terça-feira, 24 de março de 2015

“A vida é muito curta para ler a Veja”

 

Jean Wyllys: “A vida é muito curta para ler a Veja”

março 22, 2015 17:15
Jean Wyllys: “A vida é muito curta para ler a Veja”
O parlamentar criticou recente capa da revista Veja, que traz em destaque Eduardo Cunha (PMDB-RJ); segundo Wyllys, há uma tentativa de transformar o presidente da Câmara em “grande estadista”, sem ao menos mencionar que ele é um dos investigados pela Operação Lava-Jato
Por Redação
No último sábado (21), o deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) se manifestou, em sua página no Facebook, sobre capa recente da revista Veja, que traz em destaque a figura do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo o parlamentar do Psol, há uma tentativa de enaltecer o nome de Cunha, sem qualquer menção ao fato de ele estar sendo investigado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, por suposto recebimento de propina.
Confira o depoimento na íntegra:
A vida é muito curta para ler Veja e o fruto de meu trabalho é precioso demais pra gastá-lo com essa revista. Mas, na livraria onde estive há pouco, vi a capa de sua nova edição e a fotografei. Vejam que a revista – que transformou em herói nacional o senador corrupto Demóstenes Torres (DEM-GO), peça-chave do esquema de corrupção de Carlos Cachoeira, do qual também fazia parte um repórter da Veja – decidiu, nessa edição, transformar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em grande estadista (percebam que não há, na capa da revista, qualquer menção ao fato de o presidente da Câmara estar indiciado na operação Lava Jato, que investigou pesado e antigo esquema de corrupção na Petrobras, e denunciado pelo Ministério Público Federal ao STF). O que dizer desse “jornalismo”? Deixem seus comentários…
Foto de capa: Divulgação

BRASILEIRO VOCE SABE QUANTOS SÃO CONDENADOS POR COMPARTILHAR SUA VISÃO DO MUNDO?

QUANTOS NÃO SÃO CONDENADOS POR COMPARTILHAR SUA VISÃO DO MUNDO? #LiuCaldas  

MP FAZ 'VARREDURA' EM R$ 62 MI DE DOAÇÕES ELEITORAIS

 
A investigações da MP sobre as doações legais a partidos  envolvendo empresas ligadas a Petrobrás mostra que mais de 53% do valor foram para a bancada do PMDB. Engraçado... porque a mídia só cita o tesoureiro do PT???  (até minha filhinha sabe que é Vaccari Neto) Quem é mesmo o tesoureiro do PMDB e do PSDB?????

MP FAZ 'VARREDURA' EM R$ 62 MI DE DOAÇÕES ELEITORAIS

A Procuradoria-Geral da República (PGR) vai investigar R$ 62,6 milhões de doações eleitorais legais declaradas à Justiça em busca de propinas do esquema de corrupção montado na Petrobras.

Segundo reportagem de Felipe Bachtold, a apuração será realizada nas prestações de contas de 2010 de siglas e de políticos que tiveram pedido de investigação autorizado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Na época, foram questionados R$ 32,8 milhões de contribuições para o PMDB, R$ 9,8 milhões ao PT e R$ 9 milhões ao PSDB.

Em delações premiadas, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef ligaram ao esquema políticos como os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), além dos senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR), e Sérgio Guerra (tucano morto em 2014).
http://www.plantaobrasil.com.br/news.asp?nID=88172
 
Você não ouvirá nadinha do Bonner sobre o Banestado; se ouvir, será de forma manipulada.

Rede Globo em crise

Ex colunista da Globo quer dar um basta definitivo no jornalismo-lixo da emissora

FG
Não me proponho contribuir para a quebra da Globo. Seria um desperdício de tecnologia em audiovisual acumulada durante décadas, a qual se tornou um patrimônio nacional de valor incalculável. Quando o senador Crivella agendou uma conversa com João Roberto Marinho na última campanha eleitoral, sugeri a ele que deveria dizer que, se eleito, se comprometeria a lutar pela consolidação do Rio como capital audiovisual da América Latina e um dos principais centros de produção de arte audiovisual do mundo. O líder seria a Globo, naturalmente, não a Record, cuja base audiovisual é São Paulo.
Acontece que os programas de boa qualidade formal da Globo, como as novelas, casos especiais, Globo Repórter, Fátima Bernardes, The Voice (não sei por que não “A Voz”) e SuperStar funcionam como uma espécie de rede física de esgoto pelo qual flui o material de má qualidade, a saber, o Jornal Nacional e, principalmente, o Jornal da Globo. Vai também junto desse lixo esse monumento à imbecilidade globalizada, o BBB Brasil, que disputa com Faustão o campeonato da idiotice, salvo apenas, no caso de Faustão, pela Dança dos Famosos, para os que tem estômago para tolerar as piadas de mau gosto do apresentador.
O lamentável é que os outros canais, como Record, Bandeirantes e SBT, não se aproveitam das falhas estruturais da Globo para lhe ocuparem o espaço jornalístico. Na Band o jornalismo é tão pobre que as notícias dos principais Estados são veiculadas por rádio, sem acompanhamento de imagem. A Record tem a sorte de ter em seus quadros um dos maiores jornalistas do Brasil, Paulo Henrique Amorim, mas também nela falta infraestrutura para o noticiário em geral. Com isso, a Globo nada de braçadas, fixando o padrão de mediocridade que move a maior parte do jornalismo de televisão.
Como colunista do Globo, privei durante quase um ano da intimidade de Roberto Marinho, o que me possibilitou conhecer bem algumas de suas facetas. Era um homem simples, sem ideologia, voltado quase exclusivamente para o jornal, não a tevê. É que, de jornal, ele acreditava entender bem – entrou na tipografia e acabou dono -, enquanto a televisão não lhe era familiar, e deixava entregue a José Bonifácio, o Boni, e Walter Clark. Boni e Clark puderam dar uma direção profissional à televisão, sem interferência do dono, enquanto o jornal era estritamente vigiado por ele.
Talvez viesse daí a mediocridade do Globo quando comparado com o Jornal do Brasil, por exemplo. Entretanto, mesmo que não fosse um luminar do jornalismo, Roberto Marinho tinha o espírito da notícia. Lamentou várias vezes não ter podido dar o furo do Plano Cruzado porque Sarney lhe pedira reserva. (O curioso nesse episódio é que Sarney não se deu conta de que estava passando informação privilegiada para o maior grupo de comunicação do país num momento crucial da vida econômica brasileira. Na verdade, Sarney temia tanto o grupo Globo que não pensou duas vezes antes de lhe entregar uma ficha valiosa que não foi usada.)
O espírito jornalístico de Roberto Marinho não foi transmitido à prole. No caso da televisão, foi totalmente desvirtuado. Como jornal perdeu espaço no mundo da comunicação, a penetração da tevê tornou-se uma arma mortal de difusão ideológica. No Jornal Nacional ela vinha sendo usada com alguma moderação porque os editores, William Bonner à frente, calculavam que os telespectadores são sobretudo de classe média baixa. A partir da última eleição, contudo, com o sistema Globo assumindo papel de militante pró-Aécio, a manipulação ideológica também do noticiário televisivo no horário nobre tornou-se aberta.
Como já escrevi anteriormente, o sistema de três feudos e várias satrapias jornalísticas do Globo não tem hoje nenhum controle político. É o campo da liberdade sem limites dos âncoras e apresentadores, no qual atua a lei da selva. Um ensaio iluminado de Norberto Bobbio ensina que os luminares do alvorecer da Idade Moderna não esclareceram bem o que entendiam por liberdade. Alguns, como Locke e Montesquieu, viam a liberdade como o não limite; outros, como Rousseau e Hobbes, como prerrogativa de estabelecer os próprios limites. Os primeiros inspiraram o liberalismo econômico. Os segundos, a democracia.
A tevê Globo é hoje o império da liberdade sem limites, do liberalismo econômico que gerou nas quatro últimas décadas o neoliberalismo. Antes, por contraditório que possa parecer, Roberto Marinho lhe dava um caráter democrático. Um dia, na minha época no Globo, entrei na sala dele e lhe expus o que sabia dos rumores de corrupção do Governo Collor. “O que acha que eu devo fazer?”, perguntou ele a mim, que tinha pouco mais de metade de sua idade. “Ponha na televisão”, sugeri. Ele ficou em silêncio alguns segundos para comentar, encerrando a conversa: “É muita responsabilidade…”
É essa responsabilidade que a Globo perdeu sob a influência nefasta do grupo Veja. Destruidora do Governo Collor, sem provas – a entrevista que publicou com o irmão de Collor foi um monumento à irresponsabilidade jornalística -, Veja começou a articular suas “revelações” de escândalos, oriundas de espionagem paga, com o noticiário do Jornal Nacional e o Jornal da Globo. Duplamente irresponsáveis, esses dois sistemas de empulhação jornalística estão destruindo o Brasil com intrigas, e contribuindo para a degradação de todas as instituições brasileiras, Executivo, Legislativo e Judiciário. Chegou o momento do basta.
Para destruir Veja, o que se justifica como profilaxia da imprensa brasileira, é muito fácil: basta parar de comprá-la e cancelar as assinaturas. Caso sinta necessidade de revista, compre a Carta Capital como alternativa, com uma linha mais imparcial.
No caso da tevê também é fácil. Como queremos preservar as novelas e punir o jornalismo-lixo, vamos fazer o seguinte: no horário do Jornal Nacional e do Jornal da Globo – depois da novela, num caso, e do BBB, do outro -, vamos desligar a televisão ou mudar de canal. Todos os anunciantes da Globo saberão pelas pesquisas que, naquele horário, os aparelhos ou estarão desligados ou ligados em outro canal. (Sugiro que alguém mais competente que eu em matéria de internet arranje um jeito de tornar essa convocação nacional através das redes sociais, começando numa data marcada com antecedência e combinando novas datas até que se torne conhecida alguma providência do sistema Globo em reestruturar profissionalmente seus jornais!)
J. Carlos de Assis Jornalista, economista e professor, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de mais de vinte livros sobre Economia Política, sendo o último “A Razão de Deus”, pela Civilização Brasileira.(via Jornal GGN)

De quem é a culpa pelos 20% do Jornal Nacional? Por Paulo Nogueira


Postado em 24 mar 2015
Números desastrosos
Números desastrosos
Se Mino Carta citou Jesus numa conversa sobre os protestos, me sinto autorizado a fazer isso também.
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Minha citação é: “Não julgue para não ser julgado.”
Penso, especificamente, nas grandes empresas de jornalismo.
A Globo, por exemplo. Acaba de sair a notícia de que o Jornal Nacional bateu na histórica marca de 20 pontos de Ibope – uma migalha para quem já teve duas, três vezes isso.
Abaixo dos 20, o dilúvio. (Atualização: uma revisão do Ibope elevaria depois este número para 25, o que não muda nada na vigorosa tendência de queda. Longe disso. O que se viu foi a Globo festejando a medíocre marca de 25%, como time tradicional que escapa de rebaixamento.)
Nos mesmos dias, soube-se que Babilônia, a nova novela, caiu vertiginosamente no espaço de uma semana.
E o BBB, como desgraças andam juntas, teve na semana passada a pior sexta de sua existência no Brasil.
A Globo bate sucessivos recordes negativos.
E então vamos a meu ponto: de quem é a culpa?
Se você julgar a Globo como seus comentaristas julgam o governo, a culpa é exclusivamente da própria Globo.
O diretor de telejornalismo Ali Kamel e o apresentador William Bonner teriam que ser impiedosamente despedidos pelos números catastróficos da audiência em sua gestão.
Na área de entretenimento, demissões sumárias teriam também que ocorrer. Novelas que se esfolam para bater em 30 pontos são uma vergonha para quem chegou a ter 100% dos televisores em últimos capítulos, como Selva de Pedra.
Feitas as demissões, os irmãos Marinhos teriam que se auto-substituir, como fez um jogador africano na Holanda depois de uma vaia interminável de sua própria torcida.
Atribuir a outras coisas?
Veja como a Globo lida com isso quando Dilma coloca o Brasil dentro de um contexto de crise global.
Pergunte a Kamel, ou a Bonner, ou a Míriam Leitão, ou a Merval, ou a quem for, qual a causa da derrocada das audiências da Globo – não apenas na tevê, mas em mídias como jornal, revista e rádio.
Ninguém, com certeza, dirá que a responsabilidade é da própria Globo. Ninguém admitirá falta de qualidade nos telejornais, ou nas novelas, ou na falta de capacidade de inovar na administração e nos produtos.
A culpa está lá fora.
Da mesma forma, pergunte aos Civitas como a Abril, em tão pouco tempo, se tornou uma empresa morta em vida.
Gestão ruinosa? Conteúdos desvinculados do espírito do tempo? Más escolhas, como Fabio Barbosa?
Mais uma vez, o problema está lá fora.
Muito bem. Por que circunstâncias externas valem para as empresas, e só para elas?
Todos sabem as restrições editoriais que faço à Globo e à Abril, e trabalhei nelas tempo suficiente para saber que não são administradas com excelência. (É o lado B de empresas que gozam de reserva de mercado e outras mamatas. Como filhos mimados, têm dificuldade em se virar fora de ambientes protegidos.)
Mas, com tudo isso, é inegável que o mundo externo responde e muito pela crise que Globo e Abril enfrentam.
A internet transformou seus produtos em velharias.
Mesmo que a Globo fizesse o melhor jornalismo do mundo, uma coisa do padrão da BBC, e ainda que a Abril fosse administrada por Rupert Murdoch, as coisas continuariam complicadas, dado o poder disruptivo da internet.
A situação do Brasil é bem menos grave do que a da Abril e a da Globo. Como a agência de avaliação de risco S&P avaliou ontem, o Brasil continua a ser um bom porto para os investidores.
A economia, previu a S&P, deve ter um soluço em 2015, uma queda de 1% no PIB, para voltar a crescer 2% em 2016.
Se Dilma for hábil em poupar os mais desfavorecidos, não haverá grandes problemas sociais – ou mesmo pequenos.
De novo: as empresas de mídia enfrentam desafios imensamente maiores que os do Brasil. A rigor, o cemitério as aguarda, a alguns quarteirões de distância.
Tudo isso considerado, seria uma injustiça atribuir o drama delas apenas a elas mesmas.
É o que elas fazem ao examinar as dificuldades econômicas do momento. Tudo culpa do governo, segundo elas.
Isso mostra cinismo, falta de visão e – a palavra é dura, mas não há outra mais precisa – um tipo de canalhice que faz você não lamentar o estado terminal em que elas se encontram.
(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Oligopólio midiático exerce domínio sobre os brasileiros


Oligopólio midiático afia as garras para manter o domínio sobre o Brasil

Monopólio da mídia
“Ultimamente a coisa se tornou mais complexa porque as instituições tradicionais estão perdendo todo o seu poder de controle e de doutrina. A escola não ensina, a igreja não catequiza, os partidos não politizam. O que opera é um monstruoso sistema de comunicação de massa, impondo padrões de consumo inatingíveis e desejos inalcançáveis, aprofundando mais a marginalidade dessas populações”. – Darcy Ribeiro (1922-1997)
Deus ou diabo, preto ou branco, corrupto ou honesto, bom ou ruim. Para os brasileiros, não existe meio termo. Temos esta tendência a radicalizar tudo em dois pólos. Uma característica bem brasileira, coisa de pele, do DNA de colonizados que esperam ansiosamente a realização da eterna profecia do “país do futuro”. As coberturas da eleição 2014 tem se aproveitado da incapacidade nacional em mediar discursos e relativizar oposições em busca de uma análise crítica e realista do nosso momento histórico. O oligopólio midiático verde e amarelo (ou seria branco, vermelho e azul?) sabe explorar períodos importantes do ideário nacional em busca de passar a mensagem própria ao invés da real. São craques em amplificar nosso “complexo de vira-latas”, como bem foi visto antes da Copa do Mundo 2014, escancarando uma suposta incapacidade nossa para realizações deste vulto, pobres seres periféricos que somos. Quantas vezes não ouvimos que iríamos “passar vergonha”?
A eleição desenhou o cenário ideal para que aqueles que detém a responsabilidade de informar finalizem o plano iniciado em 2003. Inconformados com a vitória de Lula e a troca de comando do país, empenharam-se em uma guerra suja com o objetivo de colar no PT a etiqueta de “partido dos corruptos”. Boa parte dos brasileiros caiu nesta falácia esquecendo-se dos incontáveis escândalos anteriores a 2003. O maior símbolo desta boçalidade que joga contra a cidadania é a vontade de “derrotar o PT”. Como fosse o partido o causador de todos os males atuais, do vírus Ebola à guerra no oriente médio. Aécio Neves, ao contrário, goza de descarado apoio dos oligopólios midiáticos, interessados em manter os gordos privilégios e dando de ombros para o bem do país. Empresas que só enxergam os imundos umbigos e praticam uma espécie de “censura branca”, alijando opiniões contrárias, escondendo e suavizando notícias e discursos negativos contra seus queridinhos. A confusão joga a favor delas, uma vez que cidadãos menos informados usam os mesmos clichês vazios para referendar as próprias escolhas, independente da região onde nasceram ou mesmo do nível de escolaridade.
Temos uma mídia que, no grosso de sua garganta, desinforma ao invés de informar, esconde ao invés de reportar, inventa ao invés de contar. Dissemina uma ignorância baixa, que traz consigo ódios, violências, desinteligências e proíbe o ato da crítica que não lhe convém. A luta contra a obrigatoriedade do diploma de jornalista joga a favor das empresas, uma vez que a profissão é cada vez mais desvalorizada, paga menos e contrata mais profissionais despreparados e manipuláveis. Qual o objetivo disso? Impedir o povo de pensar. Continuar controlando uma geração de idiotas da objetividade, incapazes de raciocínios que levem em conta possibilidades alheias ao próprio cabresto. O projeto de continuísmo da dominação ideológica contém, obviamente, a falsa vontade de ver um país com educação e tecnologia de ponta. Defendem cada vez mais um ensino tecnicista, que mande os jovens pobres da escola para as fábricas, nunca para as universidades. Afinal, um povo bem educado não aceita mentiras gratuitas.
Parafraseando o escritor Monteiro Lobato, o jornalista Palmério Dória produziu um raciocínio que muito se aproxima do que descrevi acima: Ou o Brasil acaba com o monopólio da mídia ou o monopólio da mídia acaba com o Brasil.  Esta eleição é só mais um exemplo do quanto nosso país anda impregnado desse veneno imbecilizante com um pé nos velhos engenhos, nos navios negreiros e nas capitanias hereditárias. Aliado a tudo isto, Aécio Neves e seus pares, inclusive Marina Silva – alguém que virou as costas para o próprio passado e preferiu ajoelhar-se e beijar a mão do coronel -, defendem que tudo continue como está. Não é preciso andar muito por aí para perceber o porque. Basta olhar as capas dos jornalões, das revistas semanais e ler as entrelinhas dos noticiários televisivos. O PT de Dilma Rousseff e antes de Lula, não teve coragem para enfrentar este estado de coisas. E agora vê uma vitória antes dada como certa escapar-lhe cada vez mais entre os dedos. Não será a primeira vez que o partido enfrenta lutas duras como esta. O que não pode esquecer é que o erro não pode ser cometido de novo. O Brasil precisa disso, talvez mais do que qualquer outra coisa.

A Justiça no Brasil é braço da elite

A Justiça no Brasil é braço da elite

Defensor dos sem-terra no Pará por mais de uma década, frei Henri Burin des Roziers fala do País de hoje e dos anos setenta e oitenta
por Leneide Duarte-Plon — publicado 24/03/2015 
na Carta Capital                                                                                                                                                                         AFP
Frei
Para o frei Henri Burin des Roziers não há reforma agrária porque a propriedade da terra é imposta pela violência
De Paris
Em seu quarto no convento Saint-Jacques, em Paris, a 12 mil quilômetros de Rio Maria, pequena cidade do Pará onde defendeu na Justiça inúmeros camponeses sem-terra, o frade dominicano e advogado Henri Burin des Roziers, 85 anos, recebe CartaCapital para falar da sua experiência no Brasil, onde foi morar em 1978. Rio Maria, campeã de assassinatos por encomenda de líderes sindicais, é conhecida como “a terra da morte anunciada e, por isso, virou símbolo da luta camponesa no Pará.

advogado dos sem-terra pertence a uma tradicional família francesa. Estudou em Cambridge e fez doutorado na Sorbonne,  antes de se tornar alvo de matadores profissionais. Em 2005, recebeu o Prêmio Internacional dos Direitos Humanos, na França, onde, em 1994, fora condecorado com a Légion d’Honneur.
CartaCapital: Segundo a Comissão Pastoral da Terra, entre 1985 e 2011, 1.610 pessoas foram assassinadas no Brasil em conflitos de terras. Camponeses, padres, freiras e advogados que defendiam os camponeses. Entre os estados brasileiros, o Pará é o mais violento, com 645 mortos entre 1985 e 2013. Por que essa violência?
Henri Burin des Roziers: Certamente, por causa da impunidade. Foi por isso que, quando fui enviado a Rio Maria, trabalhei contra a impunidade dos pistoleiros e seus mandantes, que tinham matado sindicalistas. Em Rio Maria, tinham assassinado João Canuto, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, tinham ameaçado o outro presidente, que teve de fugir, e depois assassinaram quem o sucedeu, Expedito Ribeiro de Souza. E nada acontecia. Por isso, passei grande parte do meu tempo no Brasil tentando agir para que a Justiça julgasse e condenasse os assassinos. Essa impunidade diminuiu um pouco, alguns foram julgados.
CC: O senhor obteve vitórias. Como se explica a violência em torno da terra no Brasil?
HBR: Eles continuaram a assassinar, claro, até hoje o fazem. Mas não da mesma forma sistemática. Creio que por causa do nosso trabalho. A Justiça, hoje no Brasil, ainda está ligada às classes dominantes. Na época, eles compravam juízes. Obtivemos condenações formidáveis em Rio Maria, mas na hora da execução da pena tivemos problemas por causa do conluio da Justiça com os ricos. Apesar de tudo, acho que houve pequenos avanços. No País, há uma cultura da violência, sobretudo no Norte. Ela se explica pela impunidade, mas também porque está na estrutura da sociedade. Os  que têm poder na região são violentos e a propriedade da terra é uma realidade que se impõe pela violência.
CC: A reforma agrária no Brasil é impossível? Por que nunca foi realizada?
HBR: Creio que há uma razão histórica. Na história do Brasil, o problema da propriedade e da terra é visceral. Talvez por causa das Capitanias Hereditárias e das Sesmarias, no início da colonização. Os primeiros colonos recebiam o poder a partir da terra. Desde a origem, o problema era fundamental. A terra como símbolo de riqueza e poder.
CC: Por que tanto Lula quanto Dilma Rousseff não ousaram fazer a reforma agrária?
HBR: Antes deles houve quem tentasse. O golpe de Estado de 1964 aconteceu em parte por causa das Ligas Camponesas de Francisco Julião. O problema da propriedade da terra no Brasil é explosivo.
CC: Como o senhor viu a nomeação da representante do agronegócio, grande latifundiária, Kátia Abreu, para o Ministério da Agricultura ?
HBR: É imcompreensível. Dilma Rousseff foi eleita com muita mobilização dos Sem-Terra, do MST. Nomeou essa mulher para sobreviver, para ter um apoio político. Dilma está fragilizada. Totalmente envolvida em um jogo difícil. Agora é o poder pelo poder. É o que se dá com o PT. No Partido dos Trabalhadores, salvo algumas exceções, o conjunto dos parlamentares luta para manter o poder. Não têm mais preocupações ideológicas, não se empenham por reformas. Dilma Rousseff não tem mais nada a ver com a Dilma Rousseff de Lula, quando chegou ao poder. Mas vale dizer que era uma tecnocrata, não está na origem do PT.
CC: Depois do assassinato da freira Dorothy Stang, em 2005, o senhor passou a ser protegido por policiais. Por que o senhor era um alvo?
HBR: Porque trabalhei no Brasil por muito tempo como advogado, principalmente como advogado de acusação, se posso dizer assim, tentando levar à Justiça os matadores de camponeses e seus mandantes. Levamos à Justiça assassinos de camponeses e líderes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria. Nos anos 80, os fazendeiros da região tinham decidido que o sindicato teria de fechar. Para tanto, mandaram matar, em dezembro de 1985, seu primeiro presidente, João Canuto. Depois mataram seus dois filhos, José e Paulo. Não mataram a viúva porque não a encontraram. O sucessor de Canuto teve de fugir para não ser morto. Outro camponês, Expedito Ribeiro de Souza, assumiu a presidência do sindicato e foi assassinado em 1991. Depois, assassinaram um diretor do sindicato, Brás de Oliveira. Um companheiro dele conseguiu escapar, foi sequestrado e mandado para longe de Rio Maria.
CC: Como defensor dos sem-terra, o senhor passou a ser um alvo?
HBR: Lembro que, já ameaçado de morte, Expedito foi convidado, em dezembro de 1990, a falar num grande congresso da CUT, em São Paulo. Fez um discurso emocionante, diante de mil trabalhadores. Disse que era pai de nove filhos e, como presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria, estava ameaçado de morte. Todos os amigos lhe diziam para ir embora, mas ele fora eleito presidente e não podia abandonar os companheiros. OLe Monde Diplomatique fez uma matéria sobre esse encontro na CUT, cujo título era: “Esse homem vai ser assassinado”. E foi, em fevereiro de 1991.
CC: O senhor estava lá?
HBR: Não, eu estava deixando o Brasil e indo para a Guatemala. Com o assassinato de Expedito, a Comissão Pastoral da Terra começou a procurar um advogado. Havia advogados como Luiz Eduardo Greenhalgh, que naquele tempo era formidável. Depois, deixou-se seduzir pelo poder, infelizmente. Tinha sido advogado de presos políticos na ditadura. Havia também Márcio Thomaz Bastos, depois ministro da Justiça do presidente Lula. Esses advogados estavam a serviço da causa, mas diziam que do Rio e de São Paulo não podiam acompanhar os acontecimentos em Rio Maria. No entanto, se não se fizesse algo imediatamente, o processo estaria comprometido. Aceitei então ser o advogado. E assim fui para Rio Maria. E fui aos poucos retomando os casos já enterrados, inclusive o de João Canuto.
CC: O senhor foi para o Brasil em 1978. Por que o Brasil?
HBR: Em 1969, eu fui para o convento Saint-Jacques, onde estavam alguns dos dominicanos brasileiros exilados pela ditadura. Tomamos posição clara na defesa daqueles que estavam presos, e que foram, inclusive, torturados. A luta armada sequestrou o embaixador  Giovanni Bucher, exigiu a libertação dos presos e foi assim que frei Tito de Alencar e outros foram soltos. Frei Tito veio para o Saint-Jacques e também foi aqui que conheci o dominicano Magno Vilela. Muito inteligente, ele foi determinante para que eu decidisse trabalhar no Brasil. Decidi ir em 1976, mas as autoridades brasileiras recusaram meu visto. Os dominicanos me diziam que eu nunca conseguiria. Cogitei então ir para o Peru, mas, quando estava para embarcar, já em 1978, soube que o visto fora dado. O papa Paulo VI morrera e, para ser bem-vista, a ditadura, que defendia a candidatura do Núncio Apostólico no Brasil, Sebastiano Baggio, resolveu dar os vistos aos quatro dominicanos franceses que estavam na lista de espera. Foi eleito João Paulo I, morreu logo depois. Em seguida,  esse triste João Paulo II foi eleito papa. Fui para o Brasil e não para o Peru.
CC: O senhor foi para a Amazônia?
HBR: Primeiramente, para o Rio, depois visitei Fortaleza, Belo Horizonte, São Paulo e Brasília. Aprendi o português. Quando conheci Magno Vilela, no convento Saint-Jacques, já tinha experiência de jurista na região de Haute Savoie. Ele me disse que essa experiência seria útil nas lutas populares no Brasil. Depois dessa conversa é que fiz meu pedido para o Brasil.
CC: Em 2013, depois da eleição do papa Francisco, o senhor disse, em São Paulo: “O papa deve mudar de vida, parar de se comportar como um príncipe. Deve ser um homem de diálogo no interior da Igreja e deve acabar com esse aspecto de autoridade absoluta”. O que acha agora?
HBR: Até agora, estou feliz. Nos sentíamos no deserto, perseguidos durante 40 anos sob o poder de João Paulo II e do triste Ratzinger-Bento XVI. Com Francisco, a gente se sente reabilitado. O que vi até agora me dá esperança. Sobretudo o discurso que ele fez em Roma para os movimentos populares. Disse que era preciso fazer uma revolução. Esperamos resultados. Fico, porém, um pouco apreensivo, sua sucessão me preocupa muito.
CC: Numa entrevista a um jornalista francês o senhor mencionou dom Helder Câmara como uma figura importante no seu percurso e falou dele com admiração. O senhor o conheceu? Como inspirou seu trabalho?
HBR: Nunca o encontrei pessoalmente. Mas a admiração vem de longe. Quando eu era capelão dos estudantes aqui em Paris, nos anos 1960, dom Helder, o bispo vermelho dos pobres, vinha frequentemente à Europa e passava sempre por Paris, onde fazia conferências que atraíam multidões. Ele denunciava a pobreza terrível do Brasil, das crianças do Nordeste. Era o bispo dos pobres, ele lembrava que naquele país de opulência havia uma grande pobreza. A gente mandava os estudantes irem ouvi-lo e depois fazíamos debates. Ele ficou como uma referência. Seu impacto no público francês era muito forte. Eu lia o que ele dizia e fazia. Ele criou um excelente centro de direitos humanos no Recife, mas outro bispo destruiu o que ele fez.

A Justiça no Brasil é braço de uma elite liberal

Juiz que liberou da cadeia primo do governador Beto Richa “abre fogo” contra Juca Kfouri, Dilma Rousseff e PT

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Blog do Esmael

O juiz substituto em 2.º grau Márcio José Tokars, da 2.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), que concedeu ontem à noite um Habeas Corpus liberando o lobista Luiz Abi Antoun, primo do governador Beto Richa (PSDB), da prisão após uma semana, foi às ruas no último dia 15 de março contra o PT e o governo “corrupto” de Dilma Rousseff.

Quem relata isso é o próprio Tokars em seu perfil no Facebook, datado de 12 de março — véspera da manifestação que reuniu 80 mil pessoas em Curitiba. No texto, o juiz defende o panelaço da classe média e espinafra o jornalista Juca Kfouri que viu ódio da classe média contra a petista no artigo “O panelaço da barriga cheia e do ódio”.
O diabo é que Luiz Abi, o primo de Richa, esteve preso por fraude em licitações no governo do Paraná. Praticou corrupção. O parente do tucano foi solto mesmo com o magistrado reconhecendo a gravidade do delito. Tokars defendeu “medidas alternativas à prisão preventiva” do “chefe da quadrilha”, nas palavras do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Deputados perguntavam na manhã de hoje, nos corredores da Assembleia Legislativa, se o juiz Márcio José Tokars vai à próxima manifestação pelo impeachment de Dilma acompanhado de Luiz Abi Antoun, pois, como se sabe, os protestos contra o PT e a presidenta são engendrados dentro do Palácio Iguaçu. Mas os palacianos disfarçam bem sob o manto do “apartidarismo”.
A seguir, leia a íntegra da carta aberta do juiz Márcio José Tokars ao jornalista Juca Kfouri:
Resposta ao texto atribuído a Juca Kfouri (“O panelaço da barriga cheia e do ódio”)
Sou fã do Juca Kfouri. E continuarei sendo. Mas, como analista político, ele se revelou um grande conhecedor do futebol brasileiro. É capaz de recitar de memória a escalação do Corinthians nas oitavas de final do campeonato paulista de 1982, mas não de descrever a profundidade e gravidade do momento pelo qual nosso país está passando.
As diatribes que lança são tão desconexas da realidade que não podem ser respondidas de forma linear. Somente de forma fragmentada, e talvez mesmo desajeitada, podem ser analisadas. Segue minha tentativa:
1. A legitimidade do panelaço foi atacada pelo fato de advir de uma “elite branca” temerosa de perder seus privilégios. Esta defesa em forma de ataque está errada principalmente por duas razões:
a) a indignação à corrupção deslavada (que, somada à empáfia e à evidente incapacidade técnica de nossa presidente para dirigir a economia) não está limitada à classe média. Ainda ontem, Dilma foi ruidosamente vaiada em um evento em São Paulo. E foi vaiada por um grupo de 200 operários bastante distantes do conceito de elite branca; e
b) as pessoas com quem convivo e que manifestam, como eu, uma indignação plena por estarmos sendo representados e conduzidos por alguém como Dilma Roussef, de fato pertenceriam, na visão de Juca, a uma elite (se ainda fosse sociologicamente aceitável a estratificação). Mas a condição de elite atribuível a este grupo não decorre do fato de equiparmos nossas cozinhas com panelas de teflon, ou ainda de podermos viajar mais. Decorre de termos estudado mais, trabalhado mais e de estarmos mais comprometidos com nossos princípios éticos do que as pessoas que nos governam. Neste cenário, temos que confessar: somos a elite intelectual, laboral e ética do país. E essa elite é gigantesca.
2. O ingrediente racial adicionado à fórmula de ataque proposta por Juca Kfouri beira ao ridículo. É, em si, racista. Provavelmente não mereceria um comentário mais atento. Qualquer pessoa minimamente civilizada sabe que quantidade de melanina em nossas células epiteliais não faz qualquer diferença. Mas, se a pigmentação for mesmo relevante neste momento, talvez valha a lembrança de que nós, integrantes da classe média preocupada, somos descendentes diretos e próximos de verdadeiros red necks. Só fica a duvida: a pigmentação solar de quem veio para os trópicos há um século para, literalmente, lavorar, vale como argumento de legitimação?
3. Não estamos defendendo privilégios, mas conquistas. Tenho orgulho de poder oferecer aos filhos mais possibilidades de vida, sob o ponto de vista material, do que aquelas que tive (sem prejuízo do orgulho de poder preservar um ambiente doméstico de amor por aos filhos, que não poderia ser maior do que eu tive à disposição em minha infância). Tenho orgulho de ter uma casa confortável. Tenho orgulho de poder receber meus amigos e oferecer-lhes bons vinhos. Tenho orgulho de tudo isso. Mas também tenho a consciência de que nada disso é privilégio. É conquista. Conquista cujas principais características também devem ser destacadas:
a) não foi produzida ou maximizada pelas pelo governo do PT. O crescimento econômico que facilitou as coisas até 2010 não é obra de Lula/Dilma, mas de um cenário internacional tremendamente favorável (que gerou taxas de crescimento incríveis e contínuas em países como a Irlanda, a Ucrânia, a Colômbia e o México), e que foi bastante impulsionado pela exportação de commodities à China. Atribuível ao PT é a iminente recessão (que não é fruto do cenário internacional, mas da inanição interna – veja-se que os EUA, que levaram o maior tombo entre os países atingidos em 2008, estão crescendo 4,4% em uma economia que continuou sendo gigante); e
b) estão acessíveis a todos que disponham da vontade de trabalhar. Para estudar, basta um cérebro (equipamento de série em nossa espécie, mesmo que algumas pessoas levem a crer que não). Como muitos que hoje dispõem de suas varandas gourmet, estudei em escolas públicas (do pré-primário ao doutorado), cresci em casa de madeira com cheiro de cera Canário e vi buracos surgirem na sola de meus Ki-Chutes e Congas. As conquistas vieram de muito esforço, e não da capacidade ou da bondade do PT.
4. Temo, realmente, pela perda de minhas conquistas. Não confio em uma estrutura de poder que, sim, é corrupta (alguém pode explicar a fortuna de Lula?), que, sim, é ignorante (reclassificaram o substantivo “presidente” por absoluta falta de leitura e hoje são representados por uma ex?-assaltante de bancos cuja vida empreendedora se resume à falência de uma loja de bugigangas chinesas), e que, sim, já demonstrou não ter limites ou escrúpulos na preservação de seus privilégios (sim, privilégios, por não advirem de seu mérito, mas de seu poder).
5. Não há problema em os aeroportos estarem, na visão de Juca, cheios de gente humilde (aliás, vivo em aeroportos lotados por outras razões). Não há problema em as classes mais simples estarem na Universidade (ainda que a política de quotas parta de um preconceito essencial – sei disso: sempre estudei em escola pública e todos os meus colegas tinham capacidade de estudar). Não há problema para a elite branca se menos pessoas não estão morrendo de fome (palmas para o Bolsa Família, mesmo não sendo uma invenção petista ou brasileira). Ninguém se compraz com a miséria alheia. Ninguém aceita a preservação da miséria material (que é a menos complicada de sanar). Mas as misérias intelectual e ética, que parecem estar na essência de nossos políticos, revoltam porque não são fruto do ambiente; são pessoais e opcionais.
6. O PSDB é culpado por existir? Por que a defesa petista se limita a atacar o PSDB? Eu até levaria a sério, se estivéssemos investigando objetivamente a corrupção tucana. Mas estamos sendo apresentados a um colossal esquema de corrupção criado e alimentado (muito bem alimentado) nas entranhas do governo petista. Se o PT deseja se defender, que fale de si. Caso contrário, vamos culpar Pedro Álvares Cabral de uma vez e acabar com o problema (retirar seus despojos de onde estiverem e enfiá-los no sal seria uma ideia).
7. Não tenho ódio. Tenho medo. Medo de um ex-presidente que, transloucado, diz que fará “o diabo” para manter o PT no poder.
8. O panelaço não é antidemocrático. O Juca que me desculpe, mas minha agenda está apertada hoje (tenho que trabalhar). Assim, não vai dar pra citar um monte de gente. Mas tem um que é fácil por estar na memória: Friedrich Muller. Ele deixou claro que a democracia, quando vai além da legitimação artificial do poder pelo voto, é algo que não se encontra nas eleições, mas nos períodos que as separam. A eleição é menos exercício de poder do que renúncia (nunca vi grande vantagem em escolher qual dos inaptos vai me governar). A verdadeira democracia existe quando a população manifesta sua opinião de forma legítima, exatamente como está ocorrendo agora. A verdadeira democracia existe quando a população acredita em sua capacidade de construir a própria história. E a verdadeira democracia se consolida historicamente quando somos capazes de abandonar nossa zona de conforto para lutar por aquilo que é correto.
Enfim, estarei na rua no domingo. E não vou defender nenhum privilégio. Vou defender um país mais decente.

Cinismo mau caráter - FHC pensa que crise petista o reabilita

Eduardo Guimarães: FHC pensa que crise petista o reabilita


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Posted by  on 24/03/15 • Categorized as Opinião do blog

A última de Fernando Henrique “uma declaração por dia” Cardoso (by Brasil 247) foi tentar culpar o sucessor direto, Luiz Inácio Lula da Silva, pela corrupção na Petrobrás. Antes, disse que a corrupção no Brasil foi inventada pelo PT. Antes, disse que o governo Dilma deveria cair. Antes, disse que o governo Dilma não deveria cair. Antes…
Desde que Dilma Rousseff assumiu seu segundo mandato, não passa uma semana ininterrupta sem que o ex-presidente tucano dê alguma declaração atacando-a ou ao seu partido ou a Lula, à diferença do que ocorreu durante a campanha eleitoral do ano passado.

Durante o processo eleitoral de 2014, mais uma vez o PSDB escondeu o seu líder maior, assim como fez em 2002, 2006 e 2010. A razão reside em pesquisa Datafolha publicada em 6 de junho do ano passado, que revelou a enorme impopularidade do ex-presidente.
Segundo o Datafolha de 6 de junho de 2014, os que “com certeza” optariam por um candidato a presidente sugerido por Fernando Henrique Cardoso eram 12%. Mas o destaque da pesquisa foi a influência negativa do tucano: 57% diziam que não votariam em alguém apoiado por ele. Por conta disso, a campanha de Aécio Neves o escondeu.
Por alguma razão, FHC acha que deve falar sem parar sobre “estelionato eleitoral”. Ele que, em 1998, disse que se Lula se elegesse presidente iria desvalorizar o real. Contudo, o tucano se reelegeu e, semanas após a reeleição, fez o que disse que o adversário faria, jogando o Brasil em uma das maiores crises econômicas da história recente.
FHC falar em “estelionato eleitoral” ou em crise econômica é uma piada de muito mau gosto. Aliás, qualquer tentativa de comparar a situação econômica de hoje com a de 1999, ano do segundo governo tucano, é ridícula.
Na última segunda-feira, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s manteve a nota de crédito do Brasil em “investment grade”, nota essa que afiança aos investidores internacionais que o país é seguro para investir.
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Existe alguém honesto que seja capaz de dizer que essa era a realidade do Brasil no início ou no fim do segundo mandato de FHC? Em 2002, último ano do governo FHC, o Brasil foi colocado pela mesma Standard & Poor’s na categoria “investimento especulativo”, ou seja, de risco elevado, a quem investisse aqui, de levar calote.
Sim, a popularidade de Dilma e do PT está no fundo do poço. Não se pode negar isso. A falta de explicação sobre o ajuste fiscal, a artilharia midiática e as críticas de setores da esquerda e até do PT às medidas de equilíbrio fiscal geraram um temor muito mais psicológico do que factual sobre a situação do país.
Isso quer dizer que os brasileiros esqueceram do que foi a era FHC? Será que os 57% que, ano passado, disseram que nem amarrados votariam em um candidato indicado pelo tucano, de repente, só porque acham que Dilma cometeu estelionato eleitoral tanto quanto ele, mudaram de ideia?
Duvido e faço pouco. Aliás, isso vale para o PSDB. Se hoje houvesse uma disputa entre Marina Silva e Aécio Neves, por exemplo, o tucano perderia de lavada. Sobretudo se Marina se voltasse para o campo progressista.
Aliás, a manutenção da nota de crédito do Brasil pela Standard & Poor’s constitui uma péssima notícia para FHC e seu partido, até porque a agência afirma que, ano que vem, a economia brasileira voltará a crescer.
Os brasileiros estão esperando uma torrente de desgraças pela frente, mas o que o mercado diz é que a situação é muito menos feia do que parece.
Se não ocorrerem as desgraças previstas, se os brasileiros constatarem que o que estão esperando de trágico não sobreveio, Dilma pode se recuperar. Já o que o país viveu sob FHC e seu partido, nunca será esquecido porque é história.
Aliás, mesmo que Dilma e seu partido não se recuperem, isso não irá reabilitar FHC. Uma nova força política emergirá. Pode ser Marina Silva, pode ser até, de repente, alguém bem mais à esquerda do que Dilma, de um partido mais à esquerda que o PT.
FHC sabe disso. Tanto sabe que nunca mais se candidatou a nada. Mas anda sonhando até em disputar a Presidência da República. Mas está incorrendo em um autêntico autoengano. Contudo, seria bom para o Brasil que ele tivesse essa coragem. Mas vai acordar. Não é tão estúpido. Sabe muito bem o que fez, apesar de ser tão cara-de-pau.


Política no Face:

Mais um moralista está perdendo as máscaras. O coordenador de campanha de Aécio Neves, senador Agripino Maia, acaba de ser indiciado por CORRUPÇÃO ATIVA e cobrança de PROPINAS. Ele se tornou réu por decisão da ministra do Cármen Lúcia, após o Ministério Público apresentar provas em áudio e vídeo do senador do DEM fazendo chantagem com empresários, exigindo destes um repasse de 1 milhão de reais. Agripino Maia é um dos mais críticos direitistas do País e era um dos mais serelepes e agitados manifestantes contra a corrupção na manifestação do dia 15. Contra a corrupção dos outros.

http://goo.gl/oCk2hr

'Manifestante', Agripino agora é réu por corrupção

:
Senador Agripino Maia (DEM/RN), que preside o DEM e foi um dos manifestantes contra a corrupção no dia 15 de março, agora é oficialmente réu no Supremo Tribunal Federal; a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi aceita pela ministra Carmen Lúcia, que autorizou a abertura de inquérito; Agripino teria recebido propina de R$ 1,1 milhão para liberar serviços de inspeção veicular no Rio Grande do Norte; em entrevistas recentes, ele tem se posicionado a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, assim como outros parlamentares do DEM, como Ronaldo Caiado (DEM/GO); este, que chegou a usar uma camisa de inspiração fascista contra o ex-presidente Lula, afirmou que Agripino merece o benefício da dúvida

24 de Março de 2015 às 17:13


247 – Menos de dez dias depois de participar dos protestos contra a corrupção e de defender, em entrevistas recentes, o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o senador Agripino Maia (DEM/RN) se tornou réu no Supremo Tribunal Federal por... corrupção.

A ministra do Cármen Lúcia decidiu abrir uma investigação contra o senador Agripino Maia (RN), presidente do DEM, com base em denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Maia foi delatado pelo empresário do Rio Grande do Norte George Olímpio, que disse negociar propina com políticos. A denúncia foi feita por meio de delação premiada.

Ele contou que o senador lhe pediu R$ 1,1 milhão para campanhas políticas e o chantageou, afirmando que, caso não lhe desse o dinheiro, perderia o contrato que tinha por meio de um instituto para prestar serviços ao Detran/RN.

Ele disse que chegou a entregar R$ 300 mil a Agripino Maia e a fazer empréstimos a pessoas indicadas por ele para que completasse a quantia solicitada. O pagamento ajudaria a liberar serviços de inspeção veicular no Rio Grande do Norte.

Como presidente do DEM, Agripino recebeu a solidariedade de correligionários como o senador Ronaldo Caiado (DEM/GO). No 15 de março, Caiado participou dos protestos e chegou a usar uma camisa de inspiração fascista contra o ex-presidente Lula. Em relação a Agripino, ele afirmou que o senador potiguar deveria ter o benefício da dúvida e o direito de se defender.

O EXEMPLO

 
Um ministro português recebeu, em Lisboa, um ministro angolano. Simpático, o ministro português convidou o outro a ir lá a casa. O ministro angolano foi e ficou espantado com a bela vivenda. Em bairro chiquérrimo e com piscina.
Com a informalidade dos luandenses pôs-se a fazer perguntas.
- Com um ordenado que não chega a mil contos limpos, como é que o meu amigo conseguiu tudo isto? Não me diga que era rico antes de ir para o Governo? O ministro português sorriu, disse que não, antes não era rico. E em jeito de quem quer dar explicações, convidou o outro a ir até à janela.
- Está a ver aquela auto-estrada?
- Sim, respondeu o angolano.
- Pois ela foi adjudicada por 100 milhões. Mas, na verdade, só custou 90... disse o português, piscando o olho.
Semanas depois, o ministro português foi de viagem a Luanda. O angolano quis retribuir a simpatia e convidou-o a ir lá a casa. Era um palácio, com varandas viradas para o pôr-do-Sol do Mussulo, jardins japoneses e piscinas em cascata. O português nem queria acreditar, gaguejou perguntas sobre como era possível um homem público ter uma mansão daquelas. O angolano levou-o à janela.
- Está a ver aquela auto-estrada?
- Não.
IN WWW.INSURGE-TE.BLOGSPOT.COM

Até quando os ministros do STF vão se fingir de mortos?

Ricardo Melo: Até quando os ministros do STF vão se fingir de mortos?

publicado em 23 de março de 2015 às 11:29
gilmar-mendes
Por que não uma Constituinte?
Proposta lançada após junho de 2013 é alternativa popular para uma reforma política verdadeira
Ricardo Melo, na Folha de S. Paulo
Quando parecia ser uma semana infernal para o governo, fatos mostraram que o jogo está longe de ter sido jogado.
Um dos alvos da Lava Jato, a Setal, abriu o bico sobre o cartel que cercava a Petrobras. Segundo a empresa, a indústria da fraude vem de longe. Mais precisamente do final dos anos 1990, durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso. E agora, senador José?
Quase ao mesmo tempo, surge vídeo do processo sigiloso mais vazado da história. O criminoso Alberto Youssef delata, em alto e bom som, que o senador Aécio Neves recebia propinas de uma diretoria de Furnas. Em São Paulo, capitania tucana, avança o processo sobre a roubalheira na CPTM/Metrô; procuradores acham brechas para ressuscitar a Castelo de Areia. (Para quem não se lembra, trata-se de operação sobre negociatas com governos tucanos. Foi impugnada sob o argumento de que os grampos incriminadores eram ilegais… Imagine se o mesmo critério fosse aplicado na Lava Jato.)
Quer mais? Empreiteiros juram de pés juntos que Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB e já morto, embolsou grana pesada para esvaziar investigações na Petrobras. E um novo nome aparece para atormentar vestais de azul: o doleiro Adir Assad, ajudante de ordens de Youssef. O personagem tem muito a falar sobre negócios de Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, governadores tucanos e o ex-prefeito Gilberto Kassab, segundo informa reportagem do sempre atento Fabio Serapião na revista “Carta Capital”.
Resumo da ópera: multiplicam-se as provas de que o Estado brasileiro opera sobre uma base misturando corrupção, conivência do grande empresariado e interesses partidários. Para o governo, isso pode até trazer algum alívio quanto a cálculos políticos. Já para os envolvidos, o PT e todas as suas inúmeras digitais incluídos, são novos elementos a cobrar iniciativas mais convincentes que entrevistas coletivas atabalhoadas, pacotes requentados e dietas alimentares transformadas em termômetro político.
No que a esta altura parece um tempo imemorial, mais de 7 milhões de brasileiros participaram de um plebiscito informal que durou de 1º a 7 de setembro de 2014. Quase 500 entidades organizaram a consulta. Resultado: 97% dos participantes se declararam a favor de uma Constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político. Detalhe: a proposta foi lançada pela própria administração petista pós-junho de 2013. Teve gente que acreditou nela, tanto que organizou o referendo. Já o Planalto parece nem se lembrar da proposta, embora exista um projeto na Câmara pela convocação de um plebiscito oficial.
Que uma reforma política é mais do que necessária, os fatos se encarregam de mostrar. Que do mato atual não vai sair coelho sadio, disso pode se ter certeza. Esperar que os parlamentares de turno façam alguma mudança séria num sistema que os levou ao poder é como esperar Papai Noel na chaminé. Num país em que um ministro do Supremo se dá o direito imperial de bloquear um mísero projeto de purificação do financiamento eleitoral, e seus colegas de corte se fingem de mortos, qualquer cenário é possível. Até que o povo e suas famílias percebam o custo da bandalheira institucionalizada.
MARTA À RÉ
Políticos sempre apostam na lavagem cerebral do eleitorado. Marta Suplicy, herdeira de faqueiros reluzentes, que certo dia mostrou-se espantada ao descobrir que nem todas as casas tinham piscina, construiu sua carreira amparada no glamour de ser uma rica que pensa nos pobres. Nada contra, pelo contrário. Quanto mais gente defender os humildes, melhor. Mas não dá para encarar como normal, a não ser como oportunismo eleitoreiro, o súbito antigovernismo de alguém que durante anos e anos participou ativamente de tudo que agora critica. Relaxa e goza, Marta.
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