O fascismo avança com o incentivo da mídia
Imaginemos a seguinte história. Estamos em setembro de 1999, no pior momento do governo FHC, que foi repleto de maus momentos. Fernando Henrique, mesmo contando com a blindagem da mídia hegemônica, tinha um grau de aprovação menor do que o atual índice de Dilma. O desemprego estava em 9,6% (hoje a mídia “festejou” o aumento do desemprego: 5,9%) e o poder de compra do salário mínimo era irrisório.
A insatisfação com o PSDB era enorme. Imaginemos que em meio a este cenário duas sedes de diretórios dos tucanos houvessem sido atacadas com bombas, uma delas a da direção regional do PSDB em São Paulo. Editoriais furibundos bradariam contra “os inimigos da democracia”. Manchetes histéricas qualificariam o acontecido como “atos terroristas”. Não é preciso ir tão longe. Quando a União da Juventude Socialista (UJS) protestou em outubro de 2014 contra o crime eleitoral cometido pela revista Veja, jogando tinta e revistas velhas na sede da editora Abril, sem nada quebrar e sem em nenhum momento colocar em risco a integridade física de ninguém, adjetivos como “terroristas” e “inimigos da democracia” foram usados de forma abundante. Em 1999, mesmo com FHC pior avaliado do que Dilma, não aconteceram ataques às sedes do PSDB. Mas acontece hoje com o PT, o partido da presidenta da república, que em menos de 15 dias teve uma sede incendiada (Jundiaí) e na madrugada desta quinta-feira (26), o Diretório Regional do partido, no centro de São Paulo, foi alvo de coquetéis molotov. A mídia dá pouco destaque para o fato, que não sai em manchete, não é tema de colunistas amestrados e não aparece em editoriais. O jornal O Globodesta sexta-feira (27), por exemplo, noticia o fato no pé da página 9, e a matéria é absolutamente burocrática. A atitude da mídia é a de um silencio cúmplice, que representa, na prática, um incentivo. As demonstrações fascistas aumentam a cada dia em número e intensidade. Um jovem militante está com a camisa do PCdoB caminhando na avenida paulista quando um homem cospe em sua direção. O militante reage e o agressor corre. Quem não reagiu foi a isenta polícia paulista, que assistiu a tudo impávida.
A resposta aos fascistas deve ser dada nas ruas e na justiça
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