domingo, 21 de dezembro de 2025

O BRASILEIRO ESCRAVIZADO POR LADRÕES POLÍTICOS:

 

TEXTO-AULA DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

“O BRASILEIRO ESCRAVIZADO POR LADRÕES POLÍTICOS: Uma Análise Transdisciplinar da Escolha Democrática que Nos Aprisiona”

_∞ Por Professor[*] Negreiros Deuzimar MenezesConsultor-Analista Transdisciplinar em Educação, Meio Ambiente e Política

 

 

1/INTRODUÇÃO:

À Guisa de Antelóquio – O PARADOXO DO CÁRCERE VOLUNTÁRIO

Escrevo a partir de um lugar incômodo: a constatação de que vivemos um dos mais perversos paradoxos da democracia contemporânea. Não somos escravizados por forças externas, por invasores estrangeiros ou por golpes militares clássicos. Somos escravizados por aqueles que nós mesmos elegemos. Este texto-aula não é sobre denúncia fácil; é sobre análise estrutural do mecanismo de autoescravização democrática. Como chegamos ao ponto em que o voto, ato máximo de liberdade, transforma-se em instrumento de nossa própria servidão?

 

2/DESMONTANDO O MECANISMO: OS TRÊS PILARES DA ESCRAVIDÃO POLÍTICA CONTEMPORÂNEA

2.1 O PRIMEIRO PILAR: A TRANSFERÊNCIA LEGAL DA CULPA

Os ladrões políticos — e aqui uso o termo “ladrão” em sentido ampliado: quem rouba recursos, oportunidades, futuro, dignidade — dominaram a arte da inversão acusatória. Ladrão é o opositor. É o outro. Não é apenas retórica. É estratégia sistêmica:

Como funciona:

1.      Criam leis que desprotegem a população [flexibilizam crimes ambientais, enfraquecem agências de controle, blindam patrimônio]

2.      Apontam para "outros ladrões" [corrupção de pequeno porte, funcionários públicos, o "outro" político]

3.      Constroem narrativa de "autodefesa legal" ["precisamos de leis para nos proteger dos corruptos"] sendo eles os próprios corruptos.

 

Análise dialética: O ladrão institucionalizado transforma sua insegurança jurídica em segurança jurídica, transferindo a insegurança para o povo. A lei, que deveria ser instrumento de proteção coletiva, torna-se ferramenta de autoproteção da casta política.

 

2.2 O SEGUNDO PILAR: A FRAGMENTAÇÃO IDENTITÁRIA DO ELEITOR

Escrevo observando como operam os mecanismos de divisão:

Eixo direita-esquerda como cortina de fumaça:

    i.            Fascinazistas × Petistas,

   ii.            Bolsonaristas × Comunistas,

 iii.            Pátria e Família × Progressistas.

 

A realidade oculta: Enquanto nos digladiamos por identidades políticas superficiais, ladrões de todas as siglas votam juntos em:

    i.            Aumento de próprios salários,

   ii.            Blindagem processual,

 iii.            Orçamentos secretos,

 iv.            Privilégios corporativos.

 

Dados concretos: Nas 50 principais votações do Congresso entre 2020-2024, 78% tiveram coalizão suprapartidária quando se tratava de benefícios aos parlamentares.

 

2.3 O TERCEIRO PILAR: A AMPLIAÇÃO DA BANCADA DA AUTODESTRUIÇÃO

O alerta para 2026 não é alarmismo. É projeção matemática:

Cálculo da servidão:

i.            Cada novo parlamentar eleito com perfil "ladrão-institucional" representa:

a.        +1 voto para leis de autoproteção,

b.       -1 voto para leis de interesse público,

c.        Multiplicador: cada um traz rede de aliados.

 

Projeção: Se mantido o atual crescimento de bancadas fisiológicas, até 2030 teremos congresso com 70% de parlamentares especializados em autoproteção legal. O que fizerem não é mais crime!!

 

3/ANÁLISE TRANSDISCIPLINAR: POR QUE ESCOLHEMOS NOSSOS CARRASCOS?

3.1 PSICOLOGIA POLÍTICA: O MECANISMO DE DEFESA COLETIVO

Nosso cérebro político opera com dissonância cognitiva adaptativa:

Processo identificado:

1.      Eleição do "ladrão nosso" [prefiro meu ladrão ao ladrão alheio]

2.      Racionalização pós-eleitoral ["pelo menos ele traz obra"]

3.      Negação da realidade [ignorar os votos contra o povo]

4.      Renovação do voto [medo de perder "benefícios" locais]

 

Fundamento científico: Teoria da Dissonância Cognitiva [Festinger, 1957] aplicada ao comportamento eleitoral.

 

3.2 SOCIOLOGIA DO VOTO: A ECONOMIA DA TROCA PERVERSA

Não votamos em ideais. Votamos em relações de troca assimétricas:

Equação da servidão voluntária: VOTO DO ELEITOR = [Benefício imediato pessoal] × [Medo do outro] ÷ [Consciência de longo prazo]

Resultado: Optamos pelo microbenefício imediato [cesta básica, emprego para parente] em troca do macroprejuízo futuro [país falido, serviços ruins, violência].

 

3.3 NEUROCIÊNCIA POLÍTICA: O CÉREBRO EM ESTADO DE SÍTIO ELEITORAL

Meu cérebro registra: estamos neuroquimicamente manipulados:

Substâncias em jogo:

    i.            Dopamina do ódio ao "outro" [redes sociais como dosadores de raiva/desprezo/ódio]

   ii.            Cortisol do medo [campanhas baseadas em ameaça]

 iii.            Oxitocina seletiva [apego ao "nosso" político]

 

Conclusão: Votamos mais com amígdala [medo, raiva, desprezo, ódio] que com córtex pré-frontal [razão, futuro].

 

4/EPISTEMOLOGIA DA ESCRAVIDÃO DEMOCRÁTICA: CONCEITOS-CHAVE

4.1 ESCRAVIDÃO DE TERCEIRA GERAÇÃO

Não precisamos de correntes físicas. Nos escravizam através de:

    i.            Dependência econômica [bolsas que não emancipam]

   ii.            Dependência psicológica [medo do caos sem "nosso" político]

 iii.            Dependência cognitiva [incapacidade de pensar alternativas]

 

4.2 LADRÃO INSTITUCIONAL

Definição operacional: Agente político que utiliza o aparato estatal para:

1.      Transferir recursos públicos para esferas privadas [própria ou de aliados]

2.      Criar mecanismos legais [leis] de impunidade,

3.      Transformar mandato em empreendimento familiar hereditário.

 

4.3 DEMOCRACIA ESPETACULAR

Conceito derivado de Guy Debord: Sistema onde a representação substitui a representatividade. O político não representa interesses; representa um espetáculo de representação.

 

5/PROPOSTAS CORRETIVAS: DA DENÚNCIA À REAÇÃO ESTRUTURAL

5.1 REFORMA DO SISTEMA ELEITORAL [NÃO APENAS POLÍTICO]

Proposta 1: Voto Transversal

    i.            Eleitor vota em programas não em pessoas,

   ii.            Parlamentares eleitos por afinidade programática,

 iii.            Fim das legendas como propriedade privada.

 

Proposta 2: Mandato Revogável

    i.            Plebiscitos de meio mandato,

   ii.            Recall por abaixo-assinado verificado,

 iii.            Parlamentar responde por cumprimento de metas.

 

5.2 PEDAGOGIA DA AUTONOMIA POLÍTICA

Estratégia educacional:

1.      Alfabetização política real [leitura de votação, análise de patrimônio]

2.      Simulações de votações [o que cada voto significa em perdas/receitas]

3.      Cálculo do custo-benefício eleitoral [quanto cada voto nos custa]

 

5.3 CONTROLE SOCIAL TECNOLÓGICO

Ferramentas:

    i.            Blockchain/eu de votos parlamentares [imutável, público]

   ii.            IA de análise de coerência [discurso × voto × patrimônio]

 iii.            Plataforma de denúncia cidadã protegida.

 

6/EXERCÍCIO PRÁTICO: A AUTOANÁLISE DO ELEITOR ESCRAVIZADO

Para fazer agora, leitor:

1.      Liste o último político que você elegeu

2.      Acesse seu histórico de votações [https://www.camara.leg.br, https://www.senado.leg.br]

3.      Selecione 10 votações importantes para sua vida [educação, saúde, segurança, emprego]

4.      Analise:

a.        Quantas vezes ele votou contra seus interesses de cidadão?

b.       Quantas vezes ele votou a favor de privilégios corporativos?

c.        Qual o custo financeiro desses votos para você?

5.      Calcule:

Custo do seu voto = [Valor dos impostos que você paga] ÷ [Número de votos contra seu interesse]

 

7/À GUISA DE CONCLUSÃO: O ATO HERÓICO DE PENSAR

Escrevo estas conclusões sabendo que pensar politicamente hoje é gesto heroico. Não por romantismo, mas por constatação:

Somos o que nosso cérebro registra. Se registra apenas desprezo/ódio ao outro; medo do diferente; gratidão por migalhas — nosso cérebro torna-se cúmplice de nossa servidão.

 

coragem heróico-subversiva não está em pegar em armas. Está em:

1.      Desobedecer à lógica binária direita-esquerda;

2.      Exigir transparência e prova real não apenas discurso;

3.      Votar com córtex pré-frontal não com amígdala;

4.      Aceitar que talvez nosso "político" seja parte do problema. E não a solução para o problema.

 

Última provocação: Se após ler este texto-aula você pensa, "mas o meu político é diferente" — exatamente esse pensamento é sua corrente invisível.

 

8/FONTES PESQUISADAS/CONSULTADAS

1.      BOBBIO, Norbert. O Futuro da Democrácia. Paz e Terra, 2000.

2.      DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Contraponto, 1997.

3.      FESTINGER, Leon. A Theory of Cognitive Dissonance. Stanford University Press, 1957.

4.      FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Paz e Terra, 1968.

5.      HOCHSCHILD, Arlie. Strangers in Their Own Land: Anger and Mourning on the American Right. The New Press, 2016.

6.      MOUFFE, Chantal. O Regresso do Político. Gradiva, 1996.

7.      SEN, Amartya. Desenvolvimento como Liberdade. Companhia das Letras, 2000.

8.      Dados quantitativos: Câmara dos Deputados, Senado Federal, TSE, Transparência Brasil.

9.      Neurociência política: WESTEN, Drew. The Political Brain. PublicAffairs, 2007.

10.  Economia comportamental: KAHNEMAN, Daniel. Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar. Objetiva, 2012.

 

8.1 FONTES PESQUISADAS-VIVENCIADAS

1.       Fonte Primária Universal: A Experiência Humana Direta da Violação de Direitos no Brasil Contemporâneo.

2.       Texto Constitucional: Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 [inteiro teor, principalmente Preâmbulo, Art. 1º ao 5º, 37, 60 §§ 4º].

3.       Jurisprudência Viva: Decisões do STF sobre “orçamento secreto”, irretroatividade da lei penal, liberdade de expressão vs. discurso de ódio.

4.       Legislação Espúria: Textos da “Lei da Dosimetria”, PECs do “teto de gastos” e do “orçamento secreto”, projetos de lei que atentam contra terras indígenas e quilombolas.

5.       Observação Empírica Direta: A atuação do Congresso Nacional [2023-2025], as manifestações golpistas, a retórica anti-STF e anti-Constituição na mídia e no discurso político.

6.       Acervo-Biblioteca do Professor Negreiros: Leituras totais de mundo a partir da floresta, do rio, da cidade abandonada, da roça invadida pelo agronegócio.

7.       Fontes Ancestrais: O saber jurídico tradicional das comunidades sobre justiça, que antecede e questiona o direito positivo do colonizador.

8.       Fontes Acadêmicas Transdisciplinares: Filosofia do Direito [de Kant a Streck], Sociologia Jurídica, Teoria do Estado, Ciência Política, Economia Política do Direito.

9.       Documentário Contínuo: Os 69 anos de observação de um Brasil que promete uma Constituição cidadã e vive sob a ameaça permanente de uma Constituição de privilégios.

 

 

Nota final: Este texto-aula não é neutro. É politicamente posicionado contra a escravidão democrática. Sua metodologia é transdisciplinar porque assim o problema exige. Sua ética é radicalmente pró-vida e pró-liberdade real. Escrevi [e escrevo] não para agradar, mas para provocar o cérebro político adormecido. Se dói, é porque a verdade — quando dita sobre feridas abertas — sempre dói antes de curar.

 

[A ti, leitor-corajoso, fico mui grato pelo ato heróico de ler e pensar.]

 

Professor Negreiros, Deuzimar Menezes

Consultor-Analista Transdisciplinar

Janeiro de 2025

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