domingo, 22 de março de 2015

O DESMATAMENTO EM TODA A AMAZÔNIA NUNCA DECLINOU OU ESTABILIZOU-SE

Desmatamento aumentou 282% na Amazônia Legal em fevereiro

Yasuyoshi Chiba/AFP
Região desmatada da Amazônia no estado do Pará
Região desmatada da Amazônia: o desmatamento se concentrou em Mato Grosso (37%) 
Fábio de Castro, do Estadão Conteúd




São Paulo - O desmatamento da Amazônia foi de 42 quilômetros quadrados em fevereiro de 2015, um aumento de 282% em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando foram devastados 11 quilômetros quadrados.
Os números são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), mantido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
O SAD produz um monitoramento não oficial da Amazônia Legal - área que se estende por mais de 5 milhões de quilômetros quadrados em 9 Estados - e tem seus dados divulgados mensalmente.
De acordo com o boletim do Imazon, em fevereiro o desmatamento se concentrou em Mato Grosso (37%), Roraima (28%), Amazonas (16%), Pará (14%) e Rondônia (5%). Os municípios mais desmatados foram Porto dos Gaúchos (MT) e Vitória do Xingu (PA).
A maior parte da destruição ocorreu em áreas privadas: 79%. O restante foi registrado em assentamentos de reforma agrária (18%), unidades de conservação (2%) e terras indígenas (1%).
A devastação acumulada nos sete primeiros meses do calendário oficial de medição do desmatamento - entre agosto de 2014 e fevereiro de 2015 - chegou a 1.702 quilômetros quadrados.
O aumento foi de 215% no período anterior, quando foram desmatados 540 quilômetros quadrados.
Entre agosto de 2014 e fevereiro de 2015, o Mato Grosso desmatou 595 quilômetros quadrados, o que corresponde a 35% de toda a área devastada.
O Pará desmatou 433 e Rondônia 342 quilômetros quadrados, o que corresponde, respectivamente, a 25% e 20% da área florestal destruída.
Além dos dados sobre o corte raso, o boletim inclui os números sobre florestas degradadas - aquelas que não foram inteiramente suprimidas, mas foram intensamente exploradas ou atingida por queimadas.
Em fevereiro, as florestas degradadas somaram 49 quilômetros quadrados - o que representa uma redução de 2% em relação a fevereiro de 2014, quando foram registrados 50 quilômetros quadrados de florestas degradadas.
Os dados obtidos pelo SAD em fevereiro têm limitações, já que mais da metade da área florestal da Amazônia Legal (59%) estava coberta por nuvens e, portanto, fora do alcance dos satélites. Em fevereiro de 2014, a cobertura de nuvens foi ainda maior, deixando 69% da área inacessível ao monitoramento.
O boletim do Imazon destaca que, por causa dessas condições, os dados de desmatamento e degradação florestal para fevereiro podem estar subestimados.
O SAD utiliza imagens dos mesmos sensor e satélite empregados pelo sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que fornece ao governo federal as informações sobre as novas áreas de desmatamento na Amazônia.
As metodologias utilizadas pelo Inpe e pelo Imazon, porém, são diferentes - o que explica eventuais disparidades entre os resultados dos dois sistemas.

Tópicos: Amazônia, Desmatamentos


WWF: Desmatamento da Amazônia nos países andinos é alarmante

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Desmatamento da Amazônia liberou 51 milhões de toneladas de CO² entre agosto e janeiro passados
O desmatamento ainda é, erroneamente, visto por muitos como um simples problema de cunho ambiental quando, na verdade, é um assunto intimamente ligado ao ordenamento do uso do território e à economia
Paula Laboissière, da AGÊNCIA BRASI


Brasília - Nos últimos dez anos, o Brasil tem dedicado esforços contra o desmatamento na Amazônia, com avanços em políticas públicas, mecanismos e sistemas de proteção da floresta tropical. Entretanto, permanecem alarmantes o desmatamento e a degradação florestal em países vizinhos que compartilham o bioma, como Bolívia, Peru, Equador e Colômbia, de acordo com alerta da WWF Brasil.
Em relatório divulgado hoje (9), a organização não governamental destaca que foram identificadas 25 frentes de desmatamento na região, com aumento da perda florestal nos países andinos. Enquanto, em 2001, o desmatamento no Brasil representou 81% do total desmatado no bioma, em 2012 a proporção caiu para 44%.
"Deste modo, os avanços brasileiros, no que se refere à queda do desmatamento de florestas da Amazônia, foram perversamente compensados pelo crescimento da destruição das florestas amazônicas em outros países", apontou o documento.
A WWF ressaltou, porém, que apesar da redução significativa, o Brasil ainda figura no topo do ranking de desmatamento no mundo, com a supressão de 4.571 km² de florestas em 2012, que aumentaram para 5.891 km² em 2013. "A indicação de uma retomada da elevação das taxas de desmatamento, em 2014, exige atenção ainda maior para o assunto", acrescenta o relatório.
O coordenador do Programa Amazônia WWF Brasil, Marco Lentini, lembrou que o desmatamento ainda é visto por muitos como um simples problema de cunho ambiental quando, na verdade, é um assunto intimamente ligado ao ordenamento do uso do território e à economia, por exemplo.
“O desmatamento na Amazônia teve dois picos importantes, em 1995 e 2004. Perdemos algo em torno de 400 mil km² desmatados desde 1988. É uma grande mazela brasileira, já que perdemos pelo menos 19% da Amazônia”, disse. “Tivemos redução muito significativa, mas ainda temos grandes desafios”, ressaltou Lentini.
Das recomendações do relatório, ele destacou que as prioridades são manter a atenção e estimular a vontade política de combate e prevenção ao desmatamento; enfrentar o desafio, incentivar e promover as integrações; e investigar e decifrar as cadeias de relações causais de desmatamento para orientar o planejamento, conforme situações específicas de prevenção e combate.
A WWF Brasil também recomenda incentivar a legalidade e combater as fragilidades institucionais e normativas que abrem espaço para a impunidade; incentivar e intensificar a formação e consolidação de cadeias produtivas sustentáveis; e implementar e buscar aprimoramento de sistemas de monitoramento da cobertura florestal.
Para André Dias, da Iniciativa Amazônia Viva, o documento deve servir de estímulo e oportunidade para que os demais países que abrigam a Amazônia possam instituir e fortalecer políticas públicas de controle do desmatamento.
Tópicos: Amazônia, Desmatamentos, Meio ambiente
 

Cacique leva ao mundo luta contra desmatamento na Amazônia

JOEL SAGET/AFP
Almir Suruí (D) entre outros líderes indígenas em Paris
Almir Suruí (D) entre outros líderes indígenas em Paris: "a gente sempre tem a esperança de vencer", diz
Catherine Hours, da AFP


Paris - O emblemático cacique amazônico Almir Narayamoga Suruí mobilizou o Google, lançou um plano de gestão florestal, deu a volta ao mundo.... E, apesar disso, a cada dia saem de seu território 40 caminhões carregados de madeira cortada ilegalmente.
"A pressão é muito grande. Agora é complicado preservar a floresta", explica Suruí, que já sofreu ameaças de morte de empresários do setor florestal, mas garante não desanimar: "A gente sempre tem a esperança de vencer".
Em seu livro, "Salvar o planeta", uma espécie de testemunho para seus filhos, o líder indígena brasileiro conta como decidiu, há 25 anos, trabalhar para defender seu povo, protegendo a floresta.
"Temos uma mensagem", explicou à AFP, em sua passagem pela Feira do Livro de Paris. "É possível desenvolver-se de forma sustentável, em benefício de todos".
O primeiro contato do povo suruí com os brancos remonta a 1969. Três anos depois, a população de 5.000 pessoas caiu para 240, dizimada pelas epidemias.
Quando Almir nasceu, em 1974, a tribo viu seu hábitat encolher com a chegada de novos povoados, pequenos fazendeiros, especuladores. Seu território mudou com a construção de rodovias e o aparecimento da agricultura.
"A floresta sempre nos ensinou a nos adaptar, dizia o meu pai. Vamos sobreviver!", escreve.
O jovem Almir foi o primeiro de sua tribo a estudar. Ele cursou biologia. Chefe de seu clã aos 17 anos e da tribo aos 26, tem uma mente criativa que lhe rendeu o apelido de "índio high tech".
'Projeto carbono suruí'
Suruí chega, por exemplo, a um acordo com o Google Earth, que permite mapear as parcelas e ver onde acontecem os cortes ilegais. "Precisamos de tecnologia para nos defender e nos comunicar", resume. "No Brasil, muitas pessoas têm medo de que os povos indígenas consigam sua autonomia".
A comunidade, composta hoje por 1.400 pessoas, espera a chegada da internet.
Os suruís também propõem um plano de gestão dos recursos que prevê, entre outras coisas, replantar um milhão de árvores.
Com a ajuda de organizações internacionais, eles lançaram um regime de compensação de carbono: as empresas compram créditos dos suruís e eles, em troca, protegem a floresta.
A etapa seguinte consiste em transmitir esse modelo às 180 tribos da Amazônia brasileira. Umas 50 já responderam. "A ideia consiste em deixar de sermos só vítimas", afirma.
A tarefa, no entanto, é complicada. O desmatamento avança em seu território, uma área 20 vezes maior do que a cidade de Paris.
Almir Suruí critica com firmeza o governo federal. "As políticas públicas querem um desenvolvimento a qualquer preço", condena.
Um quinto da floresta amazônica, a maior do mundo, desapareceu devido ao avanço da pecuária extensiva, do plantio de soja, do consumo de madeira legal, das grandes infraestruturas...
O que vai acontecer em 50 anos?, pergunta-se Almir, que também se preocupa com a seca e a falta de bambu que usava, até pouco tempo atrás, para fazer suas flechas...
"A destruição da floresta é responsabilidade do governo", afirma, denunciando medidas como a Portaria 303, que limita o uso de terras pelos indígenas.
"As questões indígenas e ambientais não são prioridade para o governo. Nossa estratégia consiste em mostrar que nossos territórios são importantes para o Brasil, também economicamente. O Brasil poderia ser o líder em desenvolvimento sustentável", diz o líder indígena.
Entre outras de suas ideias está, por exemplo, a de criar uma universidade indígena "para que os brancos aprendam a conhecer o patrimônio suruí" e um centro de estudos da biodiversidade.
Tópicos: Amazônia, Desmatamentos, Meio ambiente


Amazônia perde capacidade de absorver carbono, diz estudo

Hebert Rondon/Ibama
Desmatamento na Amazônia
Desmatamento na Amazônia: o aumento da mortalidade de árvores é considerada a principal causa da queda
Fábio de Castro, do Estadão Conteúdo


São Paulo - A Floresta Amazônica tem diminuído sua capacidade de absorver carbono da atmosfera, de acordo com um novo estudo publicado nesta quarta-feira, 18, na revista Nature.
Segundo a pesquisa, a captação de dióxido de carbono pode ter caído à metade, em relação aos 2 bilhões de toneladas do composto que a floresta absorvia anualmente na década de 1990.
Para os autores, o aumento da mortalidade de árvores é considerada a principal causa da queda observada na capacidade da floresta para absorção de carbono.
Realizado ao longo de 30 anos, o trabalho é a mais extensa pesquisa terrestre já feita na Amazônia e envolveu uma equipe internacional de quase 100 cientistas, incluindo brasileiros. A coordenação do trabalho foi feita pela Universidade de Leeds, no Reino Unido.
Segundo os autores, as florestas tropicais absorvem e armazenam grandes quantidades de dióxido de carbono e, graças a essa propriedade, têm um papel importante na regulação do clima global.
A redução na capacidade de armazenamento de carbono observada na Amazônia, de acordo com eles, pode ter consequências para os futuros níveis de CO2 na atmosfera e, por isso, deveria ser levada em conta pelos modelos matemáticos que são usados para prever mudanças no clima global.
'Sumidouro de carbono'
Nas últimas décadas, a floresta tem sido considerada como um gigantesco "sumidouro de carbono" - por absorver da atmosfera uma quantidade de carbono maior que a liberada -, ajudando a frear as mudanças climáticas. A nova análise da dinâmica da floresta mostra que o balanço de carbono pode ter sido afetado negativamente por uma grande mortalidade de árvores.
De acordo com um dos autores, o brasileiro Niro Higuchi, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o crescimento registrado da mortalidade de árvores tem relação com três eventos climáticos extremos ocorridos em 2005 e em 2010.
Segundo ele, em janeiro de 2005, uma grande tempestade varreu a Amazônia em uma linha diagonal - do Acre e Rondônia até o Oceano Atlântico -, em uma faixa de 200 quilômetros de largura, devastando milhões de árvores.
"A nossa estimativa é de que essa tempestade, que chamamos de chuva convectiva, tenha matado mais de 500 milhões de árvores com troncos maiores que 10 centímetros", disse Higuchi.
Depois, secas de severidade incomum castigaram a região no segundo semestre de 2005 e em 2010. "Após esses eventos, com a morte de tantas árvores, tivemos um balanço de carbono negativo", afirmou.
Para Higuchi, no entanto, a capacidade da floresta para absorver carbono não está irremediavelmente comprometida. Se a perda de árvores em grande escala tornou o balanço negativo, as árvores que continuam vivas, segundo ele, seguem absorvendo e armazenando o carbono da atmosfera.
"O desequilíbrio no balanço de carbono foi registrado principalmente após esses eventos extremos. Mas a floresta tem uma capacidade incrível de regeneração e sabemos que as árvores mais novas, que nasceram depois daqueles eventos, têm capacidade maior de armazenamento", disse o especialista.
Segundo Higuchi, o estudo considerou apenas a mortalidade de árvores causada por eventos climáticos extremos, mas não a que está ligada ao desmatamento. Os resultados, de acordo com ele, revelam os impactos das mudanças climáticas nas funções da floresta.
"Esses eventos como tempestades convectivas e secas sempre ocorreram na Amazônia, mas não com a intensidade extrema e a frequência que temos visto. As mudanças climáticas tendem a tornar esse tipo de eventos extremos cada vez mais comuns", afirmou Higuchi.
Excesso de otimismo
De acordo com autor principal do estudo, Roel Brienen, da Escola de Geografia da Universidade de Leeds, os dados mostram que a mortalidade de árvores cresceu mais de um terço desde a metade da década de 1980.
"Isso está afetando a capacidade de armazenamento de carbono da floresta Amazônica", disse.
Segundo ele, além dos eventos extremos, o próprio excesso de CO2 no ar pode aumentar a longo prazo a mortalidade de árvores. O dióxido de carbono é fundamental para a fotossíntese e o aumento do composto na atmosfera, inicialmente, leva a um aumento da taxa de crescimento das árvores.
Mas, depois de algum tempo, esse estímulo extra ao crescimento afeta todo o sistema florestal, levando as árvores a ter uma vida mais rápido, morrendo mais jovens.
Para Briennen, seja qual for a causa por trás dessa grande mortalidade - impacto do CO2 ou eventos extremos -, o estudo indica que há um excesso de otimismo nas previsões que indicam uma crescente capacidade de armazenamento de carbono das florestas tropicais.
"Os modelos climáticos que incluem as respostas da vegetação pressupõem que a Amazônia continuará a acumular carbono, à medida que os níveis de dióxido de carbono continuam a crescer. Nosso estudo mostra que isso pode não estar certo e que os processos de mortalidade de árvores são um fator crítico nesse sistema", afirmou Briennen.
A fim de calcular as mudanças na capacidade de armazenar carbono, os cientistas examinaram 321 pontos diferentes nos 6 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia Legal, identificando e medindo 200 mil árvores.
Além da morte de árvores, eles registraram o crescimento de novas árvores desde a década de 1980.
Tópicos: Amazônia, Desmatamentos, Florestas


 
Ontem foi dia internacional das florestas, hoje dia da água. E temos ainda menos o que comemorar, afinal a crise hídrica que estamos passando no Brasil está a cada dia pior. E para piorar, nossos governantes não estão se importando com todo esse problema. Temos que agir e para isso precisamos de você para continuarmos a fazer ações para chamar a atenção da população e governo: http://bit.ly/1CFDti1 #JunteSe

Meu Comentário:

POSSO GARANTIR QUE ISSO E' PURA VERDADE!! ENTRA GOVERNO, SAI GOVERNO E O DESMATAMENTO EM TODA A AMAZÔNIA NUNCA DECLINOU OU ESTABILIZOU-SE. QUEM AFIRMA ISSO E' UM VIAJANTE PELA A AMAZÔNIA DESDE 1970 ATE' O MOMENTO. SOU EU ESSE VIAJANTE.