Brasileiros podem ter publicações censuradas pelo Facebook, dizem especialistas
REUTERS/Dado Ruvic
Os brasileiros podem passar pelo pente fino do Facebook e ter conteúdo censurado com as novas regras anunciadas pela plataforma. O foco da rede social é especialmente barrar a ação de grupos extremistas e postagens que façam apologia ao terrorismo. Mas, conteúdos violentos e de propagação de ódio também estão na mira do Facebook.
Desde a época da campanha presidencial, os ânimos dos brasileiros se acirraram na internet. Conteúdos ofensivos e postagens agressivas vêm ocupando a timeline dos usuários desde então.
O panelaço contra o governo da presidente Dilma Rousseff e as manifestações contra a corrupção do 15 de março, essencialmente organizadas através das redes sociais, também resultaram em um grande número de publicações, nem sempre simpáticas.
No Facebook e no Twitter, fotos e vídeos mostraram situações extremas durante os protestos, como a agressão de participantes que não vestiam as cores verde e amarela, as ofensas misóginas contra Dilma Rousseff ou manifestantes pedindo a volta da ditadura militar. A troca de ofensas entre partidários de diferentes vertentes políticas também se acentuou.
Terra de ninguém
"O que nós vimos no último dia 15 de março foram discursos de ódio. Esse comportamento vem ganhando espaço dentro das redes sociais. Mas o Facebook não funciona desse jeito", observa o professor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe, Dilton Cândido Santos Maynard, especialista em ativismo cibernético.
Para Maynard, as novas regras contra conteúdos ofensivos da plataforma visam manter a ideia original de uma comunidade onde as pessoas trocam ideias e não ofensas. "O próprio sentido da expressão 'rede social' sugere troca e respeito mútuo. Se esses dias de terra de ninguém nas redes sociais não acabarão a curto prazo, eles não serão mais facilmente tolerados", prevê.
Liberdade tem limites
O professor e pesquisador da Universidade Mackenzie, Celso Figueiredo, especialista em redes sociais, acredita que a internet traz a falta impressão de liberdade plena aos usuários. "Protegido por trás da tela do computador, o usuário tem um sentimento de liberdade que não é real, de publicar e dizer o que quiser. Isso faz com que ele perca a noção do que é público e o que é privado", analisa.
No Brasil, onde os brasileiros estão acordando para uma maior participação política, Figueiredo prevê uma possível revolta dos usuários caso suas postagens forem eventualmente censuradas. "Ao expressar sua emoção com a sensação de proteção de estar por trás da tela do computador, muitas pessoas exageram na expressão de suas emoções. Ao ter seu conteúdo eliminado, esse ódio pode se virar contra o próprio Facebook", diz Figueiredo.
Segurança nacional
Em seu blog, o Facebook anunciou, na semana passada, a série de novas regras que incluem também restrições a nudez e a imposição da utilização do nome e do sobrenome verdadeiros pelos usuários. A plataforma também avisa que, sob encomenda dos governos, continua realizando relatórios sobre os usuários e o conteúdo que publicam, dentro de sua política de proteção e segurança.
Para Maynard, não restam dúvidas que as redes sociais são pressionadas pelos governos para vigiar e repassar conteúdos que façam apologia ao ódio, a violências e ao terrorismo às autoridades. "É evidente que este tipo de decisão não acontece porque o Facebook é clarividente. Os governos acabaram percebendo as ressonâncias destes conteúdos agressivos", ressalta.
Figueiredo defende o fornecimento de informações da plataforma para os governos. "O Facebook é um canal para capturar novos terroristas. É razoável imaginar que os governos queiram essas informações até por uma questão de segurança nacional", conclui.
O panelaço contra o governo da presidente Dilma Rousseff e as manifestações contra a corrupção do 15 de março, essencialmente organizadas através das redes sociais, também resultaram em um grande número de publicações, nem sempre simpáticas.
No Facebook e no Twitter, fotos e vídeos mostraram situações extremas durante os protestos, como a agressão de participantes que não vestiam as cores verde e amarela, as ofensas misóginas contra Dilma Rousseff ou manifestantes pedindo a volta da ditadura militar. A troca de ofensas entre partidários de diferentes vertentes políticas também se acentuou.
Terra de ninguém
"O que nós vimos no último dia 15 de março foram discursos de ódio. Esse comportamento vem ganhando espaço dentro das redes sociais. Mas o Facebook não funciona desse jeito", observa o professor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe, Dilton Cândido Santos Maynard, especialista em ativismo cibernético.
Para Maynard, as novas regras contra conteúdos ofensivos da plataforma visam manter a ideia original de uma comunidade onde as pessoas trocam ideias e não ofensas. "O próprio sentido da expressão 'rede social' sugere troca e respeito mútuo. Se esses dias de terra de ninguém nas redes sociais não acabarão a curto prazo, eles não serão mais facilmente tolerados", prevê.
Liberdade tem limites
O professor e pesquisador da Universidade Mackenzie, Celso Figueiredo, especialista em redes sociais, acredita que a internet traz a falta impressão de liberdade plena aos usuários. "Protegido por trás da tela do computador, o usuário tem um sentimento de liberdade que não é real, de publicar e dizer o que quiser. Isso faz com que ele perca a noção do que é público e o que é privado", analisa.
No Brasil, onde os brasileiros estão acordando para uma maior participação política, Figueiredo prevê uma possível revolta dos usuários caso suas postagens forem eventualmente censuradas. "Ao expressar sua emoção com a sensação de proteção de estar por trás da tela do computador, muitas pessoas exageram na expressão de suas emoções. Ao ter seu conteúdo eliminado, esse ódio pode se virar contra o próprio Facebook", diz Figueiredo.
Segurança nacional
Em seu blog, o Facebook anunciou, na semana passada, a série de novas regras que incluem também restrições a nudez e a imposição da utilização do nome e do sobrenome verdadeiros pelos usuários. A plataforma também avisa que, sob encomenda dos governos, continua realizando relatórios sobre os usuários e o conteúdo que publicam, dentro de sua política de proteção e segurança.
Para Maynard, não restam dúvidas que as redes sociais são pressionadas pelos governos para vigiar e repassar conteúdos que façam apologia ao ódio, a violências e ao terrorismo às autoridades. "É evidente que este tipo de decisão não acontece porque o Facebook é clarividente. Os governos acabaram percebendo as ressonâncias destes conteúdos agressivos", ressalta.
Figueiredo defende o fornecimento de informações da plataforma para os governos. "O Facebook é um canal para capturar novos terroristas. É razoável imaginar que os governos queiram essas informações até por uma questão de segurança nacional", conclui.
Facebook atualiza regras para posts a fim de evitar abusos e extremismos
Facebook tenta enquadrar o comportamento dos usuários às regras de combate ao extremismo e a comportamentos abusivos.
Pixabay
Nesta segunda-feira (16), a rede social Facebook atualizou e esclareceu aos usuários as novas regras sobre o que é conveniente postar e como tratar assuntos sensíveis como violência, incitação ao ódio e apologia do terrorismo.
Em primeiro lugar, Facebook comunicou que não autoriza mais em sua plataforma a presença de grupos que fazem a apologia "de atividades terroristas, organizações criminosas ou que estimulem o ódio".
Segundo as novas diretrizes colocadas on line no blog oficial da rede, serão retiradas as imagens de compartilhamento de temas ligados ao sadismo ou glorificação da violência.
Monika Bickert, conselheira adjunta do grupo, declarou que essas normas foram concebidas para a criação de um espaço onde as pessoas possam se sentir motivadas e encorajadas a tratar os outros com empatia e respeito. "Enquanto a nossa política e nossas regras não mudaram, sentimos a demanda dos usuários por mais clareza e exemplos, e é o que estamos fazendo com a atualização de hoje".
Basta à nudez
Uma grande novidade nesta busca de mais ética é a proibição da nudez no Facebook, exceto se as imagens forem ligadas ao aleitamento, à arte ou a estudos médicos.
Os usuários também deverão usar o seu nome verdadeiro, uma exigência polêmica que certamente vai desagradar aos que utilizam apelidos na rede.
Numa tentativa de criar normas que correspondam às exigências de uma comunidade internacional e diversificada, Facebook se reserva o direito de apagar conteúdos e fechar as conta consideradas "uma ameaça física ou um risco direto para a segurança pública".
Todas essas medidas também têm uma certa flexibilidade, pois algo que possa parecer desagradável para alguns não é, necessariamente, contra a ética do grupo.
Difícil equilíbrio entre liberdade e radicalismo
O esclarecimento da política editorial do Facebook ocorre em um contexto onde as redes sociais tentam equilibrar a liberdade de expressão e a luta contra os discursos radicais, especialmente os que fazem a apologia dos jihadistas como o grupo Estado Islâmico, por exemplo.
Facebook também publicou seu relatório sobre os pedidos dos governos referentes aos dados dos seus usuários no segundo semestre de 2014; houve uma alta em matéria de pedidos de dados de cidadãos vindos da Índia, e uma baixa relativa aos usuários dos Estados Unidos e Alemanha.
O número de conteúdos bloqueados por infringir a lei americana aumentou 11%, passando de 8.774 casos a 9.707.
Segundo as novas diretrizes colocadas on line no blog oficial da rede, serão retiradas as imagens de compartilhamento de temas ligados ao sadismo ou glorificação da violência.
Monika Bickert, conselheira adjunta do grupo, declarou que essas normas foram concebidas para a criação de um espaço onde as pessoas possam se sentir motivadas e encorajadas a tratar os outros com empatia e respeito. "Enquanto a nossa política e nossas regras não mudaram, sentimos a demanda dos usuários por mais clareza e exemplos, e é o que estamos fazendo com a atualização de hoje".
Basta à nudez
Uma grande novidade nesta busca de mais ética é a proibição da nudez no Facebook, exceto se as imagens forem ligadas ao aleitamento, à arte ou a estudos médicos.
Os usuários também deverão usar o seu nome verdadeiro, uma exigência polêmica que certamente vai desagradar aos que utilizam apelidos na rede.
Numa tentativa de criar normas que correspondam às exigências de uma comunidade internacional e diversificada, Facebook se reserva o direito de apagar conteúdos e fechar as conta consideradas "uma ameaça física ou um risco direto para a segurança pública".
Todas essas medidas também têm uma certa flexibilidade, pois algo que possa parecer desagradável para alguns não é, necessariamente, contra a ética do grupo.
Difícil equilíbrio entre liberdade e radicalismo
O esclarecimento da política editorial do Facebook ocorre em um contexto onde as redes sociais tentam equilibrar a liberdade de expressão e a luta contra os discursos radicais, especialmente os que fazem a apologia dos jihadistas como o grupo Estado Islâmico, por exemplo.
Facebook também publicou seu relatório sobre os pedidos dos governos referentes aos dados dos seus usuários no segundo semestre de 2014; houve uma alta em matéria de pedidos de dados de cidadãos vindos da Índia, e uma baixa relativa aos usuários dos Estados Unidos e Alemanha.
O número de conteúdos bloqueados por infringir a lei americana aumentou 11%, passando de 8.774 casos a 9.707.