Informar de modo a permitir que compreendam por si os princípios metafísicos que estão por trás de todos os eventos bons e ruins que se manifestam em nossa realidade; princípios ocultos que estão enterrados debaixo de muito entulho político-religioso; econômico-social; histórico-cultural.
sábado, 15 de dezembro de 2018
JAIR COM SAUDADES
Por Arthur Andrade
Que saudade, hein Jair?
Daquele tempo em que você xingava sem reservas,
ameaçava mulheres, defendia torturas, atacava negros, gays, índios… e nada
acontecia. Tá bom… acontecia sim, uma frágil indignação da platéia que você
amava indignar.
Saudade do tempo em que você era o escroto folclórico,
o insano inconseqüente, o raivoso brincalhão e o mito para os seus iguais. Você
era o mito!!
Saudade do tempo em que você pedia impeachment aos
berros e com isso se sentia dono do mundo, o inatingível, o guerreiro sedento
por guerra.
Do tempo em que era o discípulo homenageando o herói
torturador e assim ganhava, no máximo, matérias assustadas. E você amava
assustar.
Saudade do tempo em que você, do baixo clero, podia
ser o ladrão invisível, o corrupto disfarçado, a reserva imoral, a mentira
deslavada. E nada acontecia. Ah quanta saudade, hein Jair!!
Saudade do tempo em que podia roubar sem ninguém ver,
empregar fantasmas ao bel prazer e distribuir dinheiro público com a família
sem ninguém perceber. Você era a insignificância produtiva.
Saudade do início do estrelato. Saudade dos gestos de
armas. Saudade de ser carregado. Saudade de provocar petistas, ciristas,
comunistas, socialistas e até capitalistas. Sim, você já foi nacionalista,
embora não conseguisse cantar o Hino Nacional.
Saudade, saudade de honrar a bandeira americana e
receber tapinhas de “meu querido escravo”.
E faz tão pouco tempo, não é?
Agora você olha pro lado e vê uma traíra. Olha pra
trás e vê uma arma engatilhada. Olha pra frente e vê o precipício.
Agora você está diplomado presidente do maior país da
América Latina. Um gigante que enxerga você como a formiga miúda e você olha
pro gigante como uma célula intestinal.
Agora você nem tem mais família. A família Bolsonaro
virou sinônimo de falcatrua. Então, Jair, isola a família.
Sua família oficial vai vigiar seus passos com
chicotes de 4 ou 5 estrelas. Sua família oficial vai massacrar seus dias e
noites com tarefas oficiais que você odeia, odeia, odeia.
Trabalhar, Jair, nunca foi seu forte.
Agora você vê os filhos fugirem das redes com medo do
povo. Agora você tem medo até do seu povo. E medo de abrir a boca, quem diria, você
que era um boquirroto incansável.
Seu silêncio durante o Hino Nacional foi esse medo da
boca, não foi Jair? Abrir a boca é um perigo, disseram a você. E você tem
saudade até disso, bons tempos da boca aberta sem medo da língua.
E comer porcarias? Nunca mais, Jair. Beber água, tomar
suco de caixa, uma pinga, nunca mais.
Porque seu medo chegou à comida. E comida é boca!
Você precisa de provadores. Você precisa de
seguranças, 12 mil. Você precisa de vigilantes, você precisa de sono. Você
precisa sumir. Dá vontade de sumir, não dá Jair?
E pensar que tudo o que você queria era brincar de
super herói.
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