A ÉTICA DE SÓCRATES
Disponível
em: https://jfariaadvogados.wordpress.com/2010/01/27/a-etica-de-socrates/.
Uma
das figuras mais emblemáticas da filosofia ocidental, Sócrates é um divisor de
águas para a filosofia antiga. Isto porque situava o seu pensamento e
especulações na natureza humana e suas implicações ético-sociais e não na
cosmovisão das coisas e da natureza. Sócrates não deixou obras escritas, razão
pela qual tudo o que sabemos a seu respeito tem origem no trabalho dos outros.
Estima-se que tenha nascido em Atenas por volta do ano 469 a.C., tendo sido
condenado à morte pelos juízes desta cidade no ano de 399 a.C. Mas, o que
faz o seu pensamento um importante marco na história da ética?
Momentos finais da vida de Sócrates. |
Pois
bem, Sócrates erigiu uma linha de pensamento autônoma e originária que se
voltava contra o despotismo das palavras, interagindo e reagindo ao movimento
dos sofistas, muito em voga nesse período da história grega. Seu método
maiêutico era baseado na ironia e no diálogo, tendo como finalidade uma
parturição de idéias. Logo, para Sócrates, todo erro é fruto da ignorância e
toda virtude é conhecimento. Daí a importância de reconhecer que a maior luta
humana deve ser pela educação e que a maior das virtudes é a de saber que nada
se sabe.
A
ética socrática reside no conhecimento e em vislumbrar na felicidade o fim da
ação. Essa ética tem por objetivo preparar o homem para conhecer-se, tendo em
vista que o conhecimento é a base do agir ético. Ao contrário de fomentar
a desordem e o caos, a filosofia de Sócrates prima pela
submissão, ou seja, pelo primado da ética do coletivo sobre a ética do
individual. Neste sentido, para esse pensador, a obediência à lei era o
limite entre a civilização e a barbárie. Segundo ele, onde residem as ideias de
ordem e coesão, pode-se dizer garantida a existência e manutenção do corpo
social. Trata-se da ética do respeito às leis,e, portanto, à coletividade.
A abnegação
pela causa da educação dos homens e pelo bem da coletividade, levou Sócrates
a se curvar ante o desvario decisório dos homens de seu tempo. Acusado de
estar corrompendo a juventude e de cultuar outros deuses, foi condenado a beber
cicuta pelo tribunal ateniense. Sócrates resignou-se à injustiça de seus
acusadores, em respeito à lei a que todos regia em Atenas.
Para
esse proeminente filósofo grego, o homem enquanto integrado ao modo político de
vida deve zelar pelo respeito absoluto às leis comuns a todos, mesmo em
detrimento da própria vida. O ato de descumprimento da sentença imposta pela
cidade representava para Sócrates a derrogação de um princípio básico do
governo das leis, qual seja, a eficácia. Segundo Sócrates, com a eficácia
das leis comprometida, a desordem social reinaria como princípio.
Assim, são muitas as lições trazidas pela ética socrática: o conhecimento como virtude; a educação como forma de conhecer a si mesmo e, por consequência, conhecer melhor o mundo para alcançar a felicidade; a primazia do coletivo sobre o individual e, a obediência às leis para garantir a ordem e a vida em sociedade. Sábias ideias. Se os agentes políticos e a sociedade em geral pensassem assim, teríamos, com certeza, um país mais justo e solidário.