Tania Jandira Rodrigues Ferreira
Círculos estendidos
Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da OEA, receberá Carta aberta contra os Gladiadores do Altar
Nesta manhã de segunda-feira, dia 09 de março, não por coincidência, dia em que a Casa de Oxumarê presta sua reverência anual a divindade da comunicação e dos caminhos, o Orixá Exu, foi confiado ao CEN dar encaminhamento da Carta aberta contra os “Gladiadores do Altar” da Igreja Universal do Reino de Deus.
A carta será protocolada na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA); no escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos da ONU; no Ministério da Justiça; na Secretária Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República; na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal e na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
A coordenadora nacional de religiosidade do CEN, Mãe Jaciara, sentiu-se honrada com a designação, e destacou: “Por muitos anos está referida igreja vem ferindo e deixando profundas cicatrizes nos religiosos e comunidades de matrizes africanas. Esta luta é nossa, do povo negro. Temos o dever de proteger nossa ancestralidade e cultura”.
Coletivo de Entidades Negras foi criteriosamente escolhido em virtude do comprometimento histórico na luta por políticas voltadas à defesa e promoção da liberdade religiosa e a alta credibilidade na área dos Direitos Humanos e o desenvolvimento de ações com repercussão internacional. Para o Babalorixá Pecê esta missão foi confiada ao CEN pelos próprios Orixás, concluindo a reunião rogando que as divindades os protejam nesta jornada.
http://racismoambiental.net.br/2015/03/08/carta-aberta-as-autoridades-brasileiras-protecao-das-religioes-de-matriz-africana-contra-os-gladiadores-do-altar/
Nesta manhã de segunda-feira, dia 09 de março, não por coincidência, dia em que a Casa de Oxumarê presta sua reverência anual a divindade da comunicação e dos caminhos, o Orixá Exu, foi confiado ao CEN dar encaminhamento da Carta aberta contra os “Gladiadores do Altar” da Igreja Universal do Reino de Deus.
A carta será protocolada na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA); no escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos da ONU; no Ministério da Justiça; na Secretária Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República; na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal e na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
A coordenadora nacional de religiosidade do CEN, Mãe Jaciara, sentiu-se honrada com a designação, e destacou: “Por muitos anos está referida igreja vem ferindo e deixando profundas cicatrizes nos religiosos e comunidades de matrizes africanas. Esta luta é nossa, do povo negro. Temos o dever de proteger nossa ancestralidade e cultura”.
Coletivo de Entidades Negras foi criteriosamente escolhido em virtude do comprometimento histórico na luta por políticas voltadas à defesa e promoção da liberdade religiosa e a alta credibilidade na área dos Direitos Humanos e o desenvolvimento de ações com repercussão internacional. Para o Babalorixá Pecê esta missão foi confiada ao CEN pelos próprios Orixás, concluindo a reunião rogando que as divindades os protejam nesta jornada.
http://racismoambiental.net.br/2015/03/08/carta-aberta-as-autoridades-brasileiras-protecao-das-religioes-de-matriz-africana-contra-os-gladiadores-do-altar/
Carta Aberta às Autoridades Brasileiras: Proteção das Religiões de Matriz Africana contra os “Gladiadores do Altar”
Por
décadas a Igreja Universal do Reino de Deus – IURD promove um massacre
cultural e religioso contra as Religiões Tradicionais de Matriz
Africana, perpetrando uma contínua, incansável, declarada e brutal
perseguição através dos meios de comunicação social. A IURD promove o
ódio religioso e através da bancada evangélica no Congresso Nacional
estimula o fundamentalismo nas instâncias legislativas de nosso país,
atentando contra o princípio constitucional que garante a laicidade do
Estado.
Os principais alvos da IURD são o
Candomblé e a Umbanda, religiões brasileiras edificadas com base nas
tradições milenares de culto aos Orixás, N’kisis e Voduns, responsáveis
pela preservação e difusão da cultura africana no país. Religiões estas
que serviram de instrumentos de resistência para o povo negro e
contribuíram de forma significativa para a cultura e identidade do
Brasil. No entanto, o prejuízo vai muito além da desvalorização cultural
e religiosa deixada pelos africanos no país. Para as comunidades
tradicionais de matriz africana, os danos causados são incalculáveis,
atingindo desde os seus espaços sagrados, que são destruídos e fechados,
até a processos criminais, como o repercutido caso que levou a óbito a
Ialorixá Gildásia dos Santos e Santos, em 1999, e tantos outros
frequentemente noticiados em jornais.
As comunidades tradicionais de matriz
africana não revidam estes ataques com base nos seus próprios dogmas de
respeito a vida e à convicção de que a paz, a fraternidade, a irmandade e
o amor nos garantem estar de fato ligados em harmonia com o poder
superior. Acreditamos ainda que compartilhamos a crença em um mesmo
Deus, único e onipotente, senhor de todo universo, porém, por uma
diferença cultural, o chamamos de Olodumare, e isto igualmente nos faz
irmãos na fé.
De forma pacífica, na tentativa de
coibir os ataques da IURD contra os Povos de Santo, reivindicamos
diariamente o direito constitucional da liberdade religiosa, lutamos por
políticas públicas e buscamos o diálogo inter-religioso, contudo sem
lograr o devido êxito. A IURD continua oprimindo as Religiões de Matriz
Africana, munida de uma imensa fortuna, de poder político e agora de um
exército, que poderá levar a Umbanda e o Candomblé a vivenciar uma
releitura da santa inquisição.
Nos últimos dias, foram publicados
vídeos de uma recente iniciativa da IURD, os Gladiadores do Altar. Em
meio a pregações lotadas, adentram ao culto dezenas de rapazes, trajados
uniformemente, marchando e repetindo palavras de ordem, com evidente
inspiração militar. Segundo informações da própria IURD, os Gladiadores
existem há somente dois meses – desde janeiro deste ano – e nesse curto
período, já agregaram mais de 4 mil jovens. Se as cenas do “exército de
evangelizadores” já são assustadoras no ambiente controlado das igrejas,
há que se imaginar o que esses “soldados da fé” podem fazer nas ruas,
longe da vigília de seus “comandantes-pastores”. A mistura explosiva
entre fé e força produz resultados imponderáveis.
O Povo de Santo, vitimado por tantos
atos de violência perpetrados por pastores da IURD e seus fiéis, não tem
condições de “pagar para ver”, até porque, são obviamente previsíveis
os desdobramentos dessa iniciativa irresponsável: o fortalecimento de um
ideário de ódio contra tudo e todos que não se conformam à pregação
estreita da IURD – nas quais se enquadram também outras religiões, os
povos indígenas, a população LGBT e grupos com ideologias libertárias.
No plano internacional o tema da
intolerância religiosa não poderia ser mais atual. O mundo assiste
atônito à escalada de movimentos paraestatais militarizados criados a
partir de leituras fundamentalistas de textos religiosos. É este o caso
do Boko Haram, na Nigéria, e do Estado Islâmico, na Síria. Supostamente
seguindo mandamentos religiosos, esses grupos sequestram, matam e
torturam quem não se converte à sua fé, numa estratégia de expansão
religiosa fundada na violência e no mais completo e sórdido desrespeito à
diversidade. Muitos poderão dizer que exageramos ao comparar os tais
“Gladiadores” com extremistas islâmicos, mas e resposta é simples: não é
exagero. Trata-se de uma preocupação fundada em experiências reais que
demonstram que o fundamentalismo religioso, quando aliado simbólica ou
objetivamente a um ideário de violência, pode despertar uma energia
incontrolável e destruidora, intransigente e emburrecedora.
Assim, não podemos permitir que essa
iniciativa se expanda e se consolide. A liberdade de consciência e de
crença, garantida em nossa Constituição, não pode servir de guarida para
atos de intolerância e de violência, e, no caso concreto, nos parece
que esse direito fundamental colide com outro dispositivo elencado no
mesmo artigo 5º da Carta Magna – a vedação de organização paramilitar,
que configura crime previsto em nosso Código Penal (art. 288-A).
A conceituação de organização
paramilitar pode ser depreendida de julgados e da doutrina jurídica,
embora não haja uma definição legal clara. Podemos defini-la como
associações de civis armados, organizadas a partir de ideologia
política, ideológica ou religiosa, com estrutura semelhante à militar. O
comportamento e uniformização dos Gladiadores revela, de forma evidente
e alarmante, a estruturação de um embrião paramilitar. É certo que até
agora não há evidências de que disponham de armamentos, mas igualmente
não há evidências de que não os tenham. É possível que entre esses 4 mil
jovens se encontrem pessoas com treinamento militar prévio, ou mesmo
pessoas com porte de arma de fogo e outros tipos de armas.
Diante de tamanha incerteza sobre os
objetivos dessa organização, sobre a sua natureza, o real controle que a
Igreja conseguirá exercer sobre esses jovens e da possibilidade
palpável de que essa alegoria se converta em ódio e violência real,
CONCLAMAMOS os líderes religiosos de todas as tradições, a sociedade
civil organizada, a classe política, as instituições democráticas e
todos aqueles comprometidos com a consolidação do Estado Laico a se
manifestarem veementemente contra a manutenção das atividades dos
“Gladiadores da Fé”, organização que abertamente atenta contra o Estado
Democrático de Direito e que deve ser suprimida antes que se torne uma
força incontrolável, que produza agressão, dor e morte.
“Senhor, tu que
és autor da vida e consumador da fé, guia-nos em nossa jornada, e nos
ajuda a ficar de pé, combater o bom combate, completar a carreira e
guardar a nossa fé. Diante das nossas dificuldades, não nos deixe
esmorecer. Somos homens de caráter, escolhidos pelo senhor, para dar
vida em favor dos perdidos e façamos com amor. Temos força, coragem e
determinação para nunca fracassar no cumprimento da nossa missão. Graças
ao senhor, hoje estamos aqui, prontos para batalha, e decididos a te
servir, somos gladiadores do teu altar, isso é uma decisão, todos os
dias enfrentamos o inferno, confiantes na tua santa proteção. Eterno é o
senhor que nos ama, e a ti pertence o sucesso de nosso trabalho, pois
teu é o reino, o poder, a honra e a glória para sempre, amém” – Oração
proferida pelos Gladiadores do Altar, da IURD
Diante do sofrimento que vivemos, do
contexto brasileiro permeado de intolerância religiosa, da herança
execrada do período escravocrata e do preconceito racial, rogamos às
Autoridades Brasileiras um maior direcionamento de políticas públicas
para assegurar os nossos direitos enquanto comunidades religiosas e
tradicionais, assim como o reconhecimento das nossas contribuições para a
formação cultural do Brasil, como a efetiva implementação da Lei
10.639/03. Do mesmo modo, diante das evidências aqui apresentadas,
solicitamos ao Governo Brasileiro que tome as providências necessárias
para investigar rigorosamente como, por que e com qual finalidade os
Gladiadores do Altar foram criados. E, caso seja constatada a incitação
ao ódio e à violência física, psicológica e moral, pedimos que seja
minucioso e criterioso na aplicação da Lei.
Salvador, 7 de março de 2015.
Sivanilton Encarnação da Mata
Babalorixá da Casa de Oxumarê
Babalorixá da Casa de Oxumarê
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Vídeo disponibilizado no Youtube:
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Destaque: Imagem capturada de vídeo
Informação enviada para Combate Racismo Ambiental por Janete Melo.