegemonia à cooperação e não à competição. Sem essa mudança,
 dificilmente se manterá a comunidade humana unida e com um futuro bom.
  Ora, essa reconstrução constitui o núcleo do projeto político do PT 
originário e de seus afins ideológicos. Entrou pela porta certa: Fome 
Zero depois transformada em várias políticas públicas de cunho popular. 
Tentou colocar um fundamento seguro: a repactuação social a partir dos 
valores da cooperação e a boa-vontade de todos. Mas o efeito foi fraco, 
dada a nossa tradição individualista a patrimonialista.
  Mas no fundo vigora esta convicção humanística de base: não há futuro a
 longo prazo para uma sociedade fundada sobre a falta de justiça, de 
igualdade, de fraternidade, de respeito aos direitos básicos, de cuidado
 pelos bens naturais e de cooperação. Ela nega o anseio mais originário 
do ser humano desde que emergiu na evolução, milhões de anos atrás. Quer
 queiramos ou não, mesmo admitindo erros e corrupção, o melhor do PT 
articulou e articula esse anseio ancestral. É a partir daí que pode se 
resgatar, se renovar e alimentar sua força convocatória. Se não for o PT
 serão outros atores em outros tempos que o farão.
 Cooperação se reforça com cooperação que devemos oferecer 
incondicionalmente.Sem isso viveremos numa sociedade que perdeu sua 
altura humana e regride ao regime dos chimpanzés.
Leonardo Boff é colunista do JBonline, teólogo, filóaofo e escritor.
Um comentário:

Professor Negreiros12 de fevereiro de 2015 17:21
O
 verdadeiro culpado pelo que tem acontecido ao Brasil desde o governo 
José Sarney ao governo Dilma e’ o congresso nacional nada nacional. E’ o
 congresso nacional que merece 'impitima' por constitucionalmente não 
cumprir sua função constitucional mas de grupelhos de malfeitores, de 
marginais eleitos em nome de uma democracia representativa que, se 
realmente representativa, só representa tão somente a si, os mal 
caráter, os criminoso, os bandidos, marginais. O governo e’ só um refém 
deste congresso criminoso. Leia a constituição federal sobre a 
responsabilidade do congresso [senadores e deputados] e do executivo e 
verás que o congresso e’ omisso ao seu papel de acompanhar e fiscalizar 
as ações do governo para depois chantageá-lo.Professor Negreiros



