sábado, 21 de março de 2015

As duas Bestas

A CONTÍNUA BATALHA ENTRE LEVIATÃ E BEHEMOTH


    Sempre quis escrever algo no qual pudesse englobar, como uma síntese, diversos autores e pensamentos criados em mim pelas diversas teorias e ideias que tive a felicidade de entrar em contato desde minha juventude.
    Aqui, tentarei caminhar pelas linhas de diversos pensamentos que me auxiliaram para chegar ao que exponho com minhas ideias. Uma linha abrangente, que surgiu diante das especulações internas. Uma filosofia que foi crescendo, se expandindo e sendo apresentada a este humilde filósofo desletrado por opção. Autodidata também por opção.
    Iniciei este trabalho há pelo menos uns dez anos atrás. Mal sabia que o complemento viria agora. Fiz uma grande pesquisa de datas e épocas, ligadas ao movimento de um tempo não físico. Um tempo que movimenta a consciência e a atitude humana diante das eras. O ciclo cósmico que rege o mundo num grande avanço experimental.
   Agora, esta especulação me abriu um leque de outras ideias, que se aglutinaram para formar o universo aqui descrito. Um universo grandioso, um grande Leviatã, uma Besta que sai do abismo e que toma conta do mundo. 
    Esta Besta fera do abismo não é, de forma alguma, uma criação divina. As divindades apenas alimentam o homem com o fruto da árvore do conhecimento e da razão, tornando-o, uma criatura ansiosa em devorar este mundo com a ganância de sabedoria.
    Então, surgem duas monstruosidades criadas pela mente humana:
    A primeira monstruosidade que surge é Behemoth. Na Bíblia, é caracterizada como uma besta terrestre. Em Jó, capítulo 40, a criatura surge criada junto ao homem. Para muitos, uma criatura que devora o mundo, insaciável em sua fome, se transformando com o tempo, numa constante guerra pelo poder e pela riqueza terrena. Tais como, ouro, recursos e territórios. 
    Behemoth é a separação humana, que culmina na criação de Estados.
    Existe uma grande evolução da monstruosidade, que inicialmente era muito mais ligada à natureza e aos seus fenômenos, e que, com seu domínio e conhecimento, se expandiu, se beneficiando destes próprios recursos e fenômenos.
    Veremos como, em diversos pontos da história, Behemoth evoluiu e foi se tornando cada vez mais mesquinho.
    A segunda monstruosidade é chamada de Leviatã, que surge depois de Behemoth. Esta, é uma besta que surge das profundezas. Segundo a Bíblia, os dois monstros se combaterão e Behemoth sairá vitorioso. Porém, a força de Leviatã é devastadora, porque vem das profundezas da mente humana.
    Ao contrário de Behemoth, que age junto com a natureza e com as ações causadas nela e por ela, o Leviatã é mais perspicaz. Usa justamente as profundezas do pensamento humano, a sua consciência em rebelião contra as leis do mundo e contra as leis divinas.
    O Leviatã é a negação do agir em harmonia. É criar uma consciência particularmente humana. O Eu egoísta, gerado no subconsciente de cada um. Uma sombra ou o Limbo, ao que chamavam os gregos de Hades. Um sepulcro daquilo que é irrelevante para a expansão mental.
    Em sua histórica jornada pelo mundo, o Leviatã também evoluiu de um monstro marinho, temidos nas profundezas perigosas do oceano, para algo muito mais próximo ao Ser humano. Iniciou sua guerra contra Behemoth se ingressando no Estado, na individualidade de se fazer cercas e limites de fronteiras. Tornou-se a mente por trás deste Estado de oportunismo, criando a mídia (apesar de ser uma palavra nova, sempre foi usada pelos mais espertinhos), a oratória persuasiva, o poder de arrastar multidões hipnotizadas pela histeria coletiva. Uma massa mental dirigida pelo poder do grande Leviatã.
    Esta guerra não se iniciou nos dias de hoje. Podemos ver seus tentáculos em toda história humana, o que tais mudanças criaram na humanidade e qual será o fim disto tudo.
    Como disse Thomas Hobbes, Leviatã e Behemoth lutam entre si dentro do próprio homem, numa guerra de todos contra todos, porque o ego é a ponta de cada tentáculo desta Besta, que saiu do abismo e engole o que ainda resta.
    Agora, voltaremos no “há muito tempo atrás” e veremos que, na verdade, as duas bestas se digladiam desde que o homem surgiu na face da Terra, porque ambas são criações humanas, que vivem até hoje porque são alimentadas diariamente por seus pais, que insistem em abrir suas goelas medonhas.
Elder Prior