Como fazer uma geração de jovens imbecilizados
Autor: Fernando Brito
Recomendo a leitura das duas reportagens da Folha de hoje (aqui eaqui) sobre os jovens universitários de faculdades particulares – e caras – de São Paulo.
Narra que a coisa chega ao ponto de se fazerem “reuniões de pais”,
assistir aula com a mamãe e, até, irem juntos a entrevistas de estágio.
Até caso “de mãe reclamar de reprovação em MBA” acontece em uma delas.
Cria-se uma geração de incapazes, supérfluos, paparicados, a pretexto de
zelar pela “segurança” e pelo “investimento” que estão fazendo, como se
a universidade não tivesse como um de seus principais papéis ser o
ambiente múltiplo e biodiverso onde se consumaria a sua transformação em
adultos, independentes.
Parece existir uma culpa doentia desta camada social que pretende manter
os filhos nesta redoma de classe em que se encapsularam e a se
relacionarem com a vida e a sociedade como “consumidores” e não como
partícipes da “vasta fauna humana”.
Como desprezam a diversidade, desprezam o que é diferente de si mesmos.
Infantilizando os filhos o que se consegue é torna-los egoístas,
covardes, despreparados para um mundo que é cada dia mais feito para a
mediocridade.
O contrário de gerações e gerações de jovens rebeldes e contestadores
que levaram o mundo à frente, forma-se uma geração que só contesta mesmo
a conivência humana e embarca no “sou rico, sou diferenciado, tenho
mais direitos que os outros”.
Superproteção, que reparo até em queridos amigos para com seus filhos, não é amor, é prisão.
E gente presa se desacostuma à liberdade, de tal maneira que, mesmo quando solta, ainda carrega as grades em sua mente.
Desculpem o desabafo, mas gosto demais da juventude – e do que ficou dela em mim – para não escrever sobre isso.