domingo, 13 de abril de 2014

‘O Boca do Inferno’

Como Seria Gregório de Matos Hoje?

Professor, Palestrante e Especialista em EducaçãoPrincipal contribuidor
Poeta da escola barroca brasileira, mas com fortíssimas influências europeias, Gregório de Matos, ou simplesmente ‘O Boca do Inferno’, tornou-se emblemático pelas suas poesias de cunho lírico, erótico e religioso, mas principalmente, satírico, em pleno século XVII.
O apelido foi atribuído em virtude de não ter hesitado em construir suas obras, mesmo que tenham sido publicadas depois de sua morte, sendo contundente, crítico, principalmente com a igreja, mas também com os políticos e a sociedade da época, expondo em métrica e rima todo o seu ponto de vista, que sempre causou um mal estar imenso a muita gente, que consequentemente, levou-o a sofre muitas represálias. Gregório até parecia querer causar um reboliço na sociedade da época... Causou e causa, hoje, para que conhece suas obras.
Hoje, o grande poeta certamente teria bem mais inspirações para produzir suas poesias. Muitas seriam as influências, não acham? Na religiosidade, por exemplo, pelos diversos escândalos na igreja católica e a adoção da teologia da prosperidade nas diversas igrejas protestantes espalhadas no nosso país. Na política, nem se fala. Nas três esferas, e em toda parte do país, iria encontrar muita inspiração. Os políticos são maravilhosos para os artistas.
Na sociedade, principalmente quando se tem a influência política e religiosa, aí que seria um ‘prato cheio’ para o ‘Boca do Inferno’ se esbaldar na construção de seus textos. Se não duvidarmos, Gregório de Matos seria, hoje, vivo, quem sabe, bem menos contundente, e evitaria tantas perseguições que sofrera, e tido vida longa, com mais saúde, para usufruir de tantas inspirações, principalmente as pornográficas que permeiam o mundo de hoje.
Brincadeirinha gente! Se hoje fosse se comportar assim, não seria o Gregório de matos e morreríamos de saudade do verdadeiro ‘Boca do Inferno’.
Mas será que temos muitos ‘Gregórios’ de Matos no Brasil de hoje? Certamente que não. Pela coragem de falar, de escrever o que pensa e de formar opinião, até pode ser. O brasileiro, enfim, consegue hoje ter mais liberdade de ventilar seus pensamentos, suas ideologias. Entretanto, fazer tudo isso de forma poética, em dois quartetos e dois tercetos, metricamente ajustados, numa rima perfeita, e com uma beleza imensurável, é somente para um poeta único, singular, que ficou marcado na nossa história literária.
Somente para Gregório de Matos.