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| Paulo traiu Jesus? |  
| Sem Paulo de Tarso, o cristianismo que você conhece não existiria. Agora surge a polêmica: ele é o herói que dissemin... |  
 
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Paulo de Tarso X Jesus Cristo
Carlos Antonio Fragoso Guimarães
 Embora quase sempre desconhecido do grande público – em parte
 devido à resistência dos chamados “líderes religiosos” -, o estudo 
crítico, histórico e acadêmico da Bíblia e, em especial, do Novo 
Testamento, desde o século XIX vêm trazendo à luz novas perspectivas de 
entendimento das chamadas escrituras sagradas. Entre as mais importantes
 descobertas existe a crescente percepção da contradição entre as 
mensagens de Jesus, profundamente ética e de cunho fraterno tal como 
encontrada nos evangelhos, especialmente em Mateus e Lucas, e o 
cristianismo de mera adesão proposto por Paulo de Tarso, o real fundador
 do cristianismo como sendo uma religião independente, formulada por um 
seguidor posterior que não conviveu com Jesus e tinha sérias diferenças 
com os seguidores que o conheceram e com ele conviveram.
  Pela análise do estilo literário e das colocações sociais de cada 
texto - que é uma das formas de se estudar o material que dispomos, já 
que não existem originais do século I, sendo as mais antigas cópias 
disponíveis, já datadas, do século II -, percebe-se que as chamadas 
“cartas paulinas” constituem o conjunto de textos cristãos mais antigos,
 sendo que, da coleção de 13 epístolas atribuídas a Paulo, as atualmente
 consideradas autênticas e redigidas por ele, em provavelmente cerca dos
 anos 50 - 60 da era comum, não chegam a ser nem a metade deste número. 
  Os evangelhos propriamente ditos, que se centram na vida
 de Jesus, são, contudo, historicamente, em determinados pontos, mais 
precisos que as observações de Paulo, que quase nunca fala da vida de 
Cristo. Constituem eles, os evangelhos, compilações de fontes orais e 
de, possivelmente, registros escritos perdidos (como, por exemplo, a 
fonte Q, tão citada pelos 
estudiosos acadêmcios e que pode ser, em parte, reconstituída, pelo 
material dos chamados evangelhos sinóticos: Marcos, Mateus e Lucas), 
compostas entre os anos 65-70 (data provável da composição do evangelho 
de Marcos) a até aproximadamente 95 ou 100 da era cristã (quando 
provavelmente foi escrito o evangelho atribuído a João, o mais místico, 
estilizado e distante da tradição corrente, mas que de fato é uma 
compilação de interpretações posteriores de uma comunidade de cristãos 
tardios, provavelmente baseadas muito levemente em tradições orais que 
remontam a algum discípulo de João).
  Como vimos, apesar de serem 13 o número de epístolas atribuídas a 
Paulo na maioria das Bíblias ocidentais, hoje a maior parte dos 
pesquisadores considera que apenas seis destas epístloas tenham sido 
formuladas pelo próprio, pois apresentam o mesmo estilo e pontos de 
semelhança, sendo as demais meras composições posteriores de discípulos 
que queriam validar sua importância como documentos atribuindo-os a 
Paulo. "Elas (as cartas não-paulinas) são muito diferentes em estilo literário e conteúdo",
 afirma o pesquisador Pedro Vasconcellos, da PUC. Para o conservadorismo
 das diversas Igrejas, no entanto, todas as cartas encontradas na 
Bílblia cristã clássica são de autoria de Paulo. As epístolas 
consideradas originais são: aos Romanos, 1 e 2 aos Coríntios, aos 
Gálatas, aos Filipenses, a primeira à Tessalônica e a endereçada a 
Filêmon.
  Por sua ação missionária em meios não judeus, a figura de Paulo de 
Tarso teve uma importância indiscutível na constituição do cristianismo 
(especialmente do cristianismo “paulino”) em sua ansiedade em construir 
uma teologia sobre Cristo (e não de Jesus), 
usando elementos próximos à do pensamento mitológico grego, 
transformando Jesus em um semi-deus, o que causou impacto na formulação 
da teologia ortodoxa posterior - inicialmente no Império mas, bem 
depois, mais especialmente na teologia protestante, o que é 
indiscutível. O problema real mais grave, contudo, surge quando 
comparamos os dizeres e visões teológicas de Paulo com os que são 
atribuídos ao próprio Jesus, pelos evangelhos, especialmente o de 
Mateus.
 Igualmente digno de nota é de que certamente Paulo não pensava que 
suas cartas acabariam por ir parar na Bíblia (ao menos naquilo que se 
transformaria Bíblia cristã). Elas eram produtos do interesse de Paulo 
em esclarecer problemas e situações das comunidades que ele tinha 
ajudado a criar, e não súmulas teológicas indiscutíveis a serem tomadas 
como regra. Só muito mais tarde alguém com alguma influência política as
 julgariam apropriadas para formarem parte do cânone do Novo Testamento.
 Paulo, como todos sabem, foi um aspirante a doutor da Lei (sacerdote
 graduado). Um judeu do século I, contemporâneo de Cristo, mas que nunca
 o vira pessoalmente durante seu ministério, e que, profundamente zeloso
 da ortodoxia judaica, de início foi perseguidor implacável dos 
primeiros cristãos. Contudo, esta atitude agressiva iria mudar 
radicalmente após Paulo (na época, Saulo) ter uma visão do Cristo 
pós-morte. Isso o abalou o suficiente para que passasse por uma crise 
religiosa, se convertendo ao cristianismo e se transformando de 
perseguidor a divulgador. Contudo, apesar do que diz supostamente Lucas 
nos Atos dos Apóstolos (escrito muitos anos após a morte de Paulo, 
provavelmente em torno do ano 75), Paulo não procurou nas fontes 
apropriadas, ou seja, nos discípulos diretos de Jesus, a base da sua 
própria mensagem. Ao invés disto, após um contato muito superficial com 
alguns discípulos menores – e não com os apóstolos, o que só se daria 
após três anos -, Paulo se afastou para pensar sobre sua experiência da 
visão que teve do ente que antes perseguira. Com estas reflexões ele 
também questionou sua herança formal judaica, para voltar três anos 
depois com toda uma visão pessoal já sedimentado do seria ou deveria ser
 o cristianismo, moldada com elementos judaicos e gregos (Paulo era 
cosmopolita). Só então, depois, teve contato com alguns dos apóstolos 
diretos de Jesus e, nas suas palavras, destes mais precisamente apenas 
Pedro e Tiago, “irmão do Senhor”, sem que este contato tivesse qualquer 
grande impacto na sua já cristalizada visão do cristianismo. Assim, 
lemos pela pena do próprio Paulo em Gálatas 1:16-20:
“Não consultei carne nem sangue, nem 
subi a Jerusalém aos que eram apóstolos antes de mim, mas fui à Arábia e
 voltei novamente a Damasco. Em seguida, após três anos, é que subi a 
Jerusalém para avistar-me com Pedro e fiquei com ele por 15dias. Não vi 
nenhum apóstolo, mas somente Tiago, o irmão do Senhor. Isso vos escrevo e
 asseguro diante de Deus que não minto.”
 O estudo crítico das epístolas junto com os novos textos descobertos
 no século XX daquela época mostra que ante o que pareciam ser elementos
 próprios de Paulo em muitas de suas cartas, as descobertas de textos 
antigos, como os famosos Manuscritos do Mar Morto (que, ao contrário do 
que muitos pensam, nada têm de cristãos) mostrou serem elementos de 
discussão comum entre a classe judaica mais instruída na época, 
especialmente as interpretações apocalípticas dadas à singularidade da 
vida e borá de Cristo (o apocalipsismo era uma mentalidade constante 
entre os judeus da época). Porém, muito mais sério do que isso, uma 
parte da visão “cristã” de Paulo parece chocar de frente com os próprios
 ensinamentos de Jesus. Isso fica mais grandemente visível no núcleo do 
pensamento paulino de que a simples justificação pela fé em Jesus, 
especialmente nos fatos de seu sacrifício e ressurreição, serem os 
únicos elementos que justificariam a salvação de um crente, doutrina 
arduamente abraçada pela maioria das igrejas e seitas evangélicas, mas 
que bate frontalmente com o que Jesus diz em Mateus em 25:31-45:
«Quando o Filho do Homem vier na sua 
glória, acompanhado por todos os seus anjos, há-de sentar-se no seu 
trono de glória. 32Perante Ele, vão reunir-se todos os povos e Ele 
separará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos
 bodes. 33À sua direita porá as ovelhas e à sua esquerda, os bodes.
34O Rei dirá, então, aos da sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! 
Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do 
mundo. 35Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de
 beber, era peregrino e recolhestes-me, 36estava nu e destes-me que 
vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo.’
37Então, os justos vão responder-lhe: 
‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com 
sede e te demos de beber?38Quando te vimos peregrino e te recolhemos, ou
 nu e te vestimos? 39E quando te vimos doente ou na prisão, e fomos 
visitar-te?’ 40E o Rei vai dizer-lhes, em resposta: ‘Em verdade vos 
digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a
 mim mesmo o fizestes.’
41Em seguida dirá aos da esquerda: 
‘Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado 
para o mal e para os seus anjos!42Porque tive fome e não me destes de 
comer, tive sede e não me destes de beber, 43era peregrino e não me 
recolhestes, estava nu e não me vestistes, doente e na prisão e não 
fostes visitar-me.’ 44Por sua vez, eles perguntarão: ‘Quando foi que te 
vimos com fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou na 
prisão, e não te socorremos?’ 45Ele responderá, então: ‘Em verdade vos 
digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a 
mim que o deixastes de fazer.’”
 O conhecido especialista em Novo Testamento Bart D. Ehrman reflete 
que esta passagem de Mateus “sugere que a salvação não é apenas uma 
questão de crença, mas também de ação, uma idéia absolutamente ausente 
do raciocínio de Paulo”. Poderíamos dizer ausente não apenas de Paulo, 
mas das igrejas “paulinas”, especialmente as atuais igrejas 
televangélicas. Na passagem de Mateus acima transcrita se percebe mesmo 
que os escolhidos (as “ovelhas”) podem sequer ter tomado conhecimento da
 vida de Jesus (“Senhor, quando foi que te vimos...”). Nos dizeres de 
Bart D. Ehrman,
 “As ‘ovelhas’ ficam perplexas (de terem sido escolhidas como 
herdeiras do Reino). Elas não se lembram sequer de ter encontrado Jesus,
 o Filho do Homem, quanto mais de fazer essas coisas por ele. Mas ele 
diz a elas: ‘Cada vez que fizeste a um desses meus irmãos mais 
pequeninos, a mim o fizestes’. Em outras palavras, é cuidando dos que 
têm fome, sede, estão nus, doentes e encarcerados que é possível herdar o
 Reino de Deus.
“Como essas palavras se coadunam com 
Paulo? Não muito bem. Paulo acreditava que a Cida eterna era dada 
àqueles que acreditavam na morte e ressurreição de Jesus. No relato de 
Mateus sobre as ovelhas e os bodes, a salvação é dada a quem nunca havia
 falar de Jesus. É dada a quem trata os outros de forma humana e 
carinhosa no momento de maior necessidade. É uma visão da salvação 
inteiramente diferente” (Bart D. Ehrman, “Quem foi Jesus? Quem Jesus não foi”, Ed. Ediouro, 2010).
  Portanto, segundo alguns pesquisadores – e entre eles, alguns 
teólogos mais esclarecidos – , existe material suficiente para suspeitar
 que Paulo divulgou uma doutrina “paulina” em franco contraste com a mensagem de Jesus. Paulo ajudou a cristalizar uma religião sobre Cristo e não de Cristo. Edgar Jones, autor do livro Paulo: O Estranho, diz que "Jesus
 de Nazaré deve ser cuidadosamente diferenciado do Jesus de Paulo. 
Gerações e séculos passaram até que a corrente paulina com seu forte 
apelo em favor do Império Romano ganhasse ascendência sobre a corrente 
apostólica". 
  O fato é que, até o século 4, existiam várias correntes 
de cristianismo, em linhas gerais divididas entre as que eram lideradas 
pelos discípulos de Paulo e outras atreladas, pelos seguidores, à 
tradição mais ligada aos apóstolos de Cristo. Uma que dava ênfase à 
transformação pessoal calcada na preocupação ética com o próximo a 
partir das mensagens éticas do evangelho e outra mais voltada para a 
conversão ideológica à própria figura de Jesus. Sobre essa divisão 
veja-se, por exemplo, a ênfase que está na epístola atribuída ao 
apóstolo Tiago, o irmão do Senhor – e que portanto, se for dele mesmo 
conheceu e conviveu com Jesus. Ainda que provavelmente a epístola não 
seja do Tiago apóstolo, parece ser de alguém que conhecia melhor os 
ensinos de Jesus que Paulo. Esta epístola dá a grande ênfase à caridade e
 às obras humanistas, criticando quem acha que apenas a fé o ajudará a 
purificar a alma e atingir o nível do Reino dos Céus, o que está 
concorde com o trecho de Mateus que já vimos. 
  Na epístola a Tiago atribuída, lê-se:
“14 Que aproveitará, irmãos meus, a 
alguém que tem fé, se não tiver obras? Acaso podê-lo-á salvá-lo a fé? 15
 Se um irmão, porém, ou uma irmã estiverem nus e lhes faltar o alimento 
diário, 16 e lhes disser algum de vós: Vá em paz, aquentai-vos e 
farte-se, e não lhes deres o que é preciso para o corpo, de que lhes 
aproveitará estas palavras? 17 Assim também a fé, se não tiver obras, é 
morta em si mesma”.
“18 Poderá logo alguém dizer: Tu tens a
 fé e eu tenho as obras. Mostrai-me tu a tua fé sem obras e eu te 
mostrarei a minha fé pelas minhas obras. 19 Tu crês que há um só Deus, 
fazes muito bem, mas também os demônios o crêem e tremem. 20 Queres tu, 
pois, saber, oh homem vão, que a fé sem obras é morta? (...) 24 Não 
vedes como é que é pelas obras que um homem é justificado e não somente 
pela fé? (...) 26 Porque bem como um corpo sem espírito é morto, assim 
também a fé sem obras é morta.”
  O professor Bart Ehrman, resumindo o pensamento da maioria dos 
pesquisadores e do que é mesmo ensina na maior parte dos centros de 
formação teológica de grandes universidades, chega mesmo a enfatizar 
que, de acordo com os indícios das palavras ou, ao menos do pensamento, 
do Jesus histórico:
“ As ‘ovelhas’ recebem sua recompensa celestial e eterna por todas as 
coisas boas que fizeram: alimentar os que tinha fome, vestir os 
despidos, cuidar dos doentes; os ‘bodes’ são punidos por não terem 
feitos boas ações. Um cristão posterior inventaria tal tradição? Após a 
morte de Jesus, seus seguidores alegaram que a pessoa se tornava justa 
perante Deus e receberia sua recompensa eterna ao [simplesmente] 
acreditar na morte e na ressurreição de Jesus, não fazendo boas ações. 
Portanto, essa hsitória (encontrada em Mateus 25) rema contra a corrente
 desse ensinamento, ao indicar que a pessoa será recompensada por suas 
boas ações. Logo: isso tem de remontar a Jesus.
“Em síntese, Jesus ensinou (...) que as pessoas (...) deveriam mudar seu
 comportamento e viverem como Deus esperava que vivessem. Isso envolvia o
 amor desinteressado pelos outros. Assim, Jesus teria cidade as 
Escrituras: ‘Amarás a teu próximo como a ti mesmo’ (Mateus 22:39, 
citando Levítico 19:118). Sua formulação da idéia é a Regra de Ouro: 
Tudo aquilo, portanto, que querei que os homens vos façam, fazei-o vós a
 eles” (Mateus 7:12). É difícil afirmar, de forma mais concisa, as 
exigências éticas da lei de Deus” (EHRMAN, 2010, “Quem foi Jesus, Quem Jesus não foi?”, PP. 177-178).
  Quando o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império 
Romano, especialmente com Teodósio, a corrente paulina saiu-se 
vitoriosa, especialmente porque uma das cartas (Romanos) de Paulo diz 
textualmente que os cristãos deveriam se submeter às autoridades 
constituidas, no caso, Roma. "As idéias de Paulo, afáveis aos 
dominadores, foram definitivamente incorporadas à doutrina cristã", diz 
Fernando Travi, teólogo evangélico. Ora, essa submissão passiva ás 
autoridades políticas soa estranha a um seguidor de um revolucionário 
morto por estas mesmas autoridades, com o aval das autoridades 
religiosos locais, por seu potencial perigo político. O teólogo 
franciscano Jacir de Freitas Faria, mestre em exegese bíblica pelo 
Pontifício Instituto Bíblico (PIB), de Roma, comunga da mesma opinião: 
"Paulo é uma figura basilar do cristianismo, mas não podemos deixar de 
ser críticos a ele nessa relação com o Império Romano".
 
 Outro ponto de controvérsia clássico sobre Paulo é a sua clara e nem
 sempre sutil opinião sobre as mulheres. Na carta endereçada à 
comunidade cristã de Colosso, ele escreve: "Quanto às mulheres, que elas
 tenham roupas decentes, se enfeitem com pudor e modéstia. (...) Durante
 a instrução, a mulher conserve o silêncio, com toda submissão. Não 
permito que a mulher ensine, ou domine o homem".
  
Postado por
Carlos Antonio Fragoso Guimarães
às
17:40
 
   
 
   
 
O homem que inventou Cristo
Para conquistar fiéis, ele fez concessões que desagradaram aos 
discípulos de Jesus – e ainda despertam acirradas discussões entre 
pensadores e religiosos.
por Yuri Vasconcelos
O mundo cristão não seria o mesmo sem a mensagem que São Paulo 
transmitiu ao Império Romano. Para conquistar fiéis, ele fez concessões 
que desagradaram aos discípulos de Jesus – e ainda despertam acirradas 
discussões entre pensadores e religiosos. Afinal, Paulo espalhou ou 
deturpou a palavra de Cristo?
Estamos no ano 34 da era cristã. Passaram-se poucos anos desde a 
crucificação de Jesus. Sua mensagem espalhou-se rapidamente por toda a 
Palestina e seus discípulos eram implacavelmente perseguidos, 
principalmente pelos judeus. Os seguidores de Jesus são acusados de 
heresia e traição à Lei de Moisés. Em Jerusalém, um jovem judeu chamado 
Saulo faz verdadeiras atrocidades com os cristãos. Persegue-os 
furiosamente, invade suas casas e os manda para prisão. Informado de 
que, a cada dia, cresce a comunidade cristã em Damasco, na Síria, pede e
 obtém do Sinédrio, o Supremo Tribunal da comunidade judaica de 
Jerusalém, cartas de recomendação aos rabinos daquela cidade, 
autorizando-os a caçar os hereges cristãos. Acompanhado de alguns 
homens, percorre a cavalo os cerca de 200 quilômetros até Damasco. 
Depois de sete dias de viagem, sob um sol escaldante, consegue 
finalmente avistar as muralhas da cidade.
Mas, de repente, uma forte luz vinda do céu incide sobre ele e 
assusta seu cavalo, que o joga no chão. Naquele instante, o jovem judeu 
ouve uma voz que diz: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”
Atônito, ele indaga: “Quem és, Senhor?” A voz responde: “Jesus, a 
quem tu persegues. Mas levanta-te, entra na cidade e te dirão o que 
deves fazer”.
O séquito de Saulo permanece mudo de espanto, sem entender de onde 
vem aquela voz. Saulo, por sua vez, ergue-se do chão, mas não consegue 
enxergar nada. Em Damasco, permanece três dias e três noites em jejum, 
refletindo sobre o estranho acontecimento, até ser visitado por Ananias,
 um discípulo de Cristo, que lhe diz: “Saulo, meu irmão, o Senhor me 
enviou. O mesmo que te apareceu no caminho por onde vinhas. É para que 
recuperes a vista e fiques repleto do Espírito Santo”. Nesse exato 
momento, duas escamas caem dos olhos de Saulo, que volta a ver. Em 
seguida, ele é batizado. Convertido, Saulo de Tarso tornou-se aquele que
 talvez tenha sido o mais importante difusor da palavra de Jesus: São 
Paulo.
O episódio acima, narrado em detalhes no livro Atos dos Apóstolos, do
 Novo Testamento, teria marcado radicalmente a vida de Paulo. Não é 
possível provar que ele tenha de fato acontecido. Os textos bíblicos são
 as únicas fontes disponíveis para se reconstituir a história do santo –
 acreditar neles é uma questão de fé. Tenha ocorrido de forma tão 
espetacular ou não, a conversão de Paulo mudou para sempre os rumos da 
religião cristã. Para muitos teólogos, Paulo foi um personagem 
fundamental nos primeiros anos do cristianismo. Seu trabalho de 
evangelização foi, em grande parte, responsável pelo caráter universal 
da doutrina cristã e sua mensagem, expressa em cartas enviadas às 
comunidades que fundava, ainda hoje é considerada o alicerce da 
jurisprudência, da moral e da filosofia modernas do Ocidente. Enquanto a
 maioria dos apóstolos que conviveram com Jesus restringiram sua 
pregação à Palestina, Paulo levou a palavra de Cristo para lugares 
distantes, como a Grécia e Roma.
Sua importância na construção da Igreja primitiva é tão grande que 
muitos estudiosos atribuem a ele o título de pai do cristianismo.
“Paulo desempenhou um papel maior na evangelização dos primeiros 
cristãos”, diz o biblista Jerome Murphy-O’Connor, professor da Escola 
Bíblica e Arqueológica de Jerusalém e um dos maiores estudiosos do 
santo. O historiador André Chevitarese, da Universidade Federal do Rio 
de Janeiro (UFRJ), especialista em cristianismo e judaísmo antigos, 
concorda: “O cristianismo, tal como existe hoje, deve muito a Paulo. Se 
não fosse o apóstolo, ele provavelmente não teria passado de mais uma 
seita judaica”. Isso não quer dizer que o trabalho dos 12 apóstolos 
tenha sido irrelevante, mas eles pregaram numa região, a Palestina, que 
viria a ser devastada pelos romanos entre os anos 66 e 70. “Sem dúvida, 
Paulo foi o apóstolo que teve maior repercussão com o passar dos 
séculos”, afirma o teólogo Pedro Lima Vasconcellos, professor do 
Departamento de Teologia e Ciências da Religião da Pontifícia 
Universidade Católica (PUC), de São Paulo.
O termo apóstolo, no sentido de evangelizador, é freqüentemente usado
 para se referir a São Paulo. Não há evidências históricas, entretanto, 
de que ele tenha conhecido Jesus Cristo.
A influência de Paulo é indiscutível. Mas, para uma corrente de 
historiadores e teólogos, ele deturpou os ensinamentos de Jesus Cristo –
 a ponto de a mensagem cristã que sobreviveu ao longo dos séculos ter 
origem não em Cristo, mas em Paulo. Esses pensadores julgam ser mais 
correto dizer que o que existe hoje é um “paulinismo”, não um 
cristianismo. “As cartas de São Paulo são uma fraude nos ensinamentos de
 Cristo. São comentários pessoais à parte da experiência pessoal de 
Cristo”, afirmou o líder pacifista indiano Mahatma Ghandi, em 1928. 
Opinião semelhante tem o prêmio Nobel da Paz de 1952, o alemão Albert 
Schweitzer, que declarou: “Paulo nos mostra com que completa indiferença
 a vida terrena de Jesus foi tomada”.
As principais críticas da corrente antipaulina concentram-se em 
pontos polêmicos das cartas do apóstolo. Nelas, entre outras coisas, 
Paulo defende a obediência dos cristãos ao opressivo Império Romano, bem
 como o pagamento de impostos, faz apologia da escravidão, legitima a 
submissão feminina e esboça uma doutrina da salvação distinta daquela 
que, segundo teólogos antipaulinos, teria sido defendida por Jesus. “A 
mentira que foi Paulo tem durado tanto tempo à base da violência. Sua 
conversão foi uma farsa”, afirma Fernando Travi, fundador e líder da 
Igreja Essênia Brasileira. Os essênios eram uma das correntes do 
judaísmo há 2 mil anos, convertidos na primeira hora ao cristianismo. 
“Ele criou uma religião híbrida. A prova disso é o mundo que nos cerca. 
Um mundo cheio de guerra, de sofrimentos e de desespero.”
Paulo: Judeu, grego e romano
Para entender melhor o papel de São Paulo na origem e construção do 
cristianismo é preciso voltar no tempo e acompanhar de perto sua vida. O
 principal relato sobre ele está presente nos Atos dos Apóstolos, livro 
escrito pelo evangelista Lucas, que foi também dos maiores discípulos de
 Paulo. Seus relatos, no entanto, não são considerados um retrato fiel 
dos acontecimentos. “Os Atos devem ter sido escritos cerca de 15 a 20 
anos após a morte de Paulo, quando ele já poderia estar caindo no 
esquecimento. Lucas, então, expressa uma visão romanceada do apóstolo, 
transformando-o em um herói ou, mais do que isso, em um modelo de 
discípulo”, afirma José Bortolini, padre da Congregação Pia Sociedade de
 São Paulo, mestre em exegese bíblica e autor do livro Introdução a 
Paulo e suas Cartas. Outra fonte de informação sobre o apóstolo são as 
cartas (ou epístolas) escritas por ele para as comunidades cristãs que 
tinha fundado.
Com base nessas duas fontes, sabemos que Paulo era um judeu detentor 
de cidadania romana, criado em um ambiente culturalmente grego.
Ele nasceu em Tarso, na Ásia Menor, onde atualmente está a Turquia. 
Era uma cidade grande, com mais de 200 mil habitantes, por onde passava 
uma estrada que ligava a Europa à Ásia. Situada na província romana da 
Cilícia, a Tarso de então era predominantemente grega – um dos mais 
efervescentes centros de cultura do mundo helênico, chegando a rivalizar
 com Atenas. Mas também era cosmopolita. Abrigava um porto fluvial 
movimentado e se impunha como um importante pólo comercial. Suas ruas 
estreitas viviam apinhadas de gente e suas casas abrigavam povos de 
várias regiões: egípcios, bretões, gauleses, núbios e sírios – além dos 
judeus (como a família de Paulo), que na época já haviam se assentado em
 várias cidades do império.
A cidadania romana, citada nos escritos de Lucas, é um ponto 
controverso da biografia de Paulo. Tê-la garantia alguns privilégios, 
como o direito de participar das assembléias que decidiam questões sobre
 a vida e a organização da cidade e a isenção do pagamento de alguns 
impostos. Os cidadãos romanos também não podiam ser crucificados, caso 
fossem condenados à morte. Segundo Lucas, Paulo herdara a cidadania do 
pai ou do avô, que a teriam obtido por mérito ou comprado por uma 
volumosa quantia. Mas o apóstolo nunca se declarou romano em suas 
cartas. Para o biblista Murphy-O’Connor, o silêncio é compreensível: 
“Não havia razão para Paulo mencionar sua posição social em cartas a 
comunidades que ele desejava convencer de que ‘nossa pátria está nos 
céus’ ”, escreve o teólogo no livro Paulo: Biografia Crítica. Cidadão 
romano ou não, Paulo provavelmente fazia parte de uma elite – seu pai, 
especula-se, era dono de uma oficina onde se fabricavam tendas. Ele 
mesmo, aliás, dominava esse ofício.
O ano exato do nascimento de Paulo, bem como a data dos principais 
acontecimentos de sua vida, são, ainda hoje, motivo de controvérsia. 
Muitos historiadores supõem que ele tenha nascido por volta do ano 5 da 
era cristã. Era, portanto, alguns anos mais novo do que Jesus – cujo 
nascimento, segundo descobertas históricas recentes, é datado entre 6 e 4
 a.C. Paulo foi educado na casa de seus pais, na sinagoga e na escola 
ligada a ela. Aos 15 anos, deixou Tarso e mudou-se para Jerusalém, onde 
matriculou-se na escola de Gamaliel, um dos sábios mais respeitados do 
mundo judaico. Paulo teve uma formação acadêmica de primeira – nos 
parâmetros atuais, algo equivalente a um doutorado em Harvard.
Nas tempos de estudante, Paulo presenciou uma situação que estaria na
 origem de sua “cristofobia”. Um dos alunos mais brilhantes era um jovem
 chamado Estêvão, um nazareno – nome dado aos que seguiam os 
ensinamentos de Cristo. Em uma discussão, Estêvão foi fiel a sua fé e 
declarou que Jesus era o messias: tal afirmação provocou a ira dos 
colegas, inclusive de Paulo. Pela blasfêmia, Estêvão foi levado diante 
do Sinédrio e condenado à morte por apedrejamento. Conforme o costume da
 época, as pessoas que iam apedrejar o condenado deveriam tirar suas 
próprias vestes e colocá-las aos pés de uma testemunha. No martírio de 
Estevão, a testemunha era Paulo.
A partir desse episódio, Paulo, que já era um intransigente defensor 
da lei e dos costumes judaicos, viu nos seguidores de Cristo uma ameaça 
real à sua própria religião. Foi então que passou a cultivar um ódio 
crescente pelos nazarenos e tornou-se um implacável perseguidor dos 
membros dessa seita. Depois de muito aterrorizar os cristãos de 
Jerusalém, decidiu agir na Síria. Foi quando aconteceu sua conversão no 
caminho de Damasco.
O missionário viajante
Paulo tinha cerca de 28 anos quando ocorreu seu encontro místico com 
Jesus. Depois de ter se tornado um fervoroso discípulo do Nazareno, 
viveu algum tempo na comunidade cristã damasquina, até ser expulso pelos
 judeus. Refugiou-se por cerca de dois anos na Arábia – território 
dominado pela tribo dos nabateus –, que se estendia do mar Vermelho até 
Damasco, margeando a Palestina pelo leste. Nesse período, estudou e 
refletiu sobre os ensinamentos de Cristo. Por volta do ano 37, retornou a
 Damasco, onde fez suas primeiras pregações. Mais uma vez, provocou a 
fúria da comunidade judaica e teve de deixar a cidade numa fuga 
cinematográfica. Como os portões da cidade estavam vigiados, ele 
escondeu-se num cesto que foi descido pelas muralhas. Era noite e Paulo 
andou por cinco horas até sentir-se a salvo. Após seis dias de 
caminhada, chegou a Jerusalém. Havia três anos que ele tinha deixado a 
cidade.
Os cristãos de Jerusalém o receberam com desconfiança. Afinal de 
contas, ainda estavam vivas na memória as atrocidades cometidas por 
Paulo. Coube a Barnabé, um ex-colega da escola de Gamaliel convertido ao
 cristianismo, apresentá-lo aos apóstolos. Foi nessa ocasião que 
aconteceu o primeiro encontro com Pedro, um dos discípulos mais próximos
 de Jesus. Durante 15 dias, eles permaneceram juntos. Mas não tardou 
para o Sinédrio saber que Paulo, agora cristianizado, havia voltado. 
Diante do perigo que corria em Jerusalém, Paulo mais uma vez teve de 
fugir: o destino foi Tarso, sua cidade natal, onde permaneceu por sete 
ou oito anos. Nada se sabe sobre sua vida nesse período.
Por volta de 45 d.C., convidado por Barnabé, Paulo mudou-se para 
Antióquia da Síria, onde a igreja dos nazarenos crescia rapidamente. 
Depois de Roma e Alexandria, no Egito, Antióquia era a terceira maior 
cidade do Império Romano. “Diferentemente do que acontecia em Jerusalém,
 onde os seguidores de Jesus ainda estavam ligados à lei e aos rituais 
judaicos, em Antióquia se respirava ar novo – lá, boa parte dos 
neocristãos vinha do paganismo”, afirma padre Bortolini. O termo 
cristão, como designação dos discípulos de Jesus, surgiu pela primeira 
vez nessa cidade. Esse fato reveste-se de importância porque pela 
primeira vez os seguidores de Jesus não são mais vistos como judeus 
dissidentes.
Foi de lá que Paulo – descrito em textos apócrifos como “um homem 
pequeno com uma grande cabeça careca” – partiu para sua primeira jornada
 missionária. Nessa ocasião, ele tinha cerca de 40 anos. Durante 12 
anos, de 46 a 58, Paulo empreendeu quatro viagens evangelizadoras, 
visitando boa parte do Império Romano, que se estendia da Grã-Bretanha 
ao Oriente Médio, passando pelo norte da África. Eram jornadas árduas, 
feitas a pé ou de navio, sempre na companhia de outros discípulos. 
Quando viajavam por terra, seguiam pelas estradas romanas, percorrendo 
30 quilômetros por dia. O perigo os espreitava, como escreve o apóstolo 
em uma de suas epístolas aos coríntios: “Sofri perigos nos rios, perigo 
por parte de ladrões, perigo por parte dos meus irmãos de raça, perigo 
por parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no 
mar, perigos por parte dos falsos irmãos”.
A estratégia pastoral de Paulo era bem definida. Pregava nas 
sinagogas, em casas e praças de grandes centros urbanos, que funcionavam
 como pólos irradiadores da mensagem. Ao sair, designava um líder 
responsável pelo rebanho. A primeira viagem, entre 46 e 48, foi feita em
 companhia de Barnabé e de Marcos, outro discípulo cristão, o mesmo a 
quem é atribuído um dos quatro evangelhos. Foram à ilha de Chipre e 
percorreram a Ásia Menor (veja mapa) antes de retornar a Antióquia. É a 
partir dessa primeira expedição que Paulo deixa de ser chamado pelo nome
 judeu Saulo – a mudança é narrada por Lucas no Ato dos Apóstolos, 13:9.
Antes de partir para a segunda viagem, Paulo foi intimado a 
participar do Concílio Apostólico de Jerusalém, em 49, que reuniu a nata
 do cristianismo primitivo. Foi um encontro tenso, onde, pela primeira 
vez, vieram à tona as divergências entre Paulo e o grupo de 
judeus-cristãos, tendo à frente Pedro e Tiago Menor, líder da comunidade
 cristã em Jerusalém. A assembléia discutiu assuntos delicados, como a 
obrigatoriedade da circuncisão para os pagãos convertidos ao 
cristianismo. A questão era importante e polêmica, pois a circuncisão 
era encarada como a porta de entrada do judaísmo. Ao aceitá-la, os 
convertidos assumiam que adotariam integralmente a cultura judaica. 
Paulo era contra, pois acreditava que o sacramento do batismo era 
suficiente para a conversão. Em suas pregações, ele encontrava forte 
resistência dos pagãos, que não entendiam por que deveriam se submeter 
ao ritual de iniciação judaico para tornar-se cristãos. Depois de 
acirradas discussões, Paulo saiu vitorioso.
Foi, em parte, por causa dessa liberalização que Paulo arrebanhou um 
número tão grande de fiéis. Ao final do encontro, Paulo recebeu a 
alcunha de “apóstolo dos gentios”, em contraposição a Pedro, chamado de 
“apóstolo dos judeus”.
A segunda jornada missionária começou depois do Concílio de Jerusalém
 e estendeu-se até 52. O ponto alto dessa jornada foi a pregação na 
Europa. Pela primeira vez, a palavra de Deus deixava a Ásia e 
espalhava-se por um novo continente. Paulo visitou várias cidades 
gregas, fundando importantes núcleos cristãos. “Foi por causa dessa 
passagem [da Ásia para a Europa] que o cristianismo sobreviveu e se 
desenvolveu”, argumenta padre Bortolini. Foi também nessa jornada que 
Paulo escreveu, em 51, a Epístola aos Tessalonicenses, o mais antigo 
documento do Novo Testamento. Nas cartas paulinas, o trabalho braçal 
ficava por conta de escribas: Paulo as ditava e as assinava de próprio 
punho para autenticar o documento. A maioria delas foi escrita em grego,
 mesma língua usada por Paulo em suas pregações. Esse era o idioma 
universal, comparável ao que hoje é o inglês.
O apóstolo também se expressava em hebraico, língua da elite judaica,
 na qual foi escrita a maior parte dos livros do Antigo Testamento, e em
 aramaico, a língua materna de Jesus e corrente na camadas populares da 
Palestina. Mesmo sendo poliglota, o apóstolo encontrava dificuldade para
 se comunicar em suas peregrinações, diante da multiplicidade de línguas
 e dialetos daquela época. Em muitas ocasiões, recorria a intérpretes.
Em uma de suas cartas, a Epístola aos Gálatas, percebe-se a tensão 
existente entre Paulo e os 12 apóstolos que conviveram com Cristo. Nela,
 Paulo afirma que “enfrentou abertamente [Pedro, em Antióquia], porque 
ele se tornara digno de censura”. O motivo da briga foram dois preceitos
 alimentares judaicos. Pedro defendia que os neocristãos não poderiam 
sentar-se à mesa com gentios – seus iguais até pouco antes. Deveriam 
também rejeitar sobras de carnes de animais sacrificados aos deuses 
pagãos. Paulo discordava e teve uma acirrada discussão com Pedro.
Na terceira viagem missionária, de 53 a 57, Paulo deteve-se por três 
anos em Éfeso, a capital da Ásia Menor. Lá, presume-se, esteve preso por
 alguns meses – ao longo de sua vida, o apóstolo deve ter permanecido 
quatro anos atrás das grades. Durante essa jornada, coletou dinheiro 
para os cristãos pobres de Jerusalém. No retorno à Terra Santa, não se 
sabe como foi recebido por Tiago, chefe da igreja de Jerusalém. Nem 
Lucas nem Paulo deixam claro se ele aceitou o dinheiro “impuro” da 
coleta. Sabe-se apenas que foi na volta a Jerusalém que Paulo foi preso,
 na praça do Templo, sob a acusação de introduzir gentios na sinagoga. 
Os judeus estavam furiosos com a presença do pregador na cidade e, 
temendo por sua segurança, o tribuno romano Cláudio Lísias o encarcerou 
de novo. Dessa vez, foi em Cesaréia, perto de Jerusalém, onde amargou 
dois anos de reclusão. Eis que ele pediu para ser julgado em Roma pelo 
imperador – direito conferido aos cidadãos romanos.
No outono de 60, o apóstolo foi enviado à capital imperial, uma 
cidade com quase 1 milhão de moradores. Paulo foi saudado pela 
comunidade cristã e permaneceu em prisão domiciliar, vigiada por 
soldados. Encontrava-se com as pessoas, mas não podia sair de casa. 
Aproveitou esse período para transmitir a palavra de Deus. Depois de 
dois anos de cativeiro, seu processo foi encerrado sem uma sentença 
condenatória.
Pouco se sabe a respeito dos anos seguintes da vida de Paulo, já que o
 Novo Testamento não dá indicações do que aconteceu com ele após a 
prisão em Roma. Mas, segundo a tradição, acredita-se que tenha 
empreendido uma viagem à Espanha ou visitado as igrejas cristãs que 
fundara na Grécia e Ásia Menor e retornado a Roma na primavera de 67. O 
império era chefiado por Nero, que anos antes havia ateado fogo na 
cidade e jogara a culpa pelo desastre nos seguidores de Jesus. Por isso,
 os cristãos eram duramente perseguidos e tinham que se reunir em 
catacumbas para escapar da fúria insana do imperador. Quando capturados,
 viravam presa para as feras do Coliseu. Ao deparar com essa situação, 
Paulo empenhou-se em reconstruir a comunidade. Não tardou e foi preso, 
acusado de chefiar a seita dos nazarenos.
Na prisão, escreveu sua derradeira carta ao discípulo Timóteo, um dos
 líderes da igreja de Éfeso. Ele sabia que não escaparia da morte. No 
outono daquele ano, foi levado pelos guardas para fora da cidade e 
degolado. No local de seu martírio foi construída a praça Tre Fontane e 
perto dali, junto ao seu túmulo, erguida a basílica de São Paulo 
Extramuros. Diz a lenda que, no momento de sua execução, uma cega de 
nome Petronila aproximou-se do apóstolo e lhe ofereceu um véu para 
cobrir-lhe o rosto. Paulo teria devolvido o véu à mulher e, quando ela o
 colocou sobre os seus próprios olhos, recobrou milagrosamente a visão. A
 conversão de Paulo é comemorada no dia 25 de janeiro. Foi uma escolha 
aleatória, já que não se sabe o dia exato de sua conversão.
Como a cidade de São Paulo foi fundada nesse dia, acabou recebendo o 
nome do santo. A festa de São Paulo é celebrada em 29 de junho, junto 
com a de São Pedro. Foi uma forma encontrada pela Igreja para 
homenagear, de uma só vez, os dois líderes máximos do cristianismo 
primitivo.
Cristianismo ou paulinismo?
As 13 cartas escritas por São Paulo sintetizam o pensamento do 
apóstolo, que viria a moldar a doutrina cristã. Elas foram redigidas 
entre os anos 50 e 60 e são os mais antigos documentos da história do 
cristianismo – os quatro evangelhos canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e
 João ficaram prontos apenas entre os anos 70 e 100. A influência do 
apóstolo na consolidação da doutrina cristã pode ser medida pelo fato de
 suas epístolas representarem quase metade dos 27 livros do Novo 
Testamento. Com elas, dizem os estudiosos, Paulo não tinha a pretensão 
de formular tratados teológicos. “Elas são resultado de experiências 
vivenciadas pelas comunidades paulinas”, afirma o André Chevitarese. Uma
 corrente de biblistas defende que nem todas foram de fato escritas por 
Paulo – algumas teriam sido redigidas por seus discípulos após a morte 
do apóstolo. “Elas são muito diferentes em estilo literário e conteúdo”,
 afirma Pedro Vasconcellos, da PUC. Para a Igreja, no entanto, todas as 
cartas são de autoria de Paulo.
Se são uma rica fonte de difusão da doutrina cristã, esses documentos
 são também a principal causa da controvérsia sobre o apóstolo. Na 
opinião de Fernando Travi, líder da Igreja Essênia Brasileira, a 
descoberta, no século passado, de escrituras datadas dos primeiros anos 
do cristianismo, como os Manuscritos do Mar Morto, o Evangelho dos 12 
Santos (ou da Vida Perfeita) e o Evangelho Essênio da Paz, indica que 
boa parte do conteúdo das cartas de Paulo está em oposição aos 
ensinamentos de Jesus (leia quadro na pág. 64). “Existem sérios indícios
 de que, como num plano de sabotagem, Paulo divulgou uma doutrina 
falsificada em nome do messias”, diz ele. Opinião parecida tem o pastor 
batista americano Edgar Jones, autor do livro Paulo: O Estranho. “Jesus 
de Nazaré deve ser cuidadosamente diferenciado do Jesus de Paulo. 
Gerações e séculos passaram até que a corrente paulina com seu forte 
apelo em favor do Império Romano ganhasse ascendência sobre a corrente 
apostólica”, diz o teólogo.
O fato é que, até o século 4, o cristianismo dividia-se em duas 
correntes distintas, uma liderada pelos discípulos de Paulo e outra 
pelos seguidores dos apóstolos de Cristo. Quando o cristianismo 
tornou-se a religião oficial do Império Romano, a corrente paulina 
saiu-se vitoriosa. “As idéias de Paulo, afáveis aos dominadores, foram 
definitivamente incorporadas à doutrina cristã”, diz Fernando.
Para os críticos de Paulo, um exemplo dessa “afabilidade” está 
presente na Epístola aos Romanos. “Cada um se submeta às autoridades 
constituídas, pois não há autoridade que não venha de Deus, e as que 
existem foram estabelecidas por Deus. Aquele que se revolta contra a 
autoridade opõe-se à ordem estabelecida por Deus”, escreve Paulo. E 
continua: “É também por isso que pagais impostos, pois os que governam 
são servidores de Deus”. “Essa passagem revela que ele estava a serviço 
das autoridades romanas. Jesus, por sua vez, se insurgia contra as leis 
de Estado”, afirma Fernando. Para os defensores de Paulo, esse texto foi
 tirado de seu contexto e tornou-se, ao longo dos séculos, uma teoria 
metafísica do Estado. “O texto só tinha valor para quem vivia em Roma, 
onde qualquer movimento de desobediência seria esmagado”, diz o teólogo 
Pedro Vasconcellos.
Para outros teóricos, deve-se diferenciar a doutrina religiosa 
paulina das opinões do apóstolo sobre a ordem social. “A teoria de 
Igreja de Paulo é fundamentada no antiautoritarismo, o que influenciou 
muito a doutrina protestante. Na sua igreja, a idéia de liberdade é 
plena, mas quando ela é extrapolada para o meio social, surge o seu 
conservadorismo”, diz o pastor luterano Milton Schwantes, professor da 
Universidade Metodista de São Paulo e doutor em literatura bíblica. O 
sacerdote franciscano Jacir de Freitas Faria, mestre em exegese bíblica 
pelo Pontifício Instituto Bíblico (PIB), de Roma, comunga da mesma 
opinião: “Paulo é uma figura basilar do cristianismo, mas não podemos 
deixar de ser críticos a ele nessa relação com o Império Romano”.
Outro ponto controverso das epístolas paulinas refere-se à defesa que
 seu autor faz da escravidão. Na Epístola aos Efésios, Paulo é taxativo:
 “Servos, odedecei, com temor e tremor, em simplicidade de coração, a 
vossos senhores nesta vida, como a Cristo”. Para os antipaulinos, o 
apoio dado pelo apóstolo à escravidão tem sido usado pela Igreja ao 
longo dos séculos para legitimar situações espúrias de dominação e 
diverge radicalmente da palavra de Cristo, que pregava um mundo livre de
 opressões. A corrente pró-paulina argumenta, mais uma vez, que é 
preciso analisar o contexto histórico para entender seus escritos: “Sua 
falha em condenar a escravidão torna-se compreensível quando sabemos que
 cerca de 60% da população de qualquer cidade grande daquele tempo era 
formada por escravos. Toda economia estava estruturada em torno desse 
fato e, por isso, uma atitude crítica seria incompreensível”, afirma o 
biblicista Jerome Murphy-O’Connor, de Jerusalém.
O apóstolo dos pagãos também é bombardeado por suas posições a 
respeito das mulheres. Na carta endereçada à comunidade cristã de 
Colosso, ele escreve: “Quanto às mulheres, que elas tenham roupas 
decentes, se enfeitem com pudor e modéstia. (...) Durante a instrução, a
 mulher conserve o silêncio, com toda submissão. Não permito que a 
mulher ensine, ou domine o homem”. Suas palavras atraem até hoje a ira 
das feministas, que o acusam de misoginia. Seus defensores, por outro 
lado, argumentam que , ao contrário, ele incentivava a participação das 
mulheres na vida social. “Paulo acreditou firmemente na igualdade entre 
os sexos e, em suas igrejas, as mulheres exerciam todos os ministérios. 
Alguns exegetas munidos de preconceito interpretaram erroneamente os 
textos paulinos”, diz Murphy-O’Connor.
Outro petardo disparado pelos críticos diz respeito à doutrina da 
salvação defendida por Paulo. “Paulo diz que os pecados são perdoados se
 a pessoa acreditar que Jesus morreu na cruz por ela. É a doutrina da 
salvação em que o herói derrama seu sangue e todos são perdoados por 
causa dele. Enquanto isso, Jesus diz: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a 
vida’. Para Jesus, a salvação será dada àqueles que seguirem seus 
ensinamentos”, afirma Fernando Travi. Os defensores de Paulo discordam e
 afirmam que o apóstolo foi mais uma vez mal interpretado.
“Creio que houve uma transformação conservadora da mensagem de Paulo.
 Temos que libertá-lo das idéias errôneas a seu respeito perpetuadas ao 
longo dos séculos”, diz Pedro Vasconcellos, da PUC.
Conservador ou radical, fiel ou não a Jesus Cristo, São Paulo foi, 
sem dúvida, um dos poucos evangelizadores – se não o único – a fazer o 
cristianismo passar da cultura semita à greco-romana, possibilitando que
 ela se tornasse uma religião mundial. “Ele criou condições para que 
povos não-judaicos, ao receberem a mensagem de Deus, fossem inseridos de
 forma igualitária na comunidade cristã”, afirma o André Chevitarese, da
 UFRJ. Sem Paulo, considerado por muitos o pai do cristianismo, a 
história da humanidade teria tomado outro rumo. A Idade Média, marcada 
pela força da Igreja Católica, ocorreria de outra forma e o mundo em que
 vivemos seria totalmente diferente. Nada seria como é.
Para saber mais
Na livraria
Paulo – Biografia Crítica, Jerome Murphy-O·Connor, Edições Loyola, 1996
Introdução a Paulo e suas Cartas, José Bortolini, Paulus, 2001
Paulo Apóstolo: Um Trabalhador que Anuncia o Evangelho, Carlos Mesters, Paulus, 2002
Libertando Paulo: A Justiça de Deus e a Política do Apóstolo, Neil Elliott, Paulus, 1998
Na internet
Paul – The Stranger (livro eletrônico de Edgar Jones sobre a vida de Paulo)
http://www.voiceofjesus.org/b2tableofcontents.html
Quem é quem no cristianismo
Conheça os principais personagens da igreja primitiva cristã
O FUNDADOR
Jesus:
Filho de Deus, concebido por Maria, nasceu por volta de 5 a.C. e 
pregou exclusivamente na Palestina. Morreu na cruz em torno de 30 d.C.
A LINHA DE FRENTE
Pedro:
Era o líder dos 12 apóstolos. Pedro, que negou Jesus por três vezes, 
foi o primeiro papa da Igreja Católica. Dois livros do Novo Testamento 
(Primeira e Segunda Epístola de São Pedro) são creditados a ele. Segundo
 a tradição cristã, foi crucificado e morto por volta de 64 d.C. em Roma
Os apóstolos:
Além de Pedro, o grupo dos 12 apóstolos que conviveram com Jesus era 
formado pelos evangelistas João e Mateus, por André, irmão de Pedro, 
Bartolomeu, Filipe, Tomé, Tiago Maior, irmão mais velho de João, Simão, 
Tiago Menor e seu irmão Judas Tadeu e Judas Iscariotes. Depois da 
traição de Iscariotes, Matias, que havia convivido com Jesus, tomou seu 
lugar e passou a ser considerado do time dos 12 apóstolos
Tiago:
Identificado na Bíblia como o irmão de Jesus, é o principal líder da 
comunidade cristã de Jerusalém. Escreveu uma das cartas do Novo 
Testamento (Epístola de São Tiago). Segundo os historiadores, foi 
apedrejado até a morte pelos judeus por volta do ano 62 d.C.
OS EVANGELISTAS
Mateus:
Apóstolo de Cristo, é considerado o autor do primeiro dos quatro 
evangelhos, escrito por volta de 80 d.C., 50 anos depois da morte de 
Jesus. Antes de sua conversão ao cristianismo, Mateus exercia a função 
de coletor de impostos
João:
O mais jovem dos apóstolos escreveu o quarto evangelho. Era 
considerado o discípulo amado de Jesus e foi o único dos 12 apóstolos 
que não o abandonou na hora de sua morte. No Novo Testamento, é autor 
também de três epístolas e do Apocalipse
Marcos:
Também chamado de João Marcos, foi autor do segundo evangelho, 
escrito em Roma pouco antes do ano 60 da Era Cristã. Ele não chegou a 
conhecer pessoalmente Cristo e, segundo estudiosos, escreveu o evangelho
 a partir de informações de Pedro
Lucas:
Autor do terceiro evangelho e dos Atos dos Apóstolos, não conviveu 
com Jesus. Nasceu pagão e pouco se sabe sobre sua vida pessoal e 
conversão ao cristianismo. Muito ligado a Paulo, é identificado por este
 como médico
O MISSIONÁRIO
Paulo:
Um dos mais influentes personagens dos primeiros anos do 
cristianismo, não chegou a conhecer Jesus. Nasceu em torno de 6 d.C. e 
converteu-se ao cristianismo quando tinha cerca de 28 anos. Viajou por 
quase todo o Império Romano disseminando a palavra de Cristo e morreu 
decapitado por volta de 67 d.C., em Roma
GRUPO DAS MULHERES
Sabe-se muito pouco sobre o que elas fizeram, mas os estudiosos 
concordam que Maria Madalena, Maria de Cleófas, Marta e Joana, entre 
outras, tiveram um papel importante na origem do cristianismo. Nesse 
time, cabe destacar o papel de Maria Madalena, que é citada nos 
evangelhos nas passagens da crucificação e da ressurreição de Jesus
Paulo, no tempo e no espaço
O apóstolo dos gentios fez quatro viagens missionárias: conheça o percurso de cada uma delas
Tarso:
Terra natal de Paulo, era um dos mais importantes núcleos do Império 
Romano na Ásia. Ficava na fronteira do Ocidente e do Oriente e tinha um 
ar cosmopolita e multicultural
Jerusalém:
Principal centro do cristianismo, foi onde Paulo recebeu sua educação
 religiosa, na escola de Gamaliel. A cidade também foi sede do Concílio 
Apostólico (49), que liberou os neocristãos advindos do paganismo da 
circuncisão
Damasco:
Cidade na Síria para onde Paulo se dirigia quando teve uma visão de 
Jesus e converteu-se como um de seus mais ardorosos discípulos
Antióquia da Síria:
Depois de Jerusalém, foi aqui que surgiu a mais importante comunidade
 cristã da Antiguidade. A igreja de Antióquia era formada principalmente
 por pagãos convertidos, ao contrário de Jerusalém, composta quase 
exclusivamente por cristãos-judeus
Cesaréia:
Paulo permaneceu encarcerado nessa cidade durante dois anos, entre 58
 e 60, depois que foi preso na praça do Templo, em Jerusalém. Em 
seguida, foi levado para Roma
Chipre:
Primeira parada de Paulo em sua viagem missionária inaugural, em 46. 
Era a terra natal de Barnabé, aparentemente o líder da jornada
Éfeso:
O apóstolo passou mais de dois anos em Éfeso, grande centro cultural e
 comercial da Ásia. Foi uma estadia mais longa do que o habitual. 
Provavelmente ele esteve preso por algum tempo na cidade
Filipos:
Primeira grande cidade do continente europeu visitada por Paulo, em 
sua segunda viagem missionária, que durou de 49 a 52. Aqui nasce a 
primeira comunidade cristã da Europa
Tessalônica:
Principal localidade da Macedônia, tinha uma população formada por 
gregos, romanos, judeus e orientais. Paulo fundou uma importante igreja 
no local
Atenas:
Capital cultural do mundo grego, foi visitada por Paulo durante sua 
segunda jornada de peregrinação. Sua pregação na cidade não foi bem 
recebida
Corinto:
Paulo viveu por 18 meses na cidade (do inverno de 50 ao verão de 52),
 que abrigava uma população de 500 mil habitantes. Foi aqui que ele 
escreveu a Primeira Epístola aos Tessalonicenses, considerada o mais 
antigo livro do Novo Testamento
Roma:
Paulo chegou preso a Roma em 60. Ficou na cidade cerca de dois anos, 
em prisão domiciliar. Depois de solto, deve ter ido à Espanha. Retornou à
 capital do império em 67, quando foi novamente preso e decapitado
Ano a ano, a vida dos apóstolo
Cerca de 5 ou 6 d.C.
Nasce em Tarso, importante cidade da Ásia Menor
20
Muda para Jerusalém para estudar na escola do rabino Gamaliel
34
Converte-se ao cristianismo
37
Faz suas primeiras pregações em Damasco. Volta a Jerusalém como cristão, mas, perseguido pelos judeus, foge para Tarso
37 a 45
Permanece em Tarso
45
Visita, a convite de Barnabé, a igreja da Antióquia, a segunda mais importante para os cristãos depois da de Jerusalém
46 a 48
Faz sua primeira viagem apostólica em companhia de Barnabé e Marcos
49
Participa do Concílio Apostólico de Jerusalém
49 a 52
Faz a segunda viagem apostólica, agora com Timóteo e Lucas
53 a 57
Faz a terceira viagem apostólica. Permanece quase três anos em Éfeso
57
É preso pelos romanos em Jerusalém
60
É enviado como prisioneiro a Roma
63
É solto por falta de provas. Parte em uma missão infrutífera à Espanha
Cerca de 67
Retorna a Roma e é preso mais uma vez. É executado por degolamento
Pregação controversa
As supostas contradições entre os ensinamentos de Cristo e de Paulo
Sobre A obediência ao Estado
O que Cristo teria dito: “Cuidarei e protegerei o fraco e aqueles que
 são oprimidos e todas as criaturas que sofrem injustiça.” Evangelho dos
 12 Santos, Ensinamento 46:18*
O que Paulo disse: “Cada um se submeta às autoridades constituídas, 
pois não há autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram 
estabelecidas por Ele.” Epístola aos Romanos, 13:1-3
Sobre a escravidão
O que Cristo teria dito: “Protegereis o fraco (...) Deus mandou-me 
ajudar os quebrantados, para proclamar a liberdade dos cativos.” 
Evangelho dos 12 Santos, Ensinamento 13:2
O que Paulo disse: “Servos, odedecei, com temor e tremor, em 
simplicidade de coração, a vossos senhores nesta vida, como a Cristo; 
servindo-os, não quando vigiados, para agradar a homens, mas como servos
 de Cristo, que põem a alma em atender à vontade de Deus.” Epístola aos 
Efésios, 6:5-6
Sobre a submissão feminina
O que Cristo teria dito: “Em Deus, o masculino não é sem o feminino, 
nem o feminino sem o masculino (...) Deus criou a espécie humana na 
divina imagem macho e fêmea (...) Assim, devem os nomes do Pai e da Mãe 
ser igualmente reverenciados.” Evangelho dos 12 Santos, Ensinamento 
52:10
O que Paulo disse: “Sede submissos uns aos outros no temor de Cristo.
 As mulheres o sejam a seus maridos, como ao Senhor, porque o homem é 
cabeça da mulher, como Cristo é cabeça da Igreja e o salvador do Corpo.”
 Epístola aos Efésios, 5:21-23
Sobre o doutrina da salvação
O que Cristo teria dito: “Mas eis que um maior que Moisés está aqui, e
 Ele vos dará a mais alta Lei, ainda a perfeita Lei, e esta Lei 
obedecerás. (...) Aqueles que acreditam e obedecem salvarão suas almas, e
 aqueles que não obedecem as perderão. Pois digo a vós, a não ser que 
vossa justiça sobrepuje a dos escribas e fariseus, não entrareis no 
Reino do Céu.” Evangelho dos 12 Santos, Ensinamento 25:10
O que Paulo disse: “Se com tua boca confessares Jesus como Senhor, e 
em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás 
salvo. ” Epístola aos Romanos, 10:9
* O Evangelho dos 12 Santos é um texto apócrifo do início do 
cristianismo, supostamente escrito pelos 12 apóstolos. Ele não é 
reconhecido pela Igreja.
 
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