terça-feira, 17 de dezembro de 2019

O presidente energúmeno diz que energúmeno é quem nunca é.

A personagem de porta de palácio, ao desejar escrachar Paulo Freire, de fato chamou o presidente de energúmeno, pois nenhuma acepção tem a ver com Paulo Freire de acordo com a consciência do mundo inteligente.


Nós não temos presidente!
revistaforum17 de dezembro de 2019 12:55


Novamente o ocupante do palácio brasiliense vem à porta de entrada e, fortemente vigiado, vocifera no breve capítulo da farsa iniciada em janeiro deste ano e rejubila diante das risadas dos bajuladores. Os cinegrafistas e seus colegas de profissão captam alguns dados tópicos, algumas frases canhestras no português sórdido do palaciano e carregam para as editorias, que buscam repercussão.
Sistematicamente, a personagem farsesca reclama de um governo dirigido por seu homônimo, questiona projetos de lei que se encontram no domínio de outro poder, fala mal de quaisquer instituições que não pensam como ele, nega a ciência e a cultura, fala em mudar propostas feitas pelo próprio governo, o homônimo. A personagem farsesca não é o presidente; é outro. Pouca gente acredita que poderia ser.
Nos movimentos farsescos de todo dia, vivos e mortos são citados sem nenhum respeito, com tal intensidade e picardia que quase ninguém é capaz de se espantar ou se horrorizar. Religiosos de diversa estirpe gargalham e levantam as mãos como quem abençoa a peça farsesca. Nem mesmo a antiga exigência de que alto ocupante de palácio brasiliense deveria ter nível de estadista está em vigor. Tudo se transformou em farsa a partir da personagem que fala aos bajuladores quase todas as manhãs, sem outros compromissos.
As diversas plataformas de mídia repetem falas tópicas da personagem de porta de palácio e tratam o assunto seriamente, em nome de suposta ética interna às redes emissoras. Via de regra os jornalistas nunca questionam aquela forma de baixa comédia, pois se acostumaram a não ser ouvidos, fenômeno seguido pela maioria dos congressistas, visto que seus interesses são satisfeitos de alguma maneira. Evidentemente, os membros das altas cortes de justiça não se aproximam das falas e nada mudam em sua lenta caminhada de justiça, pelo menos enquanto não são totalmente envolvidos pela farsa.
No entanto, o pseudo-comediante diz coisas gravíssimas. Tanto maltrata a língua diante de aprendizes, crianças e adolescentes, quanto maltrata pessoas e imagens sem nenhum pudor, com uso de linguagem jamais vista e ouvida, exemplo vivo da falta de educação e da miséria cultural.
Parece existir um pacto infernal no mundo da farsa. Silêncio, risadinha entre dentes, atitude de respeito para inglês ver, obediência aos interesses do patronato que acumula recursos e mesmo o medo, aquele medo drummondiano que paralisa e amarela todas as relações humanas. Aos poucos, a federação vai virando um show de farsas variadas.
E a farsa segue. A última fala farsesca incluiu uma palavra talvez desconhecida do suposto comediante: energúmeno. O homônimo de presidente pensou em se referir ao educador Paulo Freire e ganhou novas risadas, audíveis nos microfones das mídias. Risadas esborrachadas e amplas, bocas abertas para alegrar o ator e para confirmar sua verdade. Risadas iguais às dos magnatas e industriais tidas e havidas quando o ator se referiu à garota Greta Thunberg. Machado de Assis precisaria de todo o seu engenho e arte para descrever a farsa nacional.
Energúmeno
A mídia que ainda se dá ao trabalho de sair das salas da vociferação, que é a minoria, busca repercutir. E me entristece vendo D. Nita Freire respondendo seriamente à farsa. Sim, ela fez bem, ainda que ela também saiba que respostas sérias diante da farsa nada significam, pois o enunciado sério deve ser coisa de adversários e esquerdistas, que de nada vale na leitura da farsa nacionalizada.
Não adianta mais tratar do papel histórico daquele que foi chamado de energúmeno. Nem a importância mundial de sua pedagogia. Muito menos que Paulo não criou um método, mas uma série de caminhos didático-pedagógicos que ampliam a comunhão entre aprendentes e ensinantes e os levam a um aprendizado alegre, rigoroso cientificamente, consciente do pertencimento social e consequente progresso da sociedade educada. Enfim, uma educação amorosa e inovadora. Ah, bom lembrar: jamais foi praticada no Brasil, pois a ditadura impôs sua ausência e os governos democráticos simplesmente tiveram medo de botar a mão na cumbuca da educação para a liberdade. No entanto, agora Paulo está presente (até sem ser citado, porque raras pessoas no Brasil o leram) nas escolas ricas dos pais ricos deste país, chamado de ensino por projetos centrado no aluno, com significativa valorização do professor, da professora.
Não, isso não adianta. Mas também não adianta rogar pragas e dizer que o espírito do Paulo virá puxar as pernas da personagem farsesca. De fato, não puxará, pois deve ter coisas lindas para fazer no mundo ativo dos grandes espíritos.
Energúmeno. Os melhores dicionários oferecem ao menos 5 acepções e a literatura mundial repercute tais acepções. Vejamos em Sacconi. 1. O obsessivo que se irrita e perde o equilíbrio emocional; 2. Aquele que só comete desatinos ou disparates; 3. Homem violento e extremista; 4.Homem muito ignorante ou desprovido de inteligência; 5. Aquele que é incapaz de fazer algo corretamente; 6. Homem possuído pelo demônio, possesso.
Ao fim e ao cabo, só há uma janela nesses argumentos farsescos, isto é, a personagem de porta de palácio, ao desejar escrachar Paulo Freire, de fato chamou o presidente de energúmeno, pois nenhuma acepção tem a ver com Paulo Freire de acordo com a consciência do mundo inteligente. O jogo da farsa só se resolve com a culpabilidade do “outro” farsesco. Não podendo ser Freire, é o outro eu, o eu outro da farsa.
Quanto ao presidente ofendido, ele nunca foi visto. Dizem que foi eleito, mas jamais apareceu. Ele não está em seu papel de representante do Estado. De fato, ele não é. O pais terá de esperar por um presidente.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.

Salvados - Julian Assange, el fundador de Wikileaks

A LAVA JATO E SUAS VÍTIMAS

Não se pode ignorar, honestamente, a precisão do diagnóstico do ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, sobre alguns aspectos relevantes da vida nacional. 

As verdades ditas por Dias Toffoli
vermelho17 de dezembro de 2019 00:38


Publicado 17/12/2019 00:09 | Editado 17/12/2019 00:10
Não se pode ignorar, honestamente, a precisão do diagnóstico do ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, sobre alguns aspectos relevantes da vida nacional. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, ele disse que “o Ministério Público deveria ser uma instituição mais transparente” e que “a Lava Jato destruiu empresas”. Afirmou, também, que o presidente Jair Bolsonaro mantém “um discurso permanente para a base que o elegeu”.
No primeiro caso, é incontestável que o setor do Ministério Público Federal que se ligou à Lava Jato não prima pela transparência. Com a responsabilidade do cargo, Toffoli usou essa palavra e a generalização da instituição para não demarcar com ênfase a divergência, mas, sem a sua diplomacia, o que se vê nesse setor lavajatista é um misto de prepotência e ilegalidades. A troca de mensagens entre seus integrantes revelada pelo site The Intercept Brasil demonstra o quanto os procuradores da força-tarefa da Lava Jato ignoram regras elementares do processo penal e atuam com objetivos claramente políticos.
As prerrogativas constitucionais não concedem a esses procuradores poderes para praticarem abusos de autoridade, além de ilícitos como acertos prévios com setores da mídia para vazar informações, muitas vezes distorcidas ou inconclusas, prejudicando pessoas e instituições. Acusações e denúncias infundadas, baseadas em ilações de conteúdo político e ideológico, também são recorrentes.
Aqui estão provas de que a vigência do Estado Democrático de Direito não é observada. Criou-se um circuito em que proteções mútuas inviabilizam o rigor dos órgãos fiscalizadores do próprio Ministério Público. Com essa conduta, foram tomadas decisões à revelia das instituições democráticas, longe dos olhos da democracia, como se fosse permitido a formação de uma espécie de poder paralelo.
Sem a observância da transparência ditada pelo Estado Democrático de Direito, vêm os abusos. E um deles – dentre tantos – é o lembrado por Toffoli. Em nome de uma falso combate à corrupção, a Lava Jato devastou empresas estratégicas para o desenvolvimento tecnológico e econômico do país. A reação intempestiva e petulante de integrantes da força-tarefa de Curitiba à fala de Toffoli mostra o grau de descompromisso também com as questões nacionais.
Sobre o “discurso permanente” de Bolsonaro, o presidente do STF fez apenas uma constatação. A referência à “base que o elegeu” pode ter uma conotação que dá bem a medida do projeto de poder e do programa de governo que venceram as eleições de 2018. O bolsonarismo conta com a Lava Jato como o seu verdadeiro partido político, uma relação que tende a evoluir para algo ainda mais autoritário.
Surge, nessa composição, o aspecto mais essencial do momento: a democracia. Sua defesa, embora ainda algo difuso, já mobiliza vastos setores e tende a se ampliar. Esse é um ponto que pode encalacrar o governo Bolsonaro e gerar contradições com o seu programa de governo, alicerçado, basicamente, na agenda neoliberal e neocolonial do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Bolsonaro se conflita com setores da ampla aliança que o opiou em 2018 no aspecto democrático, mas é firmemente apoiado quando o assunto é a agenda de Paulo Guedes. A “base que o elegeu”, como se vê, tem complexidades que podem avançar para contradições, gerando crises políticas imponderáveis. Não há dúvida de que a democracia, nessa simbiose Bolsonaro-Lava Jato, corre graves riscos. Daí a conclusão de que a sua defesa é a tarefa mais premente.


A LAVA JATO FALIU SIM

Consórcio de Curitiba reage à entrevista de Toffoli, que ganha defesa de advogados
Consultor Jurídico16 de dezembro de 2019 19:34


Em entrevista publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira (16/12), o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, teceu fortes críticas à força-tarefa da “lava jato” e ao Ministério Público Federal.
Deltan Dallagnol criticou nas redes sociais entrevista de Dias Toffoli ao Estadão Fernando Frazão/Agência Brasil
Dentre outras coisas, o ministro afirmou que a operação “destruiu empresas”, o que “jamais aconteceria nos Estados Unidos, jamais aconteceu na Alemanha”, e que o MPF “deveria ser uma instituição mais transparente”.
A fala incomodou procuradores do consórcio em Curitiba. Em sua conta no Twitter, o procurador da República Deltan Dallagnol disse que a declaração de Toffoli é uma "irresponsabilidade", e que culpar a operação pela destruição de companhias “é fechar os olhos para a crise econômica relacionada a fatores que incluem incompetência, má gestão e corrupção”.
Roberson Pozzobon também defendeu a operação e atacou Toffoli. “Interessante comentário de quem determinou a instauração de inquérito no STF de ofício, designou relator ‘as hoc’ e impediu por meses o MP de conhecer a apuração”, disse em sua rede social.
Para advogados ouvidos pela ConJur, a fala dos procuradores desrespeita a Suprema Corte, desconsidera uma série de irregularidades cometidas durante a operação e ignora a espetacularização criada em torno do consórcio criado a partir da 13ª Vara Criminal de Curitiba, ainda sob o comando do então juiz federal Sergio Moro.
Para o advogado criminalista e professor universitário Alberto Zacharias Toron, a operação de fato comprometeu empresas brasileiras, colocando em risco uma série de postos de trabalho. Toron foi o responsável pela defesa do ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine. Foi durante a atuação dele neste caso que se firmou a tese de que delatados devem falar após delatores. A determinação ameaça muitas das decisões proferidas pelo consórcio da capital do Paraná.
“O ministro Dias Toffoli, com coragem e muita lucidez, colocou a nu a pior das mazelas da ‘lava jato’: a destruição das empresas nacionais e de empregos essenciais à sobrevivência de muitos trabalhadores. Se a afirmação dessa verdade incomoda os que não tiveram a visão estratégica de preservar a economia, o melhor é relegá-los ao desprezo”, afirma Toron.
O advogado criminalista Bruno Salles Ribeiro diz ser evidente a importância do combate à corrupção. No entanto, de acordo com ele, o Brasil não pode deixar de apurar os delitos causados no decorrer da operação.
“Trata-se de atos de espetacularização que causam danos de imagem em corporações que jamais acabaram por ser responsabilizadas. Trata-se de bloqueios de bens em valores e extensões desarrazoadas que levaram empresas à falência antes mesmo da apuração da responsabilização de seus dirigentes”, diz.
Ainda para ele, com a “lava jato” ficou evidente que “a desproporção na punição cível, criminal e administrativa pode ser tão ou mais danosa do que os próprios atos ilícitos em determinadas circunstâncias”.
Demagogia
A criminalista Paula Sion diz que, “distante do demagogismo que elegeu o governo Bolsonaro, a posição do ministro Dias Toffoli sobre a bancarrota promovida pela operação ‘lava jato’ é totalmente acertada”.
Para ela, “poderíamos ter chegado ao mesmo resultado, tanto em termos de recuperação de ativos como de responsabilização penal sem promover a execração pública e a falência da nossa construção civil, o que gerou, na prática, desemprego em massa e a entrega do setor para empresas estrangeiras”.
Para a advogada Alessandra Camarano, presidente da Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas, é inegável que a atuação dos procuradores teve impacto negativo na economia.
“As consequências sociais para o fechamento de atividades empresariais são gigantescas. Não se pode tratar a questão com o olhar abreviado e despido da responsabilidade em torno das desigualdades perpetratas. O Brasil alcançou o patamar de mais de 13 milhões de desempregados, percentual este que é incrementado com as atividades informais que trabalhadores e trabalhadoras estão submetidos”, diz Alessandra.
Além disso, de acordo com ela, “é também a degradação da dignidade da pessoa humana que precisa ser o foco dos julgadores”. “Quanto mais empresas fecham suas portas, alavancando a balança do desemprego e do desalento, maior o abismo da desigualdade que traz consequências danosas para a sociedade brasileira”.
Para o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, a declaração de Toffoli foi corajosa, uma vez que tornou evidente que os excessos da “lava jato” trouxeram impactos negativos à economia.
“Ter a coragem de dizer que os excessos da ‘lava jato’ resultaram na quebra de grandes empresas brasileiras é uma obrigação e não ‘irresponsabilidade’. Resta saber quem se beneficiou destes excessos. E fundamental é esclarecer o destino e os beneficiários do famoso fundo de bilhões, orquestrados por parte de membros da operação, que em boa hora o Supremo teve a responsabilidade de determinar a apuração. Resta saber também se aqueles que instrumentalizaram a ‘lava jato’, agindo em nome de um projeto político, determinaram uma investigação interna para apurar possíveis ilícitos”, afirma.
"Combate à corrupção"
De acordo com o advogado e professor universitário Fabiano Silva dos Santos, a operação disseminou a ideia de que para transformar o Brasil seria necessário, primeiro, acabar com a corrupção.
“Mas, por óbvio, isso não aconteceu e o país afundou em uma grave crise. Crise não só de natureza econômica, mas também no que diz respeito às garantias constitucionais dos cidadãos. Empresas foram fechadas, milhares de postos de trabalhos extintos e foram constantes as tentativas de solapar as garantias individuais conseguidas a duras penas na Constituição de 1988”, diz.
Ainda para ele, “a fala do presidente do Supremo Tribunal Federal externa corretamente as constatações desse período, merece todo o respeito e reflexão por parte da sociedade”.
Se a declaração de Toffoli merece respeito, ganhou justamente o oposto por parte dos procuradores da “lava jato”. Essa é a opinião de Daniella Meggiolaro, vice-presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) e presidente da Comissão de Direito Penal da OAB-SP.
“A manifestação do procurador da República Deltan Dallagnol é um desrespeito não apenas à figura do presidente da mais alta corte do país, mas também especialmente às decisões do Supremo Tribunal Federal, que segue enfrentando a arbitrariedade e a ilegalidade, apesar da ‘lava jato’”, diz.
Estrago já foi feito
Para Marco Aurélio de Carvalho, sócio da CM Associados, Toffoli merece reconhecimento da comunidade jurídica por ter tido coragem de fazer críticas à “conhecida falta de transparência do Ministério Público”.
“O ministro fez uma análise criteriosa dos conhecidos e inegáveis efeitos econômicos provocados pelos excessos da ‘lava jato’. A esperada reação dos procuradores, no entanto, foi grosseira e inoportuna. Revela um sentimento de arrogância e de prepotência, aliado a uma ousadia sem precedentes na relação entre os poderes”.
Para a criminalista Dora Cavalcanti, “passados cinco anos da ‘lava jato’, não dá para discordar da avaliação do ministro presidente de que o estrago causado a dezenas de empresas vitais para o desenvolvimento econômico do país não está em linha com o que se espera da celebração de acordos de leniência”.
A criminalista Carmen da Costa Barros argumenta que “o Ministério Público desprezou as funções institucionais que impõem a garantia dos serviços de relevância pública e o zelo pela observância dos princípios constitucionais relativos à atividade econômica”.

domingo, 15 de dezembro de 2019

Cappella Sistina – Sistine Chapel

Faça sua comunicação ao TCU

Comunicação de Irregularidade x Denúncias

            O Tribunal de Contas da União - TCU é um tribunal administrativo da esfera federal, auxiliar do Congresso Nacional, titular do Controle Externo, e que possui atribuições que lhe foram concedidas por intermédio da Constituição Federal de 1988, insculpidas nos artigos 70 a 74 e 161. De acordo com esses artigos, a sua ação está adstrita à fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta e, ainda, à apreciação, para fins de registro, dos atos de admissão no serviço público federal e atos de aposentadoria, reforma e pensão de servidores federais.
            De forma a realizar essas atividades, há um conjunto de ações de Controle Externo que o TCU protagoniza, como apreciação de prestações e tomadas contas, ordinárias e especiais, e apreciação, para fins de registro, dos atos de pessoal. Realiza ainda, inspeções e auditorias voltadas para avaliar aspectos de legalidade, trabalhos de conformidade, e aspectos mais ligados à gestão, trabalhos operacionais.
            Essas ações de fiscalização podem ser instauradas por procedimentos internos (e.g. análise de risco e inserção em planos de fiscalização) ou por demandas de autoridades externas (presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados e presidentes de comissões do Congresso Nacional, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados, quando por aquelas aprovadas).  
            Além das ações já mencionadas, há outras formas pelas quais o TCU é acionado para realização de ações de fiscalização. Quando de posse de informações que podem apontar para alguma ilegalidade, ou desperdício de recursos públicos federais, qualquer cidadão pode encaminhar essas informações ao TCU, por intermédio de denúncia formal, regida pelos artigos 234 a 236 do Regimento Interno do TCU (Acesse o Portal: > Serviços e consultas => Legislação e normativos => Regimentos Internos) ou mediante envio de comunicação de irregularidade, que pode ser feita a qualquer unidade de Controle Externo do TCU, ou à Ouvidoria.
           Deve-se esclarecer que a denúncia formal e a comunicação de irregularidade não se confundem.
            A denúncia formal, realizada mediante autuação de um processo, terá seus requisitos de admissibilidade avaliados, e será apurada em caráter sigiloso, até que seja comprovada a sua procedência e somente poderá ser arquivada após a realização das diligências pertinentes. Essa denúncia, que deverá versar sobre matéria de competência do Tribunal, deverá referir-se a administrador ou responsável sujeito à sua jurisdição, ser redigida em linguagem clara e objetiva, conter o nome legível do denunciante, sua qualificação e endereço, e estar acompanhada de indício concernente à irregularidade ou ilegalidade denunciada. A denúncia, portanto, será sempre apreciada pelo Tribunal, após a análise, quando preenchidos os requisitos de admissibilidade.
            Já a comunicação de irregularidade, encaminhada mediante, no mais das vezes, por simples mensagem à Ouvidoria do TCU, ou a alguma Unidade Técnica, comunicando a existência de alguma irregularidade, com ou sem evidências/indícios comprobatórios, carece da formalidade da denúncia. A Unidade Técnica responsável pela área objeto da comunicação avaliará as informações encaminhadas, a documentação que houver (se houver) e decidirá pela instauração, ou não, de processo de representação para analisar o que foi apontado.
            Não há, portanto, na comunicação de irregularidade, obrigatoriedade de instauração de ação por parte da unidade, ao contrário do que ocorre com a Denúncia regimental. Muitas vezes a unidade, embora não autue uma ação imediata, pode fazê-lo posteriormente, mediante inserção de nova ação em seu planejamento.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Lilia Schwarcz: “A novidade é o brasileiro ter perdido a vergonha em se ...

LUTA DE CLASSES DENTRO DAS CLASSES


Luta de classe no Brasil tem sido luta entre e dentro das classes.

No Brasil, a luta de classes que, em tese, deve ser entre a dos explorados e a dos exploradores, na há. Na verdade, o que há é luta, o que acontece é guerra entre as classes de explorados: pobres [contra pobres], pretos [contra pretos], favelados [contra favelados]. E o governo incluiu agora, nessa guerra, índios [contra índios]. É genocídio entre as classes deixando de lado e isentando a principal, que fomenta tudo isso, a dos exploradores.

Já a classe média atua em defesa do estado na perspectiva de ser promovida à classe alta/rica. Burguesa e, quem sabe, chegar à alta burguesia!! A exploradora dos exploradores!!

As “esquerdas”, devido o grande divisionismo alimentado pelo egocentrismo de cada grupo, não consegue vê ou reverter a situação!!

Enquanto isso, o estado vai condenando à morte os humanos negros, pobres e favelados. E quem os executam, matam pelo estado, são outros humanos negros, pobres e favelados com a ajuda primordial da classe média.




O que significa bolsonaro no poder



Jessé Souza*A eleição de Jair Bolsonaro foi um protesto da população brasileira. Um protesto financiado e produzido pela elite colonizada e sua imprensa venal, mas, ainda assim, um “protesto”. Uma sociedade empobrecida – cheia de desempregados, de miseráveis e violência endêmica, cujas causas, segundo a elite e a grande imprensa que a mantém, é apenas a “corrupção política” – elege o mais nefasto político que os 500 anos de história brasileira já produziu. Segundo a imprensa comprada, a corrupção é, inclusive, culpa do PT e de Lula manipulando a informação e criando uma guerra entre os pobres. Sem compreender o que acontece, a sociedade como um todo é manipulada e passa a agir contra seus melhores interesses.A única classe social que entra no jogo sabendo o que quer é a elite de proprietários. Para a elite, o que conta é a captura do orçamento público via “dívida pública” e juros extorsivos, e ter o Estado como seu “banco particular” para encher o próprio bolso. A reforma da previdência é apenas a última máscara desta compulsão à repetição. Mas as outras classes sociais, manipuladas pela elite e sua imprensa, também participaram do esquema, sempre “contra” seus melhores interesses.A classe média real entrou em peso no jogo, como sempre, contra os pobres para mantê-los servis, humilhados e sem chances de concorrer aos privilégios educacionais de que desfruta. Os pobres entraram no jogo parcialmente, o que se revelou decisivo do ponto de vista eleitoral, pela manipulação de sua fragilidade e pela sua divisão proposital entre pobres decentes e pobres “delinquentes”. Esses dois fatores juntos, a guerra social contra os pobres e entre os pobres, elegeram Bolsonaro e sua claque.Foi um protesto contra o progresso material e moral da sociedade brasileira desde 1988 e que foi aprofundado a partir de 2002. Estava em curso um processo de aprendizado coletivo raro na história da sociedade brasileira. Como ninguém em sã consciência pode ser contra o progresso material e moral de todos, o pretexto construído, para produzir o atraso e mascará-lo como avanço, foi o pretexto, já velho de cem anos, da suposta luta contra a corrupção. Sérgio Moro incorporou esta farsa canalha como ninguém.A “corrupção política”, como tenho defendido em todas as oportunidades, é a única legitimação da elite brasileira para manipular a sociedade e tornar o Estado seu banco particular. A captura do Estado pelos proprietários, obviamente, é a verdadeira corrupção que, inclusive, a “esquerda” até hoje, ainda sem contradiscurso e sem narrativa própria, parece não ter compreendido.Agora, eleição ganha e Bolsonaro no poder, começam as brigas intestinas entre interesses muito contraditórios que haviam se unido conjunturalmente na guerra contra os pobres e seus representantes. Bolsonaro é um representante típico da baixa classe média raivosa, cuja face militarizada é a milícia, que teme a proletarização e, portanto, constrói distinções morais contra os pobres tornados “delinquentes” (supostos bandidos, prostitutas, homossexuais etc.) e seus representantes, os “comunistas”, para legitimar seu ódio e fabricar uma distância segura em relação a eles.
Toda a sexualidade reprimida e todo o ressentimento de classe sem expressão racional cabem nesse vaso. O seu anticomunismo radical e seu anti-intelectualismo significam a sua ambivalente identificação com o opressor, um mecanismo de defesa e uma fantasia que o livra de ser assimilado à classe dos oprimidos. Olavo de Carvalho é o profeta que deu um sentido e uma orientação a essa turma de desvalidos de espírito.É claro que Bolsonaro é um mero fantoche ocasional das elites brasileira e americana. Quando ele volta de mãos vazias dos Estados Unidos, depois de dar sem qualquer contrapartida o que os americanos nem sequer tinham pedido, a única explicação é que ele estava lá como sujeito privado e não como presidente de um país. Como sujeito privado, é bem possível que ele estivesse pagando, com dinheiro e recursos públicos, os gastos de campanha até hoje secretos e sem explicação. Mas é óbvio que sua campanha foi feita e muito provavelmente financiada pelos mesmos que fizeram e bancaram a campanha de Trump.O seu discurso de ódio era o único remédio contra a volta do PT ao poder. E como a elite e sua imprensa querem o saque do povo, e para isso se aliam até ao diabo, ou pior, até a Bolsonaro, sua escolha teve este sentido. O ódio, por sua vez, é produzido pela revolta de quem não entende por que fica mais pobre e a única explicação oferecida pela imprensa venal é o eterno “bode expiatório” da corrupção política. Mas a corrupção política era a forma, até então, como se manipulava a falsa moralidade da classe média real. Como se chega com esse discurso manipulador também nas classes baixas? O voto da elite e da classe média no Brasil não ganha eleição nenhuma. Este é um país de pobres.A questão interessante passa a ser como e por que setores das classes populares passaram a seguir Bolsonaro e permitiram sua eleição. Para quem Bolsonaro fala quando diz suas maluquices e suas agressões grosseiras? Ele fala, antes de tudo, para a baixa classe média iletrada dos setores mais conservadores do público evangélico. Este público que ganha entre dois e cinco salários mínimos é um pobre remediado que odeia o mais pobre e idealiza o rico. O anticomunismo, por exemplo, tem o efeito de irmanar este pobre remediado com o rico, já que é uma oportunidade de se solidarizar com o inimigo de classe que o explora e não com seu vizinho mais pobre com quem não quer ter nada em comum. Isso o faz pensar que ele, em alguma medida, também é rico – ou em vias de ser –, já que pensa como ele.O anti-intelectualismo também está em casa na baixa classe média. Isso é importante quando queremos saber a quem Bolsonaro fala quando ataca, por exemplo, as universidades e o conhecimento. A relação da baixa classe média com o conhecimento é ambivalente: ela inveja e odeia o conhecimento que não possui. Daí o ódio aos intelectuais, à universidade, à sociologia ou à filosofia. Este é o público verdadeiramente cativo de Bolsonaro e sua pregação. É onde ele está em casa, é de onde ele também vem. Obviamente esta classe é indefesa contra a mentira institucionalizada da elite e de sua imprensa. Ela é vítima tanto do ódio de classe contra ela própria, que cria uma raiva que não se compreende de onde vem, e da manipulação de seu medo de se proletarizar. Quando essas duas coisas se juntam, o pobre remediado passa a ser mais pró-rico que o Dória.A escolha de Sérgio Moro foi uma ponte para cima com a classe média tradicional que também odeia os pobres, inveja os ricos e se imagina moralmente perfeita porque se escandaliza com a corrupção seletiva dos tolos. Mas, apesar de socialmente conservadora, ela não se identifica com a moralidade rígida nos costumes dos bolsonaristas de raiz, que estão mais perto dos pobres. Paulo Guedes, por sua vez, é o lacaio dos ricos que fica com o quinhão destinado a todos aqueles que sujam as mãos de sangue para aumentar a riqueza dos já poderosos.Os primeiros meses de Bolsonaro mostram que a convivência desses aliados de ocasião não é fácil. A elite não quer o barulho e a baixaria de Bolsonaro e sua claque, que só prejudicam os negócios. Também a classe média tradicional se envergonha crescentemente do “capitão pateta”. Ao mesmo tempo, sem barulho nem baixaria Bolsonaro não existe. Bolsonaro “é” a baixaria. Sérgio Moro, tão tolo, superficial e narcísico como a classe que representa, é queimado em fogo brando, já que o Estado policial que almeja, para matar pobres e controlar seletivamente a política, em favor dos interesses corporativos do aparelho jurídico-policial do Estado, não interessa de verdade nem à elite nem a seus políticos. Sem a mídia a blindá-lo, Sérgio Moro é um fantoche patético em busca de uma voz.O resumo da ópera mostra a dificuldade de se dominar uma sociedade marginalizando, ainda que em graus variáveis, cerca de 80% dela. Bolsonaro e sua penetração na banda podre das classes populares foi útil para vencer o PT, mas é tão grotesco, asqueroso e primitivo que governar com ele é literalmente impossível. A idiotice dele e de sua claque no governo é literal no sentido da patologia que o termo define. Eles vivem em um mundo à parte, comandado pelo anti-intelectualismo militante, o qual não envolve apenas uma percepção distorcida do mundo. O idiota é também levado a agir segundo pulsões e afetos que não respeitam o controle da realidade externa. Um idiota de verdade no comando da nação é um preço muito alto até para uma elite e uma classe média sem compromisso com a população nem com a sociedade como um todo. Esse é o dilema do idiota Jair Bolsonaro no poder.Sociólogo, escritor e autor de “A elite do atraso” Siga nossas redes sociais

Fonte: https://www.topbuzz.com/a/6768990450532483590?app_id=1197&gid=6768990450532483590&impr_id=6769658291259066629&language=pt&region=br&user_id=6629035091002032134&c=fb&fbclid=IwAR1oS0hxMfui8374UAztEFLtTPCxRrBP24B6vSF48xD___u2GVgcJbBgKJY

domingo, 8 de dezembro de 2019

Um direito da esquerda à direita

‘Os direitos humanos não são da esquerda ou da direita. São de todos’

RIO — O jurista francês René Cassin não queria proteger um ou outro grupo específico de pessoas quando disse: “Não haverá paz neste planeta enquanto os direitos humanos forem violados em alguma parte do mundo”. Um dos autores do texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948, o ganhador do Nobel da Paz de 1968 incluiu todos os Homo sapiens naquela frase célebre. Morto em 1976, aos 88 anos, Cassin seria uma ótima pessoa para invocar diante de compreensões equivocadas sobre a expressão “direitos humanos”, quase 70 anos depois da adoção do texto pela comunidade internacional.