Blog do Liberato
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Posted by eduguim on 16/06/15 • Categorized as Opinião do blog
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Eduardo Guimarães: Agradeça às suas “meninas”, Jô!
Como
todo mundo que tem ao menos algum resquício de senso de justiça, fiquei
satisfeito com a entrevista que Jô Soares fez com Dilma Rousseff na
última sexta-feira (12/6), no Palácio da Alvorada, residência oficial da
presidente da República.
Ainda que alguns analistas realmente independentes tenham avaliado que o
humorista e apresentador “pegou leve” com a entrevistada, entendo que a
iniciativa dele pretendeu dar voz a quem não tem tido por conta do
massacre fascista de que tem sido alvo, de forma que ele a deixou se
expressar mais livremente.
Quem quiser assistir ou rever a entrevista antes de continuar lendo o
post, pode fazê-lo no vídeo abaixo – ou pode voltar a este ponto ao fim
da leitura.
Claro que, no atual momento político, já era esperado que Jô
entrevistasse Dilma civilizadamente – pois há algum tempo ele vem se
posicionando em defesa dela – e que, após a entrevista, os famigerados
fanáticos de extrema-direita tratassem de agredir a ambos.
O ponto de vista deste blogueiro sobre uma entrevista ideal é aquela em
que o entrevistador faz ao entrevistado perguntas que ele possa
responder, não perguntas que não passem de provocações, pois, aí, não há
entrevista e, sim, debate.
Só para ilustrar a questão, confira, no vídeo abaixo, como foi que
entrevistei a presidente, ano passado. O áudio está um pouco ruim, mas
quem tiver um bom equipamento conseguirá ouvir.
Como se pode notar, apesar de ter feito uma questão que alguns dirão ser
favorável à então candidata à reeleição, houve, sim, um questionamento.
Critiquei o mutismo do governo e inclusive da presidente no que diz
respeito ao contraponto que precisava ser feito aos ataques da mídia. A
pergunta, basicamente, foi a seguinte:
— O seu segundo governo continuará apanhando calado?
Nesse aspecto, portanto, acho que Jô fez as perguntas certas. Apresentou
questões que os antagonistas da presidente fazem e a deixou dar a sua
versão dos fatos.
Claro que um certo jornalismo – coincidentemente, praticado pela mesma
emissora que emprega Jô Soares – não costuma agir assim – todos se
lembram da entrevista feita pelo âncora do Jornal Nacional, William
Bonner, durante a eleição presidencial do ano passado, em que não
deixava a entrevistada sequer responder às questões que fazia em tom
que, longe de questionador, foi, literalmente, insolente.
Isso que você assistiu acima – se é que teve estômago para rever – não é entrevista e muito menos jornalismo; é debate político.
Não me darei ao mau-gosto de reproduzir os piores ataques que Jô Soares
recebeu, pois a grande maioria foi agressiva não só à primeira
mandatária da nação, mas, também, ao gênero feminino. Mas alguns
exemplos mais “suaves” podem ser mostrados.
Como chegamos a isso? O que está acontecendo com Jô deveria servir de
exemplo a todos os comunicadores que hoje se unem a essa onda fascista;
no futuro, se contrariarem esses fanáticos, já sabem o que os espera.
Mas o fato é que não se pode negar que Jô, apesar de ter sido corajoso
em sair em defesa de Dilma, tem responsabilidade pelo que aconteceu e eu
nem preciso dizer por que.
Mas, assim mesmo, direi: por que, diabos, ele inventou o quadro
antipetista “As Meninas do Jô”? Ou melhor: por que montou esse quadro
com a configuração que vem se estendendo através dos anos, com
“petefóbicas” como Lilian Witte Fibbe, Ana Maria Tahan ou Lucia
Hippolito?
Todos se lembram muito bem do que elas fizeram ao longo dos anos, nesse
quadro. No julgamento do mensalão, por exemplo, foi um massacre.
Histriônicas, partidarizadas, transformaram o programa do Jô em uma
sessão de masturbação antipetista.
É óbvio que ajudaram a inocular veneno nas mentes frágeis desses
fanáticos que vilipendiaram como puderam o apresentador por ter
entrevistado a presidente da República com respeito e seriedade.
Não acredito que Jô não pudesse ter ao menos colocado jornalistas menos
partidarizadas nesse quadro. Poderia ter convidado, talvez, uma Cynara
Menezes, à época colunista da Carta Capital, por exemplo, para integrar
aquela bancada feminina de analistas políticas.
Lamento pelo Jô, pelos ataques que sofreu e pela mais do que provável
demissão que o aguarda ao fim do contrato com a Globo, ano que vem. Mas
não consigo entender por que ele serviu por tanto tempo a essa máfia
midiática e só agora decidiu se rebelar.